sábado, 16 de junho de 2012

Padrões de moralidade: há lugar para eles na sociedade moderna?




Dinâmica utilizada em aula, pela professora de Direitos Humanos, merece meus comentários neste texto. Copos com água foram distribuídos aleatoriamente entre os alunos. Dentre os 38 copos, havia 2 de aparência idêntica a dos demais, porém contaminados com hidróxido de sódio. A atividade consistia na interação entre nós, alunos, como se estivéssemos em uma festa. Quando a música parava, porém, trocávamos algumas gotas de nosso copo, com colegas de nossa escolha.  A música parou 3 vezes e muitos foram os “contatos sociais” estabelecidos nesse intervalo de tempo, misturando as substâncias dos copos de todos que participaram. Finalmente, a atividade foi concluída com o acréscimo de uma gota de fenolftaleína em cada copo. A fenolftaleína reage com o sódio, alterando a cor. Todos que adquiriram coloração rósea foram contaminados ao longo da brincadeira, ou seja, não apresentavam mais a água pura com a qual a atividade teve início. No princípio, eram 2 os contaminados; no final, eram muito! Dessa forma, disse a professora, a AIDS – entre outras doenças –  propaga-se entre nós. No começo, são apenas 2, mas em questão de dias são 20, 30 pessoas, e daí por diante. 

Acredito que a dinâmica é conhecida de muitos, bem como a experiência química aqui descrita. A interpretação, com base nos símbolos, dispensa comentários. Não acontece exatamente assim em nossos dias? Trocam-se “fluidos” indiscriminadamente e sem preconceitos, afinal somos uma sociedade livre, e nos orgulhamos disso. Questionados sobre os motivos pelos quais nos envolvemos nas trocas, as respostas foram: “parecia divertido”, “todos estavam trocando”, “o colega me convidou para trocar, então pensei que seria chato dizer não”, “era apenas uma brincadeira”, entre outras. Alguns gostariam de se omitir, mas acabaram cedendo à pressão do grupo, pois não queriam carregar o rótulo de divergentes, individualistas ou qualquer coisa do gênero. Outros foram atraídos justamente pelo risco de serem contemplados com as gotinhas fatais – há quem goste de brincar com o perigo!

Mas houve 2, dentre os 38 participantes, que tinham a certeza de não estar contaminados: uma colega e eu. Bem, havia um risco mínimo de contaminação, já que recebemos os copos já preenchidos com a substância. Mas tínhamos a certeza de não ter levado a contaminação adiante, pois não trocamos fluidos com ninguém. Explico meus motivos:

Era apenas uma brincadeira, obviamente, mas de grande valor simbólico. Posso considerá-la, inclusive, um reflexo exato de nossa sociedade atual. Seria muito fácil interpretar a atividade como uma diversão e me deixar levar pelo clima do momento. Foi constrangedor, por exemplo, dizer não a uma colega querida  que se aproximou pronta para a troca: percebi a surpresa estampada no rosto dela! Muitas pessoas abandonam princípios assim, racionalizando, dizendo para si mesmas que aquilo não terá a menor importância, que não trará nenhuma conseqüência. Não abandonei os meus, fui firme justamente por se tratar – aparentemente – de uma brincadeira.

Mas que princípios são esses, aos quais me refiro? Contrariando o que a sociedade moderna e livre de tabus prega, acredito num padrão de moralidade. Escolhi para mim esse padrão, o que não significa que saio por aí julgando o padrão dos outros. Mas levanto questionamentos, apresento meus argumentos, dentro da liberdade que possuo para fazê-lo.

Por exemplo, como somos orientados a educar nossas filhas no que se refere a vida sexual? Mal entram na adolescência, somos estimulados a levá-las  ao ginecologista, com a ajuda do qual deverão escolher o melhor método contraceptivo. Camisinhas são apresentadas e doadas, como se fosse o melhor presente que o melhor dos pais pudesse oferecer a uma filha. Quanto aos filhos, elimina-se a visita ao médico e antecipa-se a idade em que receberá o referido presente.

Não me importo de ser taxada de careta, antiquada, alienada, conservadora, moralista, etc, e nem me preocupo um instante sequer com a possibilidade de ficar sozinha defendendo o que acredito, mas fui criada com determinados valores, e eles serão passados adiante, de geração em geração, dentro de minha família – com o devido respeito ao livre arbítrio, digno de todo ser humano.

Não presenteio meus filhos com as camisinhas, ensino-lhes a lei da castidade tal qual relatada nas escrituras (a saber: Bíblia, Livro de Mórmon e outros escritos sagrados). Naturalmente, eles recebem toda informação, e justamente por isso tendem a fazer escolhas semelhantes a minha e a de meu marido, nos tempos de namoro: mantermo-nos puros e castos até o dia de nosso casamento. Fiz isso pessoalmente, meu marido fez o mesmo, e de igual maneira agem os jovens fieis de nossa religião, homens e mulheres indistintamente. Falta-nos algo por isso? Fomos privados de alguma alegria realmente importante por tomarmos essa decisão? Tenho a certeza mais absoluta de que não, muito pelo contrário: fomos preservados de doenças venéreas de todo tipo, gravidez precoce e indesejada – que conduz ao aborto muitas vezes – e de relações vazias e insatisfatórias, que duram uma noite e conduzem a frustração por muitos dias.

Alguns mencionarão minha coragem por fazer publicamente esta declaração, e eu me antecipo na resposta: coragem? Não. São princípios. Não preciso de coragem para escolhê-los, já foram escolhidos há muitos anos. Preciso apenas de firmeza para vivê-los. Corajoso mesmo é quem encara todos os riscos que enumerei por uma noite de prazer apenas! Desculpem-me os adeptos, mas meu corpo e minha saúde valem muito, muito mais do que algumas horas de diversão.

Sei de antemão que minhas palavras são chocantes, e isso é o que mais me incomoda: por que a moralidade choca hoje em dia? Dizer-se cristão ou, independente de religião, fiel a princípios parece ofensivo atualmente. Como chegamos a esta inversão?! Não prego o preconceito, muito pelo contrário: luto arduamente contra ele. Não interfiro na vida alheia, cada um com suas escolhas! Mas não preciso dizê-las corretas só para agradar, não tenho de modo algum que concordar com elas. No fim das contas, apresento simplesmente meus argumentos e minhas justificativas para a escolha que fiz, em termos de moralidade, e que cada um julgue por si mesmo e faça o que lhe parecer melhor, lembrando que cada escolha traz atrelada a si pelo menos uma conseqüência.

Atesto a alegria de viver segundo valores firmemente estabelecidos. Não são imposições, são escolhas. Não são fardos, não me pesam. Demonstram minha disposição de viver plenamente e minha responsabilidade em relação ao meu companheiro, pois não me coloco como um risco em potencial na vida dele. Se tivesse que defender sozinha esse padrão de moralidade, ainda assim o faria. Mas felizmente há uma multidão de Santos dos Últimos Dias e de pessoas de todas as religiões, ou mesmo sem religião, que vivem segundo esse princípio: preservam a castidade até o casamento. Levantamos aqui, pacificamente mas com firmeza, a nossa bandeira!


Atividade  realizada com moças SUD, em Santa Maria RS
 Programa  Novos Inícios -  Retorno à Virtude
 (abril 2009)
Suzy Rhoden

6 comentários:

  1. Que maravilhosa experiência essa na sala de aula.

    Por ela ficou nítido o perigo dessas trocas assim no mais,como quem troca de roupa...


    Acredito que ainda que os jovens não esperem até o casamento, manter uma conduta linear, com a namorada apenas e vive versa é fundamental, ao invés dos troca-trocas.

    Mas, cada um sabe de si e vejo já num dos netos, de apenas 15 anos, com namorada ,frequentando casa, quarto e tudo como se fossem namorados pra vale, sérios e a menina da mesma idade.

    Gostei do teu texto, dos teus valores e seguir o que acreditamos é importante.

    beijos,tudo de bom, lindo domingo...Pra nós um pouco mais aliviados, após saber resultado do Kiko, baixaram os níveis após a radioterapia.Ainda temos muiiiiito pela frente, mas vamos que vamos, um passo de cada vez!Ficamos sabendo faz pouquinho tempo...Passei o dia num angústia , agora liberei.,..beijos,lindo domingo,chica

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  2. Olá,boa noite Suzy!
    Não cabe a nós se preocupar com a moral do próximo,mas infelizmente parece que 'os padrões de moralidade, perderam espaço em nossa sociedade.
    Mas quem tem convicções firmes e acredita num padrão de moralidade,trilha um caminho saudável.
    Acho tão interessante quando vejo princípios sadios...
    Bjs!

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  3. Suzy, quando iríamos imaginar que um dia as pessoas teriam receio em pregar a castidade antes do casamento e também que o sexo estaria, como hoje, tão banalizado. Também acho que não é preciso coragem para falar desse assunto, isso é uma questão de caráter, responsabilidade, moral e, principalmente, de saber respeitar os princípios da religião no qual cada um foi educado.
    Seu texto vem bem a calhar num momento em que os "reality show" procuram incutir a imoralidade, a falta de compromisso, a dita liberdade sexual. Quanta ironia e, o pior, quanta gente achando isso legal.
    Parabéns pelo texto Suzy, ficou sensacional!

    Beijos

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  4. Suzy, acho que hoje falta é muita responsabilidade, pois esclarecimento têm bastante, não ouve quem não quer. As pessoas perderam a noção das coisas. Acho que chegamos a um ponto sem volta, amiga, justamente porque uns contagiam os outros os chamando de caretas e outras coisas se não marcharem com a boiada.
    Sei que os tempos mudaram, mas os princípios deveriam ser os mesmos – com mais responsabilidade. Claro que aceito certas mudanças, mas não tantas! E não seria eu quem imporia regras aos filhos de quem quer que seja ou ensinar-lhes coisas tão básicas. Seus pais estão aí...

    Esta brincadeira de tua professora é uma simulação do que acontece a toda hora: contagiam-se muitos por não se cuidarem e por acharem que estão certos lá do auge de sua sociabilidade festeira. O que resta a nós, amiga? Falar mais do que já é falado e alertado não sei se funciona muito... Mas sempre é bom para os que estão vindo...

    Mas com isso, estão aí as doenças transmissíveis, a gravidez fora de hora e a infelicidade - depois de tudo, mostrando a que veio. Já aceito os namorados, mas o 'tal ficar', confesso que não compactuo com tal atitude. Mas cada um que cuide de si. Tem gente competente pra isso e assim mesmo, não dá muito resultado. Outros tempos, amiga!!!

    Beijão, 'mandou' bonito nesse texto.
    Beijão
    Tais

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  5. Oi Suzy,

    Já te admirava antes, mas te admiro ainda mais por conhecer a sua fidelidade aos seus valores.
    A autenticidade é uma coisa tão rara hoje em dia!
    Respeito seus valores e as suas escolhas. Essa é a minha forma de manter as minhas amizades, através de um profundo respeito pelos valores do meu próximo.
    Acho que todos nós temos muito a aprender na escola da vida, o tempo todo, com todas as pessoas; mas só aprenderemos o dia que aprendermos a respeitar o nosso próximo, sem classificá-lo.

    Beijos Suzy e que voce continue firme nas suas convicções e valores, que nada abale a sua fé e que seus filhos sejam o reflexo de todo esse amor que voce carrega com você!

    beijos

    Leila

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  6. Não conhecia esta dinâmica!!
    Puxa é bem assim!
    Princípios, virtudes são fundamentais.Assim como o respeito.
    Por aqui não será permitido que namorado(a), venha e durma(vai demorar ainda, já que são pequenos,mas acho uma falta de respeito).Não vou exigir que sejam castos(deve ser uma escolha),mas quero que se respeitem, respeitem seus corpos, suas mentes!
    Ótima crônica!!!
    Beijos!!!

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