segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Resposta – Parte II


A dúvida é a substituta imediata da fé. Onde se instaura a dúvida, não pode haver a fé: ela cede espaço e desaparece. A primeira coisa que eu tinha a fazer, então, em minha busca pela verdade, era acreditar que receberia uma resposta e comprometer-me com essa resposta – fosse ela agradável ou não aos meus propósitos. Afinal, de que adiantaria saber, se não estivesse disposta a viver segundo o conhecimento adquirido?

Não podia confiar em meras palavras de homens, posto que cada um defendia sua religião e os princípios por elas estabelecidos. Eu precisava confiar no Pai Celestial e aceitar Sua resposta, que viria por meio do Espírito Santo, trazendo-me bons sentimentos e a paz tão desejada, conforme me fora ensinado pelos missionários.  Sentimentos não podem ser forjados, portanto aquilo que eu sentisse em meu coração poderia ser facilmente discernido a partir da lógica: boas sensações vêm de Deus, a fonte da retidão; tensão, apreensão, confusão seria certamente uma resposta negativa.

Coloquei à prova as palavras de meus amigos numa noite singular de minha vida. Ponderava suas mensagens enquanto via, da janela de meu quarto, a escuridão derramar-se sobre a terra, encerrando  um dia que havia sido turbulento para mim. Vivia distante da família em função dos estudos, e sentia-me sozinha em minha busca espiritual. Era algo pessoal, não havia como compartilhar minhas dúvidas com ninguém. Profunda solidão me assaltou diante desse pensamento: sentia-me abandonada, desabrigada e exposta a todos os perigos noturnos. Tive medo. O quadro que se estendia diante de meus olhos era assustador, por isso fechei-os num impulso.

E assim, de olhos fechados para o mundo, consegui finalmente abrir meu coração para o Criador. Falei-Lhe como se falasse a um amigo. Expus meus medos, minhas dores, minhas dúvidas. Revelei meu desejo de conhecê-Lo, e meu comprometimento com a verdade, tão logo viesse a conhecê-la. Queria simplesmente ter certezas em meu coração, saber o caminho mais excelente para que pudesse, exercendo meu livre arbítrio, escolhê-lo ou rejeitá-lo – já sabendo de antemão qual seria minha escolha: a verdade.

Foram apenas alguns minutos até que, tendo encerrado minha súplica, abri os olhos para a mesma paisagem, a mesma penumbra. Mas que visão além das trevas me foi concedida! Na noite que se derramava, vi um quadro perfeito pintado pelas próprias mãos do Criador, e senti Sua paz se derramando sobre todas as Suas criações – inclusive eu. Senti-me cheia dessa paz. A sensação de medo foi substituída pela de aconchego e proteção. As sombras desapareceram e a noite, antes inimiga, agora me convidava a fazer parte daquele cenário de perfeição. Senti claramente que eu não estava só.

Alguns talvez esperassem uma manifestação angelical ou coisa assim. Eu não. Não precisava de mais do que recebi para crer na existência de um Deus. Visões falam para os olhos; sentimentos falam ao espírito, deixam seus registros diretamente no coração. Nada externo se viu ou ouviu, mas dentro de mim a voz era clara e inconfundível: “Você não foi esquecida só neste mundo escuro e triste: Eu estou aqui!” E isso foi suficiente para haver  paz e luz em todos os lugares.

Naquela noite eu soube por mim mesma – e não porque alguém testificou para mim. Eu soube, com meu próprio testemunho, que existe um Deus e que Ele me ama e se importa comigo. Aprendi que Ele responde orações de fé e conduz Seus filhos à verdade, se diretamente Nele buscarem as respostas. Soube que esse Pai amoroso não silenciou, mas continua a falar com todos que O procuram com sinceridade de coração. Fala, porém, através de sussurros do Espírito, numa voz mansa e delicada, que poucos são capazes de ouvir, por estarem demasiadamente envolvidos com os ruídos do mundo. Sua voz, contudo, é clara e inconfundível, pois deixa registro indelével no coração dos que a ouvem.

Recebi a resposta que tanto buscava, os céus se abriram para mim e recebi a revelação. É possível que alguns duvidem da veracidade do relato ou então que atribuam minhas declarações a alguma alucinação. Não importa: sei exatamente o que vivi e o que senti, e isso me basta.

A questão a partir daquele momento passou a ser outra: e agora, que faço eu com o conhecimento que adquiri?!


 Suzy Rhoden



7 comentários:

  1. Oi Suzy!
    Que relato bonito.
    O que você viveu e o que você sentiu naquela noite com certeza foram momentos únicos...
    Acredito que foi como se você tivesse sentido paz no meio de uma tempestade.
    A narrativa inteira me impressionou muito.
    Mas tem uma parte do texto que eu amei ler,é onde vc comenta que:
    'existe um Deus e que Ele me ama e se importa comigo. Aprendi que Ele responde orações de fé e conduz Seus filhos à verdade, se diretamente Nele buscarem as respostas.'
    É muito bom ler coisas assim,pois eu acredito na veracidade dessas palavras,por experiência própria.
    É um alento quando nos damos conta de que Deus nos ama como se existisse apenas um de nós para Ele amar.
    Bjs!

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  2. Suzy, o seu relato é emocionante e mostra bem a forma tranquila como Deus se mostrou inteiro naquele momento da sua vida. Lindo isso!

    Beijos

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  3. Lindo isso,Suzy...No silêncio do teu quarto, vencendo os medos, sozinha contigo mesmo, tiveste o clarão da LUZ entrando e te mostrando as respostas. Lindo! Que bom que foi assim! beijos,tudo de bom,chica

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  4. Olá Suzy,td bem?
    Muito bom receber sua visita.
    Não há o que agradecer,pois é um prazer visitar seu Blog e ler seus textos.
    Pois é,não sei o que está acontecendo com alguns blogs.Você comentou que não se viu entre os seguidores do meu;e isso tem acontecido com bastante frequencia.
    Eu também,não me vejo em muitos blogs,os quais sigo.
    Creio eu,que isso seja algum problema na configuração do Blogspot.
    Bjs!

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  5. Oi Suzy,

    Deus se revela a nós das mais variadas formas! Esta foi a sua, linda e verdadeira!

    Infelizmente, nem todos O ouvem, estão ocupados com os ruídos da vida!

    Bjs

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  6. Oi, Suzy, escrevi muito sobre este assunto, sobre nossos encontros e desencontros com 'Ele'. Teu relato é lindo, um relato de busca e de encontro.
    O ser humano sempre precisou acreditar na perpetuação da vida através do espírito. E como disse, não importa o caminho. Desde sempre o homem procurou acreditar em um Deus. Ter fé é como ter um coringa; é sorte e um privilégio. Nem todos a tem; uns tem uma fé pequena, magrinha... que se dissipa na primeira dúvida. Outros tem uma fé inabalável, uma fé de quem está absolutamente certo de suas convicções. E de sua procura. E isso é lindo, nada mais precisa aquele que crê.

    Grande beijo!
    Tais Luso

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  7. Olá,Suzy!!

    Um texto emocionante!Todos procuram respostas,mas a maioria desiste antes de encontrar...
    Esta é a melhor forma de encontrar-se com Deus!
    *Obrigada por visitar o meu Jardim!
    Seja Bem-vinda!
    Beijos!
    *És de Gravataí???!Somos praticamente vizinhas!!rsrs

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