quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Avanço Tecnológico e Seus Efeitos Colaterais

                               

Uma amiga e eu saboreávamos um chimarrão, no melhor estilo gaúcho, e conversávamos sobre amenidades, quando de repente uma cena mudou o rumo da nossa ‘prosa’.  O assunto ficou sério. Passamos a observar a desenvoltura de meus filhos pequenos, todos menores de 5 anos, à frente do computador. Impressionante o domínio que até mesmo a caçula, com 2 anos recém feitos, demonstrava ao lidar com as teclas e comandos. Mas quem pensa que eu observava tudo isso orgulhosa de meus pequenos prodígios, muito se engana: viam-se em minha testa rugas de preocupação. Como lidar com o avanço tecnológico, tendo-o como aliado, sem permitir que ele estraçalhe com a personalidade de nossas crianças e jovens, ainda em processo de formação?

Como pais, representantes da Geração X, somos a verdadeira pedra no sapato de nossos filhos, Geração Y. Atrasamos seu passo, queremos que andem mais devagar, que andem no nosso ritmo. Isso é o que eles pensam e dizem de nós. Sei disso e sinto-me à vontade para falar sobre o assunto, pois, nascida no final da década de 70, oscilo justamente entre uma geração e outra e sinto sobre mim a influência de ambas. Considerando que tenho filhos desta geração a toda velocidade, me autodenomino uma X, por uma questão de equilíbrio, afinal alguém tem que segurar mesmo o ritmo desenfreado dessa garotada. E então afirmo: não somos nós os lentos, eles é que vieram ao mundo com o pé cravado no acelerador!

Os problemas, ou efeitos colaterais desse estilo de vida, já começam a ser percebidos e até mesmo diagnosticados: nos Estados Unidos fala-se em ‘cérebro de pipoca’; expressão que define um cérebro tão habituado aos constantes estímulos provenientes das conexões eletrônicas, que quando se desconecta das relações virtuais, não se acostuma mais com as coisas incrivelmente lentas dos contatos presenciais”, segundo o pesquisador David Levy. Ou seja, nossos pequenos prodígios, se não trazidos de volta ao equilíbrio, serão futuros gênios da informática mas verdadeiras catástrofes nas relações interpessoais, incapazes de determinar a emoção traduzida numa expressão facial, por exemplo. Serão máquinas pensantes e ambulantes, mas frias de emoções, assombrosamente assemelhadas aos robôs.

Parece exagero? Não é o que penso, depois da novidade adotada pelo estado de Indiana, nos Estados Unidos: ensino de letra cursiva passa a ser opcional nas escolas, sendo incentivada a digitação. Logo a moda se alastra pelos demais estados Norte Americanos e então vem de TAM para o Brasil. Voando. Evolução? Não consigo ver assim. Por que o novo tem que  substituir o tradicional, como se fosse o melhor? O novo, nesse caso, será mesmo o melhor? Eis a justificativa de minhas rugas de preocupação. Já é difícil tirar as crianças, em casa, da frente do computador, em suas mais diferentes e modernas versões... Como será quando a escola  utilizar exclusivamente esse recurso de ensino?

Vem  à minha mente o filme A Rede Social e seu famoso e bilionário protagonista, Mark Zuckerberg, conhecido como “o gênio por trás da criação do Facebook”. Eu prefiro meus filhos com alguns bilhões a menos e uma mente sadia para enfrentar  frustrações com coragem e determinação, pois a fórmula para vencê-las e consequentemente experimentar a sensação real de felicidade não existe na versão digital. Nunca existirá.

Suzy Rhoden
Gravataí, 03 de agosto de 2011


5 comentários:

  1. Hoje os pais devem mesmo saber limitar os filhos, tecnologia é bom, mas tudo em exagero faz mal.

    Me lembro que minha irmã teve acesso a um pc com seus 17 anos, eu tive com uns 12.
    Meu sobrinho hoje de 1,5, não sai da frente do pc...

    Beijos!!
    Gostei do seu blog e estou seguindo!
    Conheça os meus tbm!!

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  2. Entendo esta sua preocupação, Suzy. Você disse tudo muito certo, e narrou seus medos, os medos de todos, e sejam estas pessoas crianças ou adultos.
    Este mundo da Internet é maravilhoso e arrasador, também. E as razões estão aí de sobra... Todos sabem, muitos se cuidam. E não é um cuidado apenas com nossos filhos, é um cuidado constante com todos. Que maravilha - digo hoje - eu tive infância!
    Deixo aqui este link pra você, para não me estender muito. Não páro de ler seu textos, menina, já são 1:05 da madrugada!!

    http://taisluso.blogspot.com/2007/07/gerao-internet.html

    Agora, sim, vou dormir.
    bjs
    Tais luso

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  3. Eles nascem sabendo tudo isso.Aqui em casa, meu netinho tem tudo controlado.Não podemos deixá-los muito tempo e nem pensar, sem estar por perto...beijos,chica

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  4. Para tudo é preciso estabelecer limites, no entanto, está cada dia mais difícil definir o que é pouco ou muito em se tratando de internet. Hoje uma criança é capaz de digerir uma quantidade de informação muito maior que nós, na nossa infância. Esse é o lado positivo do computador, mas o que assusta é a falta de convívio social e a limitação de atividades lúdicas ao ar livre que são tão importantes.

    Beijos

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  5. Suzy, li teus relatyos e me identifiquei muito com os mesmos. Não me imagino em uma sala de aula que os alunos estão atrás de um computador e não há controle do que estão fazendo.

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