domingo, 8 de janeiro de 2012

Aprender um Novo Idioma




Quem ainda não fez planos de aprender um novo idioma, um dia fará. Seja por necessidade de qualificação profissional, seja por vaidade – considerando  o desejo de uma viagem ao exterior, por exemplo – fato é que não basta falarmos exclusivamente nossa língua em tempos de globalização: precisamos estar dispostos a atravessar fronteiras.

Em geral, gostamos da ideia de acrescentar um novo idioma ao currículo. Mas quando começam as aulas... a disposição vira paixão indiscutível, ou vai pro brejo. Não se ouve alguém dizer que gosta mais ou menos de Inglês... ou ama, ou odeia! E assim com todos os idiomas...

No meu caso, amo. Para as festas de fim de ano, recepcionamos uma família de turistas norte-americanos em nossa cidade, com os quais travei conversação animada. A língua inglesa não é entrave para mim, muito pelo contrário: é justamente uma de minhas áreas de formação. Assim, a comunicação foi fluente. Comentando a cena, uma amiga  declarou: “Que chique, você parecia tão americana quanto eles!”. Expliquei pra ela que não é bem assim, obviamente desconheço muitos detalhes de sua língua materna, mas isso não impediu ou afetou nosso diálogo. Disse que ela poderia ter a mesma habilidade dentro de algum tempo, se desejasse. “Não, nem pensar! – contestou ela – Pra você é fácil, mas eu jamais conseguiria.”

Sempre acho graça nesse tipo de comentário. Olhamos para o talento do outro como se, por uma dádiva dos céus, ele tivesse nascido em posição privilegiada, super dotado, com capacidade acima da média para determinada atividade. Não percebemos que, com esse julgamento, eliminamos todo esforço da pessoa e a disciplina devotada, talvez por uma vida, para chegar àquele nível de excelência. Comodamente assumimos o papel de plateia, como se disséssemos: vai lá você, que nasceu sabendo, e eu fico aqui quietinho só te aplaudindo.

Não, amiga, eu não nasci sabendo. Precisei estudar – e muito! – para aprender e sentir-me  à vontade pra me expressar em Inglês. Minha história é a mesma de qualquer estudante de línguas. E como a maioria,  já odiei Inglês. Odiei tanto, que decidi decifrá-lo!

Comecei a faculdade  pensando que sabia alguma coisa. Direto de escola pública pra universidade federal, imaginava todas as colegas com experiências semelhantes as minhas, garota sonhadora do interior que eu era. Que nada! Metade vinha de escola particular, muito bem instruída; outra metade vinha diretamente do exterior, de intercâmbios realizados, motivo pelo qual haviam optado pelo curso de Inglês. Havia, claro, as esposas de americanos e as proprietárias de cursos de línguas que precisavam unicamente do diploma. E eu – que já tinha ouvido falar no tal do verbo To Be, não sabia onde, mas não devia ter sido na escola.

Nessas condições, aventurei-me a aprender Inglês. Cada aula era uma sessão de tortura, uma confirmação da superioridade de minhas colegas e de minha incapacidade para internalizar a nova estrutura linguística. Passei a detestar a língua, as professoras e tudo relacionado ao idioma: os resultados não poderiam ter sido melhores! Pelo menos no meu caso, o desafio é algo infalível. Quando o mundo teima em dizer que é impossível, me desdobro e provo o contrário. Faço de meu próprio obstáculo o degrau para o sucesso.

Sair da zona de conforto é o segredo. Crianças e adolescentes compreendem isso, lidam melhor com o desconhecido do que nós, adultos. Sei por experiência: abandonei o curso de Francês no primeiro semestre quando, após uma prova, a professora informou que maioria absoluta da turma não havia atingido a média. Sem conversar com ela a respeito, proclamei-me uma das fracassadas e não fui mais para as aulas. Meses depois, descobri no mural a publicação das notas: a minha havia sido a mais alta! Tarde demais, reprovei por frequência.

Felizmente, tive atitude diferenciada para o Inglês, aceitei os riscos. Quem insiste, apesar dos contratempos, entende num belo dia o significado da palavra fluência: descobre-se pensando e falando em outro idioma como se aquela fosse sua própria língua! Acontece com todos que pagam o preço da disciplina, sem exceção.

O problema das línguas estrangeiras é que não podemos confiar em nossa própria avaliação nos primeiros meses de estudo. A saída da zona de conforto confunde, pois partimos rumo ao desconhecido e a sensação imediata é a de termos errado o passo e caído no precipício; tentamos nos comunicar e não conseguimos; falamos uma língua e a professora outra, sendo que nenhuma delas é o bom e seguro Português. Admito, os primeiros meses são desesperadores. Para cruzá-los sem prejuízo na motivação, precisamos confiar no profissional que nos instrui: ele poderá avaliar com competência nosso progresso.

Tive uma aluna que cresceu estudando Inglês, conheceu diferentes metologias em diversas escolas de línguas que frequentou. Carregava, porém, um bloqueio que a impedia de interagir, embora sua pronúncia fosse excelente. Não lhe faltava nada, nenhum conhecimento linguístico, mas precisava confiar em si mesma e acreditar em sua professora que lhe dizia: você não percebe, mas está preparada! Quando Ana Carolina finalmente aceitou essa realidade, seu Inglês fluiu e ela avançou sem medos do básico para o nível intermediário.

O novo idioma não precisa ser uma barreira para a realização de sonhos: a atitude positiva diante dos desafios faz milagres! Mas a escolha ainda é nossa: podemos ser plateia assombrada com a performance brilhante de outros, ou podemos levantar do assento e assumir com determinação o espetáculo. O desafio está lançado!

Suzy Rhoden

7 comentários:

  1. Linda teu texto mais uma vez, Suzy! Aprender e vencer desafios está ao alcance de todos e para tanto, basta força de vontade e muita garra.

    Desistir sem ter tentado, não vale,né?

    um beijo,linda semana,chica

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  2. Este 'post' é um dos que eu mais gostei no Blog, porque mostra a experiência real de alguém(não que os outros não tenham sido) que caiu pra aprender a se levantar... como assim? Caiu se considerando fracassada, como no exemplo da aula de Francês, que no final das contas, o fracasso estava em acreditar nela mesma; e se levantou, aprendendo que acreditar em si mesmo às vezes é o suficiente para ultrapassar uma barreira e que Deus existe, mas não "é conveniente que em todas as coisas ele mande", ou seja, a resposta está em nossa força de vontade, na nossa escolha, Ele não precisa mandar fazermos algo para nosso próprio bem, sendo que isso tem que ser natural, Ele quer nossa evolução, SEMPRE. Ele (Pai Celestial) faz "com que as coisas fracas se tornem fortes".

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  3. Olá Suzy, é muito bom num final de domingo chegar por aqui e ler esse texto que é uma verdadeira injeção de ânimo! Nesses tempos em que o computador faz "quase tudo" facilitando a vida da gente, nada melhor que colocar o cérebro para trabalhar aprendendo uma nova língua. Há alguns anos optei pelo espanhol, assimilei bem a gramática mas confesso que a conversação ficou a desejar, preciso praticar mais. O inglês ainda hei de aprender, vontade não falta, quem sabe ainda chego lá.
    Obrigada por partilhar sua experiência, sua força de vontade é um exemplo e tanto!

    Beijos

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  4. Suzy, como tudo na vida a motivação, o incentivo, a confiança e a garra são quase tudo. No caso das línguas e outros aprendizados, a rebeldia que existe em nós, a não aceitação do fracasso é mais ainda. Porém, quem nos passa os ensinamentos tem grande responsabilidade em nossas decisões, também. Lembro de 3 professoras que tive, e exatamente em línguas: inglês, francês e português.

    A de inglês foi ótima, até incentivou os alunos de que, quem tirasse o primeiro lugar num trabalho ganharia um livro. Ganhei, até hoje olho com muito carinho.

    A de português, passamos por algumas tempestades, levei a classe toda a fazer greve na aula dela, depois tudo mudou, a admiração e o respeito se fez presente, e passamos a nos dar muito bem. Acabamos o ano com muito carinho por ela, todas. Acho que houve um mal entendido no começo, uma impaciência.

    A de francês foi um desastre, pois ao mudar de colégio, o francês era muito forte, dado desde o primeiro grau e por uma professora francesa; então eu levava uma baita desvantagem sobre as outras alunas que já falavam. Mas o pior foi que, qualquer pergunta, eu tinha de fazer em francês!! A criatura não permitia uma palavra em português. Veja agora, a diferença que faz alguém ser inteligente e saber transmitir o negócio direito! Foram aulas e mais aulas de brigas, de angustia, de tensão pra mim. E talvez ela não tenha ido com a minha cara por eu não ter começado com ela e ter encrencado, pois queria as explicações na minha língua... rsrs

    beijos, querida amiga.
    Tais Luso

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  5. Olá Suzy :)
    Aprender um novo idioma,é uma necessidade básica.
    Mas é um desafio e tanto...porém é só ir remando contra a maré,com muita determinação e força de vontade.
    Como vc tão bem enfatizou:
    "O segredo é sair da zona de conforto".
    Bjs!
    Ótima semana.

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  6. Lindo texto, Suzy! Muitas vezes já me senti esta platéia "sem salvação" (hehe) até então, qdo assumi o papel de "fazer de tudo" comecei a obter resultados melhores. Ainda não ocorreu com uma lingua estrangeira... (hehe) mas tudo está me levando a crer que a hora chegou. Seu texto nos dá mais motivação!!!! Obrigadinha... Beijinho, Lili

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  7. Bom dia,Suzy!

    Adorei o texto e a explanação do seu ponto de vista!É assim mesmo a maioria quer saber, sem precisar se esforçar nada para isso!!!
    E sem esforço, dedicação e persistencia não conseguimos nada na vida né?!
    Beijos querida!!!
    Tudo de bom!

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