terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eu pratico corrida!


TAF Inspetor - Polícia Civil
Homenagem a minha colega de concurso, Karen Micheletto Rodrigues, em destaque na parte central  da imagem.

Mal se adivinha a primavera, graciosa e florida, e já estamos com os olhos fitos lá no verão, decidindo a tonalidade do loiro no cabelo, fazendo matrícula na academia e planejando quantos quilos eliminaremos para gozarmos mais plenamente – segundo nossa visão  anoréxica da vida – dos dias de sol e calor. Não fujo à regra, exceto pela cor do cabelo. Mas já tratei de voltar aos exercícios físicos. Em meu caso, não exatamente por questões estéticas, mas por exigências de minha futura profissão. E principalmente pelo prazer que encontro nessas atividades.

No princípio, não foi assim. Embora adepta de caminhadas, esporadicamente a hidroginástica ou a natação, não incluía de modo algum a corrida em minha lista de exercícios aeróbicos. Mesmo na academia, optava pela bicicleta e passava bem longe das esteiras. Em meus pensamentos, a corrida era apenas uma maneira chata de me cansar  bem rápido. E eu não gostava de coisas chatas, muito menos de coisas cansativas, tediosas.  

Até eu inventar de fazer um concurso público. Aprovada, avancei para a segunda fase, e dessa fui com excelência para a terceira: Teste de Aptidão Física. Dentre as atividades, a corrida destacava-se como o divisor de águas, capaz de aprovar ou reprovar um candidato. Não havia jeito, eu teria que encarar o tédio das esteiras.

Mas não por muito tempo! Achava o cúmulo correr no mesmo lugar, a despeito das explicações dos profissionais na área, afirmando que isso era necessário para que eu ganhasse resistência e condicionamento físico. Fui buscar esses atributos correndo nas ruas, nos parques arborizados, nas areias da praia, e em todo tipo de ambiente externo onde me encontrasse. Assim ganhava resistência, e em dias planejados impunha a velocidade necessária, dentro do tempo requerido pelo certame, nas pistas de corrida da Universidade Federal de Santa Maria. Exatamente assim nasceu em mim a versão feminina do inesquecível Forrest Gump: tornei-me uma apaixonada por corridas, e quanto mais corria mais queria correr!

Preciso dar os créditos ao meu brilhante Personal Trainer, que na qualidade de Assistente Social desempenhou muito  bem seu papel de treinador. Antes que alguém veja aqui ironia e desmereça o rapaz, repito que ele foi brilhante, incrível, o que justifica sua capacidade de atuação com sucesso em distintas áreas de formação. Sendo esse, inclusive, nosso ponto comum: sede de conhecimento em áreas opostas, fazendo com que, de tempos em tempos, mudemos completamente o rumo profissional de nossas vidas.

Viciei completamente na corrida. Descobri nessa habilidade o que chamo de ‘tesouro oculto’, pois é algo que eu não teria experimentado a não ser que existisse um motivo de ‘força maior’ para fazê-lo – um teste de aptidão física, por exemplo. Não imaginava que meu corpo, após três gestações e longos anos sedentários, estivesse tão preparado para a atividade física. A confirmação de meu condicionamento veio em consultório médico, durante teste ergométrico. Enquanto corria em aclive – e dessa vez não deu para fugir do tédio da esteira! –, percebia as expressões de surpresa do médico e de sua assistente, como se algo estivesse errado. Seria algum problema cardiovascular?! Não tinha tempo para perguntar, pois de 5 em 5 minutos a velocidade da esteira aumentava, e minha energia incrivelmente também!

Terminado o teste, o cardiologista desejou saber há quanto tempo sou maratonista. Eu ri da piada, pega de surpresa. Ele não, queria mesmo uma resposta! Disse que ‘desde nunca’, ao que ele replicou com nova pergunta: mas corria na escola, era da equipe de atletismo da universidade, praticou durante muitos anos algum esporte ou atividade aeróbica significativa? Diante de tantas negativas, ele só fez mencionar a palavra ‘impressionante’, realmente impressionado. E me informou, com seu laudo, que praticamente não houve alteração em meu batimento cardíaco e pressão arterial, como se meu corpo não sofresse com aquele esforço físico. Impressionada fiquei eu: quantas São Silvestres perdidas nesta vida!

O resultado do bom condicionamento veio no teste de aptidão física. Aprovada com nota máxima em todos eles, exceto no dinamômetro onde perdi um único ponto. A corrida foi a última prova, e também minha consagração. Corríamos em grupos de  aproximadamente 35 pessoas, mas não competíamos entre nós, bastava que cada um cumprisse a distância mínima para ser considerado apto. Do contrário, eu teria garantido a medalha de ouro: voei na pista! Corri muito além da distância máxima feminina, alcancei a mínima masculina, e fui adiante. Completei tantas voltas quantas me propus e ainda me permiti andar nos últimos segundos de prova, até ser zerado o cronômetro. Inexplicavelmente doce  o sabor da vitória, mas único e sem qualquer descrição o sabor de missão cumprida! Experimentei ambos nesse dia.

Então chegou o inverno gaúcho. A maratonista recolheu-se ao aconchego de seus aposentos e no que se refere a atividades físicas hibernou. Seria um retorno ao temido e devastador sedentarismo?! De jeito nenhum! Nada além das férias de inverno, necessárias para o corpo descansar. Voltei na semana passada aos treinos, mas amadora que ainda sou escolhi justamente a sexta-feira para correr! Foi perfeito, corri muito, como nos bons tempos do verão. Mas garanti a tortura sobre o salto no fim de semana e, segundo meu Assistente Social, digo, meu Personal Trainer, tenho ainda alguns dias de músculos doloridos pela frente.

Espero não me deparar, depois desta narrativa pessoal, com argumentos inconsistentes do tipo ‘detesto correr’. O sedentarismo definitivamente não se justifica. Não existem argumentos válidos. E se ainda assim faltar para alguns uma motivação extra para experimentar a corrida, sugiro concursos na área policial. Nunca se sabe exatamente onde que nosso ‘tesouro oculto’ de habilidades está escondido... Melhor ficarmos atentos a cada oportunidade!


Suzy Rhoden
Gravataí, 06 de setembro de 2011

17 comentários:

  1. Isso é ótimo e eu precisaria retomar, porém meus ossos não estão permitindo!rsr...

    Parabéns e continua assim.Faz uma enorme diferença! beijos,tudo de bom,chica

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  2. Bom deu até vontade de fazer educação fisica de novo , mas me formarei como assistente social depois volterei para educação Física... mas um treinador sem um aluno esforçado e dedicado não é ninguém os créditos são todos teus....

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  3. Suzy, toda atividade física, desde que realizada com prazer, é altamente benéfica. Admiro quem pratica a corrida, no entanto, sou adepta a caminhada diária. Costumo dizer que saio mesmo é para passear, ando num ritmo normal e aproveito para apreciar as cores, odores e volto sempre melhor para casa.
    Parabéns pelo seu afinco e disposição, continue firme!

    Beijos

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  4. Chica,

    Temos que andar em nosso ritmo, não é? Para alguns a corrida, para outros a caminhada, ou ainda os esportes... o importante é encontrarmos uma atividade que nos dê prazer e saúde. E claro que precisamos da permissão de nossos ossos... rsrsrs

    Beijo!

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  5. Rafael,

    Você sabe que foi fundamental para minha conquista, e não somente minha, mas também da colega que você treinou! Somos suas fãs assumidas! rsrsrs

    Mas segue firme em seu caminho de Assistente Social, pois pessoas com tua personalidade se destacam onde estiverem.

    Um super obrigada por tua grande contribuição!

    Abraço.

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  6. Néia,

    Concordo integralmente com você, as atividades físicas são sempre benéficas - tanto para o corpo, quanto para a mente.

    Escrevi em defesa da corrida justamente devido a minha experiência pessoal: antes resistente em relação à atividade, agora apaixonada. Penso que muito agem como eu no passado, afirmam que não gostam sem nunca terem praticado.

    O que importa mesmo é encontrarmos algo que nos faça bem, que nos acrescente alegria e prazer - como as suas caminhadas, sempre renovadoras para a alma!

    Obrigada por estar sempre por aqui, um beijão!

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  7. Cheguei no seu blog por Leila,já me aportei,pq gostei ...vc é maravilhosa...sua atenção com seus amigos me chamou atenção...
    Convido a visitar meu cantinho,se gostares deixa teu rastro para eu saber que passastes por lá.
    bjsssssssssssssss

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  8. Oieee!!!

    Estou aqui para te convidar a fazer parte do clube dos novos autores, concorrendo a sorteios de livros todos os meses, desses meninos talentosos que estão no anonimato e precisam de nós para mostrar ao mundo a sua escrita!
    Siga o blog, comente - eu quero participar da promoção, e divida conosco este sonho, que agora é nosso!
    Um super beijo e te espero lá!
    Adriana

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  9. kkkkkkkk, menina, estou com uma esteira profissional aqui do meu lado e temos uma discussão diária! Ela me chama, me dá todos os argumentos possíveis e não caminho nela, quanto mais correr! E isso que fui atleta quando solteira. Mas já pensei em fazer as pazes com a coitada, afinal ela só quer o meu bem. E esse seu empurrão, junto com os do meu marido, deverá alterar minha preguiça...

    Valeu, amiga, acho que saio daqui um pouco animada... Depois te conto.
    beijos!

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  10. Tais,

    Desculpa, querida, mas estou torcendo para tua esteira nessa batalha diária! kkkk
    É para o seu bem!
    Que interessante saber que você foi atleta quando solteira, eu tinha tanto horror a correr que nunca quis experimentar! Depois de casada e cheia de filhos, olha eu aqui, correndo! rsrsrs
    Mas não me considero uma atleta, bem longe disso... apenas pratico corrida como uma atividade revigorante, saudável e divertida, mas longe das competições.

    Adoro teus comentários, sempre!!!

    Beijos!

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  11. Olá, Suzy!
    Vi o seu Blog e achei uma graça com textos incríveis. Já sou seguidora.
    Convido você a conhecer Sapatinhos da Dorothy, se gostar me siga também para trocarmos ideias.
    Abraço,
    Sandra

    Sapatinhos da Dorothy

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  12. Oi, Suzy, Amiga Querida...já estou chamando-a assim. Tem muito de você em mim. Gosto de ser gentil com as pessoas, porém justa...rs
    Você fez Letras, que ótimo!, fico feliz pelos seus comentários ricos, gostei muito dos "22 anos" rs, família realmente é tudo de bom.
    Suzy, tenha certeza que meus amigos dos blos, os visito sempre, acredito em um compromisso de amizade e também de aprendizado com outras pessoas, meu crescimento pessoal.
    Um grande beijo, querida
    E amamos literatura!
    Sandra,

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  13. Sandra,

    Já falei lá no seu espaço o quanto gostei de seus 'Sapatinhos da Dorothy', realmente um blog encantador!

    Agradeço o carinho de tuas visitas aqui e quero deixá-la à vontade para voltar sempre e assim irmos trocando ideias, pontos de vista.

    Beijos.

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  14. Oi, Suzy...
    Você é um Amor de pessoa...e com certeza Mãe Maravilhosa...é verdade que muitas vezes somos as vilãs...heheheh, para que tudo saia como o proposto, filhos amados, de boa índole, de bom coração e que sejam firmes para a vida...
    Querida, que alegria encontrar Você!
    Um beijo carinhoso,

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  15. Olá!!

    Descobri a poucos meses que tenho daop. Tratamento caminhadas.. rs

    Bom para alguém que levava uma vida absolutamente sedentária esta ai uma mudança e tanto.

    No começo por me sentir obrigado fazia por obrigação e obviamente não era bom. Agora não- hoje é gostoso caminhar!

    Um beijo enorme e é isso saúde!

    Espero por vc no Alma!

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  16. Suzy, querida amiga!

    Obrigada pelo seu último comentário, eu adorei!

    Como vc deve ter notado, estou um pouco afastada da blogosfera, e dentre os meus motivos está aquele que vc citou no teu comentário... Sim, ando meio decepcionada, mas nem tudo é perfeito, não é mesmo?

    Hoje abri uma exceção para vir aqui te agradecer e te deixar um beijo de solidariedade. Não pretendo abandonar de vez a blogosfera, existem amigos queridos que já fazem parte da minha vida. Só estou indo mais devagar, postando pouco e visitando pouco. Voltarei com a mesma freqüência de antes, mas vou reformular, ser mais seletiva naquela proposta do ‘menos é mais’...

    Bjo gde, minha amiga, bom findi!
    Sueli Gallacci

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  17. Olá Szy,

    Vim agradecer a visita e conhecer o seu espaço.

    Coincidência?! Eu também corro! Ainda não estive no Sul pra correr, mas, quem sabe?

    Adorei o seu estilo textual! Muito bom!

    Parabéns pela capacidade de perseverar!

    Abraços

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