quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A Gestação da Maturidade


Ser mãe de trio nascido em anos ímpares consecutivos foi maravilhoso pra mim. Primeiro, vieram os meninos. Tão parecidos que por vezes até eles pensam que são gêmeos. Cresceram brincando e brigando juntos, inseparáveis.

Logo depois, respeitando o mesmo intervalo de 2 anos, veio a tão esperada Sofia. Tínhamos seu nome escolhido desde antes do casamento. Ela precisava vir! E veio, completando um trio cheio de energia e disposição.

Estava tudo certo, tínhamos menino e menina, poderíamos fechar a fábrica com louvor. Só que não. A princípio, nem nós entendíamos bem a estranha sensação de que  havia mais alguém por vir... Mas era exatamente assim, e ambos sentíamos. Recebemos os anos 2011 e 2013 com cautela, cheios de cuidados. Será que...?! Não, ainda não.

O tempo foi passando e o trio crescendo. Pessoas pararam de nos recomendar laqueadura ou vasectomia, pensavam que tínhamos adquirido juízo e desistido de povoar a terra. Ledo engano! 2015 chegou...

Ano ímpar outra vez, nossa caçula com 6 anos, e eu a caminho dos 37. Gravidíssima novamente! Quarto filho e possivelmente a última gestação... Última?! Pensar nisso doeu. E se fosse realmente a última?!

Ainda não contei que me amo grávida. Me sinto diva. Quanto mais a barriga cresce, mais linda e realizada me sinto. Tal estado de espírito parece transbordar e atingir os olhos alheios, pois com freqüência ouvi a frase: “Você está mais bonita, seu semblante brilha!”, “Você está maravilhosa! A gravidez te faz muito bem”. É um estado abençoado e tenho consciência disso. Me sinto próxima da divindade toda vez que carrego um filhinho do Pai Celestial em meu ventre. Por isso o apego  por esses meses sagrados e a dificuldade em ser taxativa: é a última.

Pensando nisso, decidi que nesta gestação a ansiedade não me roubaria nenhum dia, mas iria vivê-los, um após o outro, intensamente. E assim foi. Aceitei e suportei bem os enjoos, que vieram tão terríveis quanto nas outras oportunidades. Porém percebi que, ao aceitar a situação, meu fardo tornou-se  leve e rapidamente aquela fase passou.

Nunca havia feito contagem semanal. Desta vez  quis fazer, e ainda compartilhei via rede social! Totalmente desaconselhável, eu sei, para quem decide que o bebê virá em seu próprio tempo e não num parto programado. Pois, passadas as 37 semanas, chovem ligações e mensagens diárias perguntando: “Ainda não nasceu?!”, como se o bebê tivesse prazo de validade. Mas, convenhamos, a esta altura da vida passo longe de ser uma pessoa facilmente influenciável! Segui adiante com meu intento. Não me arrependo, foi maravilhoso postar fotos semanais da barriga crescendo e permitir que  amigos queridos – maioria distante fisicamente – participassem  de meu momento de transformação.

O mais legal, no entanto, foi a parceria que se criou entre marido, filhos e eu, pois nos voltamos inteiramente para o bebê a caminho, como se ele já fosse  membro ativo da família! Lemos muitas histórias para Felipe. A mais marcante foi a leitura de O Pequeno Príncipe, livro que inicialmente não havia agradado o trio.  Contudo, ao fazermos a leitura em família, a história nos envolveu de tal modo que, ao escolhermos o tema para o chá de fraldas, não hesitamos: O Pequeno Príncipe Felipe, lógico!

O chá foi outro momento importante: fizemos tudo em família, bem caseiro, com nosso toque em cada detalhe da decoração – simples e especial, cheio de simbologia. O painel, que serviu de base para os personagens de O Pequeno Príncipe, foi um quebra cabeças do sistema solar, montado pelo trio poucas horas antes do evento entre amigas. Ou seja, nada foi um fardo, tudo foi diversão.

Ainda nos aventuramos num ensaio fotográfico em  família, que providenciou excelente recordação dos tempos grávidos. Ensaio que não fiz nas outras gestações, pois sempre fui meio do contra, me negava a seguir as modinhas e fazer o que todas as outras fazem.  Desta vez me rendi, pois... vai que seja a última gestação! Vou viver de saudades, e as fotos certamente ajudarão...

Os exercícios físicos, a música e a dança tiveram parte importante no processo todo. Ouvi muita música clássica, por exemplo. E muita música que dificilmente ouviria em outras ocasiões... Não, eu não cheguei ao extremo do funk, não perdi a sanidade rsrs Mas aos 9 meses, quando estava prestes a entrar nas 39 semanas, com a barriga enoooorme, gravei um vídeo dançando com meus caçulas, Gabriel e Sofia. Foi o máximo! Concluí que gravidez combina, e muito, com energia, disposição.

Trabalhei até as 40 semanas. Somente pedi a licença porque estávamos em plena semana do Natal. Seis dias depois, nasceu meu garoto. Impossível almejar gestação mais saudável do que foi esta, sem qualquer intercorrência, quase aos 40 anos. Impossível imaginar que atingiria plenamente meu propósito de controlar a ansiedade e viver cada dia, em total sintonia com o frutinho do amor que crescia em meu ventre.

Denomino esta a Gestação da Maturidade. A mãe insegura de outros anos transformou-se em mulher empoderada, incansável na busca por conhecimento, capaz de fazer escolhas conscientes para seu próprio bem, do bebê e de todos a sua volta. Amadureci mais do que em qualquer outro momento. Amadureci enquanto corria atrás daquilo que queria – e muito precisei correr! –, enquanto decidia ser feliz, ser forte, ser saudável.

Escolhi ser PROTAGONISTA do início ao fim de minha gravidez. E tudo se cumpriu exatamente de acordo com minha escolha. Se foi a última, foi vivida com excelência. Se não foi, a próxima será melhor ainda!

Suzy Rhoden







6 comentários:

  1. Maravilhoso!! Usufrui e me identifiquei com absolutamente tudo!!!! Nos mínimos detalhes rsrsrs
    Muito Obrigada!

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  2. Adorei te ler e sei bem desses momentos pelos quais estás passando! Lindos, emocio0nantes! Adorava também estar grávida! bjs, chica

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  3. Olá Suzy,

    Que delícia ler sobre esta sua experiência maravilhosa. Até me emocionei, principalmente depois de saber que a gravidez de Felipe poderia trazer consequências irreversíveis no parto. Mas uma mulher que se entrega à vontade divina com tanta disposição e amor merecia ter um parto feliz e gratificante.
    Lindo de ver sua bela família e você grávida.
    Interessante este sentir de que alguém mais viria. Isto é, nem tanto para mim, que leio muito sobre a doutrina espírita, que oferece uma razoável explicação a respeito. Se faltava Felipe e vocês já sentiam que mais alguém chegaria, mesmo após três cesárias, é porque vocês já tinham um compromisso de receber mais este filho, que foi amorosamente esperado.

    As fotos estão lindas.

    Parabéns!

    Muita luz na vida de todos vocês.

    Beijo.(Adorei revê-la por lá).

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  4. Suzy, emocionei-me com sua encantadora narrativa. Como é bom sentir Deus tão fortemente presente na sua família, uma dádiva! Em um momento, onde a vida anda banalizada e descartada por qualquer motivo, vocês apresentam um modelo familiar raríssimo. Parabéns e Deus os abençoe sempre!
    Beijos

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