quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Cabelos: a Cor do Momento



Semana passada, quando apareci de cabelos castanhos diante de meus amigos, perguntaram entre risos se meu cachê também fora de R$ 2 milhões. Só então me dei conta do desastre: que péssima época para voltar às origens! Logo eu, que contesto abertamente a escravidão dos modismos; que me nego a seguir tendências; que me oponho radicalmente ao batalhão de uma cor só de madeixas! Mas, pra não perder a piada, respondi com voz embargada: o que uma filha não faz pra realizar o sonho de sua mãe! A Xuxa que me desculpe, mas não tem como levar a sério a justificativa para sua transformação.

Fiquei pensando na pobre mãe da Xuxa: levar mais de 40 anos para ver seu sonho realizado! Eu teria sido uma filha melhorzinha, com metade desse tempo já teria dado um arco-íris de opções a ela. Mudar nunca foi um problema para mim. Ou melhor, foi sim...

A primeira decisão de mudança veio na adolescência: decidi acabar com os ares de mocinha romântica do interior e cortar a cabeleira num ousado Chanel. Sem muita intimidade com salões de beleza, aceitei ser a cobaia de uma prima estudante de cabeleireiro. Foi um dos dias mais tensos da minha vida! Olhei pra prima, toda desajeitada com a tesoura na mão, e desejei sair correndo. Ao invés disso, sentei na cadeira e falei: estive pensando, um Chanel pode não combinar com o formato do meu rosto... então faz aí um repicado nas pontas... mas bem nas pontinhas mesmo! Saí de lá com 1 centímetro a menos nos cabelos, mas certa de que havia saído no lucro.

Anos depois, caí novamente em mãos erradas. Dessa vez, servindo como missionária em cidade distante e desconhecida, entrei num salão que parecia bastante amplo e cheio de funcionárias. Fui atraída pela ideia de agilidade no atendimento. Agilidade? Pois é... Fui parar justamente numa escola de cabeleireiros – meu carma! – e a moça que me atendeu estava mais interessada em reclamar da profissão que escolhera do que em fazer  seu serviço.

Claro que a lamúria começou quando metade do cabelo já havia sido cortado e eu não tinha chances de abandonar o salão naquele estado. A mulher reclamava da qualidade do curso, permanecia ali apenas porque  havia investido muito dinheiro. Mas  detestava o trabalho, muito cansativo, muito chato; dizia precisar parar pra descansar de 3 em 3 minutos, pois seu pulso doía devido ao esforço; que os clientes eram desagradáveis, sempre reclamavam do trabalho excelente que ela lhes prestava... A essa altura, eu já estava chorando, desesperada, implorando pra saber quem era o professor da criatura e se ele consertaria algum eventual deslize que ela viesse a cometer.

Como neste mundo não há nada tão ruim que não possa piorar, vivi drama ainda maior quando mudei de cidade e precisei atualizar o corte nos cabelos: seguindo indicação de amiga, solicitei ao meu esposo que agendasse horário pra mim em determinado salão. Ele esteve no local pessoalmente, perguntou pra mulher se fulana de tal era sua cliente e lógico que a mulher disse que sim. As referências eram ótimas, por isso fui muito confiante pro salão. Saí de lá em depressão profunda, praticamente careca. Liguei furiosa pra minha amiga e perguntei como ela pôde me indicar tão péssima cabeleireira! Um minuto de conversa foi o suficiente pra saber que entrei no salão errado, ao lado do qual ela me havia indicado.

Depois disso, decidi que somente mãos amigas mexeriam em meus fios. Até descobrir que mãos amigas também erram! Claro que não foi um erro fatal, nada muito grave... afinal, ficar com o cabelo cor de laranja é a coisa mais natural e mais tranqüila deste mundo!!! Confesso que nesse dia revirei minhas bolsas, atrás do cartão da mulher que me deixou careca... ela seria muito útil naquelas circunstâncias!

Apesar de tantos contratempos, nunca fui resistente às mudanças. Experimentei quase todas as cores disponíveis no mercado, mudo de corte algumas vezes por ano. Gosto do novo, do diferente, do inusitado. Mas sem radicalismos! Essa história de chocar me parece coisa de gente insegura, que se alimenta do susto dos outros. Não sou assim, não faço nada pra chamar a atenção. Prefiro ser discretamente notada e, se for mencionada, que seja pelo senso estético e pelo bom gosto, e não por seguir tendências.

Quanto ao castanho do momento,  Xuxa não tem nada a ver com isso. Nem minha amada mãe, que é muito privilegiada por já ter tido filha loira, ruiva, chocolate, castanha, com mechas, sem mechas, cor de laranja, careca... Seja qual for o sonho dela, é certo que já realizei! E sem cachê milionário...

Suzy Rhoden

10 comentários:

  1. Aiiiii, meu Deus, não aguentei esta sua crônica! Ainda mais com essa foto aí... kkkkk
    Suzy, lendo essa crônica cheguei à conclusão de que a maioria das mulheres que conheço são loucas! Loucas como eu!
    Essa sua, de que a mãe da criatura esperou 40 anos... kkkk Você pegou na veia! Ou na véia? Com 2 milhões a minha mãe ressuscitaria pra me ver! Kkk
    Amiga, eu já fui loira, morena, vermelha, já colocaram laranja, e quase infartei com uma descoloração para tirar um tal cenoura! Mas agora ando bem quieta, calma, sensata... Mechada há anos! E assim vai ficar até o último dos meus dias, pois é barra muito pesada quando a gente pensa que vai sair uma coisa e sai um monstro!

    Essa sua crônica valeu uma gargalhada enoooooorme por aqui!
    Meu carinho, como sempre!
    Tais

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  2. rssssss...Ter ler é ter momentos legais de distração bem boa! Pra mim também já me vi como mico leão dourado, bruxa da branca de neve e tantas outras,rsrs

    Adorei!! beijos,chica( não vi a Xuxa ainda na tv assim! Tô por fora!)

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  3. Oi Suzy, vou responder aqui em seu espaço, mas volto depois para ler seus posts, pois vi que têm coisas que ainda não li - estou esperando a aluna das 15 horas.
    Olha, aprender a costurar num final de semana não dá, pois costurar exige muitas etapas, mas a principal é a iniciativa, é dar o primeiro passo. Vá treinando com costuras mais simples e logo estará costurando vestidinhos para sua filha, pois não é difícil, procure aqueles modelos básicos, sabe aquele tipo de vestidinho que a Magali e Mõnica (do Maurício de Souza) usam? ele é lindo e muito fácil de fazer. As meninas ficam muito graciosas com ele. Seu comentário encheu meu coração de amor. Beijos

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  4. Olá Suzy :)
    Gosto dessa criatura,pois sou da época do 'Xou da Xuxa'.
    Mas essa desculpa esfarrapada dela,não colou!
    Por 2 milhões,eu também mudaria radicalmente a cor dos meus cabelos...rsrs!
    Bjs!

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  5. OI SUZY!
    GOSTO DA DESCONTRAÇÃO DE TEUS ESCRITOS.
    MAS, COM RELAÇÃO A CABELOS, QUANDO SE É "OBRIGADA" A ENTREGAR NOSSAS MADEIXAS A PESSOAS ESTRANHAS É UM CAOS MESMO.
    AINDA BEM QUE ELES CRESCEM LOGO.
    ABRÇS
    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

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  6. Suzy,
    eu fiquei rindo sozinha com sua história. Eu tenho algumas experiências de cabelo me deu vontade de escrever sobre elas kkk.
    Muito bom.
    Beijos
    Denise

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  7. Oi Suzy, ter vontade de mudar o visual é, sem dúvida,uma forma de dar ânimo à vida. Nunca fiz transformações radicais e a cor usada no meu cabelo lembra o tom original que, há MUITO TEMPO, não sei mais qual é, afinal os fios brancos me causaram amnésia total, rsrs.
    Sua crônica é uma delícia de ler, parabéns minha amiga querida.

    Beijos

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  8. Bah!rsrsr
    Pegaste um gancho e fizeste uma belíssima crônica!!!!Já mudei muito o cabelo também, cortei super curto(fiquei parecendo um menino...usei chapéu até que cresceu novamente!!rsrsr)e também já pintei de vermelho!Nunca fui de ter medo de mudar...por enquanto estou com minha cor mesmo(castanho), pinto(tenho fios brancos!!rsrs),mas da mesma cor "natural"!
    Beijos,querida!Desculpe a demora.

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  9. Ah, suzy, vc é incrível!!! Kkkkkkkk

    Fui lendo e lembrando de mim mesma, das quantas já fiz nos meus cabelos. Melhor dizendo, fizeram!!! Mas confesso, nunca sem o meu consentimento. Na maioria das vezes, era eu quem convencia o cabeleireiro e assumia a culpa sozinha pelas ‘cacas’ resultantes rsrs.

    Sou avessa às mudanças radicais que implicam envolver ‘outras pessoas’, mas sou dona da minha cabeça, certo? Mais propriamente dos meus cabelos e com esses pintei e bordei... literalmente! rsrs.

    Claro, nunca cheguei a extremos, chocar nunca foi o meu forte, mas já fui loira, morena, ruiva, mechada, grisalha, lambida, arrepiada rsrs... Já botei e tire apliques, usei perucas rsrs. Já fiz tanta %$#*()&#@ nos meus cabelos que certa vez tive que cortá-los tipo ‘Joãozinho’, lembra dessa denominação? rsrs.

    Uma vez pintei os cabelos e quando cheguei em casa constatei que a cor batia idêntica à cor dos pelos do meu cachorro! Girei nos calcanhares imediatamente, voltei ao salão e botei PRETO por cima!!! rsrs.

    Agora sosseguei o ‘facho’, até por que os fios ‘de idade avançada’ já não aguentam mais tantos desaforos rsrs. Depois de 25 anos loira, voltei à cor natural e dela não arredo o pé! Se Deus me deu essa cor é porque combina com meu tom de pele e etc... Ele deve saber o que faz, né! rsrs.

    Bjo grande amiga! Adorei!!! Ri litros com suas experiências desastrosas rsrs.
    sg

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  10. Minha querida Suzy!
    Perdoe-me ter demorado tanto a pintar (não de laranja nem chocolate, of course! rsssss) aqui no seu blog, menina! Mas... vida de mãe, "é tempo sem hora!" e de mãe e avó, será o quê? Bom, a minha, neste momento está de pernas para o ar! Tento levantar que velha quebrada não tem serventia! rssssssssssssss
    Vc riu das minhas histórias, lindinha???? E as suas??? Vc é muito da corajosa, isto sim! Sou meio árvore: essa coisa de mudança me dá cagaço! A aparência então é coisa de dar pânico! Quando pintava os cabelos, sempre fiquei nos castanhos (tb com a cor amarelinha que tenho é meio complicado achar algo que combine sem ter que andar maquiada - e adoro uma cara lavada! Amo apenas batom e rímel!). Ousadia? Ah, talvez exibir meus cabelos in natura: primeiro crespos e depois grisalhos. Nada além disso.
    O que não quer dizer que não adore ver cabelos coloridos e nunca tenha me imaginado com cores mil sobre a cabeça.
    Curioso, vc me fez lembrar que havia pensado em pintar os cabelos de azul ou roxo quando os brancos surgissem... que coisa! rssssssssssss
    Ah, o que importa? Nada, nada mesmo, além do ESTAR TRANQUILA, TRANQUILA, como dizia meu velho pai!
    Adorei suas aventuras capilares! Muito boas!
    Bjsssssssssssss, quérida!

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