Reclamar
da correria de dezembro já é de praxe. Afinal, o tempo parece mesmo decidido a
dar seu sprint final, voando a toda
velocidade nos dias que antecedem a virada do ano. A época das festas é sempre
repleta de compromissos, confraternizações, formaturas...
Dezembro
é assim mesmo. O problema é que corremos tanto, mas tanto, que no fim das
contas perdemos o foco daquilo que, de fato, estamos celebrando. O espírito
natalino praticamente se perde no meio das sacolas de presentes, no máximo fica
pendurado na árvore de Natal, junto com outros enfeites, no cantinho da sala.
Com
tantos compromissos, sentimo-nos sobrecarregados. Exaustos, ao final do dia só
fazemos reclamar desse mês tão estressante, desejando que o ano vindouro chegue
logo. O pessimismo prevalece e não é raro observarmos nos amigos uma certa
depressão...
Confesso
que, mesmo contrária ao consumismo que aflora nesta época, deixei-me levar pelo
turbilhão de acontecimentos. A agenda sempre cheia explicava meu sumiço do
blog, do email e das redes sociais. Quando percebi, já estava às vésperas do
tão aguardado Natal!
Entristeci-me,
porém. Corri, envolvi-me com mil e um compromissos, e do aniversariante de
dezembro quase não me lembrei! Naturalmente continuei indo à igreja, servindo
em meus chamados e agindo como de costume. Mas gostaria de ter feito algo mais
que me fizesse lembrar todos os dias não apenas da data, mas do significado do
Natal.
Felizmente,
pisei no freio a tempo! Consegui oferecer a minha família pelo menos duas
oportunidades especiais de sentirem o Natal. A primeira delas foi no sábado,
quando juntos participamos do Festival de Coros Natalinos de nossa igreja.
Belos corais se apresentaram, compartilhando canções tradicionais de Natal, bem
como arranjos especialmente preparados para aquela noite musical, nos mais
diversos idiomas. Senti o cansaço acumulado dissipar-se no ar, enquanto as mais
belas melodias preenchiam meu coração com ânimo e paz.
Na
segunda-feira, veio a oportunidade seguinte de viver o Natal: realizamos uma
Noite Familiar quando, na presença de
amigos queridos, relembramos natais marcantes de nossas vidas. Éramos adultos e
crianças, todos sentados em uma roda, contando um de cada vez sobre seu Natal
inesquecível. Os relatos foram variados, mas uma coisa chamou minha atenção:
ninguém falou de um presente em específico e sim da alegria experimentada por
algum motivo. Maioria das narrativas, por exemplo, dizia respeito a situações vivenciadas em família. Filhos de
pais separados, relembraram Natais nos quais a família ainda estava reunida...
Contei
minha lembrança favorita de Natal e venho repeti-la aqui: em 2010, recebemos em
nossa casa a família da amiga Cirlene, para uma Noite Familiar Especial de
Natal. Enquanto nós, adultos, preparávamos a agenda com o programa da noite,
nossas crianças ocuparam um dos cômodos da casa, solicitando enfaticamente que
não entrássemos no devido aposento. Mesmo intrigados, respeitamos o pedido das
crianças. Até que elas nos chamaram...
A cena
que presenciei até hoje me emociona: com as luzes apagadas, utilizando-se
apenas de lanternas, nossas crianças fizeram uma representação do nascimento de
Jesus, tal qual o relato escriturístico. O bebê conforto de minha neném
transformou-se na humilde manjedoura onde Cristo foi acomodado ao nascer.
Maria, José, o anjo, os pastores, todos foram devidamente representados por
crianças menores de 8 anos, sem qualquer ajuda adulta, por sua própria e
espontânea iniciativa.
Da
mesma forma que em outros tempos um anjo apareceu aos pastores anunciando o
nascimento de Cristo, anjinhos amados vieram anunciar a nós o verdadeiro Natal: Nasceu o menino Jesus! Com lágrimas nos olhos, em humilde reverência, curvamo-nos diante da
sabedoria dos pequeninos, compreendendo porque é deles o reino dos céus:
enquanto pensávamos nos mínimos detalhes para uma noite perfeita, eles
pensavam no aniversariante, o infante de Belém, e, por esse singular motivo, a noite foi de
fato inesquecível! AMAMOS VOCÊS, CIRLENE, RAFAEL, JOANA E ALANIS!
Suzy
Rhoden