sábado, 12 de maio de 2012

Quem não tem TV em casa...




Há algum tempo percebo que nem minhas gargalhadas nem minhas evasivas satisfazem meus inquiridores acerca do delicado assunto, portanto, para alegria geral da nação, confesso publicamente: é verdade, Jef e eu não tínhamos TV em casa quando nos casamos! Foi de fato a última de nossas aquisições. O que, naturalmente, nos deu o tempo necessário para outros investimentos...

A pergunta descarada me persegue: você não tem TV em casa? Uma amiga, muito abusada, deu-se ao trabalho de somar os meses durante os quais estive gestante, chegando a um número assustador que prefiro não divulgar. Outro amigo, ainda mais cara de pau,  dá a si mesmo o direito de me interromper, sempre que sugiro ter alguma novidade, para exclamar: Já sei, você está grávida!  Ao que respondo de imediato: E desde quando isso é novidade?!

Pois é, para esses invejosos informo que está chegando meu dia. Ao cubo, em versão tripla. Ou seja, três vezes mais abraços, mais beijos carinhosos, mais felicitações. Três presentes. Três apresentações especialmente para mim nas escolas onde estudam. Três cartões preenchidos com rabiscos e garatujas, nos quais apareço enorme na parte central, simbolizando o espaço que ocupo em seus corações. E mais uma série tripla de muitas coisas, desconhecidas completamente daqueles que têm TV em casa...

A questão é pessoal, varia de casal pra casal, e precisa ser contextualizada antes de qualquer julgamento. Pois posso ser vista como uma vítima do acaso, uma pobre mãe desinformada que se vê grávida a cada ano. E então os olhares são de piedade. Para outros, posso ser a mãe relapsa e inconseqüente, que vê na atividade de gerar filhos um entretenimento, e assim vai povoando irresponsavelmente esta terra já superlotada. Aqui, os olhares são de reprovação. Poucos acreditam que, em tempos modernos, existam casais relativamente bem-estruturados – e a questão não é exclusivamente financeira – que  desejem conscientemente ter mais do que 2 filhos. Mas esse é justamente o meu caso.

Vejo um mundo moderno no qual a família deixou de ser prioridade. O popular “quem casa quer casa” evoluiu para “quem casa quer mansão, carro do ano e lua-de-mel na Europa”. Para tanto, é preciso estudar e trabalhar muito. Como os filhos interferem nesse processo, são deixados para algum tempo futuro – se a profissão permitir! E como a ascensão profissional raramente permite, são inúmeros os casais sem filhos hoje em dia.

Além disso, filhos significam gastos, investimentos constantes e contínuos. Maioria dos pais prefere não arriscar sem antes ter preparado o “berço de ouro” no qual a criança será nascida e criada. Certos ou errados na precaução? Depende. Pois já vi muito bebê bem nascido tornar-se adulto mimado e sem limites, provavelmente em função da vida fácil que sempre levou. Enquanto que outras crianças, modestas no estilo de vida, tornaram-se cidadãos de bem, conscientes de seus direitos e de seus deveres numa sociedade. Valores e princípios morais independem do patrimônio da família; são, contudo, o maior legado que se pode deixar a próxima geração.

De minha parte, fiz uma escolha e extraio dela alegrias diárias. Talvez minha viagem dos sonhos demore um pouco mais pra acontecer... Quem sabe nunca aconteça, absorvida por outras prioridades! Troquei conscientemente a pose planejada em frente ao Louvre pelas fotos descabeladas no Parcão da cidade, correndo atrás de meu trio. São essas que, em algum dia futuro, me trarão lágrimas aos olhos, guardando em si as lembranças mais queridas. Pois nelas, sem qualquer glamour, ficará estampada minha melhor definição de felicidade.

Filhos são bênçãos, por isso escolhi triplicar as minhas. Com bom senso e responsabilidade. Com amor incondicional. Com a firme decisão de nutrir, cuidar e educar. Com a disposição de sacrificar meus próprios interesses em prol do bem-estar da família. Se não fosse assim, eu não os teria.

Espero ter sanado a curiosidade de meus inquiridores. A TV foi adquirida, mas traz programas tão pouco interessantes, que já nem serve como método contraceptivo eficiente em nossos dias... Mas perigo mesmo é ficar sem internet! Por sinal, minha assinatura está vencida há alguns dias... Será?!

Suzy Rhoden



12 comentários:

  1. Como sempre, maravilhosa!!! suas crônicas estão cada dia melhores...nossa!! vc começa a ler, e quando vê acabou... peraí... cadê? quero mais!! quero ler mais!!! muito bom!!! Márcia Dias

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  2. Te aplaudindo daqui!!!Parabéns!!
    Imagina o que me diziam ao me ver grávida. se em 5 anos tive os 4?

    Era um falação só!
    No hospital, ao nascer, os médicos diziam que o Franco não devia nem entrar no quarto pra eu não engravidar,srsr...

    E valeu!!!

    Claro, não foi fácil, não conseguimos dar brinquedos a cada ida ao super, como agora fazem, fora de datas especiais, mas sempre fizemos nossas férias na praia, onde, como sardinhas iam entre panelas, cobertores e tudo mais, os 4 e nós dois ,num Chevetão Verde( da esperança e saúde...Sempre fui disso!!!)sr

    E tu, assim como eu, prioriza a simplicidade e isso é muito bom. Faz encontrar a felicidade até em estar estropiada, escabelada, correndo atrás deles num parque.Coisa essa que muitas dondoquinhas, nem chegam perto. Tive (tenho, mas graças à Deus, bem longe...) um cunhada que ia ao parque comigo e as crianças de salto fininho.Pode? E ainda me achava "cafona" por estar de tênis...

    E assim são as coisas. Seguir o que achamos certo e não dar bola pra comentários de que nem imagina o quanto isso é legal .
    Bah! Fiz um jornal! desculpa!

    Feliz Dia das Mães e tudo de bom! Segue teu barco assim, vais te dar bem!!! beijos,chica

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  3. Querida amiga:

    kk, quando vi esta foto pensei que a crônica iria para outro lado... Mas achei ótima! Você falou sério e só verdades. Mas com aquele seu espírito que já conheço, não pode faltar. Bem, eu já economizei um pouco, fiquei em dois. Mas os parques, a atenção em tempo integral, as idas e vindas dos colégios, a preocupação com a saúde deles, as alegrias que nos deram e o que são hoje...é um presentão. Como a gente curtiu aquelas coisinhas pequenas!
    Aproveita, curte, porque tudo passa rápido. Gostei do lançe do Louvre...É isso mesmo.
    E é pura verdade: podemos ficar sem TV, mas sem Internet, não!!!
    Olha, Suzy, a lucidez, dedicação e coerência que tenho lido em suas crônicas, bem que poderia chutar uma notinha básica pra lhe dar, por baixo... Nota 1000 pra você!
    Grande beijo e um feliz Dia com o trio Rhoden!
    Tais

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  4. OI SUZY!
    ADOREI!!!
    QUE CONSCIÊNCIA,DESPRENDIMENTO E MAIS QUE TUDO, RESPONSABILIDADE RECHEADA DE AMOR.
    LINDO SUZY.
    ABRÇS

    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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  5. Poxa, amiga!!!!!!! Adorei seu texto. vc me fez chorar agora... chorar de alegria, de gratidão, de emoção! Suas palavras me encantaram justamente neste meu momento de formação de meu "Trio" hehehe... também já fui muito inquirita a este respeito... tanto se fala, tantas opniões, tantas "contraprovas" que as vezes já cheguei a imaginar: será mesmo que fiz o certo? Mas qdo sinto meus pequeninos perto de mim... com tantas alegrias, me amando tanto... e sendo felizes, e o melhor de todos os sentimentos: quando vejo meus meninos testificando sobre um prícipio do Evangelho, guardando um ou outro mandamento que pra eles já se tornou de grande valor, qdo os vejo se preparando pra voltar a presença de nosso Deus... então eu sinto que tudo, tudo vale a pena!!!!! E como queria ter uns tanto mais... quem sabe a quantia de sua foto de ilustração... hehehehehe Ainda tenho esta coragem de ter mais... mesmo que tenha que ouvir, ouvir e ouvir... AmoooOOOOoooOOoooOOOooo

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  6. Oi Suzy, de fato, hoje os tempos são outros. Os filhos são gerados precocemente, sem nenhum planejamento ou eles vem tardiamente, após a estabilização financeira. Acho lindo uma família grande, mesmo porque a dos meus pais era composta por oito filhos, já a minha, por vários motivos, ficou pequenina, tenho apenas um filho, com 23 anos, que é a razão do meu viver.
    No seu texto pude perceber a sua alegria e gratidão por ser mãe, isso é uma benção.
    Feliz Dia das Mães para você, que Deus a abençoe!

    Beijos

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  7. Oi Suzy :)
    Como sempre,suas crônicas,são ótimas!
    Acho bonito quando vejo uma família numerosa.
    Só que eu não tenho e não teria essa coragem...
    Mas essa decisão é pessoal,e somente o casal pode decidir,não importa o que comente a sociedade.
    Bjs!
    Um lindo e feliz dia das mães pra vc :)

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  8. Bom dia,Suzy!!!!

    Bah!!!!Crônica perfeita!!!!!
    Parabéns querida,está cada dia melhor,mais clara,com uma técnica perfeita e cheia de conteúdo!!!
    Esta cobrança sobre a vida das pessoas, começa logo quando casamos.Mal terminamos a lua de mel, e já querem saber quando teremos o primeiro filho!rs
    Quando temos o primeiro,(um menino),querem saber quando teremos o segundo, se tentaremos uma menina!rsrs
    Sabe, é muita falta do que fazer!!!
    Cuidam e planejam mais a vida dos outros do que a sua própria!
    No caso de muitos filhos, a cobrança é quando vão parar?!
    Esta história não tem fim!!
    *Mas a imagem que usaste,impressiona!!!rsrsr
    Eu vou ficar com dois.rs
    Beijos!!Tudo de bom!

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  9. Engraçado, se não me engano tenho a impressão que já li a introdução desse texto em uma Revista Sentinela...

    Muito interessante sua narrativa. Parabéns pelo blog, com excelentes textos que prende o leitor.

    Bj

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  10. Olá J Araújo,

    É provável que você tenha lido introdução semelhante a minha na Revista Sentinela, não posso afirmar ou contestar, pois nunca li a revista mencionada. Certamente o artigo lá publicado não é meu, tampouco plagiei palavras de outro autor, posto que o texto inteiro apresenta experiências pessoais vividas por mim - desde a introdução, inclusive. A escolha do mesmo assunto, nesse caso, é mera coincidência.

    Agradeço sua visita e comentário, retorne sempre que desejar!

    Um abraço.

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  11. Suzy, só tenho a dizer que filhos são a nossa herança da parte de Deus! Eu e o maridex pretendíamos ter uns 4 ou 5, claro, se eu fosse boa parideira, mas não foi o caso. rsrs. Então demos um 'jeitinho' e somamos 3, ao cubo também, como vc contabiliza. Tudo em triplo por aqui... As alegrias, as descobertas, as emoções... Melhor, esse número já dobrou e está triplicando aos poucos, pois são adultos formando suas próprias famílias.

    Seu dia de viver essa multiplicação ainda vai chegar, e ai, vc me diz o tamanho da sua felicidade!

    Lindo amiga, sua resposta não poderia ser melhor para essas pessoas, que no fundo gostariam de estar no seu lugar, mas lhes faltam coragem. Por isso fazem outras escolhas, menos comprometedoras, mais egoístas...

    Parabéns atrasado pelo seu (nosso) dia, mas vc sabe como é né... não é mole ser uma mãe (avó) tão solicitada, não me sobra muito tempo pra visitar os blogs rsrs

    Bjo grande amiga, sempre emocionante ler os seus textos, um deleite...

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  12. kkkk, Suzy, há pouco estava ligada na TV COM, a nossa daqui. O assunto era sobre casamento e filhos. Um padre, uma psicóloga o mediador Brito e dois advogados. O número de casais que não têm filhos, no Brasil é de 46%. e no RS é 24%. Enorme, não? A média das mulheres que têm filhos é 26 anos. A verdade, Suzy, é que hoje as mulheres trabalham e antes de tudo querem se formar e tirar seus doutorados ou mestrados ou seja o que for. Até sou a favor. Mas há de se respeitar as que querem ter seus 10 filhos! (se puderem rsr, o que não acredito).

    Já comentei, mas voltei depois de assistir ao programa hoje – para complementar! Lendo novamente, alguns lances estão hilários! '

    Bençãos, amiga! A você, seu marido e a prole!!!

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