quinta-feira, 30 de maio de 2013

Romeo e Juliê: uma história de amor às avessas.


Conheceram-se na faculdade, apresentados por um amigo em comum. Ele, estudante de agronomia; ela, aspirante a jornalista. Romeo logo se apaixonou.
Juliê não podia negar a atração que sentia, mas disfarçava.  Decidida a não se envolver com ninguém, manteve o foco integralmente na faculdade. E nas festas. E na vida. Nada de namoro, noivado, casamento para os próximos dez anos de sua existência. Experimentava a liberdade e gostava dela.
Romeo queria compromisso, por isso não ficou chorando a rejeição pelos cantos: tratou de arrumar uma namorada e passou a desfilar com ela pela universidade. Golpe fatal: bastou vê-los juntos para Juliê diagnosticar-se perdidamente  apaixonada!
E uma mulher apaixonada é capaz de muita coisa, especialmente quando se trata de reconquistar um amor que algum dia já foi seu. Juliê foi à luta, cometeu a loucura de, certa vez, cantar debaixo da sacada de Romeo a canção “Se eu não te amasse tanto assim”, (interpretação da Ivete Sangalo). Tudo teria sido perfeito se não fosse um detalhe: quem emergiu do apartamento para agradecer a serenata não foi Romeo, mas sua namorada. Por pouco a polícia não foi acionada.
Contudo, verdade seja dita, Romeo ainda amava Juliê. Não lhe aprazia partir corações, porém precisava ser honesto com a jovem ao seu lado: contou-lhe tudo, pediu perdão pela situação e disse adeus. Sentiu um alívio ao pensar que agora nada o separava de sua amada.
Nada, vírgula: a ex apresentou-lhe o resultado dos exames, estava grávida. Não podia acreditar, não mesmo! Era jovem demais para ser pai e apaixonado o bastante por Juliê para se casar com outra.
Os meses seguintes foram da mais absoluta tortura: sentia-se perseguido pela ex, sufocado por suas carências, a ponto de ter a impressão de estar sendo usado. Quando pensou em exigir DNA, nasceu a criança: a sua cara.
Juliê, ao contrário do que se poderia esperar, foi um grande suporte ao longo desses nove meses. Aproximaram-se, fortaleceram-se, desenvolveram uma bonita amizade. Mas, naturalmente, o namoro ficou para uma data futura – se Romeo conseguisse desvencilhar-se das armadilhas da ex.
Quando finalmente o moço se decidiu – na verdade, decidido ele sempre esteve, porém evitava ao máximo ferir a mãe de seu filho, e isso consumiu tempo, tempo demais! – Juliê já estava com as malas prontas, rumo a um intercâmbio.
De nada adiantaram as súplicas de Romeo, Juliê partiu. Mas ele insistiu: a cada email, repetia o pedido de casamento. Do outro lado do mundo, Juliê sorria com a ousadia do rapaz, pensava até onde ele iria para reconquistá-la...
E ele foi mesmo – muito tempo depois – com o mais lindo buquê de flores do qual Juliê já teve notícias. Teria se casado com ele naquele mesmo dia, se não fosse um detalhezinho: estava namorando outro.
No avião, de volta pra casa, Romeo tentava convencer a si mesmo de que aquele era o fim de uma  história de amor, que de fato nunca aconteceu.
Mas estava  enganado: não era o fim. O romance continuou sendo escrito pelas mãos do destino... Totalmente às avessas!
“E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, e quem irá dizer que não existe razão” – Legião Urbana.
      Suzy Rhoden

37 comentários:

  1. Todo conto que tem ares de Shapespeare se torna grandioso! Lindo conto e blog Srta, se permitir a seguirei, abraços

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    1. Olá Ives!

      Bem-vindo ao blog, já é meu convidado para se juntar ao nosso grupo de amigos/seguidores!
      Fico feliz que tenha gostado da brincadeira com 'ar shakespeareano' rsrsrs

      Um abraço!

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  2. Limerique

    Por trás de cada romance um drama
    Se não está ao alcance quem se ama
    Quando um quer, outro não
    Surge aquele dramalhão
    Digno de inspirar vago epigrama.

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    1. Pois é, Jair, o conto mostra exatamente esse dramalhão causado por nossas escolhas. E quem não viveu algo assim, em maior ou menor proporção? Afinal, 'por trás de cada romance um drama'.

      Um abraço!

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  3. Suzy e bota avessas nesta linda história de amor.
    Adorei. E que o destino continue a escrever.
    Beijo

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    1. Oi Ana Paula! Totalmente às avessas, não é? rsrsrsrs
      Adorei que você tenha vindo, beijos!

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  4. As histórias de amor nem sempre tem final feliz. O amor, talvez nunca tenha fim. E a escolha mais difícil é a de amar, porque o contrário, deixar de amar alguém, é um esforço tanto heróico quanto inútil...

    Adoro contos, e o jeito como vc os conta... ;)

    Beijos, bom fds pra ti!

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    1. Oi Denise!

      É isso mesmo: as histórias de amor nem sempre tem final feliz. Além disso, o que parece ser o fim, às vezes não é o fim... E, em outras situações ainda, é possível reencontrar-se a felicidade em novas escolhas. Por que não? A vida tem tudo para ser bela, depende dos rumos que damos a ela.

      Obrigada, é um prazer ter você aqui!!! Beijos.

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  5. Oi suzy :)
    Não é o fim mesmo...
    pois,vai que a Juliê desista do namorado e queira o Romeo de volta né?!
    O mundo da voltas.
    Muito bom o conto.
    Bjs!

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    1. Certíssimo, Clau! Enquanto existir o livre arbítrio, tudo por acontecer. O que não significa que todas as escolhas serão boas... Eu só espero que esses dois se decidam de uma vez, e parem de brincar com os sentimentos dos outros, afe! rsrsrsrs
      E quantas voltas esse mundo dá, hein, amiga!

      Bjooo

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  6. Oi, Suzy, conto que vai nos levando com certa ânsia! E como acontecem na vida essas coisas! Dá um sentimento de frustração em quem lê, pois todos, não sei por que, gostariam de ver um final feliz. Bem que ai não teria muita graça, seria um conto comum, não?
    Adorei, surpreendeu!

    Beijos!!

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    1. Tais,

      A gente quer ver um final feliz no personagem, quer de todo jeito que eles 'acertem os ponteiros' e se entendam de uma vez. Seria muito fácil, como autora, dar esse rumo para os protagonistas. Mas que graça teria?! Queria que o conto não fosse meu, mas deles, e retratasse o rumo que as escolhas vão dando as vidas dos seres humanos... O destino, tido como culpado, nada mais é que um cenário. Os protagonistas é que escolhem as cenas que irão protagonizar!

      Que bom que gostou, beijão meu!

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  7. Que lindo teu conto e na vida, nem sempre os finais são aqueles que imaginamos. Muito bom te ler! beijos, obrigadão pelos carinhos e foi mesmo muito bom esse tempinho curtindo o filhão que veio especialmente pra estar nos 70 anos do Kiko. beijos,lindo domingo e semana!chica

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    1. Chica, adorei ver essa família linda reunida nos 70 anos do Kiko! ELE MERECE, ELE MERECE! rsrsrsrs Obrigada por vir, beijooooo.

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  8. Boa noite.. admiro muito isso.. tens muita aptidão.. já tentei por diversas vezes mas não consigo largar os sonetos rsrs.. recentemente fiz um conto em forma de poesia sobre um amor virtual que ainda esta se desenrolando.. ficou muito belo.. mas cada um tem mais inspiração para alguma coisa né.. uma linda noite bjs

    http://lapidandoversos.blogspot.com.br/

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    1. Boa noite, Samuel!

      Mas quem disse que tens de largar os sonetos?! Admiro profundamente a capacidade que alguns amigos tem de 'poetar', sou leitora assídua! Escrever um conto em forma de poema, então, haja talento!!!

      Linda noite pra você também, obrigada pela presença!

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  9. Olá Suzy,

    Delicioso o conto. Adorei ler.
    O amor é um pregador de peças, envolvendo encontros e desencontros, mas acredito que quando tem que ser, o Universo conspira a favor. Espero que os dois resolvam logo os desencontros, pois outros encontros(com novos personagens) poderão separá-los definitivamente-rsrs.

    Beijo.

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    1. Oi Vera!

      E como prega peças esse senhor chamado Amor! rsrsrs
      De fato, Romeo e Juliê estão por um fio... se é que o fio já não se rompeu e eles nem perceberam! Ainda assim, como você falou, se há de fato amor, o universo conspira a favor e tudo pode acontecer!

      Beijinhos, linda semana!

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  10. Suzy!

    Sou obrigada a repetir o que disse a Jacque Vargas no FB: “Incrível como escreve bem essa mulher!!!” rsrs.

    Não sei da sua fonte de inspiração para esse conto. Não sei se Romeu e Juliê existem realmente, ou são frutos da mente criativa de uma escritora talentosa, competente e perspicaz em tudo que escreve. Só sei que acreditei nessa História, me convenceu. Uma história de amor escrita com graciosidade, leveza e poesia... Não há ‘furos’, tudo se encaixa perfeitamente na trajetória desse amor repleto de encontros e desencontros... E não é exatamente assim na vida real? Não dá pra duvidar.

    O final é ainda melhor quando vc nos convida a continuar na história imaginando mil desfechos. Terá um desfecho? Talvez não. Talvez Romeu e Juliê vivam desse amor para sempre, embora separados. Fantástico, amiga!! Adorei!!

    Beijão para vc!! Bom demais te ler!

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    1. Sueli, vens novamente elevar minha autoestima com seus elogios! Eu aceito, ok, porque sei que são de coração - obrigada!!!

      Pois é, está todo mundo lá no FB querendo saber de onde veio a inspiração... rsrsrs Talvez essa seja a melhor parte da vida de escritor: deixar que o leitor imagine o antes e o depois do texto, interagindo de maneira incrível com a produção literária!

      A vida real é cheia desses encontros e desencontros, mas a como a gente está acostumado com casamento e nascimentos em final de novela, espera final feliz nos contos também. Porém aqui, cada um criará seu próprio desfecho... Por sinal, gostei demais de tua sugestão: talvez os personagens vivam desse amor para sempre, embora separados! É uma interessante e provável opção... Beijooooo!

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    2. Nossa, escrevi 'RomeU' e não 'RomeO' kkkk. Só agora vi, mas retifico aqui nesse pequeno adendo: ROMEO

      +bjos

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  11. Suzy, mandou muito bem com essa história de desencontros... Assim como a Sueli ressaltou, mas que desfecho interessante! Deixa a gente na imaginação... Quem sabe um dia ela não esteja conectada, encontre a Canção do Exílio e sinta uma saudade imensa do seu país? Não tenho dúvidas que Romeo é uma das imagens que virão em sua mente, se não for a principal... Mas aí vem a questão: Qual vai ser o desencontro dessa vez? Já imaginei várias coisas. Acho que um desfecho como o seu auxilia a ficar ainda mais parecido com a realidade, pois quem continua, da forma como se identificar, é o leitor.

    Parabéns pela história excelente!

    Abraços

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    1. Luís Fellipe, não dá para imaginar a continuação dessa história sem pensar em uns tantos novos desencontros, não é verdade? rsrsrs
      Que bom que gostou, essa história está me animando bastante para prosseguir me aventurando nos contos... Obrigada por vir!!!

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  12. De Shapespeare a Renato Russo
    Romeu e Julieta a João de Santo Cristo e Maria Lúcia
    Do amor a morte, se não dos personagens, do amor em si

    Se os personagens se chamassem Eduardo e Monica eu apostaria num final feliz :)

    Do teatro a música, ao cinema, a vida real, a arte imita a vida, a vida a arte e vale sempre lembrar de quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre sem saber, que o pra sempre sempre acaba, para continuar apostando em para sempres e para também não acreditar.

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    1. Siiim, Tina, essa história foi uma aventura por muitos mundos... E a morte aqui não está representada no fim dos personagens, e sim no fim do romance. Mas será que ele terminou mesmo?! Boa pergunta... rsrsrs

      Beijão!

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  13. OI SUZY!
    CONFESSO QUE FIQUEI COM PENINHA DO ROMEO, TOMARA QUE ESTA HISTÓRIA NÃO ACABE ASSIM...
    MAIS UMA VEZ DEMONSTRAS TEU TALENTO PARA A ESCRITA.
    ESTA HISTÓRIA PODE ATÉ SER VERÍDICA, MAS O "TOQUE" MÁGICO, QUE PRENDE O LEITOR E FAZ ELE VIAJAR JUNTO É DOM MESMO DE QUEM ESCREVE, NO CASO, "TU".
    "TRI LEGAL" AMIGA GAÚCHA E TALENTOSA.
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada, Zilani!
      Receber elogios de uma poetisa tão talentosa me deixa toda exibida aqui, viu! rsrsrs
      Pois é, pobre Romeo... Mas quem mandou demorar tanto para se decidir? rsrsrs Se bem que, se Juliê tivesse aceito o primeiro pedido de namoro, lá no começo do conto, o desfecho provavelmente seria outro... Ou não! rsrsrs

      Tri de bom ter você aqui, conterrânea!!!

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  14. Suzy, o conto parece tão real, afinal até aqui pelas bandas de Quinta do Sol uma história parecida aconteceu, rsrs.
    Gostei demais da conta, parabéns!

    Beijos

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    1. Néia, agora eu é que fiquei curiosa: como terminou a história aí de Quinta do Sol? Acho que é sua vez de escrever um conto, hein! rsrsrs

      Beijão!

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  15. Querida Suzy, você é danadinha, hem?

    Fiquei aqui, lendo depressa (mania horrível que tenho!) para chegar ao final feliz dessa história de amor e... cadê? Nem cenas do próximo capítulo!!!
    Oh, meu Deus, e agora? Vai que dou um fim do meu jeito, aqui dentro, no meu coração, e vc resolve dar sequência á história? Já imaginou uma nova postagem desvirando o avesso??? Vai que dou de cara com uma postagem assim?
    Oh, não mereço! Decididamente, não gosto de resolver casos de amor: minha tendência são sempre os finais felizes, mas já aprendi que vida não é feita, em sua maioria, desses finais. Ai, ai, ai...
    Para variar, não variou: fiquei babando com o seu texto!
    Bjssssssssssss, quérida, Deus a abençoa!

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    1. hahahhahahah Cléa, você é ótima, me fez rir muito aqui!!!
      Será que dá pra desvirar o avesso, hein? Bem que Romeo e Juliê mereciam... mas não sei se tem conserto, no próximo é bem possível que um deles até já esteja casado! Por isso, não fica esperando, resolve a história aí do seu jeito, minha amiga, que eu prometo não interferir! rsrsrs

      Bjoooooo, sempre só felicidade por te ver aqui :)

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  16. Suzy, tudo bem?
    Primeiro quero te agradecer a visita no meu espaço, obrigada!

    Mas menina... este teu conto pede uma continuação, né? Creio que você parou no momento certo, que deixa um suspense com jeito que tudo se resolveu, mas será?! (curiosidade, hehe)
    Também achei tua escrita bastante fluente, me puxou linha a linha, e fiquei imaginando as 'cenas' e pensando até onde iria essa história, que merece continuação, com certeza!

    Beijos e ótimos dias!

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    1. Oi Cissa!

      E agora, será que a história acabou? Ou tem Parte II?! Vou ter que perguntar para Romeo e Juliê, pois eu confesso que não sei de nada no momento presente... rsrsrs
      Que bom que gostou, é uma honra ter você aqui!!!

      Beijos, e um lindo fim de semana!

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  17. Estes amores sol e lua! Ah!, me envolvi tanto, que já pensava no eclipse. Parabéns Susan,me encanto sempre por estas histórias com finais reticentes, que nos incitam a imaginar. o Legião Urbana e Shakespeare, perfeitas inspirações.
    Bjs. Adorei.






    1

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    1. Oi Lourdinha!

      A gente fica na torcida pelo eclipse, né não? Mas não sei... é muito desencontro para um casal só, será que esse romance tem jeito?! Reticências... rsrsrsrs
      Adoro Legião, adoro Shakespeare! ;)

      Bjs, ótimo findi!

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  18. Oi,Suzy! Obrigadão pelo carinho e desejo pra ti também e teus, um lindo domingo. beijos,chica

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  19. Adorei teu espaço e teu jeito leve
    de contar histórias...

    um abraço

    margoh

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