tag:blogger.com,1999:blog-71932415423506406002024-03-05T01:35:35.695-03:00Blog de Suzy LuzCrônicas, contos e artigosSuzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.comBlogger161125tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-78162240601098344162019-09-06T13:43:00.000-03:002019-09-06T13:43:21.592-03:00O Tempo: Vilão ou Companheiro?<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMaomdLrfKnYVJ3wwbrlFf4Tf8eDQt9woMR8Q18T6JeHylZ8SUbjqwi7Bo-HgOj7CmrU70qH6zrIis5-qQ87VqCImyyoz2hV4tM97eaE0-M7YC11nfb9_LgSMW64z-iW2aEBbamg3bZNSJ/s1600/imagem+tempo+-+blog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="334" data-original-width="513" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMaomdLrfKnYVJ3wwbrlFf4Tf8eDQt9woMR8Q18T6JeHylZ8SUbjqwi7Bo-HgOj7CmrU70qH6zrIis5-qQ87VqCImyyoz2hV4tM97eaE0-M7YC11nfb9_LgSMW64z-iW2aEBbamg3bZNSJ/s320/imagem+tempo+-+blog.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem do Google</td></tr>
</tbody></table>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Ultimamente
tenho reservado tempo para sentar e conversar com o Tempo.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Aqueles
que me chamavam de A Louca terão certeza de sua intuição após
esta afirmação.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Não
importam as opiniões, louca ou não, tenho algo precioso a
compartilhar sobre este assunto, e o farei nos parágrafos a seguir:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A
corrida frenética, pelo que nem sabemos ao certo, nos afasta dos
verdadeiros senhores do Tempo: nós! </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Ele
obedece ao nosso comando, não o oposto. Acontece que, em nossa
vitimização, nós o personificamos com ares de vilão, passamos as
algemas em nossos próprios pulsos e dizemos com cara de coitados:
veja o que você fez comigo, estou preso e não consigo agir! Você é
o culpado, você me prendeu nessa vidinha infeliz, e agora quem
poderá me defender?! Ainda derramamos algumas lágrimas, bem
convincentes, não fosse um único fator determinante: não
conseguimos enganar a nós mesmos e no fundo sabemos que tudo ali é
teatro, encenação da pior qualidade.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Meus
amigos, o Tempo não é um monstro. Parem com esse vitimismo
deselegante, saiu de moda, vocês não notaram?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">O
Tempo é o melhor de todos os amigos e se rende completamente aos
nossos desígnios. Nós decidimos o que fazer com ele, e o mais
interessante de tudo é que a porção foi dividida de forma igual
entre nós: 24h diárias, nenhum minuto a mais pra você, nenhum
minuto a menos pra mim. O Senhor de todos nós, nosso Pai Celestial,
foi muito justo na distribuição das fatias terrenas. O divertido,
que traz a emoção de existir, é que não sabemos por “quanto
tempo” ainda receberemos a porção diária neste estágio de
vida... Mais um motivo e tanto para levantarmos e fazermos algo, não
é?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Soltar
as algemas e reconhecer que o aprisionamento existiu apenas dentro de
nossas mentes acomodadas é o princípio de tudo. Chega de drama,
vamos rir um pouco de tudo? O Tempo adora uma comédia! Vamos rir com
ele! </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Pronto,
já quebramos o gelo, rimos um pouco, agora vamos assumir nossos
verdadeiros papeis nessa história toda.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Nós
decidimos, isso já está claro, e ele apenas corre conosco, em nosso
auxílio. Sabem a equipe de ajuda que acompanha os maratonistas? Não
é muito diferente. Na maratona da vida, por vezes ficamos exaustos,
e ele está ali, com o gel a mão, o copo de água pra nos hidratar.
Diminuir o ritmo uns minutinhos não atrasa ninguém, quem contou
essa mentira na qual acreditamos? Se pegamos a rota errada,
distraídos por alguma coisa passageira, é só retomar o curso. O
Tempo não nos foge, está ali, andando conosco, e sempre preparado
para nos servir! </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Finalmente
o mais importante: não está na linha de chegada o ápice do
sentimento de realização. A satisfação está no percurso! Se
quisermos parar um instante para subir numa pedra e olhar de lá a
paisagem, por que não? O Tempo não seguirá correndo, ele irá
parar e desfrutar daquele momento conosco. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Algum
dia acharemos nossa linha de chegada, e sabem de que vamos lembrar
com mais carinho? Da visão do topo da pedra. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A
vida não se trata de uma competição para ver quem chega primeiro. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A
vida é o que fazemos ao longo do percurso. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Correr
freneticamente, sentar e chorar com as algemas que nós mesmos
colocamos nos pulsos, subir na pedra e apreciar a paisagem... a
decisão é nossa. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">O
Tempo, ah, que grande companheiro! </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Agora
mesmo estivemos sentados lado a lado e desenvolvemos uma bela conversa
enquanto eu escrevia esta crônica. </span>
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-88592315642267084332019-08-26T13:27:00.000-03:002019-08-26T13:27:30.446-03:00Pares Gêmeos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-NDGaOWwwwfqAnv90QrYjRXtyxPjKv0Eei6vVTcxnR3fvi7bajKekDmUL8y4VircRuDrQUvRB5Ekm6BDDGnuWq_eHrQs6ebDef8TbriWLIsZnEghrVBVdbSTgartrV86HfHJh7A-wJgbF/s1600/IMG_20190825_084555077.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1521" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-NDGaOWwwwfqAnv90QrYjRXtyxPjKv0Eei6vVTcxnR3fvi7bajKekDmUL8y4VircRuDrQUvRB5Ekm6BDDGnuWq_eHrQs6ebDef8TbriWLIsZnEghrVBVdbSTgartrV86HfHJh7A-wJgbF/s320/IMG_20190825_084555077.jpg" width="304" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Era
véspera de minha quarta prova de atletismo e eu precisava de um
tênis de alta performance. Até então, vinha correndo e obtendo
bons resultados com tênis doado por colega de equipe. Parecia justo,
porém, destinar valores a uma nova aquisição.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Com
tal objetivo, fiz o treino da manhã e fui com a camiseta da equipe
para a loja escolhida. No local, fui apresentada ao tênis ideal que,
da maneira mais literal, serviu como uma luva a todos os meus
propósitos. Havia apenas um problema: eu não conhecia a marca, e
queria correr com ele no dia seguinte. Precisava fazer de imediato o
test-drive, então lá fui eu para a esteira da loja. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">O
que eu não imaginava era que meu par de tênis novos tinha um par
gêmeo, e não estavam dispostos a ficar separados... </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Uma
moça linda e simpática desceu da esteira, calçando tênis
idênticos aos meus, um número menor. Ao me ver com a camiseta da
equipe de corrida, quis saber se eu estaria presente no evento do dia
seguinte. Ela também estaria, seria sua primeira prova. Muito
solícita, do alto de minha experiência de 4 provas, contei para a
nova amiga os detalhes de como tudo ocorreria, me sentindo a atleta
profissional do momento hahaha. O ápice de nosso diálogo se deu
quando a pessoa resolveu me pedir um autógrafo, para não precisar
correr atrás quando euzinha aqui ficar famosa hahaha.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Fizemos
tanto sucesso na loja com nosso bom humor e compra simultânea da
mesma marca de tênis, que recebemos o desafio: garantir o pódio e
retornar com nossas medalhas para foto oficial, substituindo os
manequins da vitrine. Para selar o desafio, registramos em foto a
compra recém-feita e combinamos novos registros pré e pós prova no
dia seguinte.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSkn2jO6ZEe5v25WO-UiVwjg4qqAWYoFwLfosgcopyGjh-5RB9o19_qhR3PL5NXNPlZdgfT50lNsLxwaS1Geu_ZercqnJur8Qyz3XNEJYgI2sHO8Ie2hDJ5S8LnYg9gi_MH7FWAOlcf5iR/s1600/IMG_20190824_110955022.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSkn2jO6ZEe5v25WO-UiVwjg4qqAWYoFwLfosgcopyGjh-5RB9o19_qhR3PL5NXNPlZdgfT50lNsLxwaS1Geu_ZercqnJur8Qyz3XNEJYgI2sHO8Ie2hDJ5S8LnYg9gi_MH7FWAOlcf5iR/s320/IMG_20190824_110955022.jpg" width="240" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Foi
então que os tênis gêmeos entraram em ação! Estavam dispostos a
não sair da vida um do outro, e não havia o que nós, suas atuais
donas, pudéssemos fazer para mudar isso...</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Assim
que chegamos ao evento, meu par e eu, demos de cara com Catiele e o
seu. Fotografamos, conforme combinado, mas quem disse que os gêmeos
desgrudavam? Ficaram juntos o tempo inteiro, alongando, dançando,
aquecendo, e somente se separaram ao ser dada a largada para Catiele
e seus 3 km, e logo na sequência, para mim e meus 5 km. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Tão
logo quanto possível, os pares gêmeos voltaram a se encontrar,
felizes por terem cumprido o desafio proposto, na expectativa pela
divulgação dos resultados... Primeiro lugar na categoria para meus
5 km, segundo para os 3 km de Catiele!!! Que felicidade!!!</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Meta
atingida com honra, falta acertarmos a data para botar os
manequins da loja a correr por um dia hahaha</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Importa
salientar que, motivadas por nossos pares gêmeos que não quiseram
de modo algum se separar, iniciamos uma amizade que duvidamos ter
começado nesta existência ou ser mero fruto do acaso, tantas as
coincidências de todos os tipos em nossas vidas... Ousamos dizer que
nossos pares gêmeos proporcionaram um reencontro de almas, uniram
amigas que buscavam uma pela outra sem saber ao certo onde procurar.
A verdade é que literalmente corremos para a vida uma da outra, e
nossos pares gêmeos se encarregaram de oferecer o laço para esta
nova e incrível amizade!</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="RIGHT" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Suzy
Luz</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-8499057057937728402019-04-26T02:48:00.000-03:002019-04-29T00:37:28.900-03:00Protagonista<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgWFWWmvdfJbLh6fjYeu1H9TsLoniL9nYIuiLq26vPPRGYvTI-Ip_Y60Jpa9bcLYs5rl6EV2_28p3zFPuVoNt-rM41R92VB2i719QjVQitp975cmReuhEFQMCEHVTBXIZSFFRcqr44nVVq/s1600/56981680_2183594065057055_6951091645848748032_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="715" data-original-width="720" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgWFWWmvdfJbLh6fjYeu1H9TsLoniL9nYIuiLq26vPPRGYvTI-Ip_Y60Jpa9bcLYs5rl6EV2_28p3zFPuVoNt-rM41R92VB2i719QjVQitp975cmReuhEFQMCEHVTBXIZSFFRcqr44nVVq/s320/56981680_2183594065057055_6951091645848748032_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">De Mãe para mãe<br />
Katie Garner</td></tr>
</tbody></table>
- <span style="font-size: x-small;">Suzy Luz</span><br />
<br />
Há três anos, protagonizei um parto normal após três cesáreas. Parto muito desejado e batalhado, uma vez que todos os protocolos me levavam a nova cirurgia. Bati o pé contra o sistema que decidia por mim a via de nascimento. Empoderada. Foi a palavra que mais ouvi. Não consigo utilizá-la, no entanto, sem associá-la a fé que desenvolvi no período gestacional, pois estou certa de que a frente de meus desejos justos havia um Deus abrindo o caminho e preparando meu corpo para o momento sublime de dar à luz um de seus preciosos filhinhos.<br />
Há um ano expandi a experiência, vivendo meu segundo parto normal depois das referidas cesáreas. Foi incrível, momento de protagonismo ímpar, absoluta segurança no processo, conhecimento pleno de meu corpo, intimidade com a dor que prefacia o nascimento. Entreguei-me por completo e o resultado foi um parto avassalador, presenteando-me na véspera do Dia das Mães.<br />
Tornei-me referência para mulheres que buscavam partos respeitosos após múltiplas cesáreas. Meus relatos foram ao mundo, muitas gestantes me procuraram pedindo auxílio para lidar com a dor e administrar os medos durante o trabalho de parto.<br />
Pensei ter chegado ao auge do protagonismo na ocasião e me senti muito grata pelo privilégio.<br />
Mas eu não sabia de nada. Nada mesmo. Nem sequer desconfiava que aquela experiência gerenciando a dor física me ensinaria tão perfeitamente como administrar a dor da alma que em breve conheceria.<br />
A mesma mão que segurava a minha durante a dor em trabalho de parto foi a que me traiu e apunhalou pelas costas, causando-me dor infinitamente maior.<br />
Quem seguraria minha mão agora, no processo doloroso e solitário da separação?<br />
Veio o aprendizado e a certeza de que as experiências com os partos foram preparatórias para algo maior, que exigiria de mim protagonismo: decretar o fim da relação abusiva e assumir a criação de 5 filhos sob minha guarda.<br />
Todo nascimento carrega sua dor. Significa a passagem de um estágio de vida a outro, portanto um fim e um novo início.<br />
Renascer após o fim de um casamento não é diferente. A dor me consumiu em determinado momento. Como a dor física do primeiro parto após as cesáreas, a dor da alma me pegou desprevenida e clamei por anestesia. Não queria aceitar o processo solitário que transcorre por dentro e tira o chão, o rumo, o foco. Queria explicação, justiça, respostas, queria ter razão. Logo percebi que, como no primeiro parto, minha atitude apenas bloqueou o processo e o prolongou. Não adianta resistir a dor, ela precisa ser sentida. É a fase do luto.<br />
Meus olhos então repousaram sobre o segundo parto. Aceitei a dor. Permiti-me senti-la, pois sabia que ela trazia para meus braços a melhor recompensa. O resultado foi um parto rápido e intenso, experimentado em toda sua grandeza.<br />
Entendi o processo.<br />
A dor é aliada, uma amiga. Ela traz aprendizado e bênçãos. É necessária para que a vida se renove e meu mundo em preto e branco dos abusos se encha de cores e flores.<br />
Se a dor é inevitável, protagonismo é escolha. Posso sofrer a ação e tornar-me refém do passado, mortificada por tudo que vivi; ou posso ser ativa na aceitação do que não pode ser mudado e converter tudo em aprendizado.<br />
Da mesma forma que quebrei um ciclo de cesáreas desnecessárias, resgatando para mim o protagonismo daqueles momentos singulares, reassumi o comando da vida. Soltei a mão que ostentava proteger mas o tempo todo fez subjugar.<br />
Doeu por um momento, e então veio o alívio. A paz. A recompensa.<br />
Protagonista, agora sim! Não apenas de partos.<br />
De mim.Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-56631854653786490272019-04-03T03:13:00.000-03:002019-04-03T03:13:34.475-03:00Honestidade, um legado para muitas gerações.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqfBtlQ3oCyl6RqyyUhxLB3pFVM1meALu3oKnv6ERRYPa53Mmt5Y72Vc0HsSNSbQuvlSUj0yQLGbqWan7wLTs4piaETscYIzOaWt05OftPbntuaEW6VhQLNJBQNszT6amg78H0Ujse7myd/s1600/Scan_20180427_112411_007_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1179" data-original-width="1600" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqfBtlQ3oCyl6RqyyUhxLB3pFVM1meALu3oKnv6ERRYPa53Mmt5Y72Vc0HsSNSbQuvlSUj0yQLGbqWan7wLTs4piaETscYIzOaWt05OftPbntuaEW6VhQLNJBQNszT6amg78H0Ujse7myd/s320/Scan_20180427_112411_007_2.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Letícia Nogara</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">- Suzy Luz</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
Certa manhã de janeiro, minhas duas meninas e eu saímos para um passeio pela cidade. Sofia, 9 anos, empurrava alegremente o carrinho com a irmã, Esther, 9 meses. Sempre prestativa, fazia questão de conduzir a irmã.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas parou subitamente, chamando minha atenção: </div>
<div style="text-align: justify;">
- Mãe, aquela senhora deixou cair esta moeda, - disse, enquanto juntava do chão uma moeda de 25 centavos - preciso ir atrás dela para devolver!</div>
<div style="text-align: justify;">
Para minha alegria, em nenhum momento ela demonstrou interesse em apossar-se da moeda que não lhe pertencia. Eram apenas 25 centavos, mas conquistados pela senhora que passara por nós apressada. Deveriam ser devolvidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sofia chamou a mulher, que não ouviu o chamado e seguiu seu caminho. Minha filha decidiu ir atrás da mulher, que atravessou a rua e seguiu em ritmo acelerado. Pensei que então Sofia desistiria, mas para minha grata surpresa não hesitou e atravessou a rua também. </div>
<div style="text-align: justify;">
A mulher entrou num estabelecimento comercial e, pensei eu, minha filha se sentiria envergonhada para entrar no local atrás dela, retornaria com a moedinha. Novamente surpreendida pela determinação de Sofia, eu a vi entrando resoluta no estabelecimento e, minutos depois, saindo dele com o semblante pleno, sem nada nas mãos. Sofia brilhava aos meus olhos, e certamente aos olhos do Pai Celestial que muito irá abençoá-la por sua prova de honestidade até nas mínimas coisas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Meu coração transbordava alegria quando a recebi em um abraço, dizendo que fizera muito bem. Senti-me invadida pela paz de estar educando minha filha com princípios e valores, silenciosamente agradeci aos céus por aquele sinal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, foi um sinal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Instantes depois chegamos ao banco, um de nossos destinos. E então veio sobre mim uma das maiores decepções da minha vida: os valores, frutos de meu trabalho, simplesmente haviam desaparecido. Meses e meses, anos e anos, economizando e preparando tudo para a compra da casa para nossa família. Não haveria mais casa num futuro próximo, pois não havia dinheiro. Somente dívidas de empréstimos contraídos por meios aparentemente legais, no entanto imorais, mesquinhos e injustos sob todos aspectos. </div>
<div style="text-align: justify;">
A realidade caiu como um bloco de concreto sobre mim. Como pude confiar na pessoa errada? Como um ser trai a confiança de outro, ciente de que o futuro de 5 crianças menores de idade seria diretamente afetado por aquele ato? Nunca entenderei, pois jamais me apossaria do fruto do trabalho de outra pessoa sem me envergonhar profundamente a ponto de não conseguir me olhar no espelho.<br />
Lágrimas começaram a se formar em meus olhos, não exatamente pelos valores desviados, mas pela traição sofrida. Porém antes que a primeira lágrima escorresse, senti um sorriso consolador repousar sobre mim, e aquele sorriso mudou tudo. Sofia sorria do alto de seus 9 anos e me dizia silenciosamente que tudo estava bem.<br />
Não chorei. Sorri também. Os 25 centavos nos salvaram! Era nosso sinal. Era nosso convênio com o Pai que habita nos céus de que seríamos honestas em qualquer circunstância, e na integridade residiria nossa força para enfrentar a situação e recomeçar do zero se fosse preciso.<br />
Voltamos mais pobres para casa naquele dia. Apenas materialmente. Pois sob todos os outros aspectos enriquecemos. Passamos em nosso teste de fé!<br />
Os dias que se seguiram não foram fáceis, a traição é devastadora. Mas me permitiram experimentar uma das demonstrações mais lindas de amor que já recebi: Sofia presenteou-me com um envelope cheio de bilhetinhos. Em cada um deles, palavras inspiradoras que pareciam fluir do céu! Minha princesa ensinou-me que, quando me sentisse triste, deveria retirar um do envelope e ler. Como explicar tanta empatia em uma criança?! Sofia não escreveu bilhetes, ela trouxe o consolo do céu para dentro de um envelope!<br />
Retirei o primeiro e li: "Te amo. Agora vai ser apenas uma vida simples mas divertida". Assim tem sido, sábia Sofia. Uma vida simples, mas de alegria.<br />
Outro dizia: "Prefiro mil vezes você do que ser rica e ter tudo. Eu te amo."<br />
Olhei para ela e seus irmãos e compreendi a grande lição que a vida veio me ensinar: sou rica e tenho tudo. O restante são apenas acréscimos que, com honestidade e dedicação, posso alcançar e multiplicar em alguns anos.<br />
Então chorei. Tinha um motivo que realmente valia minhas lágrimas. Sou uma mãe abençoada.<br />
<br />
<i>"A esperteza um dia é descoberta e vira vergonha. A honestidade se transforma em exemplo para as próximas gerações. Uma corrompe a vida; a outra enobrece a alma." (Chico Xavier) </i><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjBCF87-npJxQ7ARejehHDmrcbjgR6-OKM9XU0UzvYt5rQXlen-kbhbHA5pONON9RSCjdLTArB0LvJfyi_pM6aUorK5TK054RgHQT5v3MIrnE-ZHDtD2nYW34RP0D6F4TjLVEWdPVX7vrR/s1600/IMG_20190403_001246848.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjBCF87-npJxQ7ARejehHDmrcbjgR6-OKM9XU0UzvYt5rQXlen-kbhbHA5pONON9RSCjdLTArB0LvJfyi_pM6aUorK5TK054RgHQT5v3MIrnE-ZHDtD2nYW34RP0D6F4TjLVEWdPVX7vrR/s320/IMG_20190403_001246848.jpg" width="180" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bilhete de Sofia</td></tr>
</tbody></table>
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Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-24738122091233527262019-03-13T10:31:00.001-03:002019-03-13T10:31:57.841-03:00A Vítima Viva <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVPiY6v9XOkLXH2b6WybueeXnGsCICpnFCJsckHD9V1Wf9O2faluVxx6dSk6_rh7josURRLCqIiyityfF9aTifInvDDR1s0K_mnMaV74jXkSHrldKmCTE8Una6NRRqycszy4RcCV1ZgYyw/s1600/silencio+mata.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVPiY6v9XOkLXH2b6WybueeXnGsCICpnFCJsckHD9V1Wf9O2faluVxx6dSk6_rh7josURRLCqIiyityfF9aTifInvDDR1s0K_mnMaV74jXkSHrldKmCTE8Una6NRRqycszy4RcCV1ZgYyw/s320/silencio+mata.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem Op9</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Após repercussão da postagem denunciando a relação abusiva na qual vivi por 14 anos, recolhi-me em profunda reflexão por alguns dias. Porque o aprendizado é o grande propósito de tudo, e particularmente desejo saber o que tenho a aprender e contribuir devido às circunstâncias que me foram permitidas experimentar nesta vida terrena. Trago verdades.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A vítima morta, choca. A vítima viva, incomoda. </b></div>
<div style="text-align: justify;">
Explico: quando nos deparamos com aquelas notícias do tipo capa de jornal, com a vítima assassinada, compartilhamos com emoji lacrimejante e revolta escancarada, reclamando do comportamento inaceitável do ser humano. Ficamos chocados. Mas por um segundo apenas, pois, para nosso alívio, já morreu mesmo e o problema agora é das autoridades na resolução do inquérito policial. Ah, claro que ainda cobramos a prisão dos assassinos. Cobrança virtual, da comodidade dos nossos iphones. E isso é tudo que podemos fazer.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com a vítima viva não é assim. A vítima viva incomoda. Coloca o dedo na ferida social da omissão. Nos obriga a agir e reagir, porque quando a vítima viva chega ao extremo de denunciar publicamente é porque, sem dúvidas, ela já percorreu o longo e sofrido caminho do silêncio por anos. Ou vocês acham que a vítima tem como plano para o ápice da carreira o status de "a espancada que sobreviveu"? </div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva incomoda, faz todos olharem para o chão e silenciarem. Olhar de "o problema não é meu", "é briga de casal, não vou me meter", "é apenas uma criança querendo chamar a atenção, não precisa ser levado a sério", não é mesmo, Bernardo? Mas quem tem a coragem de olhar nos olhos da vítima e falar isso para ela? Ninguém. Porque falta a coragem de encarar a vítima viva e dizer o que realmente pensam: "não me importo com tuas dores, só me importam as minhas". </div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva é julgada e desqualificada. Ela mereceu. A vovozinha da semana, estuprada pelo genro aos 101 anos, não está sendo acusada de estar apaixonada pelo abusador e ter consentido a relação? Sim, há quem se levante para defender e apoiar o ato. Há quem se levante para apoiar tudo e qualquer coisa, quando a vítima esteve perto da morte mas sobreviveu para contar sua história. Se quer credibilidade, ela que apareça morta da próxima vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva só quer chamar a atenção. Sim! Quer mesmo! Tem todo o direito e entende que tem o dever de fazer exatamente isso. Sente que lhe cabe a obrigação de denunciar e auxiliar outras nas mesmas circunstâncias para que identifiquem o ciclo do abuso e saiam dele enquanto há tempo. </div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva desnuda a realidade por trás do mundo virtual. "Como assim, e aquelas fotos lindas de família feliz?! Não me importa se você encheu o rosto de maquiagem para encobrir o olho roxo, se estava mancando por causa de ferimentos de chutes nas pernas, quero as fotos que enganam e te fazem "merecer" participar do meu grupo de ostentação, onde somos todos lindos, prósperos e felizes". "Se escancarou a verdade, sai do meu grupo, não te conheço mais, que vergonha, o que meus amigos de aparência vão dizer de mim?" O que não pode é desmantelar o mundo virtual dourado de ninguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva, quando denuncia, está apenas querendo vingança sem pensar nos filhos, que acabam sendo expostos também - dizem por aí. Não importa se esses mesmos filhos viram, mais do que uma vez, o pai asfixiando a própria mãe, basta que ninguém saiba disso e teremos crianças preservadas, não é? Porque o que incomoda mesmo é o denunciar, não a violência vivida ou presenciada. Sufoquemos as vozes que insistem em se erguer com os mesmos travesseiros macios nos quais dormimos nosso sono com consciência não tão limpa quanto fazemos parecer (perdoem o trocadilho, não resisti). </div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva incomoda, porque quando ela denuncia o crime do agressor, ela aponta também a covardia e a omissão social, ela força a sociedade a reagir, e esse é o momento em que todas as máscaras caem e as pessoas mostram quem elas realmente são e aquilo que defendem. </div>
<div style="text-align: justify;">
A vítima viva incomoda, sim. Muito. Que bom!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-3746570325871844962019-03-08T09:23:00.000-03:002019-03-08T09:23:35.094-03:00Violência Doméstica: quando recomeçar é necessário!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDhZPoTqJZii5Bj50wuxE2HsnFrXg4e07IbBWyONxsyJ9gxbVu-n7C0Pb6Uxdnjy82rG4MJWnZdTaMMzaHWAKGAA5mv1Ujacf_RYGa2fbd9RCNFTYCxPFXsqA0y9ufK4OmLKp28m90cwtD/s1600/viol%C3%AAncia+dom%C3%A9stica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290px" sca="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDhZPoTqJZii5Bj50wuxE2HsnFrXg4e07IbBWyONxsyJ9gxbVu-n7C0Pb6Uxdnjy82rG4MJWnZdTaMMzaHWAKGAA5mv1Ujacf_RYGa2fbd9RCNFTYCxPFXsqA0y9ufK4OmLKp28m90cwtD/s400/viol%C3%AAncia+dom%C3%A9stica.jpg" width="400px" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Das Dores, frente ao espelho, viu-se realmente bela pela primeira vez. O terno preto, discreto como pedia a ocasião, caía-lhe perfeitamente bem. Tinha os cabelos presos em trança embutida lateral, penteado que aprovou com um sorriso. Acessórios cuidadosamente escolhidos completavam o elegante visual. Estava linda, não havia dúvidas! Sentia-se plena, o que de fato importava.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Com o dedo indicador, roçou a pele na altura dos lábios, onde encontrou, encoberta pela maquiagem, uma cicatriz. Não podia vê-la, mas sabia que estava ali. Suplantada, vencida, sobrepujada. Era o símbolo externo daquilo que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lhe ia por dentro: tal qual a maquiagem em relação às imperfeições da pele, sentia a alegria curar as feridas da alma. A felicidade era seu trunfo, sua mais solene vitória! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Mas faltava algo, um último confronto. Não diziam que os piores medos são dissipados após o enfrentamento? Ali estava ela, corajosamente disposta a enfrentar-se no espelho. Precisava daquele supremo momento de retorno ao passado, mergulhou na linha do tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Em questão de segundos, os olhos vivos e radiantes repousaram sobre uma pobre e acuada criatura: Maria das Dores, moça humilde do interior. Casara-se cedo, com o primeiro namorado, um homem mais velho e muito vivido. Logo viu-se grávida e, portanto, impedida de prosseguir com os estudos. Uma pena, diziam as professoras, pois sempre fora muito inteligente, uma espécie de mente inquieta. Que se aquietou, contudo, quando o marido começou a proferir aos brados quem é que mandava em casa. Maria das Dores anulou-se, passou a viver em função dele.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Não demorou para começarem as agressões. Primeiro psicológicas, depois físicas, num ciclo intercalado por momentos de falso arrependimento e hábil manipulação. Dependente do marido de muitas maneiras, Das Dores viveu uma fase de negação. Dizia a si mesma que ele havia perdido o controle por um momento, mas aquilo não voltaria a acontecer; que era um homem bom, não teria agido daquela maneira se não estivesse sob a influência do álcool. Os abusos continuavam, contudo, por motivos banais, com ou sem bebida. Das Dores não contou a ninguém, sentia vergonha. Optou por vida cada vez mais reclusa, afastou-se até dos familiares e amigos próximos para não ter de explicar a origem de <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>hematomas que surgiam misteriosamente em seu corpo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Por que aceitava e se submetia daquela maneira ao seu agressor</span><span style="font-family: georgia, serif;">? Não sabia. Não naquela época. Mas agora entendia que não se pode esperar conduta diversa de mulher fragilizada, em situação de completa </span><span style="font-family: georgia, serif;"> </span><span style="font-family: georgia, serif;">vulnerabilidade. Quando se está dentro do ciclo de abuso, a violência torna-se naturalizada e a vítima perde o discernimento, não entende a proporção e a gravidade de tudo e, principalmente, ainda que se dê conta, não tem condições psicológicas de quebrar o ciclo.</span><span style="font-family: georgia, serif;"> </span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, serif;">Sentia-se só e realmente não via a quem recorrer. Como falar de algo tão íntimo pra alguém? Chamar a polícia significaria a rua inteira diante de sua porta... Como olhar para os vizinhos depois do espetáculo? Vergonha. E medo também. Medo do futuro incerto, com suas crianças ainda pequenas... Se denunciasse o companheiro, teria obrigatoriamente que se separar dele. Para onde ir? Como sustentar seus 2 filhos? Aos 25 anos, nada tinha que lhe pertencesse, nenhum ofício que lhe garantisse o pão de cada dia, nem qualquer perspectiva profissional. Estava presa, definitivamente atrelada ao seu agressor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Os dias passavam e a situação de Das Dores só piorava. Tratada como objeto, a mulher vivia para satisfazer as vontades de seu possuidor. No lugar de marido, tinha um dono, a quem devia subserviência. Não ousava erguer a voz para ele, pois no fundo se sentia culpada e responsável por tudo: não se casara por amor e sim para fugir de um lar onde a mãe vivia em sistema de escravidão enquanto o pai gozava de plenos poderes, inclusive o de maltratar a esposa quando lhe parecesse conveniente – de preferência, humilhá-la na frente das visitas. Das Dores jurava que sua história seria diferente, que havia escolhido um bom homem. Em menos de um ano, porém, quando as máscaras caíram, a pobre mulher viu que os personagens haviam mudado, mas o enredo era exatamente o mesmo e, o que era pior, ela não via qualquer possibilidade de um “final feliz”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aceitou a amarga sina, resignou-se dizendo pra si mesma que seu destino fora traçado no dia em que a mãe, prevendo lágrimas, declarou perante o escrivão: Maria das Dores Silveira. E assim foi.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Mas houve um momento em que todos os limites foram ultrapassados e Das Dores viu-se obrigada a agir! Fora atingida na altura dos lábios, por objeto arremessado por seu companheiro durante<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ataque violento. O sangue jorrou abundante, manchando a parede, e ela em choque começou a gritar. Os vizinhos acudiram, chamaram a polícia, e os policiais levaram-na ao hospital. Onde estava o valentão naquele momento crucial? Ficara ali para cantar de galo e justificar sua atitude para a polícia? De modo algum, fugiu pelos fundos de casa, saltando muros e rastejando como rato pelas propriedades alheias. Sabia que seu ato era, sob qualquer circunstância, injustificável, e que seu destino seria a prisão caso fosse encontrado em flagrante delito. Fugiu, experimentando por sua vez o medo que por anos <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>incutiu na mente frágil e inocente de Das Dores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Conduzida a delegacia, Das Dores registrou Boletim de Ocorrência, através do qual solicitou medidas protetivas e demonstrou seu desejo de representar contra o agressor. Não sentia o chão debaixo dos pés, seu mundo havia desabado. Ao mesmo tempo em que sentia o alívio –como alguém mantido por anos em cárcere privado sente ao reencontrar a liberdade – experimentava a incerteza, a confusão de sentimentos, a absoluta falta de perspectiva para o futuro. Sentia-se fracassada, uma incompetente, que não soube escolher um companheiro digno de seu amor, nem um pai decente para seus filhos. Estava machucada por fora e destruída por dentro, duvidava que para ela pudesse existir um amanhã.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">A dor extrema por vezes é justamente o impulso necessário para o recomeço. Das Dores pensou em suas crianças e viu ali um ponto de partida, ao invés do ponto final. Por eles, ela renasceria; encontraria forças para redirecionar sua vida. Pensou também nas outras mulheres, vítimas silenciosas das mesmas agressões que por tanto tempo ela sofreu calada e desejou fazer algo... Não percebeu na época, mas foi ali, naquele exato instante, que ela tomou as rédeas da própria vida e começou a moldar seu destino do jeito que ele deveria ser.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Nem tudo são flores para a mulher que rompe o ciclo de violência doméstica. Para falar a verdade, a primeira etapa é marcada apenas por espinhos. Há necessidade de reconstrução em todos os setores da vida. Das Dores precisou de coragem, muita coragem! Pois, passado o primeiro momento, ressurgiu o marido dissimulado tentando reconciliação. Ofereceu todos os motivos para o retorno, fez promessas, implorou por perdão. Como não obteve êxito, mudou a estratégia: passou a ameaçar, impôs a ela implacável perseguição. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">No princípio, ela acreditou que com a denúncia todos seus problemas estariam resolvidos. Não funciona assim. Aprendeu com a experiência que, apesar da boa vontade de maioria dos servidores, os recursos que o Estado disponibiliza para a mulher nessas condições<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>são limitados. E muito dependia dela, de sua atitude. Foi inflexível, não se deixou levar pelas lisonjas do ex companheiro nem pelas ameaças que vieram na sequência, mas precisou redobrar os cuidados. Enfrentou o julgamento de pessoas próximas que, na hora em que mais precisou, simplesmente desapareceram. Uns porque não queriam se meter, outros porque, carregados de machismo, diziam aos quatro ventos: alguma ela certamente aprontou! Poucos de fato entendem que, perante a le e os céus, não há justificativa aceitável para a agressão a mulher: será sempre um crime e uma covardia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Avaliando a sociedade machista na qual foi criada, Das Dores entendeu porque muitas mulheres silenciam como ela se silenciou por anos. Medo e vergonha são os principais fatores. Dependência emocional também, pois o agressor utiliza-se<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da intimidação e da manipulação. Algumas mulheres dão os primeiros passos, mas perdem sua força diante da ineficiência do Estado e do despreparo de alguns servidores, e acabam voltando para os braços de seu algoz. A mente inquieta de Das Dores, livre do cárcere, voltou a questionar a sociedade e não se conformou com o que viu: retomou os estudos, formou-se em Direito. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Mas sua missão <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não estava cumprida: não lhe bastava advogar em favor de mulheres em condição de extrema vulnerabilidade, queria ser a responsável pela elucidação dos fatos, trazê-los à tona, para levá-los ao juiz<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>embasados em provas concretas contra os agressores. Queria poder dizer, através de ação diária, que carregava a causa das mulheres vítimas, sem dar-se ao luxo de julgar os casos, mas dando voz a todas elas para que tivessem a oportunidade de quebrar o ciclo de violência em seus lares. Queria também servir de exemplo para aquelas que, fragilizadas, se sentiam incapazes de olhar para o futuro e sonhar; queria mostrar que todas têm seu valor e que podem, a qualquer tempo, tomar as rédeas da própria vida e realmente viver, trabalhar, estudar, vencer!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Das Dores, frente ao espelho, viu-se como de fato sempre foi: mulher guerreira, valente, disposta a enfrentar as agruras da vida com cabeça erguida, consciente de seu valor. A mãe não estava errada, as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dores</i> fariam parte de sua existência... mas apenas como lembrete, para que nunca se acomodasse, e então aprendesse que amor próprio e felicidade não caem do céu: são conquistas a serem feitas diariamente!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif";">Com olhar firme, despediu-se de Maria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">das Dores</i> através do espelho. Seu nome agora era Maria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vitória</i>, Delegada de Polícia, lotada na Delegacia de Atendimento à Mulher. Virou as costas e andou com passos resolutos na direção da porta. Havia muito a comemorar naquela noite de formatura. </span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-2267529091002121622017-10-24T20:27:00.000-02:002017-10-24T20:27:43.712-02:00 A Chegada do Bebê do Natal<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Síntese de meu relato de
parto normal após 3 cesáreas</span></div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">No dia 20 de abril de 2015
eu soube, através de um sonho, que o presente de Natal daquele ano
seria atípico – e o mais incrível de todos os tempos! Teríamos
um bebê, mais especificamente o bebê 4 da família.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Não houve susto, medo,
relutância. Era comum acordo entre nós, marido e eu, que teríamos
muitos filhos – tantos quantos o Senhor quisesse nos dar e
tivéssemos saúde para educar e criar. Então o Bebê do Natal, como
passamos a chamar, tornou-se bem-vindo desde antes de sequer
confirmarmos por exames a sua existência: já era amado e esperado.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Mas havia um problema: o
trio mais velho nasceu de cesárea. A primeira, considerada
tentativa frustrada de parto normal, foi na verdade uma sucessão de
erros típicos da falta de informação: ida precoce ao hospital,
antes de entrar em trabalho de parto ativo; impaciência da obstetra
para aguardar um trabalho de parto prolongado; indução com
‘sorinho’ (oxitocina); dilatação que não acompanhou o ritmo
das contrações após a indução; falta de protagonismo meu, que
deleguei tudo à equipe médica e deixei que tomassem decisões
cruciais em meu lugar.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">A primeira cesárea me
conduziu a seguinte, dezoito meses depois, num parto agendado fora de
trabalho de parto. Sentenciou a médica: risco incontestável, uma
vez cesárea, sempre cesárea. Especialmente em período tão curto
entre um parto e outro. Me foi recomendado de modo algum entrar em
trabalho de parto, e acatei sem questionar. Dois anos e dois meses
depois da segunda cesárea, em outro local, com outra médica, me vi
novamente no bloco cirúrgico, tendo minhas 7 camadas cortadas e a
bebê arrancada de dentro de mim. Arrancar foi a palavra, pois nunca
fui tão desrespeitada como naquele parto, que vivi sem acompanhante
‘<i>porque o hospital não permitia’</i>. Jeferson havia segurado
minha mão nas cesáreas de Arthur e Gabriel, mas teve de olhar de
longe para sua princesinha Sofia quando veio ao mundo, chorando a
plenos pulmões. Um choro forte, ressentido, clamando por aqueles que
conhecia desde o ventre, mas no colo dos quais foi impedida de se
aninhar por muitas horas. Sequer a mostraram a mim, apenas a levaram,
inexistindo a necessidade visto ter ela nascido com apgar 10 e 10.
Se nas duas primeiras cirurgias tive atendimento relativamente
humanizado, fui respeitada dentro dos padrões para a época e o
local, no parto de Sofia conheci de perto a violência obstétrica e
traumatizei. Aquilo definitivamente não deveria ser a melhor forma
de nascer.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Seis anos depois, chegou o
Bebê do Natal aos nossos sonhos. Quarta cesárea, já estava
definido. Para tudo, tira o ponto final e bota uma vírgula nessa
história: a não ser que eu encontrasse equipe humanizada disposta a
me assistir numa tentativa de parto normal. Com 6 semanas de
gestação, assim que confirmei os famosos risquinhos no palitinho,
fiz a primeira postagem num grupo de mães: alguém aí pode me
indicar obstetras que priorizem o parto normal em Porto Alegre ou
região metropolitana? Foi dado o primeiro passo de uma longa,
extenuante, por vezes desanimadora, mas incrível caminhada. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">É difícil pra mim resumir
tudo que aconteceu no intervalo entre essas 6 semanas e as 38, às
vésperas de meu parto, quando finalmente conheci a equipe que iria
me atender. Mas se fosse fazê-lo numa frase, essa seria: impossível,
risco incontestável. Foi o que ouvi o tempo inteiro, de todos os
médicos aos quais procurei – e o fiz por meio de consultas pelo
convênio, consultas particulares, telefone, redes sociais...
Colecionei <i>nãos</i>. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Por outro lado, esse período
me proporcionou encontro significativo com muitas redes de apoio,
sobretudo as virtuais. Formaram-se laços, enquanto me fortalecia
como mulher e me preparava para protagonizar o mais intenso momento
da minha vida. Claudia, amiga desde os tempos da faculdade, foi
aquela que plantou a semente, quando viveu seu vbac dois anos antes.
Tão logo me vi grávida, escrevi pra ela, e de São Paulo vieram
informações, livros e amor. Logo depois, conheci as doulas Analu e
Thaís, ambas essenciais para o desfecho que tivemos. No final, quase
às vésperas do grande dia, um encontro com a enfermeira obstétrica
Luana Santos definiu tudo numa simples conversa: eu iria parir, ela
acreditava e eu também. Pena que ela não poderia me assistir, visto
ter a agenda cheia para o mês de dezembro... Mas foi em nossa
conversa que recebi a indicação da Dra. Guísela de Latorre, médica
humanizada que atende na cidade de Novo Hamburgo. Agendei a consulta
para a data que marcava minha entrada na 39ª semana de gestação.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">O bom de chegar num
consultório médico praticamente parindo é que eles sabem que você
realmente quer parir e a essa altura está pronta pra bancar o que
vier, e você também sabe que eles só vão te aceitar como paciente
se realmente forem fazer teu parto. Ninguém enrola ninguém –
porque de enrolação eu já estava cheia, farta.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Então, em meados de
dezembro, cheguei barrigudíssima ao consultório de Dra. Guísela,
na clínica Obstare. Preciso pontuar a acolhida que tive desde o
primeiro telefonema, através das secretárias competentes e
simpaticíssimas Julia e Marcy. Também tenho nítido na mente o
sorriso de Guísela quando falou meu nome e me recebeu em sua sala.
Pequenos detalhes que fizeram toda a diferença àquela altura, para
um casal cansado de portas na cara.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Guísela avaliou nosso caso
com todos os cuidados, afinal não cai do céu uma maluca solicitando
um vba3c todos os dias. Abriu artigos, leu tudo para nós, nos deu
ciência dos riscos existentes, avaliou exames até então
realizados, solicitou novos exames, exigiu termo de responsabilidade,
condicionou o parto à presença de seu esposo, também obstetra,
para eventual necessidade de intervenção, e por fim disse SIM!!!
Bem... foi o sim mais caro da minha vida, me custou um rim e um olho
da cara, mas naquele instante de tudo ou nada, tendo eu batalhado
tanto pela possibilidade de parir, topei.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Preciso abrir um parênteses
aqui para frisar a total impossibilidade de um parto, sobretudo um
parto normal após 3 cesáreas, pelo convênio. Infelizmente o parto
humanizado torna-se caro e inacessível para maioria das mulheres,
que acaba cedendo à pressão médica e dos familiares pela cesárea
– mais prática e econômica (não deveria ser). Minha experiência
me mostrou que recorrer ao SUS seria mais viável do que sonhar com
um parto dentro das minhas expectativas pelo convênio, e certamente
seria minha opção não fossem as 3 cesáreas prévias que me
colocavam no bloco cirúrgico do hospital público, de qualquer
maneira.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">A questão financeira foi
resolvida com a ajuda de uma amiga, que me emprestou os valores.
Decidimos que eu teria um parto hospitalar, internada pelo convênio
no Hospital Regina, em Novo Hamburgo, para onde me dirigiria já em
trabalho de parto ativo. Como acompanhantes, teria a doula Thays e
meu marido (doula deveria ser parte da equipe, mas infelizmente a
maioria dos hospitais a vê e trata apenas como acompanhante). </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Em casa, vivíamos os
preparativos finais em família. O trio muito animado à espera do
maninho, minha mãe já de mala e cuia na cidade para me ajudar e eu
com os olhos fitos na troca de lua em pleno Natal... será?! Não
carregava a ansiedade que poderia caracterizar um atípico parto
normal depois de tantas cesáreas, pois tinha conquistado o apoio
incondicional do marido ao longo da gestação, e isso significava
muito pra mim. Juntos havíamos alcançado, através de uma bênção
do sacerdócio que ele ministrou a mim, a certeza de que tudo daria
certo e o Senhor nos abençoaria na travessia de Felipe da vida pré
mortal para a mortalidade. Após aquele momento sagrado, nada mais
temi, pois a promessa era clara e inequívoca e ressoava o tempo
inteiro em meus ouvidos: meu filho nasceria de parto natural.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Chegaram as 40 semanas em
21/12, e nenhum sinal do bebê chegando. Mas na manhã de 24/12,
véspera de Natal, começaram as contrações que não me abandonaram
mais até o nascimento de Felipe. Eram 5h da manhã quando tudo
começou. Passei o dia sentindo fisgadas que nasciam nas costas, mas
eram irregulares na frequência e na duração. Saí para fazer as
últimas compras de Natal, caminhei, agachei, dancei, rebolei na bola
de pilates, fiz tudo que li ser conveniente para um trabalho de parto
natural. Mas não engrenava.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Na noite de Natal, a dor
intensificou. Marido ficou de plantão ao meu lado anotando tudo e a
doula, com quem mantive contato ao longo do dia, entendeu ser a hora
de nos visitar. Suas massagens fizeram milagres! Contatamos a médica
no meio da madrugada e nos preparamos para os 40/50 minutos até o
hospital, mas para nossa surpresa e frustração as contrações, que
eram terríveis no carro, praticamente desapareceram assim que
cheguei ao hospital. Fui avaliada pelo plantonista, com autorização
minha e de Dra Guísela, e para meu desespero havia apenas 1 dedo de
dilatação!!! Passei pelo MAP, bebê estava bem e ainda alto. Eu não
estava em trabalho de parto ativo e o tão esperado momento poderia
demorar a chegar.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Na tarde do dia 25 recebi a
visita de Claudia, que acabara de chegar de São Paulo para os
festejos de Natal. Encontrou-me bem, com poucas e suportáveis
contrações. A noite, porém, não foi tão tranquila... Mas o dia
raiou sem novidades. E sem novidades dia 26 teria terminado, não
fossem aquelas contrações irregulares que roubavam completamente
minha energia e bom humor. Era o terceiro dia ininterrupto de sinais
que não engrenavam num trabalho de parto ativo, mas me desgastavam.
Thays veio para nossa casa, conforme a solicitamos, e por volta de
21h decidimos ir ao hospital para nova avaliação. Guísela nos
esperava no hospital Regina, me avaliou e deu-me a notícia: nada
além de 1 dedo dilatado!!! Aquilo era inacreditável, pois há 3
dias dores intensas me acompanhavam e nada acontecia!!! Submetida ao
MAP mais uma vez, tive a tranquilizante notícia de que os batimentos
do bebê seguiam maravilhosamente bem. Tivemos então uma conversa
séria: os pródromos que me acompanhavam podiam durar até uma
semana, não havia como prever. Se realmente queria um parto normal,
teria que suportar aquela situação. A doutora sugeriu manter-me
internada naquela noite, para me acostumar ao ambiente hospitalar e
vencer um possível bloqueio. Mas achamos melhor voltar pra casa e
aguardar o tempo do bebê, que parecia querer celebrar o ano novo
dentro da minha barriga rsrs.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Em casa, dispensei a doula e
disse ao marido que dormisse e descansasse, pois há duas noites
nenhum de nós conseguia fazê-lo. Decidi-me a dormir também, apesar
das dores, pois aquela situação poderia se prolongar por dias, e eu
não havia chegado até ali para ser vencida nos pródromos, não
faria sentido! Orei ao Senhor por forças, para que conseguisse
dormir, apesar das dores que sentia. Então vivi o que chamo de
milagre, pois adormeci e tive uma espécie de sonho do qual fui
despertada pela contração. No entanto, quando estava prestes a
acordar completamente, uma voz em minha mente orientou: aceita a dor
que ela passa. Soube que era ajuda divina, a mesma ajuda que tive o
tempo inteiro e que me dava a certeza de que no fim tudo daria certo.
Segui a orientação, mergulhei em cada contração, sentindo-a
profundamente, entregando-me a ela, até que passava e eu continuava
adormecida. Depois de duas noites em claro, finalmente, consegui
dormir por alguns minutos. Aquele descanso foi providencial,
restaurou as forças que eu precisaria para os momentos que estavam
por vir. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Então despertei sem chances
de voltar a dormir: as contrações eram intensas, doía muito. Me
neguei a contá-las, pois havia feito isso em vão por duas noites e
isto só elevava minha ansiedade. Levantei da cama e passei a revezar
posições já conhecidas: agachada, em 4 apoios, banho morno,
sentada, jogada sobre a bola de pilates, banho morno, andando como
pata, banho morno, banho morno... depois de algum tempo, nem o santo
banho morno resolvia, me senti perdendo a sanidade, enlouquecendo de
tanta dor. O ápice se deu ao amanhecer, quando me vi gritando
agarrada às paredes do banheiro, me sentindo sem condições de
viver aquilo por mais um dia. Era o máximo que aguentaria, cheguei
ao limite e desistiria.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">7h da manhã peguei o
celular e passei mensagens para a doula e para Cláudia. Contei-lhes
que não dava mais, iria ao Hospital Conceição para a quarta
cesárea. Sem chances de aguentar talvez mais uma semana naquelas
condições, eu me entregava. Só que não. Exatamente em meio a
mensagem na qual mencionava a desistência do parto normal, senti o
líquido escorrer pelas pernas, e logo veio a confirmação: era a
bolsa mesmo, havia rompido!!!</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Fui ao céu e voltei de
tanta felicidade, pois em 4 gestações era a primeira vez que a
bolsa rompia espontaneamente, o que certamente era um bom sinal. Era
o indicativo que eu precisava de que o bebê estava vindo! Tudo isso
na manhã do dia 27/12/2015, um domingo, por coincidência justamente
a data de aniversário de Luíza, filha da Cláudia, que nascera em
um vbac dois anos antes. Felipe escolheu o mesmo dia da filhinha de
minha amiga para aniversariar, estabelecendo entre nós um laço
eterno.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Poderia dizer que corremos
para o hospital. Mas não foi assim, a maturidade me ensinou que não
se corre para o hospital, principalmente em meu caso, para evitar que
a chegada precoce conduza a uma cesárea. Havia apenas um agravante:
a ampulheta havia sido virada com o rompimento da bolsa, e passamos a
ter horas contadas. Ainda assim, bem tranquilos, partimos por volta
de 10h. Sem a doula, infelizmente, já que devido a um mau entendido
não foi feito cadastro dela no hospital a tempo, e o mesmo só
poderia ser feito em dia útil, portanto na manhã seguinte. Uma
pena, pois Thays foi muito importante em diversos momentos.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">No hospital, ainda
precisaria passar pelo teste de fogo: avaliação da dilatação. Que
agonia! Olhares postos na Dra Guísela que me examinou e, após
eternos segundos, nos deu a mais desejada notícia de todos os
tempos: 7 cm dilatados!!!! Uhuuuuuu!!! <b>EU DILATEI</b>, descobri
que como todas as mulheres tenho, <b>SIM</b>, a capacidade de dilatar
e de parir meus bebês!!! </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Lembrei-me
de ter lido que a maternidade aproxima a mulher da divindade. Senti
isso naquele momento. Senti-me sendo elevada. As promessas que meu
Pai Celestial me havia feito de que teria meu filho por parto natural
estavam se concretizando – Ele sempre cumpre Suas promessas!</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">A
partir daí, foi pura diversão. Na bola de pilates eu praticamente
dançava. Estava sem minha playlist, porque sei lá onde foram parar
o pen drive e meu celular com as músicas selecionadas, mas não
precisava: notas musicais nasciam de mim, meu coração cantarolava!</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Fui
levada para a sala pré parto, onde usei o chuveiro livremente, a
bola e a banqueta. Fiquei alguns instantes sozinha, enquanto marido
cuidava da parte burocrática, mas estava bem, sabia as posições
que mais proporcionavam alívio. Em determinado momento, de súbito
veio uma contração intensa. Agachei apoiada na cama, sem conseguir
falar. Queria Jef ou Thays ali comigo. Mas antes que me sentisse
desamparada, vi Guísella se aproximar, agachar e me confortar com
voz suave, ao mesmo tempo em que massageava minhas costas com mãos
que pareciam ter o calor do fogo. De repente a dor se mesclava com
amparo e amor. Aquela dor não era exatamente isso? A passagem para
que o amor se personificasse numa nova vida que chegava.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Naqueles
instantes finais rumo a dilatação total, em vez de ir quase à
loucura como imaginava, sentia-me abraçada e acolhida pelo momento.
Não havia violência obstétrica, não havia verticalidade na
relação obstetra-paciente, ninguém me censurando por minhas
escolhas, nem exigindo silêncio. Havia paz interna e externamente.
Havia humanização no real sentido da palavra. Assim, nesse clima,
dilatei dos 8 aos 10 cm e senti meu bebê avisando que chegava.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Estava
na banqueta quando vieram os primeiros <i>puxos, </i>isto é, aquela
vontade involuntária de fazer força. Era outro nível de dor, era a
certeza de que meu Felipe estava ali, querendo sair para o mundo de
amor que preparamos pra recebê-lo. Jeff chamou a médica, disse que
estava nascendo, Guísela veio correndo. Convidou-nos para
deslocarmos até outra sala, mas eu não queria ir, sentia o neném
chegando e não queria sair de jeito nenhum de onde estava nem eu sei
porquê (rsrs). A obstetra me avaliou e disse que ainda não havia
coroado, teríamos tempo para andar até a sala.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Amparada
por Jeff, cheguei a um local cuidadosamente preparado pra eu dar à
luz em total segurança. Não era uma sala de parto normal, como eu
imaginava que seria, mas nem percebi naquele momento. Mais tarde,
entendi que estava no bloco cirúrgico, com mesa preparada para
qualquer intervenção. Em meu braço, acesso para a eventualidade de
precisar ser medicada às pressas. Várias pessoas na sala, dentre
elas o obstetra Fabiano, responsável pela organização do local,
motivo pelo qual eu mal o tinha visto até então: estava garantindo
que meu parto fosse o mais seguro de todos. Aquelas pessoas compunham
a equipe de enfermagem do hospital, caso evoluíssemos para uma
cesárea. Tudo cuidadosamente preparado.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Se
fiquei constrangida com toda aquela gente na sala? Eu sinceramente
não enxergava ninguém, só queria saber de meu bebê, que estava
vindo! Mas senti a vibração positiva daquela equipe, a torcida para
que tudo corresse de acordo com meus sonhos mais íntimos.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Lembro
de como me senti quando entrei no local: acolhida mais uma vez,
respeitada. Fui levada até uma banqueta, posição com a qual já
tinha me identificado e de certa forma escolhido para parir. Meu
sonho mesmo era usar banheira, mas um vba3c me chamava à realidade,
lembrando que a água retardaria a intervenção, caso fosse
necessária. Escolhemos ser prudentes.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Jeff
sentou-se em um banco atrás de mim, de onde me apoiava e fortalecia.
Guísela a minha frente, sentada no chão, com o sorriso mais
encorajador deste mundo! Como me fez bem aquele sorriso, cuja
mensagem inequívoca era: você vai parir, confio integralmente em
ti!</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Também
recordo do ambiente a meia luz e da música animada tocando ao fundo.
Mas que música era mesmo? Não faço a menor ideia, embora na hora
tenha adorado e pensado: que bom ouvir esse som! Alguém perguntou:
quer que desligue a música? Respondi que não, de modo algum. Queria
música, me fazia bem.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Os
<i>puxos </i>continuavam, quando vinham eu me agarrava em Jeff e
gritava a plenos pulmões. No intervalo entre eles, conversava e
recebia orientação, estava totalmente consciente e presente.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Não
sei quanto tempo ficamos nessa situação, o tempo inexiste para uma
mulher vivendo o expulsivo. De repente, um desejo muito grande de
fazer força e o bebê coroou. Estava esperando pelo círculo de
fogo, mas essa sensação ficou para o bebê 5, pois não
identifiquei a queimação sobre a qual havia lido. Ao invés disso,
sentia a presença do bebê e a urgência em fazer força.</span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Porém,
cadê minhas energias? Me sentia fraca diante do tamanho da missão,
a cabecinha que estava coroada voltou! Precisei aguardar o próximo
<i>puxo </i>e fazer força novamente, para que coroasse outra vez.
Mas parecia tudo tão distante no tempo, como se estivéssemos há
horas ali e meu neném entalado. Em algum momento, verbalizei que me
sentia sem forças, não conseguiria. Fabiano, ao meu lado,
estimulou: “<i>ele está aqui, já está nascido! Vamos lá, você
consegue!” </i>Guísella conduziu minha mão até a cabecinha dele,
senti uns fiapos de cabelos e aquilo me renovou!</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Orei
ao Senhor, pedi que Ele me ajudasse, proferindo algumas palavras em
voz alta. Lembro de ter pensado na Expiação do Salvador Jesus
Cristo naquele momento de dor e agonia. Assim como Cristo padeceu
para nos dar de presente a ressurreição e vida eterna, sentia-me
padecendo por algo maior, pela vida que nasceria do sofrimento de um
momento. Tudo, simplesmente tudo valia a pena!</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Com
tal sentimento, fiz a força mais comprida que consegui, mantendo o
esforço até que Felipe veio à luz, lindo de viver! Meu mundo
parou, o relógio congelou, as pessoas passaram a se mover em câmera
lenta como se estivessem num outro plano, distantes de mim. Só tinha
olhos e emoções para meu bebê, meu Felipe, que veio no mesmo
instante para meus braços.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Se
alguém me falasse em dor, que dor?! Tudo simplesmente desapareceu,
transformou-se para sempre. Ao meu lado, Jeff compartilhava da minha
emoção. Ele, que foi meu apoio o tempo inteiro, tanto emocional
quanto fisicamente. Estávamos extasiados, admirando, cheirando e
amando nossa cria! Juntos, em sintonia, na mesma inesquecível
emoção, oxitocinados!</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Felipe
nasceu com uma circular de cordão, coisa que não atrapalha e nem
impede em nada um parto normal – inclusive um parto atípico como o
meu, após 3 cesáreas. Logo depois, nasceu a placenta. Tão rápido,
que não senti qualquer contração, ela simplesmente veio seguindo o
bebê. E era enorme a árvore que nutriu nosso garotinho por 40
semanas e 6 dias! Em poucos minutos, parou de pulsar o cordão e
coube ao papai a honra de cortá-lo.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Soube
então que eram apenas 13h52 quando nasceu Felipe. Pra mim, pareceu
uma eternidade, mas o relógio contestou minhas sensações: tudo
acontecera num ritmo sensacional desde nossa entrada no hospital.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">O
parto foi natural do início ao fim, sem nenhuma intervenção. Não
houve indução de nenhum tipo. Não recebi e nem sequer pensei em
pedir anestesia. Não fui submetida a episiotomia (aquele corte de
rotina, totalmente desnecessário). Sofri pequena laceração, embora
tenha realizado exercícios preventivos de fortalecimento do períneo,
e recebi alguns pontos que em nada me atrapalharam, nem causaram dor
posterior – nada que se compare ao desconforto causado pela episio
ou cesárea, por exemplo.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">O
parto foi inteiramente meu e eu o vivi intensamente em cada detalhe.
Trabalhava comigo o parceiro perfeito: meu bebê, no seu ritmo, no
seu momento. Nossos corpos juntos, abrindo caminho. O papai nos
amparando, para que não duvidássemos de nossa capacidade. Mostramos
que mamãe sabe parir e bebê sabe nascer. Vivemos a travessia do
útero para a vida fora dele da maneira mais digna possível, como
todo bebê merece ser recebido neste mundo.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">A
amamentação foi iniciada no primeiro momento, no primeiro colo, mas
bebê estava cansado do esforço e parecia querer mais descansar do
que se alimentar. Isso não foi problema, logo depois mostrou que
entendia bem do assunto e exigiria mamãe a sua completa disposição.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: small;">Tenho
algumas queixas do atendimento pediátrico dispensado a Felipe, ele
passou por intervenções desnecessárias. Infelizmente, atingir a
perfeição num parto hospitalar, considerando os protocolos
utilizados como padrão nesses hospitais, requer briga constante, e
eu já havia brigado, tanto, mas taaaanto, que estava exausta e me
permiti ser plenamente feliz com a vitória alcançada: o primeiro
parto normal planejado após 3 cesáreas do qual se tem relato no Rio
Grande do Sul. Vencemos lindamente o sistema atuante, colocamos um
enorme ponto de interrogação na frase pronta dos cesaristas: uma
vez cesárea, sempre cesárea??? <b>NÃO!!!</b> Quebrei o ciclo de
cesáreas em minha história, dilatei, meu útero não rompeu, meu
corpo funcionou perfeitamente, <b>PARI MEU BEBÊ!</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Sempre
ouvi histórias de parto associadas à transformação e libertação.
Tinha curiosidade em saber como se daria a minha história, se algo
mudaria de verdade dentro de mim ou se aquilo era força de
expressão. Chegou o meu momento!</span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">A
transformação, pra mim, assim como o empoderamento, não se deu
apenas na hora do parto como num passe de mágica. Começou antes.
Foi um processo. Fui me transformando conforme aprendia e entendia
que aquilo fazia sentido, que havia respaldo científico, baseado em
evidências. Meu pensamento foi mudando e, conforme eu mudava, meu
companheiro se transformava também. Se o único benefício fosse a
mudança para melhor em nosso casamento, já teria valido a pena.
Refiro-me à parceria que começou com as massagens diárias nos pés
inchados e se estendeu ao ápice da dor, quando Jeff me deu o suporte
exato que eu precisava, tanto físico quanto emocional. Nos tornamos
“um” no mesmo propósito, e então não houve quem nos
convencesse de que não seria possível - embora muitos tenham
tentado.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Transformei-me
durante os 3 dias de dores, que suportei resignadamente. Precisava
exercer paciência e aceitar que não sou senhora do tempo. Mas sou
senhora de mim e poderia, sim, aguentar firme aqueles momentos
preparatórios. Foi o que fiz. Não fossem os pródromos desta
gestação, não saberia com certeza absoluta que meu primogênito
nasceu durante as contrações de treinamento, esclarecendo porque na
época não dilatei.</span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Libertei-me
quando expurguei todos os meus fantasmas e enfrentei meus medos,
sozinha na madrugada, sem saber que tinha entrado em trabalho de
parto. Descobri a força que possuo, a capacidade fenomenal de
resistir, não à dor que vinha me trazer meu maior presente, mas
resistir ao medo de sentir dor que envolve toda mulher nas minhas
circunstâncias. Dilatei 7 cm em poucas horas, tendo adquirido
conhecimento suficiente pra comandar meu próprio corpo ao invés de
bloqueá-lo. Aprendi a abraçar a dor e andar com ela, porque era ela
que me guiava.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Por
fim, renasci. Eu, que por três vezes havia celebrado o nascimento de
meus filhos praticamente beijando as mãos dos médicos que os
trouxeram ao mundo, desta vez não fui plateia que assiste ao maior
espetáculo da vida imaginando o que acontece por trás das cortinas.
Fui para o palco: gritei, chorei, dancei, sorri, me contorci, sofri,
vivi! A história era minha e exigi escrever lucidamente o desfecho
dela! Coadjuvantes ali eram os médicos, a equipe, e sabiam disso, se
alegravam nisso. Porque assim, evento fisiológico e familiar, os
partos devem ser. </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Pela
primeira vez pude nascer junto com meu filho, alcançando profundezas
do que antes para mim era apenas superfície. Não se trata apenas de
empoderamento, se não existisse a aprovação do Pai Celestial nada
do que vivi teria sido possível. Foi o Senhor dos céus e da terra
quem me concedeu viver a experiência mais linda e sagrada do que
qualquer outra: trazer um de Seus filhinhos a este mundo,
recepcionando-o com respeito e amor. </span></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;">“<b><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>Não
existem limites para o que uma mulher com coração de mãe pode
realizar. Mulheres dignas mudaram o curso da história e continuam a
fazê-lo, e sua influência se espalhará e se multiplicará através
das eternidades.”</i></span></span></b></span></div>
<div align="RIGHT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: small;"><i><b>Julie
B. Beck</b></i></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-27523018561735989082016-04-01T01:48:00.000-03:002016-04-01T01:48:01.987-03:00O Puerpério e as Redes de Apoio<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41-7OZF4yylt915BFJn_DTlXslsEJhCYlsV_OT6SEtzUkgj_q784EjhKouU7EblBGNZFJygiKDH1n8ZOnpCwXpl9aCcqYoI-GUhmAUOYp67rMVM4nFIBsSQj06QGYqwnPhcboOZGEEIQW/s1600/rede+de+apoio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="332" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41-7OZF4yylt915BFJn_DTlXslsEJhCYlsV_OT6SEtzUkgj_q784EjhKouU7EblBGNZFJygiKDH1n8ZOnpCwXpl9aCcqYoI-GUhmAUOYp67rMVM4nFIBsSQj06QGYqwnPhcboOZGEEIQW/s400/rede+de+apoio.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem <a href="http://sosmaes.com.br/a-rede-de-apoio-e-as-doulas-de-pos-parto/">daqui</a></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
post anterior, relatei alguns aprendizados agregados neste puerpério, embora
seja o quarto que experimento na vida. Naturalmente, o puerpério propriamente dito
já se foi, compreendeu os 40 dias após o parto. Mas, para quem vive a
exterogestação, ele de certa forma se prolonga pelo primeiro trimestre de vida
do bebê. Por vezes vai ainda além... Refiro-me aos sentimentos da mulher e às
mudanças que ocorrem no corpo e na mente, nem sempre agradáveis e positivos como
a mídia insiste em reproduzir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conto
hoje com forte rede de apoio. Integro nem sei quantos grupos virtuais de
incentivo ao parto humanizado, à amamentação, grupos de mães & bebês para
trocas de ideias e experiências, enfim, estou muito bem amparada. Não quer
dizer que sigo fielmente tudo que circula por ali – tenho meu filtro particular
acionado. Mas reconheço a eficácia de se ter tantos recursos a mão em tempos
atuais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Refiro-me
especialmente à oportunidade de desabafar. Quando tenho dificuldades para lidar
com sentimentos desencontrados, trazidos pelo puerpério, num áudio ou post
escancaro isso para meu círculo virtual. Em minutos vem o apoio, a experiência
de outra mãe que passou pelo mesmo que eu, como lidou com a situação, como reagiu, o que funcionou, aquilo que fez bem
e o que não fez... Ou simplesmente vem a palavra amiga: não deve estar sendo
fácil pra você, mas vai passar. Pronto. Dezenas de abraços virtuais salvam meu dia, fortalecem minha autoestima um tanto
abalada, e volto reconfortada para minha rotina exaustiva que é ser mãe de um
recém nascido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Que
bom poder falar, abrir o jogo, soltar o verbo! Que bom ser ouvida,
compreendida, fortalecida! Bem, acontece de ser mal interpretada também... Raramente
nos grupos fechados, que cumprem a risca seu propósito de informar e apoiar ao
invés de julgar atitudes. Mas na rede, quando vaza para o público algum
desabafo, a tendência é a impiedade. E aí, quem dera nunca ter desabafado! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Polêmicas
a parte, pois são poucos os casos que alcançam grande repercussão negativa, vejo
uma série de benefícios no sistema de apoio virtual. Minha visão positiva desta
prática advém de minha experiência pessoal em outros tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conheci
o puerpério antes das redes sociais. Claro que, há 10 anos, a tecnologia já
levava pessoas do outro lado do oceano instantaneamente para dentro de nossos
lares, mas não existia ainda a popularização das comunidades virtuais. Ou eu
não as tinha descoberto de forma plena. Passei meu primeiro e segundo
puerpérios acreditando que tinha de andar descabelada e com olheiras em casa,
mas forjar o sorriso de <i>“mãe 24h do dia
feliz e realizada”</i> para o mundo. Qualquer reclamação seria o atestado de
infelicidade. Acontece que a felicidade não joga para debaixo do tapete
sentimentos de inexperiência e inadequação, não mascara a verdade: administra tais
momentos sem deixar-se atingir fatalmente por eles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando
somos jovens ou mães de primeira viagem, a insegurança faz parte da maternagem.
No entanto, fomos ensinadas que o instinto materno é acionado com o primeiro
chorinho e dali pra frente não se erra mais: o instinto apita na hora exata e a
boa mamãe sempre, invariavelmente, sabe o que fazer. Logo descobrimos que não é
bem assim, e sozinhas com um ser tão frágil nos braços, nos enchemos de culpa e
de sentimentos de fracasso, pois a impressão é de que todas as outras nasceram
sabendo. Menos nós. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
sofri tanto no primeiro puerpério, tive minha mãe bastante presente e do meu jeito
dei conta do recado. Logo engravidei novamente, uma gravidez desejada mas que
me pegou desprevenida no que dizia respeito aos cuidados com dois bebês em casa. Somaram-se outros fatores,
dentre eles o estresse acumulado que me causara lecionar em muitas escolas ao mesmo tempo, tendo que
passar os dias pipocando de uma para a outra. Vivi um puerpério triste e solitário.
Tornei-me reclusa, quieta, isolada, não queria assunto com ninguém. Em vez de
desconfiarem da mudança repentina e oferecerem ajuda, maioria das pessoas se afastou
criticando meu comportamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
completar meu desespero, o amado bebezinho que chegou foi diagnosticado com refluxo,
o que exigiu de mim muitos cuidados extra. Precisava dobrar a atenção à noite,
quando ele vomitava e podia engasgar. Muitas e muitas madrugadas passei em
claro trocando lençóis e as roupinhas de Gabriel, chorando enquanto ele também
chorava. Sentia-me tão impotente para aliviar meu menino do sofrimento que o
refluxo lhe causava, e aquilo me consumia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Foi
horrível ter silenciado meus medos. Foi péssimo não ter pedido ajuda. Foi
desgastante cuidar de dois pequenininhos quando eu precisava também ser
cuidada! O marido? Lógico que a relação degringolou. Eu não explicava o que
sentia – nem eu mesma sabia definir o que era aquilo – e ele não tinha a menor ideia
de como proceder diante de minha depressão. Adoecemos os dois. Quase afundamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Olho
para trás e vejo ajuda insuficiente à disposição. Muita crítica e pouco amparo.
Falta de conhecimento sobre o puerpério de minha parte, pois não se falava
nisso. As mães tinham a obrigação de ser felizes e ponto final. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Faltou
justamente a rede de apoio que tenho hoje! Pois o problema não foi dar conta de
duas crianças – hoje tenho 4, e atravessei meu pós parto gargalhando. O problema
foi não estar preparada para lidar com sentimentos que inevitavelmente viriam e
acreditar que a incompetente e fracassada era eu naquelas circunstâncias. Não
apareceu ninguém para me contar a verdade. Porque essas coisas não se falavam,
era feio, seria uma declaração de menos mãe – ah, como detesto essa expressão! Mas
é exatamente como seria definida a mulher que ousasse expor seus verdadeiros
sentimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entre
erros e acertos, ultrapassei meu puerpério e superei a fase de sentimentos
desencontrados. Por pouco não caí numa depressão pós parto. O casamento balançou
mas resistiu. Os meninos foram crescendo lindos e inteligentes e logo ganharam
uma maninha. Veio então nova fase, vi a fênix que há em mim ressurgir das
cinzas e alcançar voos elevados justamente quando andava com 3 pequenos
pendurados na barra da saia. Afinal, aquilo que não mata, fortalece. Eu não
morri, robusteci.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cheguei
aos tempos atuais muito segura, senhora de mim. Mas isso não me isentou de dias
extremamente cansativos, de tardes em que só queria dormir ou chorar, de
madrugadas tão exaustivas que adoraria deletar. Porque tudo isso faz parte do
pacote maternagem, vem de brinde no puerpério. Está relacionado a hormônios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
é a toa que se fala em resguardo nessa fase, porque a mulher precisa se
resguardar, se recolher, ela se volta naturalmente para dentro de si e
transborda desorganizadamente o que sobeja em seu íntimo. A mulher amparada dá
conta de tudo, sobrepuja sua montanha russa de sentimentos sem prejuízo da
sanidade. A mulher desamparada flerta
com a depressão pós-parto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Integro
com prazer os grupos de apoio – para acolher e para ser acolhida. A mãe que
desabafa não precisa de julgamentos e sim de orientação ou simplesmente de
empatia. É um chamado divino, é sagrado e é lindo. Justamente por isso é
desafiador, porque lapida a mulher natural transformando-a no diamante mais
valioso. Diz a escritura: <i>“Mulher
virtuosa quem achará? O seu valor muito excede ao de rubis”</i> (Provérbios 31:
10).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há
muita mulher virtuosa chorando em
segredo sem desconfiar de seu valor e de sua capacidade. Precisamos achá-las e
encorajá-las. Precisamos substituir os espelhos de nossas vidas por janelas,
para melhor enxergarmos umas às outras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Amor
significa abrir um espaço em sua vida para outra pessoa”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Neil F.
Marriott<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-40940753192388571712016-03-19T01:40:00.000-03:002016-03-19T09:16:01.411-03:00Puerpério: aprendizados da quarta experiência.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFb7g6pGTZYUBk12dBCIvHOzD820VcDeqWHdT24faa1MdEFmr7uMwmUa7vjOcaKLhr3wdXUyzhhUyy5ZLjvLMzenZSgQZMKJLBiZWO2weYj3bDn9QsqAYvuOj2iXMPNr03b8Tu4HUjLpTM/s1600/1935073_10209187232022676_4616319709162610692_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFb7g6pGTZYUBk12dBCIvHOzD820VcDeqWHdT24faa1MdEFmr7uMwmUa7vjOcaKLhr3wdXUyzhhUyy5ZLjvLMzenZSgQZMKJLBiZWO2weYj3bDn9QsqAYvuOj2iXMPNr03b8Tu4HUjLpTM/s400/1935073_10209187232022676_4616319709162610692_n.jpg" width="397" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
dia 28 de dezembro, uma segunda-feira, tomei meu bebê recém parido nos braços e
voltamos para casa, felizes da vida. Não é todo dia que se vive um parto normal
após 3 cesáreas, afinal (pensa na alegria!!!). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
começava o puerpério, período conhecido como pós parto ou quarentena. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
casa, três maninhos ansiosos esperavam pelo bebê do Natal. Foram 9 meses
conversando com ele na barriga, lendo para ele, cantando e dançando com ele –
tudo isso fizemos em família! Os irmãos estavam completamente envolvidos, e
isso era maravilhoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
vovó também nos aguardava, foi o apoio imediato que toda puérpera merece ter.
Cuidava do trio e das tarefas domésticas pra mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu
havia tido um parto normal, o que fez toda diferença nos cuidados com o bebê. Tinha
pontinhos no períneo e me perguntava se viveria em algum momento o drama de
amigas minhas, que passaram dias e até meses sem poder sentar sem almofadas
devido à episiotomia. Logo comprovei as vantagens da laceração espontânea,
quando ocorre, em relação ao corte planejado e geralmente bem maior do que
seria necessário: não tive qualquer problema com dor, infecção ou sangramento.
Em dias, não havia qualquer sinal de pontos ali. E, cá entre nós, com tudo tão
perfeito eu me sentia a própria diva parideira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Acontece
que a diva aqui, mãe de quarta viagem, achava que iria tirar tudo de letra,
passar desfilando pelo puerpério. Oh, coitada! Sabe de nada inocente! A diva
esqueceu que está mais perto dos 40 do que dos 30... e cadê a energia para as
mamadas da madrugada? Muito madura emocionalmente, mas desde quando maturidade
repara sono atrasado?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
teve jeito, este puerpério me pegou no aspecto físico. Passava os dias
saracoteando, elétrica que sou, sem conseguir cochilar junto com o bebê. E à
noite era aquilo que toda mãe de recém nascido sabe bem. Parecia um zumbi
cambaleante pelo quarto, balançando o neném. De diva parideira a noiva cadáver
em menos de uma semana!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ou
seja, puerpério será sempre puerpério: na primeira ou na quarta gestação, não
importa. Será sempre um período de reconhecimento entre mãe e bebê e de
adaptação ao novo mundo que surgiu com a chegada daquele serzinho inteiramente
dependente. Pois a vida não será mais a mesma. Será muito melhor,
possivelmente, mas a felicidade cobrará seu preço na forma de sacrifícios
pessoais. E quer saber? É uma troca muito justa que vale, sim, a pena! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aprontei
mais uma nesta minha quarentena: puxei o tênis pra corrida 15 dias após o
parto! Afinal, mesmo sem dormir de noite e virada em olheiras, eu me achava a
Mulher Maravilha por ter tido um parto normal e ansiava por fazer coisas que a
danada da cesárea não havia permitido em ocasiões anteriores. Santa ignorância!
Felizmente, meu caminho cruzou com o de várias doulas e uma delas me ensinou: o
puerpério não é o momento mais adequado para retorno às atividades físicas, não
importa o quão bem fisicamente estejamos nos sentindo. É um período de reclusão
por muitos motivos, durante o qual se estabelecem vínculos eternos com o bebê. Como
eu poderia recriar para ele as sensações do útero se, mal foi trazido a este mundo, a mamãe já se
ausentou para malhar, mais ocupada com o próprio corpo do que com suas
necessidades? Como poderia alimentá-lo em livre demanda se, quando ele me
solicitasse através do choro, eu estivesse numa academia ou na pista de
corrida? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
foram exatamente essas as palavras da doula, mas foram as respostas que eu
mesma alcancei ponderando e estudando sobre o pós parto. Teria o resto da vida
para voltar a boa forma física, mas quanto tempo teria um recém nascido em
casa? Poxa, eles crescem tão rápido, logo as noites mal dormidas serão nossa
melhor saudade! Pois são justamente essas as noites que passamos agarradinhos,
sentindo o cheiro e o calorzinho um do outro! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mudei
o foco, eliminei algo que, mesmo na maturidade, ainda insistia em perfazer meus
dias: a pressa. Voltei-me para o que mais importa nesta vida, ou seja, a
relação com meus filhos, em especial com o bebezinho que acabava de chegar,
visto sua condição de total dependência de mim. Foi a coisa mais gratificante
que fiz! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Felipe
tem colo em tempo integral, todo o restante pode esperar. Tornei-me mãe dele e
do trio, e dona de casa apenas nas horas vagas – se sobra alguma. Com frequência,
pilhas de roupas por dobrar são vistas em algum lugar da casa. No chão, se
acumulam farelos com mais insistência do que algum tempo atrás. A louça por
vezes faz aniversário na pia. Não importa, não é minha prioridade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas
meu neném nunca chorou abandonado no berço. Berço que, por sinal, ele usa
apenas para dormir à noite, quando não fazemos cama compartilhada (ele gosta de
sua caminha à noite, dorme tranquilo nela, mas durante o dia só aceita colinho
ou sling). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Acredito
de verdade na exterogestação e nos benefícios dela para mãe e bebê (mas isso é
assunto para próximos textos). Por ora importa informar que Felipe vem
crescendo e se desenvolvendo sem uso de bicos artificiais (chupeta ou
mamadeira), sem administração de leite artificial (mesmo quando inicialmente
perdeu peso, o qual recuperou e dobrou em questão de dias, alimentando-se
exclusivamente de leite materno), e isso só foi possível quando assimilei a
importância de viver meu puerpério sem pressa e sem cobranças. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como
todos os bebês (pelo menos os que tem refluxo fisiológico e sofrem após as
mamadas), Felipe apresentou por um período necessidade de sucção ininterrupta.
Isso quer dizer que grudou em meu seio e ali passou dias, meses, anos... rsrs Sem
exageros, nessa hora a gente se sente sugada até a última gota e uma chupeta
parece providência divina. Parece, mas não é. Pois pode criar a confusão de
bicos e provocar o desmame precoce. Sou o melhor (no caso, o pior) exemplo
disso: em meus 2 meses de vida, minha mãe apresentou-me chá na mamadeira, influenciada
pela palpitaria gratuita da vizinhança. Nunca mais aceitei seu leite materno.
Ela chorava com os seios vazando leite, e eu chorava me projetando para trás,
recusando o alimento que ela me ofertava. Venci a batalha. E perdi imunidade e tantos
outros benefícios da amamentação exclusiva. Definitivamente, não deixaria que o
mesmo ocorresse com meus filhos. Deixei-me sugar tanto quanto Felipe precisou e
aquela fase terrível passou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hoje
estamos há uma semana dos 3 meses, que marcam, simbolicamente, o fim da exterogestação.
Tenho um bebê calmo e sorridente em casa, que não sofreu com cólicas em momento
algum. Se inicialmente acordava <i>quinhentas</i> vezes para mamar na madrugada, ao
final do primeiro mês acordava apenas 3 vezes; com 2 meses acordava 2 vezes e na noite que passou dormiu
das 21h30 às 5h45, acordando com um sorriso enorme ao me ver e não com o choro
desesperado de um esfomeado. Ele está criando sua própria rotina, e não poderia
ser melhor e mais tranquila para todos nós em casa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
tenho dúvidas de que essa rotina está diretamente relacionada à dedicação em
tempo integral que tenho oferecido a ele no puerpério. Acredito também que ele
crescerá seguro, sabendo ser muito querido, muito amado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sou
solidária às mães que passam anos levantando várias vezes à noite, afinal os
bebês são diferentes um do outro – tenho 4! Estendo minha empatia àquelas que
experimentam pela primeira vez a maternidade, sentindo-se muitas vezes
desamparadas pela própria inexperiência e pelo medo de errar. Fiquem tranquilas,
estão fazendo o melhor que podem e seus bebês sentirão isso. Mas, se lhes
interessar uma sugestão, eliminem a pressa de sua vida. Vivam dia após dia,
colham cada sorriso, deixem-se embalar pelos primeiros gugu-dadá. A carreira espera, o corpo dos sonhos retorna. A fase recém nascido vai num piscar de olhos e deixa apenas lembranças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
puerpério não tem nem de longe o glamur das novelas, porque não há glamur algum
em andar de pijama, com unhas por fazer e descabelada pela casa. Mas puerpério
tem olhinhos apaixonados que te flecham de baixo pra cima e te fazem lembrar
do que realmente importa na vida: sua natureza divina. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Puerpério
é amor sem hora marcada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWQ1HUbuxzNqrJjb0tgZVoUaE7EUgMAI84So0NwA7ht-gio_m9K1EcZjiPkZvg3u76IUf8yKXPEmOyNKQFPpg-HvkC40ckL114VQJO-qaNGTMsB5I5Lo5RnbeLgaU14SJzdyLjCO2RjbZF/s1600/12400981_10209251156380745_113428907178703905_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWQ1HUbuxzNqrJjb0tgZVoUaE7EUgMAI84So0NwA7ht-gio_m9K1EcZjiPkZvg3u76IUf8yKXPEmOyNKQFPpg-HvkC40ckL114VQJO-qaNGTMsB5I5Lo5RnbeLgaU14SJzdyLjCO2RjbZF/s400/12400981_10209251156380745_113428907178703905_n.jpg" width="225" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-57245933818400124162016-02-21T00:22:00.000-03:002016-02-24T16:22:29.537-03:00Parto Normal Após 3 Cesáreas (VBA3C) – Parte VI<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfwVQq6t2gDrIg3leQRXjM7hWL5WioZ91DmSIFr7sFSOnB81xL7Eg4p9ELDozeelmiOzlg-D9TedDfb6kpdXZ_zRHvkowghRGsDpVlnx7S3u5WiBD0f8yOji_8wEY4iE9VuQEPY3Zq108M/s1600/10354945_10208618120635247_1845913153331427491_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfwVQq6t2gDrIg3leQRXjM7hWL5WioZ91DmSIFr7sFSOnB81xL7Eg4p9ELDozeelmiOzlg-D9TedDfb6kpdXZ_zRHvkowghRGsDpVlnx7S3u5WiBD0f8yOji_8wEY4iE9VuQEPY3Zq108M/s400/10354945_10208618120635247_1845913153331427491_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Trabalho de Parto<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“A voz de um anjo sussurrou no meu ouvido<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E eu não duvido, já escuto os teus sinais<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Que tu virias numa manhã de domingo...”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alceu Valença<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Música: Anunciação<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eram aproximadamente 2h
da manhã do dia 27/12, domingo, quando voltaram as contrações. Estava disposta
a ignorá-las, permaneci na cama. Mas, era impressão minha, ou o negócio estava
violento? Claro que era impressão minha, fora avaliada horas atrás e não havia dilatação
alguma. Forcei-me a ficar deitada, fui valente, resisti! Por uns 2 minutos, se
isso, e pulei enlouquecida de dor da cama! Que era aquilo?! Pensei em chamar o
marido, mas o pobrezinho não dormia há 3 noites também, e tudo fora alarme falso. Passei a andar pela casa como um
fantasma, ora no quarto, ora no banheiro, ora na sala; agachada, de quatro,
sentada na bola de pilates, desabada sobre a bola; e aquela agonia não passava,
não dava trégua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Prometi a mim mesma que
iria dormir, deitei. Mas deitada sentia como se estivessem me rasgando ao meio.
Recorri Àquele que nunca me deixou desamparada: implorei ao Pai Celestial que
me permitisse dormir, mesmo com dor, pois eu realmente precisava renovar minhas
forças físicas. Então vivi um milagre, algo de que nunca esquecerei: assim que
terminou uma contração, adormeci. Dormindo, percebi que começava a próxima
contração, e meu corpo começava a despertar. Uma voz, porém, sussurrou em meu
ouvido: aceita a dor que ela passa. Aceita! Entendi a orientação e cedi, me
entreguei, deixei que a dor viesse e me tomasse completamente. E passou! A
situação se repetiu por algum tempo, sendo que a voz em meus sonhos me
orientava e eu atendia. A dor vinha, me dominava, e ia embora. E eu suportava, me
aliava a ela e não despertava! Foi algo mágico, foi extraordinário, e foi tudo
que eu precisava para enfrentar o que ainda viria pela frente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Depois de dormir
literalmente com a dor por algum tempo, não tenho a menor ideia de quanto em
minutos ou horas, acordei e não aguentei, tive que levantar. Estava cada vez
mais intenso. Algumas vezes chamei Jeff e pedi massagem nas costas. Ele atendia
no piloto automático e voltava a dormir. Eu não insistia, só recorria a ele em
caso extremo. Afinal, aquilo ia durar alguns dias ainda, melhor acostumar de uma vez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O dia começava a clarear
quando fui para o chuveiro pela enésima vez, acho, e passei a gritar de tanta
dor. Até então estava mantendo a
elegância, inspirando profundamente e vocalizando quando expirava. Mas na
solidão daquele banheiro, soltei o verbo e chorei, gritando que não aguentava
mais, ia enlouquecer ou morrer, mas não suportaria outra noite daquelas. Não
havia anotado as contrações, mas a sensação era de que uma emendava na outra,
sem tempo sequer para mudar de posição. Nos poucos instantes em que ainda
conseguia raciocinar, questionava se aquela sensação não estaria fora de ordem,
pois a partolândia não vinha lá no final, quase na hora do expulsivo?! Eu me
rendia, entregava os pontos. Fim de linha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como num passe de mágica,
mais uma vez, tudo aliviou. Eram 7h da
manhã de domingo, aproximadamente. Peguei o celular e escrevi o mais rápido que
pude para Claudia e Thays, antes que a
sofrência retornasse . Disse para as duas que não aguentava mais. Ambas queriam
informação, descrição, detalhes do que eu sentia, da frequência, duração,
intervalos entre as contrações. E eu por acaso sabia? Havia perdido a noção de
tempo, nem pensei em anotar, afinal, bastava de registrar pródromos né! Fui
taxativa: se os sintomas não aliviassem, iria para o Conceição ter uma cesárea
naquele mesmo dia. Pois sempre fui, em geral, resistente a dor, mas reconhecia ter chegado ao meu
limite. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Exatamente nesse ponto
da conversa, o famoso líquido escorreu por minhas pernas. Transparente, cheirando
a cloro, em grande quantidade. Fiquei em êxtase, pura felicidade! Pois, em 4
gestações, era a primeira vez em que a bolsa rompia espontaneamente! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sabia que, com a bolsa
rompida, passava a ter prazo pra parir. Se as coisas não evoluíssem em poucas
horas, viveria uma cesárea. Mas estava feliz que algo tinha acontecido e a
intensa dor da madrugada não fora em vão. Sentia-me confiante. Afinal, a voz de
um anjo havia sussurrado em meu ouvido, e aquela era uma bela manhã de
domingo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Avisei Thays sobre a
bolsa, disse que iria para o Hospital Regina aguardar o desfecho. Lembramos que
ela não poderia me acompanhar, o cadastro seria feito somente na manhã
seguinte. Thays perguntou se eu preferia ir ao hospital público, onde haveria
alguma chance de ela poder me acompanhar no pré parto. Lembrei da frustração
que me perseguia desde a primeira gravidez, há 10 anos: 1 dedo de dilatação. Se
chegasse ao hospital com bolsa rompida e mínima dilatação, meu destino seria um
só: cesárea. Dependeria da boa vontade do plantonista, um desconhecido que não
se arriscaria por minha causa. Não, eu não suportaria isso novamente. Queria
minha equipe, o hospital de minha escolha, ser bem tratada. Decidi ir para o
Regina, onde minha doula infelizmente não poderia entrar. Seríamos apenas marido e eu, como tudo começou 40 semanas
atrás. Estávamos preparados!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Parto Normal Após 3 Cesáreas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Isaías 9:2<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Chegamos ao hospital por
volta de 10h30, pouco antes da obstetra. Fui direto para o cardiotoco, tudo
maravilhosamente bem com bebê. O exame também captava minhas contrações, que
começavam a retornar. Marido e eu atentos, vibrando quando o aparelho alcançava
as medidas mais altas, torcendo: sobe mais, sobe mais. Estranho torcer para
sentir dor, mas naquele contexto era exatamente isso o que nos fazia felizes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Guísella chegou, fez o
toque e sacudiu a cabeça com expressão de
surpresa. Aqueles segundos pareceram eternos, pois ficou evidente que era 8 ou
80; permanecia com 1 dedo de dilatação, ou o trabalho de parto estava avançado.
Fala, doutoraaaaa! 7 cm de dilatação, disse ela vibrando conosco! Ah, que
alegria, quase chorei naquele momento. Quanta felicidade! Eu, a <i>sem dilatação</i>, lá estava, praticamente
parindo! Profunda gratidão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lembrei-me de ter lido
que a maternidade aproxima a mulher da divindade. Senti isso naquele momento.
Senti-me sendo elevada. As promessas que meu Pai Celestial me havia feito de
que teria meu filho por parto natural estavam se concretizando – Ele sempre
cumpre Suas promessas! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir daí, foi pura
diversão. Na bola de pilates, eu praticamente dançava. Estava sem minha
playlist, porque sei lá onde foram parar o pen drive e meu celular com as
músicas selecionadas, mas não precisava: notas musicais nasciam de mim, meu
coração cantarolava! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fui levada para a sala
pré parto, onde usei o chuveiro livremente, a bola e a banqueta. Fiquei alguns
instantes sozinha, enquanto marido cuidava da parte burocrática, mas estava
bem, sabia as posições que mais proporcionavam alívio. Em determinado momento, de
súbito veio uma contração intensa. Agachei apoiada na cama, sem conseguir
falar. Queria Jef ou Thays ali comigo. Mas antes que me sentisse desamparada,
vi Guísella se aproximar, agachar e me confortar com voz suave, ao mesmo tempo
em que massageava minhas costas com mãos
que pareciam ter o calor do fogo. De repente, a dor se mesclava com amparo e
amor. Aquela dor não era exatamente isso? A passagem para que o amor se personificasse
numa nova vida que chegava. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Naqueles instantes
finais rumo a dilatação total, ao invés de ir quase à loucura como imaginava,
sentia-me abraçada e acolhida pelo momento. Não havia violência obstétrica, não
havia verticalidade na relação obstetra-paciente, ninguém me censurando por
minhas escolhas, nem exigindo silêncio. Havia paz interna e externamente. Havia
humanização no real sentido da palavra. Assim, nesse clima, dilatei dos 8 aos
10 cm e senti meu bebê avisando que chegava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu estava na banqueta
quando vieram os primeiros <i>puxos, </i>isto
é, aquela vontade involuntária de fazer força. Era outro nível de dor, era a
certeza de que meu Felipe estava ali, querendo sair para o mundo de amor que
preparamos pra recebê-lo. Jeff chamou a médica, disse que estava nascendo,
Guísella veio correndo. Convidou-nos para deslocarmos até outra sala, mas eu
não queria ir, sentia o neném chegando e não queria sair de jeito nenhum de
onde estava nem eu sei porquê (rsrs). A obstetra me avaliou e disse que ainda
não havia coroado, teríamos tempo para andar até a sala. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Amparada por Jeff,
cheguei a um local cuidadosamente preparado pra eu dar à luz em total
segurança. Não era uma sala de parto normal, como eu imaginava que seria, mas
nem percebi naquele momento. Mais tarde, entendi que estava no bloco cirúrgico,
com mesa preparada para qualquer intervenção. Em meu braço, acesso para a
eventualidade de precisar ser medicada às pressas. Várias pessoas na sala,
dentre elas o obstetra Fabiano, responsável pela organização do local, motivo
pelo qual eu mal o tinha visto até então: estava garantindo que meu parto fosse
o mais seguro de todos. Aquelas pessoas compunham a equipe de enfermagem do
hospital, caso evoluíssemos para uma cesárea. Tudo cuidadosamente preparado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se fiquei constrangida
com toda aquela gente na sala? Eu sinceramente não enxergava ninguém, só queria
saber de meu bebê, que estava vindo! Mas senti a vibração positiva daquela
equipe, a torcida para que tudo corresse de acordo com meus sonhos mais
íntimos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lembro de como me senti
quando entrei no local: acolhida mais uma vez, respeitada. Fui levada até uma
banqueta, posição com a qual já tinha me identificado e de certa forma
escolhido para parir. Meu sonho mesmo era usar banheira, mas um vba3c me
chamava à realidade, lembrando que a água retardaria a intervenção, caso fosse
necessária. Escolhemos ser prudentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jeff sentou-se em um
banco atrás de mim, de onde me apoiava e fortalecia. Guísella a minha frente,
sentada no chão, com o sorriso mais encorajador deste mundo! Como me fez bem
aquele sorriso, cuja mensagem inequívoca era: você vai parir, confio
integralmente em ti! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Também recordo do
ambiente a meia luz e da música animada tocando ao fundo. Mas que música era
mesmo? Não faço a menor ideia, embora na hora tenha adorado e pensado: que bom
ouvir esse som! Alguém perguntou: quer que desligue a música? Respondi que não,
de modo algum. Queria música, me fazia bem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os <i>puxos</i> continuavam, quando vinham eu me agarrava em Jeff e gritava a
plenos pulmões. No intervalo entre eles, conversava e recebia orientação. </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpYTQeevS4XeA3ceN5AV1Uq7Df3cAxsWp57PQgVMgF1uqgG-jfZfiOj8iWB3lNEKMwpwmMaOl-5Wzl0OSOLL5zJJ9VfKArLYF-VX-PNXAQ939L7bpd5LACTlolPXbSU6gAS77hWHlZp9Kq/s1600/12442854_10209009704824607_889342607_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpYTQeevS4XeA3ceN5AV1Uq7Df3cAxsWp57PQgVMgF1uqgG-jfZfiOj8iWB3lNEKMwpwmMaOl-5Wzl0OSOLL5zJJ9VfKArLYF-VX-PNXAQ939L7bpd5LACTlolPXbSU6gAS77hWHlZp9Kq/s400/12442854_10209009704824607_889342607_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
sei quanto tempo ficamos nessa situação, o tempo inexiste para uma mulher
vivendo o expulsivo. De repente, um desejo muito grande de fazer força e o bebê
coroou. Estava esperando pelo círculo de fogo, mas essa sensação ficou para o
bebê 5, pois não identifiquei a queimação sobre a qual havia lido. Ao invés
disso, sentia a presença do bebê e a urgência em fazer força. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJrDYWrF5ycIgBVvpxpbkXFaj1Z1a-GoCjHtVCDPMcmzoKPQZwovkaIQ1KgO55xCoemcjmq-qKXJ6AWsJnVJzh7u0uMpg0PVBAcoqG-hjjhDqktlcv3F-KYbAYT-ZDsuYW9IvWlf5zl__K/s1600/12476930_10209009705304619_554051558_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJrDYWrF5ycIgBVvpxpbkXFaj1Z1a-GoCjHtVCDPMcmzoKPQZwovkaIQ1KgO55xCoemcjmq-qKXJ6AWsJnVJzh7u0uMpg0PVBAcoqG-hjjhDqktlcv3F-KYbAYT-ZDsuYW9IvWlf5zl__K/s400/12476930_10209009705304619_554051558_o.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Porém, cadê minhas
energias? Me sentia fraca diante do tamanho da missão, a cabecinha que estava
coroada voltou! Precisei aguardar o próximo <i>puxo</i>
e fazer força novamente, para que coroasse outra vez. Mas parecia tudo tão
distante no tempo, como se estivéssemos há horas ali e meu neném entalado. Em
algum momento, verbalizei que me sentia sem forças, não conseguiria. Fabiano,
ao meu lado, estimulou:<i> “ele está aqui, já está nascido! Vamos lá, você
consegue!”</i> Guísella conduziu minha mão até a cabecinha dele, senti uns fiapos
de cabelos e aquilo me renovou!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Orei ao Senhor, pedi que
Ele me ajudasse, proferindo algumas palavras em voz alta. Lembro de ter pensado na Expiação do Salvador
Jesus Cristo naquele momento de dor e agonia. Assim como Cristo padeceu para
nos dar de presente a ressurreição e vida eterna, sentia-me padecendo por algo
maior, pela vida que nasceria do sofrimento de um momento. Tudo, simplesmente
tudo valia a pena!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiegastHrlIeGD_OOPuoOQpy_e4u-DKN85s0uizB2Gsfai4t7hPFSKylpvTIswBal0nY8NFrt1GAkfpu08drUFDRAKWpjAtpZoSDYRQBka4pXGBkRRD36hVSAtuFl2vBvaBa-OdAvn25tJz/s1600/12767440_10209009709864733_1611960584_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiegastHrlIeGD_OOPuoOQpy_e4u-DKN85s0uizB2Gsfai4t7hPFSKylpvTIswBal0nY8NFrt1GAkfpu08drUFDRAKWpjAtpZoSDYRQBka4pXGBkRRD36hVSAtuFl2vBvaBa-OdAvn25tJz/s400/12767440_10209009709864733_1611960584_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com tal sentimento, fiz
a força mais comprida que consegui, mantendo o esforço até que Felipe veio à
luz, lindo de viver! Meu mundo parou, o relógio congelou, as pessoas passaram a
se mover em câmera lenta como se estivessem num outro plano, distantes de mim.
Só tinha olhos e emoções para meu bebê, meu Felipe, que veio no mesmo instante
para meus braços. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se alguém me falasse em
dor, que dor?! Tudo simplesmente desapareceu, transformou-se para sempre. Ao
meu lado, Jeff compartilhava da minha emoção. Ele, que foi meu apoio o tempo
inteiro, tanto emocional quanto fisicamente. Estávamos extasiados, admirando,
cheirando e amando nossa cria! Juntos, em sintonia, na mesma inesquecível
emoção, ocitocinados! <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCVsv7_I6V18wDvk_Mk7ellvu6Bnr0Gayl66042QAy_e1cK4EHz4OjulJidapMlXYBWMQkUR9WuRQgu_1eXbYLb51u7p1jWeggWEVx0igA5MJyEURw2Vwz6N9KCyMa-EDJcokIlucL5Lsz/s1600/12597080_10209009705464623_604674719_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCVsv7_I6V18wDvk_Mk7ellvu6Bnr0Gayl66042QAy_e1cK4EHz4OjulJidapMlXYBWMQkUR9WuRQgu_1eXbYLb51u7p1jWeggWEVx0igA5MJyEURw2Vwz6N9KCyMa-EDJcokIlucL5Lsz/s400/12597080_10209009705464623_604674719_o.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Felipe nasceu com uma
circular de cordão, coisa que não atrapalha e nem impede em nada um parto
normal – inclusive um parto atípico como o meu, após 3 cesáreas. Logo depois,
nasceu a placenta. Tão rápido, que não senti qualquer contração, ela
simplesmente veio seguindo o bebê. E era enorme a árvore que nutriu nosso
garotinho por 40 semanas e 6 dias! Em poucos minutos, parou de pulsar o cordão
e coube ao papai a honra de cortá-lo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Soube então que eram
apenas 13h52 quando nasceu Felipe, num expulsivo tranquilo e relativamente
rápido. Pra mim, pareceu uma eternidade, mas o relógio contestou minhas
sensações: tudo acontecera num ritmo sensacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O parto foi natural do
início ao fim, sem nenhuma intervenção. Não houve indução de nenhum tipo. Não
recebi e nem sequer pensei em pedir anestesia. Não fui submetida a episiotomia
(aquele corte de rotina, totalmente desnecessário). Sofri pequena laceração,
embora tenha realizado exercícios preventivos de fortalecimento do períneo, e
recebi alguns pontos que em nada me atrapalharam, nem causaram dor posterior –
nada que se compare ao desconforto causado pela episio ou cesárea, por exemplo.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O parto foi inteiramente
meu e eu o vivi intensamente em cada detalhe. Trabalhava comigo o parceiro
perfeito: meu bebê, no seu ritmo, no seu momento. Nossos corpos juntos, abrindo
caminho. O papai nos amparando, para que não duvidássemos de nossa capacidade.
Mostramos que mamãe sabe parir e bebê sabe nascer. Vivemos a travessia do útero
para a vida fora dele da maneira mais digna possível, como todo bebê merece ser
recebido neste mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A amamentação foi
iniciada no primeiro momento, no primeiro colo, mas bebê estava cansado do
esforço e parecia querer mais descansar do que se alimentar. Isso não foi
problema, logo depois mostrou que entendia bem do assunto e exigiria mamãe a
sua completa disposição (rsrs). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixQV9LoDXFMKAD3fsJcYYj8AgIyirl7htHKhS-SflfTbmyi_4swfDdpqFplCsY6qKYzhi2oJxD4IJ3nY-o9ft4ZAVMYjqs5SOt_Vx7anoCFaJgRBD_0R3djSERK2pFlhn3EfonIQDNafs-/s1600/12755414_10209009708464698_69039145_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="356" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixQV9LoDXFMKAD3fsJcYYj8AgIyirl7htHKhS-SflfTbmyi_4swfDdpqFplCsY6qKYzhi2oJxD4IJ3nY-o9ft4ZAVMYjqs5SOt_Vx7anoCFaJgRBD_0R3djSERK2pFlhn3EfonIQDNafs-/s400/12755414_10209009708464698_69039145_o.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Após eterno instante de
carinho, reconhecimento e estabelecimento de vínculos, Felipe acompanhou papai
para pesagem e alguns outros
procedimentos. Infelizmente, a pediatria seguiu os protocolos do hospital e
assim nosso filho não foi dispensado do nitrato de prata, por exemplo. A falha
foi nossa nesse quesito, pois não apresentamos plano de parto já que tínhamos
equipe e consideramos que a mesma agiria de acordo com atendimento humanizado, sem qualquer forma de
violência. Ainda assim, Felipe logo retornou para mim e dos meus braços não
mais saiu até nossa liberação do hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Felipe Emanuel Rhoden
nasceu com 3.275 kg, apgar 9 e 10, 52 cm e uma pinta charmosa na cabeça, pouco
acima da testa. Comprido e magrelo, como seus outros irmãos quando nasceram. Já
não havia vérnix em seu corpo, pois o moço amadureceu tanto quanto pode antes
de dar sinais de nascimento: estava prontinho, madurinho, todo enrugadinho, a
pele descascando. Fui consultada sobre o banho do bebê, se queria que fosse
dado naquele momento e respondi que não. Eu o queria como nasceu, com seu
cheiro de recém parido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp8KrZZ6AzHxjZbbgyUHz5avNkkNVuF9ruGJDqLxPMDtUV0Bf4qMLhafOhuxFciwAHwHpLVo9rQvpz7A-uQYCd67isliqS6yCqQqYChEB7zAe1uvYGD2bjRDETeJDRT01HGUqHTO-AM1UI/s1600/12751997_10209009696984411_1609091172_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp8KrZZ6AzHxjZbbgyUHz5avNkkNVuF9ruGJDqLxPMDtUV0Bf4qMLhafOhuxFciwAHwHpLVo9rQvpz7A-uQYCd67isliqS6yCqQqYChEB7zAe1uvYGD2bjRDETeJDRT01HGUqHTO-AM1UI/s400/12751997_10209009696984411_1609091172_o.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fomos para o quarto, eu
carregando meu bebê nos braços. Aquilo era incrível pra mim, eu ainda estava
processando o sentimento incomparável de ter conseguido viver meu vba3c!!! Sair
de lá com meu filho nos braços, sorrindo, já alimentada e cheia de autonomia
não tinha preço, fazia de mim uma mulher realizada na vida. Eu me sentia ótima,
e mal cheguei ao quarto já estava andando de um lado para outro e cuidando de
meu filho. Não precisava de ajuda para sair da cama, usar o banheiro, tomar
banho. Nada em mim doía! Incrível a sensação de autonomia que o parto normal
proporciona! Sei que nem todos os partos normais, inclusive os humanizados, tem
desfecho tão satisfatório assim, então recebi tudo isso como recompensa pelas
38 semanas de incertezas que vivi. Me sentia realizada, genuinamente feliz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Somente no quarto, Jeff
e eu lembramos dos registros fotográficos: tarde demais! Não tínhamos fotógrafa
conosco, mas havíamos levado a câmera. Nenhum de nós lembrou. Felizmente,
alguém da equipe (provavelmente o obstetra Fabiano) fez algumas fotos de seu e
do nosso celular. E isso é tudo que temos. Os momentos mais preciosos,
portanto, não serão jamais compartilhados visualmente, mas se reproduzirão para
sempre dentro de nossa mente e coração. Parto inesquecível, para lavar a alma
sedenta que eu carregava!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Permanecemos no hospital
pouco mais de 24h e, após avaliação, bebê e eu fomos liberados, ambos em
excelentes condições. No local, fomos muito bem tratados e respeitados. Logo
minha história ficou conhecida entre a equipe de enfermagem e todos me
parabenizavam pela coragem de encarar um parto normal após 3 cesáreas. Eu, que
havia sido discreta na chegada, saí alardeando a conquista, provando que muito
da tradição obstétrica é mito e acabava de ser derrubado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilY-u1eobqOAiPDAPjauTUWplQZNfS0wTkNZ_e2qd4jU-xE9_DB2A4gLwAbVZmSf4geVgCmk1dAxoijZAfdliQBaLAR8Oy8_HGVE35SZvlMSFkR0h2gFkU0_ARaq_978O1HV1YKXZi0Gzf/s1600/12325111_10209009708184691_2083229526_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilY-u1eobqOAiPDAPjauTUWplQZNfS0wTkNZ_e2qd4jU-xE9_DB2A4gLwAbVZmSf4geVgCmk1dAxoijZAfdliQBaLAR8Oy8_HGVE35SZvlMSFkR0h2gFkU0_ARaq_978O1HV1YKXZi0Gzf/s400/12325111_10209009708184691_2083229526_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cumpriu-se a promessa
que recebi de anjos que me visitaram em sonhos e que, no momento em que mais
precisei, vieram sussurrar em meu ouvido e nos auxiliar na travessia.
Cumpriu-se também o sonho de Claudia, na tarde do dia 27/12/2015, mesmo dia em
que ela celebrava o nascimento de sua caçula, parida em um vbac. Cumpriu-se um
capítulo de minha existência, escrito com dor e amor, mas começava outro, de
ativismo numa causa que me ganhou: pelo fim da violência obstétrica e das
cesáreas eletivas contra a vontade da mulher. É possível escrever uma história
diferente após 1, 2 ou até 3 cesáreas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
Transformação<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Não
existem limites para o que uma mulher com coração de mãe pode realizar.
Mulheres dignas mudaram o curso da história e continuam a fazê-lo, e sua
influência se espalhará e se multiplicará através das eternidades.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Julie B. Beck<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sempre ouvi histórias de
parto associadas à transformação e libertação. Tinha curiosidade em saber como
se daria a minha história, se algo mudaria de verdade dentro de mim ou se
aquilo era força de expressão. Chegou o meu momento!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A transformação, pra
mim, assim como o empoderamento, não se deu apenas na hora do parto como num
passe de mágica. Começou antes. Foi um processo. Fui me transformando conforme
aprendia e entendia que aquilo fazia sentido, que havia respaldo científico,
baseado em evidências. Meu pensamento foi mudando e, conforme eu mudava, meu
companheiro se transformava também. Se o único benefício fosse a mudança para
melhor em nosso casamento, já teria valido a pena. Refiro-me à parceria que
começou com as massagens diárias nos pés inchados e se estendeu ao ápice da
dor, quando Jeff me deu o suporte exato que eu precisava, tanto físico quanto
emocional. Nos tornamos “um” no mesmo propósito, e então não houve quem nos
convencesse de que não seria possível - embora muitos tenham tentado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Transformei-me durante
os 3 dias de dores, que suportei resignadamente. Precisava exercer paciência e
aceitar que não sou senhora do tempo. Mas sou senhora de mim e poderia, sim,
aguentar firme aqueles momentos preparatórios. Foi o que fiz. Não fossem os
pródromos desta gestação, não saberia com certeza absoluta que meu primogênito
nasceu durante as contrações de treinamento, esclarecendo porque na época não
dilatei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Libertei-me quando
expurguei todos os meus fantasmas e enfrentei meus medos, sozinha na madrugada,
sem saber que tinha entrado em trabalho de parto. Descobri a força que possuo,
a capacidade fenomenal de resistir, não à dor que vinha me trazer meu maior
presente, mas resistir ao medo de sentir dor que envolve toda mulher nas minhas
circunstâncias. Dilatei 7 cm em poucas horas, tendo adquirido conhecimento
suficiente pra comandar meu próprio corpo ao invés de bloqueá-lo. Aprendi a
abraçar a dor e andar com ela, porque era ela que me guiava. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por fim, renasci. Eu,
que por 3 vezes havia celebrado o nascimento de meus filhos praticamente
beijando as mãos dos médicos que os trouxeram ao mundo, desta vez não fui
platéia que assiste ao maior espetáculo de sua vida imaginando o que acontece
por trás das cortinas. Fui para o palco: gritei, chorei, dancei, sorri, me
contorci, sofri, vivi! A história era minha e exigi escrever lucidamente o desfecho dela!
Coadjuvantes ali eram os médicos, a equipe, e sabiam disso, se alegravam nisso.
Porque assim, evento fisiológico e familiar, os partos devem ser. Pela primeira
vez pude nascer junto com meu filho, alcançando profundezas do que antes para
mim era apenas superfície.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alguns mitos caíram por
terra com minha experiência:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> - <b>Uma
vez cesárea, sempre cesárea:</b> Não! Eu pari depois de 3 cirurgias; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>A mulher não pode entrar em trabalho de parto porque isso provoca a
ruptura uterina:</b> Pode sim, na maioria dos casos. Meu útero não rompeu. E,
incrível, em nenhum momento durante o trabalho de parto temi por minha vida ou
por Felipe, o sentimento era muito forte de que nossos corpos estavam
preparados, sabiam o que fazer; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>Circular de cordão é indicativo de cesárea:</b> Não! Felipe nasceu com
circular de cordão, que foi removida no nascimento, sem qualquer risco para o
bebê; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>Existe mulher sem dilatação:</b> Não, existe mulher que ainda não
entrou em trabalho de parto. Quando entrar, ela vai dilatar; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>A mulher precisa obrigatoriamente de episio pra dar passagem pro bebê:</b>
Não! Muitas mulheres conseguem parir bebês enormes sem qualquer laceração, e
mesmo quando lacera, geralmente a fissura é pequena e não causa prejuízos
maiores a puérpera. Foi meu caso; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>É arriscado ficar ‘sofrendo’ 3 dias em casa sozinha ou acompanhada
apenas pela doula:</b> Não é arriscado, porque tal sofrimento, em meu caso, se
referiu aos pródromos e não ao trabalho ativo de parto. As dores nessa fase são
totalmente suportáveis, visto serem apenas contrações de treinamento. Meu
trabalho de parto não durou 4 dias e sim iniciou por volta de 2h da manhã do
dia em que meu filho nasceu, portanto foram no máximo 12 h de trabalho ativo!
Fui para o hospital na hora certa, já com dilatação suficiente para evitar
qualquer forma de indução e diminuir os riscos de necessidade de intervenção;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>O bebê estava em risco porque passou da hora:</b> Não! Felipe não
passou da hora, visto que a gestação poderia se estender seguramente até as 42
semanas. Estávamos apenas com 40 + 6, ele estava bem, não apresentava
sofrimento fetal e não havia qualquer indício da presença de mecônio. Líquido
amniótico abundante mantinha Felipe muito bem acomodado em meu ventre, sem
pressa alguma para sua travessia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- <b>A posição segura de parto é de litotomia (posição ginecológica): </b>Segura
para os médicos, não para a mulher, que sente muito mais dor deitada com as
pernas abertas e elevadas! Para mim, permanecer deitada era insuportável até
nas simples contrações de treinamento, quanto mais em trabalho de parto ativo!
A posição vertical me pareceu muito mais confortável, utilizei a banqueta
(espécie de cadeira com buraco no meio), alcançando expulsivo relativamente
rápido e tranqüilo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esses são alguns, dentre
os tantos mitos que o próprio relato vai se encarregando de desmistificar. Cada
mulher que escolhe parir tem a chance de, ao seu modo, mudar o curso da
história, pois exerce influência positiva sobre suas semelhantes que desejam um
parto normal, mas não acreditam que poderão tê-lo. Muitas, a grande maioria de
nós, veio ao mundo fisiologicamente capaz de gestar e parir e tem perfeitas
condições de fazê-lo. Mas, assim como o corpo, a mente precisa estar preparada
com instrução correta, fé e empoderamento. Não há sistema operante que limite uma
mulher determinada que confia plenamente em seu Pai Celestial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Acerto de Contas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“E
Cristo disse: Se tiverdes fé em mim, tereis poder para fazer tudo quanto me
parecer conveniente.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Morôni 7:33 <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Olhando para trás e
revendo a sucessão de acontecimentos que levaram ao parto dos meus sonhos,
observo que muitas pessoas foram tiradas de meu caminho pela providência
divina. Foram aqueles que me disseram não, que viraram as costas quando
solicitei acolhimento em meus anseios. Não estavam à altura da experiência que
eu viveria, não mereciam participar de momento tão lindo e sublime de meu
protagonismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Permaneceram, ou
surgiram na hora exata, aqueles que nunca duvidaram, que olhavam pra mim e
acreditavam: ela vai parir. Entendi que tal sintonia e vibração positiva é fundamental.
Antes de tudo, eu precisava acreditar. Mas a equipe que me assistiria precisava
também confiar num parto lindo e sem intervenções, como de fato aconteceu. Ana
Lu, Thays, Luana, Guísella e Fabiano não chegaram ao acaso em minha vida. Foram
preparados e escolhidos. Juntos, escrevemos um novo capítulo para a história de
partos planejados no Rio Grande do Sul, incluindo um vba3c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas, será que eu
precisava passar por tudo que passei nas primeiras 38 semanas? Refiro-me a
angústia que poderia ter abalado negativamente minha gestação. Provavelmente
sim, precisava para aprender algumas verdades inestimáveis: posso escolher o
protagonismo ao invés da vitimização, em qualquer circunstância, até na mais
adversa e desfavorável! Posso manter a mente firme e mover o universo a meu
favor quando não me deixo abalar por julgamentos e má vontade alheios. Posso
contestar médicos quando estou munida de informação, conheço meu corpo,
acompanho a evolução de meu bebê, e tenho motivos reais e não idealizados para
crer em condições de parir sem intercorrências óbvias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas será que eu merecia
passar por tudo que passei? Não, eu não merecia. Foram 38 semanas amargas, de
um pré natal sem referência. Em caso de intercorrência, não sabia a quem me
reportar, pois simplesmente não havia obstetra fazendo meu acompanhamento!
Certamente eu merecia ter sido acolhida, orientada e acompanhada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sinto-me na obrigação de
relatar o cenário que encontrei em meu estado quando parti em busca do parto
normal. É o cenário que outras mulheres na mesma situação encontrarão e, se não
estiverem verdadeiramente determinadas, acabarão desistindo de algo que mudaria
para sempre suas vidas! A verdade precisa ser escancarada, e esta é a hora,
este relato é o lugar: não fui acolhida por aqueles que se colocam como
alternativa ao sistema cesarista. Lamentavelmente, fui julgada e rejeitada por
profissional que se proclama publicamente a serviço da humanização do
atendimento a gestante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A rejeição é um direito
do profissional, que honestamente pode informar a gestante que o procura: <i>“Sinto muito, mas seu caso significa riscos
para o exercício de minha profissão. Não estou disposto a correr tal risco
neste momento”</i>. Porém, o julgamento e a falta de honestidade são inaceitáveis!
Especialmente quando vem de alguém que tantas vezes criticou os médicos
cesaristas por enganarem suas pacientes, levando-as a cesáreas eletivas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fui taxada de gestante
não empoderada, e rapidamente descartada a fim de não causar estragos à
reputação do doutor. Tão bom livrar-se das encrencas, não é, e assumir apenas
casos de baixo risco. Tão fácil acolher mulheres em tais circunstâncias e
proferir belos discursos a respeito da humanização do nascimento. Mas aquelas
que mais precisam ser acolhidas em seus anseios, pois vivem sua ÚNICA chance de parir, são simplesmente ignoradas.
Que se entendam com seus sonhos e sentimentos, façam terapia! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ocorre que a <i>não empoderada</i> aqui insistiu, incomodou,
cutucou. Foi atrás de meio mundo pedindo ajuda. Ao invés de avaliar que,
talvez, a pessoa estivesse mesmo determinada e merecia apoio, o que fez o profissional
a serviço da humanização? Excluiu a encrenca da rede social, alertou colegas
sobre o problema à vista e atrapalhou ainda mais a batalha que já era desleal
sob muitos aspectos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para fechar os estragos
com chave de ouro, questionou: por que tal obsessão pelo parto normal agora e
não antes das 3 cesáreas? Ou seja, azar o seu se foi vítima de violência
obstétrica em outras gestações e teve seus partos roubados, eu não tenho nada
com isso, lavo minhas mãos. Agora é tarde. Claro que a pergunta não foi feita
diretamente a mim, e sim através de terceiros, pois eu responderia com outra
pergunta: por que o senhor realizou cesáreas eletivas, conforme se comprova em
seu histórico, antes de descobrir a importância da humanização do atendimento à
gestante? Pois é... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O mais frustrante dessa
história toda é saber que tal profissional, habituado a oferecer duras críticas
ao sistema obstétrico vigente, não teve a dignidade de apresentar-me sua
opinião face a face, durante as consultas particulares que paguei para receber
seu atendimento. Fez-me acreditar que sua agenda estava cheia, que não poderia
me internar pelo plano, e uma série de outros empecilhos, especialmente
preparados para meu caso delicado (e indesejado). Não seria mais honesto
dizer-me francamente que recuava, que temia o desfecho de meu parto? Eu
compreenderia, assim como compreendi as razões da médica que me escreveu,
referindo ter ficado comovida com minha causa, mas não se sentir à vontade para
ir contra os protocolos vigentes. Ela foi honesta. Ela me deu retorno. Ela foi
humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele se livrou de mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como em tudo há um
propósito, a verdade veio à tona, documentada pelo próprio profissional.
Registrou seus julgamentos e os motivos pelos quais não fazia questão de me
atender. Deixava claro que não tinha a menor intenção de se arriscar por uma
desconhecida. Fez isso novamente através de terceiros, sem um pingo de
consideração. Cadê a hombridade que se espera de alguém que tem seu nome
atrelado ao conceito de humanização? Mentia para si mesmo e sabia disso,
escolheu manter a máscara. Infelizmente, coube a mim vir tirá-la publicamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não bastasse encontrar
tal recepção (surpreendente!) entre os humanizados, descobri que parir é
exclusividade de primípara ou de abastada por aqui. Primípara porque, sem
histórico de cesáreas, consegue bom atendimento em (alguns) hospitais públicos
da região. Abastada porque o atendimento é caro, inacessível a grande maioria
das mulheres. Em meu caso, face à exigência de dois obstetras, o valor
investido foi além de minhas possibilidades. Não fosse o empréstimo obtido com
amiga, eu estaria amargando agora minha quarta cirurgia. Fiz sacrifícios
pessoais para manter o desejo de um nascimento digno para Felipe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas será que tal serviço
humanizado deveria ser disponibilizado somente a quem pode pagar altas
quantias? O que dizer para mulheres que pagam o convênio mês a mês, como eu,
confiando que encontrarão respaldo quando surgir a necessidade? Nem obstetra,
nem pediatra, tudo particular. Até quando esse abuso conosco, pagantes de
planos de saúde?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É... A frustração foi
grande. Fiquei chocada com o que encontrei nos bastidores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Felizmente, nem todos se
preocupam em fazer bonito apenas sob a luz dos refletores. Há quem realmente
viva a humanização como prática diária.
E eu tive a sorte de encontrar pessoas assim, já apresentadas neste relato. Sou
grata a cada uma delas por mostrarem que é possível o ativismo discreto, aquele
que não sente a necessidade de atrair todos os olhares sobre seus feitos. Por,
mesmo distante dos holofotes, fazerem sua parte de maneira impecável. Fui
assistida por profissionais assim. Para esses, meu aplauso e minha gratidão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Que a crítica aqui
oferecida não sirva de desestímulo para a gestante em busca de seu ideal de
parto. É direito seu buscar e receber o melhor. Se houver certeza do que se
quer e mesmo assim as portas continuarem fechadas, a resposta é uma só: aquela
é a porta errada. Levante-se e vá atrás de outra. Bata, insista, cutuque,
incomode, lute. Isso se chama empoderamento, começa na gestação (ou antes) e
alcança seu ápice no trabalho de parto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se alguém disser que
você não é empoderada, não perca tempo com esse profissional. É fraco e vai
recuar. Não gaste seus argumentos, não é a hora de desperdiçar energias.
Guarde-as para sambar logo adiante, como eu estou sambando agora: na cara do
sistema cesarista e na hipocrisia do supostamente humanizado. <b>EU CONSEGUI, EU
PARI APÓS 3 CESÁREAS!!!</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy
Rhoden<o:p></o:p></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: justify;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMx8XX2EchQqPCsrM3KPTvPO6HnuEA5yAdOCnwyv8hPxqX_DE866Nr3LQwGj4VmWhvhi02JYWiV1YhRmii_OCqDuUWSs-NuuCprLy2ELMfuXt_GHfO0yyL8cuzaej_LWU4DfWppPlvCcGX/s1600/12417588_10208723622032716_3888308938848120962_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMx8XX2EchQqPCsrM3KPTvPO6HnuEA5yAdOCnwyv8hPxqX_DE866Nr3LQwGj4VmWhvhi02JYWiV1YhRmii_OCqDuUWSs-NuuCprLy2ELMfuXt_GHfO0yyL8cuzaej_LWU4DfWppPlvCcGX/s400/12417588_10208723622032716_3888308938848120962_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nossos competentes médicos obstetras: Guísella de Latorre e Fabiano Candal de Vasconcellos</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiszRucaZT67mfUW7WaGSMlTx-MUCuUAA8JuoiQ5guuDNg1o-H6B_nAhIFyfBUvg5e4mQcgpJ-kUG1JjHCNGx7nhlWCGmVTDDeY80tcdalyp82LYbyxGfb1jKMTQ9qT15PiZ4Lj69BGB9qb/s1600/12647348_10208844857063516_5687420593797260031_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiszRucaZT67mfUW7WaGSMlTx-MUCuUAA8JuoiQ5guuDNg1o-H6B_nAhIFyfBUvg5e4mQcgpJ-kUG1JjHCNGx7nhlWCGmVTDDeY80tcdalyp82LYbyxGfb1jKMTQ9qT15PiZ4Lj69BGB9qb/s400/12647348_10208844857063516_5687420593797260031_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nossa querida enfermeira obstétrica: Luana Santos</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-17177397535385774872016-02-15T23:08:00.000-02:002016-02-15T23:08:52.562-02:00Parto Normal Após 3 Cesáreas (VBA3C) – Parte V<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjfFk2KaxSnBnzOYfWd-aiKRig6C-RxQMiS8w5pycV6PPDwVEY8NFcqUmiGRppZASeQCxWGptVteBSJ8LzW8-_oc4vdxOvCfnUqIkp4PhSYVK31ORm2DBI9I47EwR6GeJcpyYLj14_5RXW/s1600/12250165_955316541214727_5333817571639203030_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjfFk2KaxSnBnzOYfWd-aiKRig6C-RxQMiS8w5pycV6PPDwVEY8NFcqUmiGRppZASeQCxWGptVteBSJ8LzW8-_oc4vdxOvCfnUqIkp4PhSYVK31ORm2DBI9I47EwR6GeJcpyYLj14_5RXW/s400/12250165_955316541214727_5333817571639203030_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Preparativos
Finais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mãe deslocou do
interior, no início de dezembro, para tomar conta do trio durante meu parto e
pós parto. A presença dela foi uma bênção: brincava com as crianças, levava-as
a pracinha, tomava conta da casa com sua enorme boa vontade. E era a melhor das
companhias para minhas tardes depois do trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mãe me apoiava na
decisão por um parto normal, jamais interferiu de forma negativa. Mas eu
percebia em seus olhos lampejos de um medo que só as mães conhecem: não
suportava a ideia de me ver em sofrimento. Ela tivera 3 partos normais, mas o
último quase roubou-lhe a vida e a de meu irmão. O sofrimento de ambos foi
intenso. Com base em sua experiência amarga e cheia de violência, sei que temia por mim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas mãe não foi o único
reforço dos últimos dias: também chegou a nova doula! Ana Lu, ao despedir-se,
indicou sua parceira de trabalho no grupo de gestantes, a Thays Battisti. Já a
conhecíamos e tínhamos a melhor impressão de seu trabalho, mas decidimos
somente contatá-la depois de tudo acertado com a equipe de parto. Isso quer
dizer que, com 39 semanas, solicitei espaço na agenda da Thays para
acompanhamento de parto – sem tempo para pré parto! E ela topou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Incrível como a doula
entra na casa da gente e vira a melhor amiga de infância! Só pode ser um dom,
que as leva justamente para a linda profissão. Thays nos alegrava com sua
presença, muito falante, dinâmica, ligada nos 220 volts. Ela me energizava, me
deixava pronta para o que viesse – do jeito que viesse! Então acredito que a
presença dela foi providencial também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Olhando para trás, do
alto de minhas 40 semanas de gestação, vi que passei 38 delas contando apenas
com o marido e com a doula. Foram 38 semanas de luta, de guerra declarada
contra o sistema que me impunha a quarta cesárea. 38 semanas ouvindo um
retumbante <i>NÃO, você NÃO vai conseguir </i>e
devolvendo um perseverante <b><i>SIM, EU VOU PARIR</i></b>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em apenas 2 semanas o
mundo girou, e o universo conspirou a meu favor: eu agora tinha 2 doulas (pois
Ana Lu continuou me apoiando e orientando via internet), 1 enfermeira
obstétrica, 2 obstetras e um excelente hospital onde parir meu neném pelo plano
de saúde. E todos esses que entraram em minha vida tinham algo em comum: em
momento algum duvidaram de minha capacidade de parir. Ao contrário, tinham
intimamente a certeza de que tudo daria certo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
Sinais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Tu vens, tu vens<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu já escuto os teus sinais”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alceu Valença<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Música: Anunciação<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No dia 18 de dezembro, éramos
convidados para formatura de Medicina em Santa Maria. Considerando a área de atuação dos formandos,
brinquei com meu amigo: com tanto médico presente, haverá equipe de parto a
minha disposição, né? Não havia equipe de parto, então não pude ir para a
formatura (rsrs). Mas na data senti as primeiras contrações de treinamento,
cólicas muito semelhantes às de menstruação. Fiquei animada, poderia ser
naquele dia, naquele fim de semana! Só que não. Ao que parece, bebezinho apenas
acompanhou o movimento da lua, e se aquietou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A semana seguinte seria
a do Natal. Claudia chegaria de São Paulo no dia 22/12, coincidentemente
estaria em Novo Hamburgo (onde meu bebê nasceria) no dia 23 e viria me visitar
no dia 25, em pleno Natal, com a esperança de já conhecer Felipinho. Importante
salientar que ela e o marido dirigiriam de São Paulo ao Rio Grande do Sul. Por
que a importância? Porque a pessoa sonhou que meu bebê nasceria enquanto ela
dirigia! Então, muitas expectativas para o dia 22. Que passou sem um sinal
sequer, nenhuma colicazinha pra animar a torcida!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A essa altura, recebia
mensagens diárias dos amigos, conhecidos e acho que até dos desconhecidos perguntando
se já tinha nascido... Isso não me incomodava, pois sabia lidar com a ansiedade
dos outros sem me deixar afetar. É do ser humano essa impaciência com datas: se
o bebê pode nascer entre 38 e 42 semanas, com 36 já começa a cobrança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao invés de me preocupar
com a agonia alheia, voltei-me para meu príncipe, e isso foi maravilhoso.
Organizei Noite Familiar de despedida da barriga, momento em que escrevemos
bilhetes para Felipe, lemos para ele e depois depositamos as cartinhas numa
cápsula do tempo. Foi lindo e emocionante! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Chegou, finalmente, a
véspera do Natal. Um Natal de mudança de lua, por sinal. Lua cheia! Não sabia
se acreditava na influência da lua ou não, fazia a referência mais por
brincadeira do que por crendice... Mas não é que as contrações começaram
exatamente naquele dia?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> 5h da manhã, acordei com uma dorzinha incômoda
e vontade de ir ao banheiro, onde percebi que estava descendo o tampão. Vibrei!
A dor que sentia parecia nascer nas costas e caminhar para a frente, não eram
cólicas. Lembrava de ter lido que essa
dor normalmente marcava o início do trabalho de parto. Restava esperar a
evolução dos sintomas... Também tinha lido que o melhor diante dos primeiros
sinais é não encucar e simplesmente deixar acontecer. Então saí com o marido
pela manhã para fazer as últimas
comprinhas de Natal. Caminhei bastante, fazendo paradinhas quando vinha a
contração. Mas tudo muito leve e suportável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A tarde chegou e a dor
não me abandonou. Mas também não engrenou. À noite, já estava me sentindo cansada com
aquela situação, pois doía mais do que eu lembrava (rsrs). Antecipamos nossa
ceia, pois tudo poderia acontecer nas horas seguintes. Tentei descansar, mas já
não conseguia: as dores vinham e eu não suportava ficar deitada. Comuniquei a
doula, informando que até o amanhecer talvez precisasse dela. Até o amanhecer
coisa nenhuma, disse Thays, estou indo praí! E veio, ainda antes da meia-noite
em plena noite de Natal! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Noite Santa passei em
cima de uma bola de pilates. Por vezes também agachava, ou ficava de quatro.
Aquele era o momento para testar posições. Thays me dava dicas de respiração,
frisando a importância de vocalizar ao invés de contrair a mandíbula quando
vinham as dores. Também me fazia as massagens mais maravilhosas do mundo, com
suas mãos de fada. Jeferson anotava a duração e a freqüência: tudo muito
irregular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por volta de 3h da
manhã, as contrações pareciam ter adquirido um ritmo, motivo pelo qual entramos
em contato com a obstetra. Ficou decidido que iríamos para o hospital se as
dores alcançassem a regularidade de 3 em 3 minutos, duração de mais de 1
minuto. Eu seria avaliada pelo plantonista e os médicos chamados de imediato,
caso estivesse em trabalho de parto ativo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas bastou
acordarmos Guísella na madrugada de
Natal para as contrações desandarem e praticamente desaparecerem! Pegadinha do
Felipe, dizia a doula (rsrs). Decidimos descansar, nós todos, e eu consegui
dormir por algum tempo. Mas acordei no amanhecer do dia sentindo as dores
novamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conforme combinado, caso as contrações persistissem,
fomos ao hospital para avaliação. Eu não iria de modo algum se meu caso não
fosse um vba3c e se dependesse exclusivamente da decisão do médico plantonista,
pois sabia que cairia numa cesárea. Tinha, porém, a segurança de uma equipe e
estava determinada a não declarar minhas 3 cesáreas pra não correr risco de
ficar internada contra a vontade. Para todos os efeitos, eu tinha tido 2 partos
normais e uma cesariana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pegamos a rodovia
próxima de casa, ERS 118, em obras há nem sei quantos anos. Foi uma péssima
decisão! Além de esburacada, era cheia de desvios, e todo esse movimento do
carro me fazia quase gritar quando vinham as dores. Thays comigo no banco de
trás, com seus óleos milagrosos. Depois de muito sacolejar e sofrer, chegamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bastou ultrapassar as
portas do hospital para as contrações novamente desaparecerem. Eu não
acreditava que aquilo estava acontecendo! Pouco antes estava quase aos berros.
Fui avaliada e, para minha completa frustração, foi constatado apenas 1 dedo de
dilatação. Ou seja, nem havia começado meu trabalho de parto, aqueles eram
apenas os pródromos. Felizmente, tudo bem com o bebê conforme resultados dos
exames: batimentos cardíacos satisfatórios e presença abundante de líquido
amniótico. Estava tranqüilo meu gurizinho, ainda não chegara sua hora. Voltamos
para casa e a doula foi dispensada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na tarde de Natal,
Claudia e as meninas vieram me visitar. Claudia estava preparada pra me
encontrar em trabalho de parto, mas me achou tranqüila, sentindo uma dorzinha
leve a cada meia hora, aproximadamente. Rimos comentando o sonho dela, pois
bebê não nasceu enquanto ela dirigia. Porém, ela lembrou que dia 27 voltaria a
pegar a rodovia rumo a Lajeado, e poderia ser esse o dia. Rimos de novo, pois
seria demais a coincidência, visto que na mesma data, há 3 anos, Claudia tinha
parido Luíza, sua caçula, em um vbac hospitalar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLzSirrjpqiKjOzGqBU_Y5DR5FyTpqeUpu09Bq4ICTx7CaaD5iQO97yscP3fts6oYoqnpowicN5UUGRaiCMBfcOKgtnEsdR7G8I3hKs8d9HZnOZUDlWbT_aNHhtWriWoSigvOCUzmDnrSv/s1600/10559761_10208588123925348_4143464973506232797_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLzSirrjpqiKjOzGqBU_Y5DR5FyTpqeUpu09Bq4ICTx7CaaD5iQO97yscP3fts6oYoqnpowicN5UUGRaiCMBfcOKgtnEsdR7G8I3hKs8d9HZnOZUDlWbT_aNHhtWriWoSigvOCUzmDnrSv/s320/10559761_10208588123925348_4143464973506232797_n.jpg" width="308" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">À noite, recomeçaram as
dores e ninguém dormiu nesta casa. Jeff me apoiava como podia, fazia massagens,
sofria com a minha dor. Minha mãe mal continha seu nervosismo, eu via em seus
olhos a preocupação. Mas eu estava bem, muito tranqüila e resoluta em relação
ao que queria, não tinha medo das dores: queria era que elas pegassem ritmo de
uma vez para trazerem meu gurizinho! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dia 26 foi também um dia
cheio de contrações. Eu começava a me sentir cansada, pois era o terceiro dia
praticamente sem dormir e sem conseguir fazer qualquer outra coisa a não ser me
contorcer pela casa. Vinha colocando em prática tudo que li e o que me
ensinaram pra acelerar naturalmente o processo – comer comida apimentada, tomar
chá de canela, namorar com o marido, caminhar de cócoras, rebolar na bola de
pilates, tomar banhos quentes demorados, dançar, etc – mas simplesmente não era a hora de Felipe e o
trabalho de parto não começava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No fim do dia, as dores
finalmente pareciam ter engrenado e Thays veio de novo. Ligamos para a obstetra
e marcamos encontro no hospital, onde ela pessoalmente me avaliaria. Malas no
carro, nós de novo na estrada – dessa vez optamos pela movimentada BR 116, que
prolongava o caminho em quilômetros, mas diminuía em estragos na pista de
rolagem. Chegamos. E de novo o bloqueio: as contrações sumiam no ambiente
hospitalar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu, que desejava ser
encontrada pela médica com aquela agonia de quem vai parir em minutos, tinha
apenas um sorriso amarelo a oferecer, nenhuma contração. Permanecia o mesmo 1
dedo de dilatação. No cardiotoco, constatadas condições excelentes do bebê.
Simplesmente, pródromos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Guísella teve conversa
séria conosco. Explicou que aquela situação poderia durar dias ainda, talvez
até uma semana. Não havia prazo de validade para o neném, que estava bem e
poderia avançar até 42 semanas. Na data, eu contabilizava 40 + 5. Precisaria ter
paciência e aguardar. Disse à médica que não me preocupava com o difundido mito
do <i>passou da hora</i>, mas temia não aguentar
muito mais tempo devido ao desgaste. Não conseguia dormir, era cansativo,
estava roubando minhas forças e minha alegria! Temia que, na chegada do bebê, eu estivesse fraca demais
para viver a intensidade do momento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Falamos sobre
possibilidades de indução. Existiam algumas, sim, mas num vba3c qualquer indução
poderia e muito possivelmente levaria a outras intervenções, com o desfecho que
eu definitivamente não queria: cesariana. Mas fiquei livre para escolher.
Escolhi aguentar firme, pelo tempo que fosse necessário, deixando a natureza
agir livremente e guiar meu corpo. Afinal, não tinha ido tão longe para
desistir nos pródromos mais uma vez! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Comentamos também o
bloqueio que eu vivia em ambiente hospitalar. Pensava ter expurgado todos os
meus fantasmas durante a gestação, ter enfrentado meus medos e tê-los vencido.
Mas talvez houvesse resquícios dos momentos ruins vividos, principalmente no
parto de Sofia. Guísella sugeriu me manter internada, em observação, até a
manhã seguinte, para eu trabalhar mentalmente o bloqueio a ponto de me sentir
segura no local. Talvez assim o trabalho de parto engrenasse... ou não. Sem
bola de cristal, sem certezas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como a doula estava
conosco e, devido a um mal entendido (não sabíamos que ela precisava ser
cadastrada no hospital para ter acesso permitido, e o cadastro só podia ser
feito em dia útil, horário comercial), não poderia me acompanhar, decidimos
retornar para casa e descansar. Iríamos dormir e pronto, com dor ou sem dor.
Pois aquilo podia se estender por dias ainda! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Meu rosto revelava
decepção, sem dúvidas. Um pouco de medo, não de intercorrências, mas daquele
fantasma do passado que teimava em ressurgir: demorar muito a dilatar. Sabia
por meus estudos que era uma questão de tempo, mas precisava suportar com
paciência o ritmo que meu corpo impunha ao processo. E estava andando tudo
muito lentamente. Guísella, em um gesto que me fortaleceu mais do que ela
imagina, me abraçou e disse com seu
sorriso habitual: fica tranqüila, porque tudo vai dar certo! Ela queria me
manter animada, claro. Mas não era só isso. Sua voz carregava sinceridade e
certeza. A mesma certeza que eu também tinha de que viveria meu parto natural,
mas que às vezes esquecia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Antes da meia-noite
daquele sábado me despedi de Thays em frente a minha casa e disse pra ela
relaxar, que o menino brincalhão não estava com pressa e iria aguardar o
cadastro da tia doula na segunda-feira. Até lá, iríamos repousar e eu dar um
jeito de esquecer que estava sentindo dor ou me acostumar a ela a ponto de nem
notá-la. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Passei as quase 41
semanas de minha gestação lendo sobre parto. Pensava saber alguma coisa, por
exemplo, sobre as fases que ultrapassaria até ter meu garotinho nos braços.
Estava certa de que reconheceria, de imediato, cada uma delas. Até a madrugada
do dia 27/12 me ensinar que cada parto é único no mundo e uma experiência
jamais será igual a outra. Os relatos de parto que lemos servem para nos
encorajar e para nos mostrar como <u>não</u> será nosso momento. Porque o nosso
será exclusivo, sem qualquer comparação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Substituí a frustração
por não estar dilatando (ainda) por resignação: algum propósito havia naquilo
tudo. A mim cabia aceitar e buscar o aprendizado que se escondia naquela
experiência. Um teste de resistência, talvez. Não fora testada emocionalmente
por 38 semanas, sem equipe para meu vba3c, até atingir meu objetivo? Agora
enfrentava meu teste físico: o corpo precisava resistir também. E a mente
acompanhá-lo, firme, resoluta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outra hipótese tinha
surgido em conversa com Claudia: ao parir Felipe, estaria parindo os outros 3,
que não tiveram a chance de nascer por parto natural. Viveria um renascimento.
Se fosse assim, não seria justo viver um dia de trabalho de parto por cada um
deles? Fiz as contas e percebi que, segundo essa lógica, já estaria no terceiro
filho, o próximo seria o Felipinho (rsrs). Claro que isso era brincadeira, a
matemática do Senhor não seria assim tão óbvia na contagem de dias e horas. Pensar
nessas coisas foi ótimo, serviu para me distrair.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fui para a cama com um
firme propósito naquela noite: dormir. Com dor ou sem dor. Se o teste era de
resistência, mostraria porque investi num vba3c e mesmo com todas as condições
adversas não retrocedi em minha escolha. Ou não me chamaria Suzy Rhoden! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem, naquela noite quase
mudei de nome...<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy
Rhoden<o:p></o:p></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-14819260908510457492016-02-15T17:30:00.000-02:002016-02-15T18:08:42.430-02:00Parto Normal Após 3 Cesáreas (VBA3C) – Parte IV<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIs7h1tOoOpTF6pC1Kmy-AGJs5EJ9Wmc4JQZ0m6aIN4YE3Q0ylnU2mbwC1tc_tSRjf4TCTzTAmz1c6WQ8IuSLzfo7nq9oUoJEsYENji1_BS1L_zQou987oTanEV-HUeAr6G3bloQpIgCgP/s1600/12278954_10208364697419825_6862074051449889817_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIs7h1tOoOpTF6pC1Kmy-AGJs5EJ9Wmc4JQZ0m6aIN4YE3Q0ylnU2mbwC1tc_tSRjf4TCTzTAmz1c6WQ8IuSLzfo7nq9oUoJEsYENji1_BS1L_zQou987oTanEV-HUeAr6G3bloQpIgCgP/s400/12278954_10208364697419825_6862074051449889817_n.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: arquivo pessoal. </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
Fé que Precede os Milagres<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Mesmo quando tudo parece desabar<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">cabe a mim decidir entre rir ou chorar,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ir ou ficar,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">desistir ou lutar;<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">porque descobri,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">no caminho incerto da vida,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">que o mais importante é o <u>decidir</u>.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cora Coralina<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando tinha todos os motivos para desabar, fui
tomada de inexplicável tranquilidade. Um sentimento muito forte de que tudo
daria certo, apesar das adversidades. Lembro-me claramente de conversa que tive
com uma amiga, a Marcia, mãe de 3 filhos, todos nascidos de partos normais. Ela
me encorajou em meu intento, dizendo que certamente eu conseguiria. E
acrescentou palavras que nunca esqueci<i>: “O
Senhor precisa de mulheres corajosas nos tempos atuais!”</i> A palavra <u>coragem
</u>preencheu minha alma, pois era dessa forma que me sentia: valente,
resistente, capaz de tudo suportar e reverter para meu bem. As coisas
simplesmente aconteceriam como tinham de acontecer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Também vivi encontro
inesperado com amiga de um dos grupos
virtuais. Ela, residente em São Paulo, encontrava-se em Porto Alegre visitando
a família. Casualmente, nos dirigimos ao templo de nossa religião (A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) na mesma data e horário. Foi
maravilhoso, um encontro providencial e muito fortalecedor! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Além de Álissa, a amiga
citada, o apoio veio com força na reta final, de amigas espalhadas por este
Brasil afora e outras do exterior, todas ativistas na causa da humanização.
Fiquei maravilhada com tanta vibração positiva de gente que nem me conhecia,
mas torcia de verdade por mim!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Claudia, que acompanhava
minha batalha desde o princípio, dizia: <i>“Há
um propósito pra tudo, só precisamos descobrir que propósito é esse... Vá até o
final!”</i> E fui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No entanto, me faltava
um testemunho pessoal de que estava no
caminho certo e o Senhor aprovava minha decisão. Orei continuamente para chegar
a tal resposta, pois embora confiante em meu corpo e minha saúde, jamais
desconsiderei a sabedoria divina de meu Pai Celestial. Ele me concedia o
privilégio de gestar e maternar um de Seus filhinhos espirituais, também me
inspiraria em relação a forma de nascimento desejável para essa criança amada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dos céus veio a resposta
que por 9 meses busquei, ao longo da montanha russa que foi esta quarta
gestação. Soube, através de revelação
pessoal, que viveria a experiência tão desejada do parto natural, pois meu
corpo havia sido criado para esse fim. Soube que traria ao mundo tantos filhos
quantos o Senhor quisesse me dar – e eu aceitasse – e não um número limitado
por cirurgias. Eu iria parir em segurança e voltar para minha família, com
saúde, para criar meus 4 filhos. Não foi uma simples intuição, alcancei
conhecimento perfeito a esse respeito. E confiei naquilo que me foi revelado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
Reviravolta<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Somewhere over the rainbow<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Way up
high<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">And the
dream that you dare to,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Why, oh
why can’t I?”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Harold
Harlen, <o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Música:
Over the Rainbow<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apesar de todos os
contratempos, vivi uma gestação celestial. Cada exame confirmava meu bom estado
clínico, esbanjei saúde e disposição. Da mesma forma, o bebê encantava meus
olhos a cada ecografia, cheio de vida, na posição cefálica, bem à vontade em
meio a muitooo líquido amniótico, aparentemente sem qualquer pressa para
nascer. Eu seria a gestante ideal para um parto domiciliar, certeza. Não fossem
as 3 cesáreas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cuidei dos preparativos
finais, pois estava chegando a hora. Isso incluía minha playlist, pois a música
exerce enorme poder sobre mim. Escolhi como trilha sonora do parto a versão de
Israel Kamakawiwo’Ole mesclando os clássicos
Over the Rainbow e What a Wonderful World. Simplesmente amo essa versão,
ela me leva além do arco-íris, onde os sonhos que ouso sonhar tornam-se realidade.
E não é que, conforme a letra da música, meus sonhos começaram a tornar-se reais?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Primeiro, surgiu em meu
caminho um anjo chamado Luana. Enfermeira obstetra, indicada por Ana Lu. Sua
agenda estava visivelmente cheia, não conseguia tempo para me incluir.
Implorei. Luana, comovida, fez visível esforço para encontrar-se comigo e me
dar o suporte que naquele momento precisava. A primeira impressão que tive de
Luana é a mesma que tenho até hoje: personificação da luz e da serenidade.
Conhecê-la não foi um acaso do destino, foi providência divina. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fomos acolhidos por
Luana e ouvidos atentamente, em nenhum momento julgados pela aparente loucura
de nossa solicitação. Havíamos estado com muitos obstetras, inclusive com os
considerados tops da humanização, mas ali, com Luana, foi a primeira vez que
recebemos atendimento verdadeiramente respeitoso e humanizado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Luana orientou-me em
relação aos exercícios para fortalecimento do períneo e uso do epi-no. Apesar
da agenda cheia para o mês de dezembro, a jovem parteira me acrescentou aos
seus planos. Queria me ajudar. Não precisava e nem tinha tempo para fazê-lo,
mas sua bondade a impulsionava. Combinamos que Luana ficaria em casa comigo em trabalho de parto
até eu alcançar dilatação suficiente para ir ao hospital público ter meu bebê por parto
normal. Era o melhor que tínhamos para o momento. Eu sentia que podia confiar em
Luana como pessoa e como profissional, e ela sentia que eu iria parir. Nunca
duvidamos uma da outra. Afinidade total.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quase no final de nosso
encontro, Luana perguntou se eu havia contatado a médica obstetra Guísella de
Latorre. Quem? Nunca tinha ouvido falar em tal nome , e olha que o nome é
incomum! Luana não a conhecia pessoalmente, mas tinha ouvido belos relatos de
partos assistidos pela médica e seu esposo na cidade de Novo Hamburgo, região
metropolitana de Porto Alegre. Luana incentivou-me a contatá-la e explicar
minha situação. Disse a Luana que só um milagre faria com que uma médica me
acolhesse com 37 semanas e aceitasse assistir um vba3c, até onde eu sabia
inédito neste estado. Além disso, eu duvidava que ela pudesse me internar pelo
plano. Luana finalizou: não custa tentar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não custava mesmo. Mas
precisava entrar na agenda da médica ‘pra ontem’, ou chegaria para a primeira consulta em trabalho
de parto! Voltei pra casa com um sorriso de orelha a orelha naquele dia. Para quem bateu em portas equivalentes a uma
cidade inteira ao longo dos 9 meses, e encontrou-as todas fechadas, agora abriam-se
até as janelas: Guísella poderia me atender e posteriormente me internar pelo
plano e aceitava me receber para uma conversa/consulta a fim de avaliarmos
minha situação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Obstetra que Não Recua<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“And
the dreams that you dreamed of<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dreams
really do come true”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Harold
Harlen, <o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Música:
Over the Rainbow<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conhecemos Guísella
pessoalmente numa tarde de dezembro, sorriso escancarado, esbanjando bom humor
e alegria. Sua expressão facial e corporal transmitia mensagem inequívoca: amo
viver! Quem mais eu poderia querer no meu momento extremo, no limiar entre
terra e céu, do que alguém pleno de vida? Era ela, providência divina mais uma
vez!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Olhando para minha
barriga nada discreta, e sempre sorrindo, perguntou em que poderia nos ajudar.
Respondi: em um parto normal após 3 cesáreas. Fui direta, resoluta, dando a ela
a chance de encurtar a conversa. Pois com 38 semanas e 3 dias o que eu menos
tinha era tempo pra perder com quem não considerasse seriamente tal
possibilidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Guísella não recuou, não
me julgou, não zombou da ousadia. Ouviu atentamente meu relato, conheceu meu
histórico, acolheu meus anseios por um parto até onde sabíamos inédito no RS,
mas vivenciado por mulheres em outros estados do Brasil. Solicitou informações
sobre o pré natal e eu forneci carteirinha de gestante incompleta, preenchida por
letras diferentes, dos tantos médicos pelos quais passei. Mas apresentei pasta
completa de exames, todos comprovando saúde minha e do bebê. Esperava ouvir
alguma censura relativa a carteirinha, por isso me adiantei na justificativa de
que procuramos diversas opiniões. A médica me surpreendeu dizendo que isso era
sinal positivo, pois não chegamos leigos ao seu consultório, sabíamos
exatamente o que queríamos. E o que não queríamos também. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Guísella abriu artigos
em seu computador, dando-nos ciência do que preconizava a medicina baseada em
evidências. Ouvimos estatísticas, conversamos sobre os riscos reais, mínimos
mas existentes, e sobre tudo que envolveria um parto normal depois de 3
cirurgias. Informamos conhecer e aceitar os riscos, tomando sobre nós a responsabilidade
por qualquer intercorrência em virtude de nossa escolha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Após consultar seu
esposo, a obstetra revelou-nos aceitar o desafio com uma condição: presença de
2 obstetras no parto, ela e o marido. Era o primeiro vba3c que ambos
assistiriam, os riscos não poderiam ser desconsiderados. O custo financeiro
naturalmente aumentou, mas eu teria direito à internação em excelente hospital
pelo convênio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mais uma vez
confrontou-me a ousadia do passo que estava prestes a dar ao romper com um
sistema que dita o que fazer. E mais uma vez senti que tal passo precisava ser
dado, <u>por mim e por muitas outras mulheres depois de mim</u>. A história dos
meus partos precisava ser reescrita e aquela era minha única oportunidade. Topei.
Marido assentiu e junto comigo, naquele dia, saiu do consultório pisando em
nuvens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Voltei a ver minha
médica nos dias 16 e 22 de dezembro, e esse foi o total de consultas antes do
nascimento do bebê Felipe. Guísella solicitou exames diversos nesse intervalo
de tempo, dentre eles um que avaliava a espessura do segmento (cicatriz das 3
cesáreas). Mais uma vez, sinal verde. Tudo aparentemente favorável para meu
parto normal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nesse clima positivo,
entramos na tão aguardada semana do Natal...<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy
Rhoden<o:p></o:p></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-31228602507145581082016-02-13T02:21:00.000-02:002016-02-13T02:45:28.930-02:00Parto Normal Após 3 Cesáreas (VBA3C) – Parte III<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3pImqCFdhP6EMWCytg-zYQApWV-KBGK3ep7t-k-XX_uCY6czFfRKG4-E4ALP4i2RL9swakPal0d-v2l5b8lnx5b5JgufgbrdzwmRDgcWdJ2cz1Dota15txMPr22y1VaaXzTJCfd0mEN4Z/s1600/IMG_0354+%2528800x533%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3pImqCFdhP6EMWCytg-zYQApWV-KBGK3ep7t-k-XX_uCY6czFfRKG4-E4ALP4i2RL9swakPal0d-v2l5b8lnx5b5JgufgbrdzwmRDgcWdJ2cz1Dota15txMPr22y1VaaXzTJCfd0mEN4Z/s400/IMG_0354+%2528800x533%2529.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Marido/O Pai/O Companheiro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“A
maioria dos casamentos bem-sucedidos exige um elevado grau de tolerância mútua.
A vida é como uma viagem de trem à moda antiga – com atrasos, paradas, fumaça,
poeira, cinzas, solavancos e apenas ocasionalmente belas paisagens e trechos em
alta velocidade. O segredo é agradecer ao Senhor por deixar-nos fazer a viagem”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gordon B. Hinckley<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sem equipe, passei meu
pré natal pulando de médico em médico. Fiz todos os exames, no seu devido
tempo, mas recebia a requisição de um e apresentava o resultado do exame a
outro. Precisava do convênio, então tinha de me submeter a muita conversa
fiada, que ouvia com cara de paisagem. Já tinha minha historinha montada e a
repetia sempre que necessária: vou para o hospital público ter meu bebê através
de cesariana assim que completar 39 semanas de gestação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jeff, o maridão, esteve
comigo em cada consulta, ecografia, exame, etc, do início ao fim da gravidez.
Assistiu comigo O Renascimento do Parto, filme muito importante para quem
deseja mergulhar no mundo da humanização. Não leu os livros que li porque não
precisou: eu lia para ele. Foi companheiro incansável e insubstituível, o
melhor que uma mulher na minha situação poderia desejar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se no primeiro trimestre
da gravidez ele se imaginava viúvo toda vez que eu falava em parto normal (99%
dos médicos que visitamos fazia questão de transmitir exatamente essa mensagem),
no terceiro trimestre o próprio perguntou como eu me sentia em relação ao parto
domiciliar (!!!). Não caí porque já estava sentada quando tivemos a conversa. Perguntei de onde
ele tirou autoconfiança para praticamente
propor um parto domiciliar, quando sequer equipe para parto hospitalar nós
tínhamos. E ele respondeu: <i>“De ti! Tenho
certeza absoluta de que tu vais ter um parto normal, porque tu não desiste
daquilo que quer. Se não puder ser hospitalar, tu vais arrumar outro jeito, e
vai fazer acontecer. Teu parto normal já é uma certeza pra mim”</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fui ao céu e voltei
naquele momento! Nenhum elogio teria tido efeito mais poderoso em mim do que
aquelas palavras do marido, recebi como
declaração de amor – a mais bela de todas – e garantia de apoio
incondicional. Jeff já era muito presente, mas a partir daquele momento
tornou-se um parceiro incrível de planos em relação ao nascimento do bebê
Felipe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quanto ao parto
domiciliar, estudei o suficiente para saber que quando planejado e assistido
por equipe competente, é totalmente seguro para gestantes de baixo risco.
Infelizmente não era meu caso. Embora vivesse a gravidez mais saudável de
todas, não podia desconsiderar o histórico de cesáreas prévias e agir como se
fosse loteria, dando margem à sorte ou ao azar. Tudo precisava ser
cuidadosamente avaliado e o plano deveria, obrigatoriamente, considerar a
possibilidade de alguma intercorrência e necessidade de intervenção. Por isso a
escolha do parto normal hospitalar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas, confesso, em nossos
devaneios, Jeff e eu protagonizamos o mais lindo e romântico parto domiciliar,
cercados por nossos filhinhos, aos cuidados de equipe humanizada... Tivemos o
zelo de não tornar público nosso vislumbre, pois era bem capaz de sermos
advertidos do risco de meu útero romper até nos sonhos (rsrsrs)!!! Parece
engraçado, mas a visão distorcida em relação ao parto humanizado, sobretudo o
domiciliar, nos fez ouvir muitas asneiras do tipo ao longo dos 9 meses
grávidos...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
Doula<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Além do melhor
companheiro de todos os tempos, eu tinha também a melhor doula: Ana Lu. Jeff e eu a conhecemos
pessoalmente em um encontro no grupo de apoio à gestante. Dali em diante,
passamos a ter contato contínuo pela internet. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O apoio que me faltou em
termos técnicos, não faltou emocionalmente, pois Ana Lu foi suporte infatigável
a minha disposição. Nunca duvidou de minha capacidade de parir e, quando todos
me viraram as costas, ela ainda estava ali, segurando minha mão e confiando que
tudo daria certo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entendi na prática qual
é o trabalho da doula e, sinceramente, é o trabalho mais lindo do mundo, feito
de amor! As doulas não fazem parto – um dos absurdos que se ouve com muita
freqüência – não realizam toque, não fazem procedimentos, nem nada do tipo. Sua
função é acompanhar a gestante desde o pré parto, fornecendo informação correta
para que a mulher, munida de conhecimento, faça suas próprias escolhas. Durante
o parto, a doula auxilia com massagens, orientação relativa à respiração,
escolha da melhor posição, alternativas naturais para alívio da dor, etc. Ou
seja, fornece suporte físico e emocional. A doula ainda ressurge no pós parto
para acompanhar a puérpera na amamentação e sanar dúvidas que possam existir. É
um trabalho de completa doação, que não tem horário específico pra começar nem
terminar, e não preciso dizer que geralmente tem seu ápice em plena madrugada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não tive doula nas 3
primeiras gestações – nem fazia ideia de que elas existiam neste mundo. Agora que conheço seu trabalho,
minha observação é uma só: toda gestante MERECE ter uma doula!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Parto Normal no Hospital Público<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ana Lu foi sensacional,
o tempo todo buscando alternativas comigo e acolhendo minhas angústias. Com o
apoio dela e do marido, e sem mais ninguém, passei a considerar a ida ao
hospital público já em trabalho de parto ativo, mais especificamente durante o
expulsivo. Em outras palavras, eu chegaria parindo ao local, inviabilizando a
cirurgia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para avaliar melhor as possibilidades,
marido e eu fomos até o Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre conhecer o
Centro Obstétrico. No local, fomos recebidos pela enfermeira Camila. Nos
apresentamos como casal gestante, mas propositadamente omitimos nosso histórico
de cesáreas prévias. Camila nos conduziu até as salas de pré parto Maria e
Conceição (sim, as salas tem nome, que fofo!) e foi amor à primeira vista!
Decidi que queria parir ali de qualquer jeito. Aquelas salas tinham tudo que
uma mulher deseja, todos os recursos para um parto humanizado inesquecível. Eu,
que até então havia conhecido apenas o bloco cirúrgico, fiquei deslumbrada!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas o sonho durou pouco.
Logo nos encontramos com o médico plantonista do dia – um dos tantos que
procuramos anteriormente em busca do parto humanizado – e nossa realidade veio à tona: sem chances de
passar pela salinha mágica. Eu poderia até aguardar os primeiros sinais de
nascimento do bebê, mas deveria correr para o hospital pra ser submetida à
cirurgia. E se eu chegasse parindo? Camila foi sincera ao dizer que não
empurravam o bebê de volta (achei tão engraçado rsrsrs), mas que ainda assim eu
iria direto pro bloco cirúrgico e somente poderia parir lá. Ou seja, nem sala
Maria e nem sala Conceição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Que raiva dos partos roubados
me deu nessa hora! Tantos recursos que eu jamais conheceria nesta vida... Privilegiadas
são as primíparas, que podem parir na posição de sua escolha, com direito a
massagem, bola suíça, meia luz, playlist... E pensar que ainda assim muitas
optam pela cesárea, procedimento que nos tira toda autonomia... Coisa bem
esquisita! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Camila foi excelente
anfitriã. Se fosse minha primeira gestação e eu estivesse em dúvida entre parto
normal e cesárea, certamente iria querer parir depois daquela visita! Percebi
reflexos muitos presentes da humanização naquele setor do hospital. Uma lástima
não serem acessíveis a mim por razões já mencionadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De
Volta à Estaca Zero<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Empoderamento
feminino é uma das expressões em voga. Eu acho uma linda expressão, realmente,
SE não se tornar um dogma. SE não retirar da lista todos os fracassos, todos os
medos, todas as incertezas, todas as ações tortas. Para mim, uma mulher
empoderada não é a Mulher Maravilha. Ela não tem superpoderes. Ela não está
sentada sobre certezas absolutas. Ela não tem o dedo apontado pra sociedade.
Ela não usa tantos pontos finais.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(muitas
vezes, hesita)”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Claudia Pucci Abrahão<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As semanas avançavam e o
contexto seguia o mesmo: sem equipe. Por volta das 34 semanas, eu estava à
beira do desespero, pois se aproximava a dpp (data prevista de parto) e eu ainda
não tinha ideia do que faria. Não me envergonho de dizer que vivi a minha <i>hora da covardia </i>(uma das fases do
parto) também na gestação: contatei a doula e disse que tudo estava além de
minha capacidade emocional de suportar, não havia como arcar com tudo sozinha.
Eu desistia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ana Lu me respeitou em
minha escolha, não exerceu qualquer pressão, e ainda agiu com empatia. Entendia o quanto as coisas se tornaram
difíceis para mim, pois toda porta que se abria, logo adiante se fechava bem na
minha cara! Era um teste de resistência que nunca acabava. Então cansei. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quero dizer, pensei que
havia cansado. Pois as palavras diziam uma coisa para a doula, e o coração
gritava outra. No fundo, nunca desisti de fato. Apenas me distanciei
momentaneamente como quem se afasta para tomar fôlego, e então retorna com
energias renovadas, para seu melhor performance. Voltei mais determinada do que
nunca. Tal determinação mostrou-se fundamental para enfrentar o novo desafio
que apareceria em meu caminho...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">36 semanas e uma
revelação aterradora: Ana Lu, por motivo pessoal, de força maior, não poderia
mais me doular e acompanhar no parto. Entendi perfeitamente a necessidade de
Ana Lu, e sua incapacidade de me assistir por mais que desejasse de todo
coração fazê-lo. Mas foi como tirar o chão debaixo dos pés de uma mulher que,
àquela altura, só tinha o chão e mais nada! Comecei a rir de minha situação, que mais
poderia fazer?! <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para completar o desastre
das semanas finais, a médica que acompanhava meu pré natal informou que aquela
era nossa última consulta, já que na segunda-feira seguinte eu deveria me
apresentar no hospital para a cesariana. Argumentei que nessa data eu estaria recém
entrando nas 38 semanas, e ela disse que era justamente esse o problema, eu já
deveria ter ido para o hospital (!!!). Claro que ela não queria mais me ver
(medo de responsabilização caso algo acontecesse comigo e o último nome na
carteirinha fosse o dela?), despediu-se e me deixou a pensar o que fazer na
reta final, quando precisava de acompanhamento semanal para monitorar o bebê,
mas em qualquer lugar que chegasse, tanto pelo convênio quanto pelo SUS, seria
encaminhada de imediato para cesárea. Seria o fim da linha???<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy Rhoden</span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-10914018633978410242016-02-05T18:20:00.000-02:002016-02-05T18:20:36.129-02:00Parto Normal Após 3 Cesáreas (VBA3C) – Parte II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7ArmVHT9dxnwN9qzA6TH5KzF-51RIRE92hZhW9R5bx1PsRPN9ayZNmzkd6naMZIzulY8bpyhK8T3ySake4QmRHKExrnk-fPhSC72CRoUkrxzCYwwH1fV4zTaQdP1z1HC5DB-d4k-kSzmA/s1600/IMG_0399+%2528533x800%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7ArmVHT9dxnwN9qzA6TH5KzF-51RIRE92hZhW9R5bx1PsRPN9ayZNmzkd6naMZIzulY8bpyhK8T3ySake4QmRHKExrnk-fPhSC72CRoUkrxzCYwwH1fV4zTaQdP1z1HC5DB-d4k-kSzmA/s400/IMG_0399+%2528533x800%2529.jpg" width="266" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: arquivo pessoal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
Porta Escancarada<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não aconteceu de uma
hora para a outra, foi um processo. A porta escancarou-se. Eu definitivamente
desejava viver a experiência de um parto humanizado. Quando me refiro ao parto
humanizado, não descarto de vez a cesárea, mas me refiro a um parto sem
violência obstétrica, preferencialmente normal, que acontecesse sem intervenções
desnecessárias após eu entrar espontaneamente em trabalho de parto. Se o
desfecho fosse a cirurgia, queria a garantia de que ela não seria eletiva como
as anteriores e sim por real necessidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Meu desejo não nasceu
movido pela vaidade, como muitos pensaram. Nem foi uma adesão a <i>modinha do momento</i> – absurdo dizer que
mulheres que lutam para não mais serem violentadas no momento sublime de suas
vidas o fazem por modismo!!! Logo eu, que não ligo a mínima para a opinião
alheia, me deixaria levar por argumentos que não fossem sólidos e baseados em
evidências?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Visitei muitos médicos e
todos tentaram me dissuadir de meu intento. Continuei estudando e ponderando a
respeito. Meu marido comigo em todas as consultas, ainda sem opinião
definitivamente formada. Entendemos que, dentro do plano, não conseguiríamos o
parto que eu almejava. Passamos a pagar consultas particulares e sonhar que
alguma equipe abraçaria nossa causa. Uma amiga, que prefere permanecer no
anonimato, abraçou: ofereceu-nos empréstimo dos valores, assim a questão
financeira deixou de ser problema. Um sol enorme e radiante nasceu para nós,
estávamos confiantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas a alegria não durou:
não encontramos equipe que se sentisse segura para viver tal experiência
conosco, todos com quem contatei tinham seus motivos ou então criavam desculpas para pular fora do barco furado que
aparentemente era meu vba3c. Esse contexto me acompanhou a gestação inteira,
sendo que não houve uma semana sequer em que não fiz algo para atingir meu
objetivo. Dispus-me a fazer tudo ao meu alcance e de fato o fiz, procurando
todos os profissionais de cujo nome ouvia falar, pagando diversas consultas
particulares, rodando quilômetros até os consultórios indicados, mas foi tudo
em vão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Foi frustrante! Eu
finalmente sabia com todas as minhas forças o que queria, e estava pronta para
assumir os riscos. A porta que só abre por dentro estava escancarada. Mas do
lado de fora, ninguém. Passei a me perguntar: onde estavam aqueles que haviam
me ensinado a acreditar? Que proclamavam nas mídias sociais, em palestras, livros, a humanização do atendimento à
gestante? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A maior decepção foi, na
maioria das vezes, não obter qualquer retorno para minhas solicitações.
Escrever implorando ajuda, ou pelo menos alguma orientação, e receber o nada
como resposta. Ser ignorada por quem afirmou que iria acolher. Não seria mais
honesto conversar francamente comigo e dizer <i>“Lamento, mas o Conselho de Medicina não me autoriza a realizar o
procedimento que você solicita”</i> do que impor o silêncio ao meu desespero
por respostas? Não seria mais justo admitir a impotência diante do sistema e me
deixar saber que no Rio Grande do Sul não se pode parir, porque os médicos
humanizados são visados e diante de mínima intercorrência são submetidos
praticamente à fogueira em praça pública? Precisei descobrir por mim mesma o
contexto de perseguição estabelecido em meu estado, após chorar sozinha por
muitas noites, sentindo-me rejeitada e abandonada em meus anseios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lamentavelmente, senti
desconsiderado meu histórico e o fato de, por 3 vezes, ter sido engolida pelo sistema e ter tido
meus partos roubados. Fui empurrada, pela quarta vez, para uma cesárea que eu
não queria, mesmo sentindo que meu corpo era perfeito e estava preparado para
parir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Meus
Porquês<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tentei viver um parto
normal há 10 anos, em minha primeira gestação. Faltou conhecimento, fui para o
hospital diante do que me parecia os primeiros sinais de trabalho de parto. Não
havia dilatação. Fui logo para a ocitocina. Quase 24h depois das primeiras
contrações, havia dilatado apenas 3 cm mas já não suportava as dores que
sentia. Passaria dias naquele ritmo... Eu não aguentaria (consequência da
indução!), de modo que aceitei de imediato a cesárea quando me foi proposta.
Nasceu meu primogênito sem que eu soubesse o que é de fato um trabalho de
parto: Arthur veio ao mundo durante os pródromos, as contrações de treinamento!
E eu ganhei um rótulo que carreguei por quase toda a vida: não dilato. Vim com
defeito de fábrica. Sou a <i>sem dilatação</i>.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gabriel nasceu 1 ano e 7
meses depois. Fui ensinada que, <i>uma vez
cesárea, sempre cesárea</i>, e também que meu útero romperia se me rebelasse e
tentasse parto normal antes de 2 anos da cesárea anterior! Bastava de
argumentos para uma leiga, agendei a cirurgia. Olhando para trás, vejo em mim uma mulher se afogando em mitos por pura falta
de informação correta! Simplesmente segui a correnteza, sem entender e sem
questionar os procedimentos... Meu filho nasceu quase prematuro, enquanto
mulheres bem informadas estavam vencendo o sistema e parindo seus bebês pouco
mais de um ano após suas cesáreas, pois isso se comprovou perfeitamente
possível para a grande maioria das mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Contudo, nada se compara
ao parto de Sofia! Sem qualquer aviso prévio a respeito, meu marido, que
assistiu as 2 primeiras cesáreas, foi impedido de me acompanhar no parto de
nossa princesa. Fui conduzida sozinha para o bloco cirúrgico, de lá para a sala
de recuperação, e finalmente para o quarto, sem acompanhante algum. Sentia-me
tensa e fragilizada sem a esperada presença de meu esposo, por isso não
consegui relaxar durante a anestesia. Por causa disso fui xingada. Depois ainda
tive de ouvir piadas da anestesista em relação ao número de filhos, enquanto
fazia o procedimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nessas condições
lamentáveis, nasceu minha menina e, quando pensei que iria vê-la e tocá-la, lá
se foi ela chorando desesperadamente nos braços do pediatra sem sequer
sentirmos o cheiro uma da outra, sem nos olharmos nos olhos, sem nos
conhecermos! Ela, que nasceu com apgar 10 e 10, foi inexplicavelmente roubada
de mim, levada para longe e esfregada por desconhecidos numa série de procedimentos
eletivos. Fui vê-la muitas horas depois, e até hoje sinto e choro a dor daquela
separação desnecessária e traumática para mim e para ela. Não merecíamos! Ficou
óbvio para mim que algo estava errado e um parto não deveria acontecer daquela
forma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Naquele momento tomei a
decisão: não passaria por aquilo novamente. Não permitiria que meu filho fosse
levado de mim. Não aceitaria. Exigiria o respeito merecido em nossa hora
sagrada!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando me descobri
grávida, senti arrepios ao pensar numa quarta cesárea. Eu realmente não queria,
não via tal cirurgia em meu caminho! Não temia a recuperação, que fora
excelente nas ocasiões anteriores, mas o desrespeito em circunstâncias que me
tiravam totalmente a autonomia e o protagonismo. Acreditava que havia outro
caminho e que eu tinha saúde suficiente para trilhá-lo com segurança. Por isso
não abriria mão de meu vba3c sem ter feito tudo, realmente tudo dentro de
minhas possibilidades para torná-lo viável. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Suzy Rhoden</span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-1628791578468726222016-02-04T23:37:00.000-02:002016-02-05T08:16:19.065-02:00Parto Normal Após 3 Cesáreas (VBA3C) – Parte I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMdR8gEX1LCgQgWEPGY3-oao92xC-qI3F_q1eOh4hxjxk0R0_V5Vzh_tA_zbK_wJiWeiF2CvbljQlR4fST1PYTs1ouxx-0KT2tjqBxIt0DH7l37XqycOhFxcn3pdL-PzBZK9U_6NjmwY1J/s1600/IMG_0328+%2528800x533%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMdR8gEX1LCgQgWEPGY3-oao92xC-qI3F_q1eOh4hxjxk0R0_V5Vzh_tA_zbK_wJiWeiF2CvbljQlR4fST1PYTs1ouxx-0KT2tjqBxIt0DH7l37XqycOhFxcn3pdL-PzBZK9U_6NjmwY1J/s400/IMG_0328+%2528800x533%2529.jpg" width="400" /></a></div>
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Sonho Dourado<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dia 20 de abril de 2015
sonhei que estava grávida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dia 21 escrevi pra
Claudia, amiga (quase irmã) desde os tempos da faculdade. Queria saber mais
sobre o parto normal após cesárea (pnac em Português, ou vbac em Inglês) protagonizado por ela há 2 anos. Tinha lido o relato no blog do
Vicente, esposo da Claudia, e ficado encantada. Não sabia se teria mais filhos,
então não me aprofundei no assunto na época... Mas aquele relato me tocou
profundamente e, como semente lançada em terra fértil, ficou germinando em meu
coração. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Claudia, curiosa, perguntou
se eu estava grávida. Respondi que oficialmente ainda não (mas sabia que estava
rsrs). De qualquer modo, queria mais informação, conhecimento sobre o assunto,
e ela era a única pessoa de minhas relações que recentemente havia parido na
água, mesmo depois de uma cesárea. Claro que meu caso em particular era outra
história, eram 3 cesáreas e não uma só... Eu não alimentava esperanças reais,
nada além de um sonho dourado. Mas conhecimento não ocupa espaço, então queria
conhecer, me informar, aprender.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Despertar<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Claudia apresentou-me ao
mundo do parto humanizado, enviando-me links, artigos, livros, e
direcionando-me para grupos virtuais de apoio. Li tudo que me caía nas mãos
sobre o assunto. Nessa busca sedenta por informação, tive acesso ao primeiro
relato de parto normal após 3 cesáreas do qual me lembro, e era o registro de
um pai! O relato sacudiu as estruturas de meu sonho dourado: havia como evoluir
do sonho para a realidade? Seria mesmo possível?! Aquele casal fez exatamente
isso!!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na época eu nem
imaginava, mas esse pai chamado Rafael era justamente o marido da Larissa,
pioneira no Brasil em partoS após cesáreas – sim, foram 3 partos normais depois
de 3 cesáreas! – e Larissa tornou-se alguém muito próximo, embora distante
fisicamente, que me fortaleceu e inspirou ao longo da gestação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pouco a pouco, fui
encontrando outros relatos e devorando todos, bem como livros e artigos no
assunto. Tudo isso nas primeiras semanas de gestação, antes mesmo da primeira
consulta médica. A propósito, precisava encontrar um adorável obstetra
humanizado, que aceitasse assistir meu vba3c pelo plano de saúde, neste Rio
Grande do Sul naaada conservador e burocrático. Missão dada é missão cumprida!
Só que não. Muitos nãos!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
Risco Incontestável<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Início de maio. Primeira
consulta pelo plano. Data provável de parto para 21/12/2015. Fui apresentada ao
<i>‘risco incontestável’</i>: rotura
uterina, aderência da placenta, hemorragia pós parto, sofrimento fetal, etc,
etc. Também fui apresentada a data de minha quarta cesárea, dia 14/12/2015, com
39 semanas, no hospital de escolha do médico. Perguntei se poderia pelo menos
aguardar entrar em trabalho de parto para então... Nem me deixou terminar a
frase, pois <i>“que diferença isso faria?
Com tanta coisa importante em relação ao nascimento de uma criança, por que
encucar justo com a via de nascimento?!”</i>, e ainda recebi conselho não
solicitado de brinde: <i>“não entra nessa
modinha aí de parto humanizado, pois não há fundamento algum, é um retrocesso.
É puro romantismo que esconde grandes riscos!”</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não preciso nem dizer
que marido saiu do consultório com olhos arregalados, afirmando que não iria
cuidar de 4 criancinhas órfãs de mãe, portanto para ele a ideia de parto normal,
a partir daquele momento, estava fora de cogitação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Logo marido entendeu que
a única coisa fora de cogitação de fato era a ideia de retornar àquele médico.
Meu filho poderia até nascer de cesárea, mas seria no tempo dele e não em um
parto programado, agendado com 8 meses de antecedência para não atrapalhar as festas do fulano!!! Nem
pensar. GO riscado da lista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Busquei equipe dentro do
plano de saúde como quem busca a luz no fim do túnel. Isso sim foi um sonho
dourado, tolo e ingênuo. A questão não era apenas o vba3c, refutado
categoricamente através da exclamação <i>‘risco
incontestável!</i>’, mas o fato de não haver médico que aceitasse aguardar os
primeiros sinais de trabalho de parto para então realizar o procedimento
cirúrgico, considerado indiscutível em meu caso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
Porta que Abre por Dentro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A essa altura, claro que
eu já integrava grupos virtuais de apoio ao parto normal após cesáreas,
contatava algumas doulas e havia recebido indicação dos médicos humanizados da
região. Liguei para todos (todos mesmo!) e, ou não atendiam meu plano, ou
estariam de férias na data esperada. Sucessivos nãos. Portas fechadas,
trancadas, lacradas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao expressar minha
frustração nos grupos, não recebi apenas fortalecimento. Recebi, por vezes,
firme questionamento: é isso mesmo que
você quer? Compreende e aceita os riscos? Está disposta a assumir o
protagonismo e escrever sua própria história? Então siga em frente! Na hora
certa tudo se organizará e portas se abrirão! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fui informada de que
dificilmente encontraria o que buscava dentro do plano de saúde, pois nosso
sistema obstétrico é cesarista. É difícil para uma primípara parir dentro dos
convênios médicos, quanto mais uma <i>louca</i>
com 3 cesáreas prévias! Minhas opções seriam o planejamento particular, com a
devida valorização dos profissionais envolvidos, ou recorrer à rede pública de
saúde, que tem avançado significativamente no que diz respeito ao parto
humanizado em alguns hospitais, mas que, em virtude de seus protocolos, somente
me autorizaria um parto normal se eu chegasse literalmente parindo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Voltei ao sonho dourado:
não tinha dinheiro para bancar um parto particular, ao mesmo tempo em que tinha
ciência da delicadeza de um vba3c e
sabia que seria imprudência extrema fazê-lo sem equipe, indo para hospital público
e submetendo-me ao plantão em pleno expulsivo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando estive prestes a
desanimar, lamentando minha má sorte, aprendi algo fundamental para a ocasião e
para a vida: <b>o <u>empoderamento</u> é
uma porta que não se abre pelo lado de fora. Ela só abre por dentro. Se
realmente desejasse, iria abri-la.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><b>Suzy Rhoden</b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><b>*Este é o primeiro de 3 textos que compõem meu relato de parto. </b></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-916653626107691992016-01-20T18:58:00.000-02:002016-02-05T18:27:56.438-02:00A Gestação da Maturidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA9UUE2Tvf8Y_ve0FUIil5M_BmReD_XZdKEC_5dOUyquFy3DRDlm5Pki-4SHQk3omoyzk9iL2_eptIiSz7Pn3On7DxKsQMeLOujOknlZJ1_ljePwcx34t_sNBLyHXMZzdK2IvXKFDr6SSx/s1600/12239481_955316661214715_2785462412449259983_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA9UUE2Tvf8Y_ve0FUIil5M_BmReD_XZdKEC_5dOUyquFy3DRDlm5Pki-4SHQk3omoyzk9iL2_eptIiSz7Pn3On7DxKsQMeLOujOknlZJ1_ljePwcx34t_sNBLyHXMZzdK2IvXKFDr6SSx/s400/12239481_955316661214715_2785462412449259983_n.jpg" width="288" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ser mãe
de trio nascido em anos ímpares consecutivos foi maravilhoso pra mim. Primeiro,
vieram os meninos. Tão parecidos que por vezes até eles pensam que são gêmeos.
Cresceram brincando e brigando juntos, inseparáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Logo
depois, respeitando o mesmo intervalo de 2 anos, veio a tão esperada Sofia.
Tínhamos seu nome escolhido desde antes do casamento. Ela precisava vir! E
veio, completando um trio cheio de energia e disposição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Estava
tudo certo, tínhamos menino e menina, poderíamos <i>fechar a fábrica</i> com louvor. Só que não. A princípio, nem nós
entendíamos bem a estranha sensação de que
havia mais alguém por vir... Mas era exatamente assim, e ambos sentíamos.
Recebemos os anos 2011 e 2013 com cautela, cheios de cuidados. Será que...?!
Não, ainda não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O tempo
foi passando e o trio crescendo. Pessoas pararam de nos recomendar laqueadura
ou vasectomia, pensavam que tínhamos adquirido juízo e desistido de povoar a
terra. Ledo engano! 2015 chegou...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ano
ímpar outra vez, nossa caçula com 6 anos, e eu a caminho dos 37. Gravidíssima
novamente! Quarto filho e possivelmente a última gestação... Última?! Pensar
nisso doeu. E se fosse realmente a última?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
não contei que me amo grávida. Me sinto diva. Quanto mais a barriga cresce,
mais linda e realizada me sinto. Tal estado de espírito parece transbordar e
atingir os olhos alheios, pois com freqüência ouvi a frase: <i>“Você está mais bonita, seu semblante
brilha!”</i>, <i>“Você está maravilhosa! A
gravidez te faz muito bem”</i>. É um estado abençoado e tenho consciência
disso. Me sinto próxima da divindade toda vez que carrego um filhinho do Pai
Celestial em meu ventre. Por isso o apego por esses meses sagrados e a dificuldade em
ser taxativa: é a última. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pensando
nisso, decidi que nesta gestação a ansiedade não me roubaria nenhum dia, mas
iria vivê-los, um após o outro, intensamente. E assim foi. Aceitei e suportei
bem os enjoos, que vieram tão terríveis quanto nas outras oportunidades. Porém
percebi que, ao aceitar a situação, meu fardo tornou-se leve e rapidamente aquela fase passou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nunca
havia feito contagem semanal. Desta vez quis fazer, e ainda compartilhei via rede
social! Totalmente desaconselhável, eu sei, para quem decide que o bebê virá em
seu próprio tempo e não num parto programado. Pois, passadas as 37 semanas,
chovem ligações e mensagens diárias perguntando: <i>“Ainda não nasceu?!”</i>, como se o bebê tivesse prazo de validade. Mas,
convenhamos, a esta altura da vida passo longe de ser uma pessoa facilmente
influenciável! Segui adiante com meu intento. Não me arrependo, foi maravilhoso
postar fotos semanais da barriga crescendo e permitir que amigos queridos – maioria distante fisicamente
– participassem de meu momento de
transformação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O mais
legal, no entanto, foi a parceria que se criou entre marido, filhos e eu, pois
nos voltamos inteiramente para o bebê a caminho, como se ele já fosse membro ativo da família! Lemos muitas
histórias para Felipe. A mais marcante foi a leitura de O Pequeno Príncipe,
livro que inicialmente não havia agradado o trio. Contudo, ao fazermos a leitura em família, a
história nos envolveu de tal modo que, ao escolhermos o tema para o chá de
fraldas, não hesitamos: O Pequeno Príncipe Felipe, lógico!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O chá
foi outro momento importante: fizemos tudo em família, bem caseiro, com nosso
toque em cada detalhe da decoração – simples e especial, cheio de simbologia. O
painel, que serviu de base para os personagens de O Pequeno Príncipe, foi um
quebra cabeças do sistema solar, montado pelo trio poucas horas antes do evento
entre amigas. Ou seja, nada foi um fardo, tudo foi diversão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
nos aventuramos num ensaio fotográfico em
família, que providenciou excelente recordação dos tempos grávidos.
Ensaio que não fiz nas outras gestações, pois sempre fui meio <i>do contra</i>, me negava a seguir as
modinhas e fazer o que todas as outras fazem. Desta vez me rendi, pois... vai que seja a
última gestação! Vou viver de saudades, e as fotos certamente ajudarão...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os
exercícios físicos, a música e a dança tiveram parte importante no processo
todo. Ouvi muita música clássica, por exemplo. E muita música que dificilmente
ouviria em outras ocasiões... Não, eu não cheguei ao extremo do funk, não perdi
a sanidade rsrs Mas aos 9 meses, quando estava prestes a entrar nas 39 semanas,
com a barriga enoooorme, gravei um vídeo dançando com meus caçulas, Gabriel e
Sofia. Foi o máximo! Concluí que gravidez combina, e muito, com energia,
disposição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Trabalhei
até as 40 semanas. Somente pedi a licença porque estávamos em plena semana do
Natal. Seis dias depois, nasceu meu garoto. Impossível almejar gestação mais
saudável do que foi esta, sem qualquer intercorrência, quase aos 40 anos.
Impossível imaginar que atingiria plenamente meu propósito de controlar a
ansiedade e viver cada dia, em total sintonia com o frutinho do amor que
crescia em meu ventre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Denomino
esta a Gestação da Maturidade. A mãe insegura de outros anos transformou-se em mulher
empoderada, incansável na busca por conhecimento, capaz de fazer escolhas
conscientes para seu próprio bem, do bebê e de todos a sua volta. Amadureci
mais do que em qualquer outro momento. Amadureci enquanto corria atrás daquilo
que queria – e muito precisei correr! –, enquanto decidia ser feliz, ser forte,
ser saudável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Escolhi
ser PROTAGONISTA do início ao fim de minha gravidez. E tudo se cumpriu
exatamente de acordo com minha escolha. Se foi a última, foi vivida com excelência. Se não foi, a próxima será melhor ainda!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Suzy
Rhoden<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-16413132553149486052016-01-18T01:15:00.000-02:002016-01-18T01:15:08.126-02:00O Bebê do Natal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9zFkmIwD_0lL_ToVzN5KQYdkzKwX8oqJSnnj2NnIDXjjaAqrur6QGDbylJ_D3ysXA5Ja9veHGDhktLTV4azQxDbfSSHB9f0DdfVwKS648CUeV5BYl5GJv5fHl-nTSmsSQFGJ9yU7clbaZ/s1600/12239603_10208312614797792_490180998350401660_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9zFkmIwD_0lL_ToVzN5KQYdkzKwX8oqJSnnj2NnIDXjjaAqrur6QGDbylJ_D3ysXA5Ja9veHGDhktLTV4azQxDbfSSHB9f0DdfVwKS648CUeV5BYl5GJv5fHl-nTSmsSQFGJ9yU7clbaZ/s400/12239603_10208312614797792_490180998350401660_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quem
tem filhos pequenos em casa sabe o quanto a chegada de dezembro é comemorada.
Da montagem dos pinheirinhos a troca de presentes na noite de Natal, tudo é
festa, tudo é espera, tudo é expectativa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Foi
assim para nossa família no ano que passou. Com um pequeno diferencial: nosso
dezembro começou em abril, no dia 20. Naquela
segunda-feira, nos foi anunciado, com quase 9 meses de antecedência, o melhor
presente de Natal de todos os tempos, e passamos a viver para recebê-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
anúncio veio em sonho: “<i>Você está grávida</i>”.
Assim mesmo, sem rodeios. Sem que eu fosse preparada para o que iria ouvir –
não havia tal necessidade. No sonho, me foi concedido o privilégio de ver a mim
mesma e acompanhar as expressões em meu rosto, conforme entendia as mudanças
que viveria a partir de então.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
primeira reação foi de surpresa: boca aberta em O e olhos arregalados, tentando
assimilar a novidade. Estava a caminho meu quarto filho, e isso era incrível!
De imediato, veio a mente minha idade atual – mais pra lá do que pra cá rsrsrs
– e meu trabalho. Seria um bom momento para engravidar?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nada
falei, mas aquele que me trazia a boa nova leu meus pensamentos e respondeu: “<i>Este é o tempo e está tudo preparado</i>”.
Tais palavras preencheram minha alma, pois entendi que estava sendo abençoada
com o presente mais valioso que se poderia dar a alguém, e quem o dava a mim
era o próprio Pai Celestial! Vi meu rosto transformar-se de surpreso em
exultante, transbordando felicidade e gratidão. Aceitei meu bebê 4 de todo coração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
no sonho, fiz as contas e concluí que o bebê nasceria em dezembro, próximo ao
Natal. Também observei que permaneceria em licença maternidade até metade do
ano seguinte, e que seria maravilhoso passar esse período em tempo integral com
minhas crianças, incluindo as férias escolares do trio. De fato, era o momento
certo e tudo estava preparado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Acordei
grávida. Não precisava de qualquer exame, sabia. Sentia. No final daquela
semana, começaram os enjoos. Na segunda-feira seguinte, uma semana depois do
sonho, providenciamos o teste de farmácia – apenas para confirmação. Lá estava
nosso presente de Natal, reafirmado em dois risquinhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Reunimos
o trio para contar a novidade. A reação foi semelhante a de torcida organizada em final de campeonato,
face a certeza de seu time campeão. Pulavam, vibravam e comemoravam a vinda de
mais um irmão. Para Sofia, era a oportunidade de passar o bastão de caçula e
tornar-se irmã mais velha, posto que sempre almejou. Para Gabriel, chegava o
terceiro dos dez irmãos que tanto nos pediu (rsrsrs). Para Arthur, estava a caminho a possibilidade de dedicar a
alguém totalmente dependente o amor que lhe sobrava no coração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não
houve para nós qualquer desconforto em relação a vinda de mais um bebê. Curiosamente,
as pessoas a nossa volta é que se sentiam desconfortáveis por nós! Taxados de
corajosos por uns, de loucos por outros, levamos todos os palpites numa boa,
com o melhor dos humores. Especializei-me, por exemplo, em responder a
pergunta: “<i>É o último, né?”</i> com a
afirmação: “<i>Sim, é o último. Deste ano.
Para ano que vem, ainda vamos deliberar</i>” rsrs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
problema não é o palpite NÃO solicitado das pessoas, mas a projeção de seus
valores pessoais sobre os nossos. Maioria demonstra preocupação com patrimônio
e esse seria SEU motivo para trazer poucos filhos ao mundo. Contudo, não é
motivo plausível para nós, que encontramos alegria genuína no meio desta
filharada e, modéstia a parte, nos esforçamos para criá-los com amor e em retidão. Acúmulo de bens
materiais jamais seria motivo para limitarmos o número de filhos que teremos,
pois praticamos o desapego e vivemos bem com pouco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O susto
alheio já não nos incomoda. Provavelmente, até a chegada do bebê 10, as pessoas
assimilem que amamos cheirinho de neném em casa, damos conta de acordar várias vezes na
madrugada e, para nossos dias futuros, ao invés de contar imóveis, sonhamos
contar netos e bisnetos em volta da mesa, nos almoços de família. Eis o que
consideramos tesouro e onde está nosso coração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assim,
o anúncio de um neném a caminho foi
motivo de festa e encantamento para
todos nós. Sabíamos que seria uma gestação especial, acompanhada desde o
princípio por simbologias: nosso bebê do Natal nos foi anunciado, ele nos
visitou diversas vezes em sonhos. Além disso, a data provável de sua chegada
coincidia exatamente com a Noite Santa, quando o mundo celebrava o nascimento
do Salvador Jesus Cristo. Que alegria, que honra para nós! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De
fato, os primeiros sinais de nascimento de nosso filho vieram no dia 24/12/2015
e se estenderam ao longo da noite de Natal, motivo pelo qual acrescentamos o
nome Emanuel, que significa Deus Conosco, ao primeiro nome, Felipe, escolhido
em consenso pelo trio de irmãos. Sem qualquer dúvida, um dos pontos mais
marcantes do nascimento de Felipe
Emanuel foi a sensação de meu Pai Celestial comigo todo o tempo, me
fortalecendo para que trouxesse lindamente meu filho ao mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
27/12/2015, chegou o tão amado bebê do Natal. O menininho anunciado. O presente
embrulhado em laços infinitos de amor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzXSXxNYFSjLj1fciNDWlPTZo8E3Ue6Czp6U0Y1huouj3DITH_uWkRAhbCnDfw0-sqc5FlTB3K7DE_T6bAnelmrpOT29Xkw4fMbHjz6ejzktw0482fOBjMOM_vK_lS2420mL-4O6PoapJC/s1600/1930324_10208740160086157_3666866929703407958_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzXSXxNYFSjLj1fciNDWlPTZo8E3Ue6Czp6U0Y1huouj3DITH_uWkRAhbCnDfw0-sqc5FlTB3K7DE_T6bAnelmrpOT29Xkw4fMbHjz6ejzktw0482fOBjMOM_vK_lS2420mL-4O6PoapJC/s400/1930324_10208740160086157_3666866929703407958_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
Suzy Rhoden</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Obs.: Este é o primeiro de uma série de textos que serão publicados nos próximos dias, apresentando meu RELATO DE PARTO e o quanto foi singular esta quarta gestação. O bebê do Natal enriqueceu meus dias de muitas maneiras, desejo compartilhar com meus leitores a experiência. Até a presente data o blog esteve inativo justamente para que eu pudesse viver intensamente minha história. Chegou a hora de contá-la! Coincidentemente, a data entre a última postagem (18 de abril de 2015) e esta (18 de janeiro de 2016) corresponde a 9 meses. Vivi também meu período de gestação literária e é uma alegria imensa retornar a algo que amo fazer: escrever e compartilhar meus escritos! Sejam todos os leitores muito bem vindos! </div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-65827194087359048072015-04-18T11:38:00.000-03:002015-04-18T16:24:27.533-03:00Menino Inventadeiro<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://periodistas-es.com/wp-content/uploads/2014/02/Xulio-Formoso_Julio-Verne.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://periodistas-es.com/wp-content/uploads/2014/02/Xulio-Formoso_Julio-Verne.jpg" height="261" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Xulio Formoso - Julio Verne<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> </span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Recentemente,
conheci a biografia de escritora que se define inventadeira desde a
infância. Chama-se Anna Claudia Ramos, e afirma ter, ao longo da vida, “<i>construído
casas por dentro, na alma e nos sonhos”</i>. Foi inevitável o pensamento: acho que conheço
alguém exatamente assim...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
sei se algum dia será escritor, ou se
tomará outros rumos na vida, mas tenho hoje um menino inventadeiro em casa. Na
verdade, tenho desde aquela manhã de abril, em 2007, quando olhos grandes como
bolitas ultrapassaram as fronteiras de meu útero materno e chegaram curiosos,
investigando o mundo. Olhos vivazes sempre o distinguiram, a personalidade
inventadeira o define. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Claro
que ele chegou, chegando. Desde o berço mostrou-se arteiro, carregando a autonomia daqueles que inventam e testam sem
medo, para então descobrir se o resultado é positivo ou negativo. Por sorte,
nada ainda explodiu nesta casa... Mas uma estante já desabou, e somente pela
providência divina a bebê da casa, de 9 meses, saiu ilesa debaixo das ruínas de
madeiras. Ele tinha apenas 3 aninhos... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Certa
vez, fui informada pelo filho mais velho de que a bola ficara presa no telhado
enquanto brincavam. Ao deslocar-me em seu auxílio, encontrei o inventador
retornando com a bola nos braços. Havia dado seu jeito. Considerando a altura
da casa, achei melhor poupar meu coração dos detalhes sobre como ele chegou até
a bola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As
invenções são diversas, de todos os tipos. Mas é nítido o gosto pela utilização
de sucatas; pelo descartável que ele reutiliza; pelo dado sem valor, ao qual
ele agrega utilidade. E mais: tão logo tenha sido criado, o invento é
compartilhado: o moço apresentou-me, há pouco tempo, um livro de registros que
vem mantendo, intitulado <i>Brinquedos
Feitos por Mão</i>. Ao folheá-lo, deparei-me com instruções claras e
extremamente didáticas ensinando como construir cada brinquedo. Abaixo do texto
instrutivo, está presente a ilustração de cada brinquedo, feitas também por meu
inventador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem
sabemos que as crianças inventadeiras raramente são compreendidas. A vida
escolar desse garotinho é complicada, por vezes lhe é imposto um padrão ao qual
ele foge completamente. Aparentemente distraído, explorando as <i>casas</i> <i>que constrói por dentro</i>, parece alienado deste mundo e desta
sociedade. Mas será isso mesmo? Ou estará construindo um mundo bem melhor do
que este, onde as crianças são respeitadas e valorizadas em sua individualidade?
Onde a formação intelectual do ser humano não é a única a ser considerada?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Meu
pequeno inventador me faz acreditar que algum dia os adultos abandonarão essa ideia
de tentar ensinar as crianças a todo custo e aceitarão aprender com elas.
Porque não são todas iguais. Não aprendem da mesma maneira. Possuem talentos
natos e habilidades específicas que precisam ser valorizadas. Devem ser ouvidas
e estimuladas para que cresçam, ao invés de podadas e lapidadas para que se condicionem
a nós e nossas teorias arcaicas de aprendizagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Exatamente
quando expunha estas ideias, apareceu-me aqui o inventador, carregando algo na
cintura, que adivinhei ser uma espada caseira. Muito prática, por sinal. Feita
com sucata, do jeito que ele gosta. Perguntei: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Você gosta desses brinquedos artesanais, filho?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Claro! – foi a resposta – Assim posso economizar e ainda ter sempre brinquedos
para brincar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
saiu, desembainhando a espada e travando duelos com amigos imaginários,
construindo mundos por dentro, na alma e nos sonhos. Satisfeito com seu
brinquedo reciclado, feito de centavos, sem qualquer necessidade dos
eletrônicos alardeados na TV. Sabia, e não precisava que ninguém lhe dissesse,
que era o brinquedo mais caro de todos: único no mundo, feito pelas mãos de um
brilhante menino inventadeiro! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy Rhoden<o:p></o:p></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-12895702299263082912015-03-29T16:10:00.000-03:002015-03-29T16:18:25.171-03:00Um Final para Rodrigo e Carolina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0mVIXpw69OZ__d-EYmi9qEkysB_Ktb1W_6Ocw81-vwsKy6xPZpIPznfOJJoYdPvNSLDLq8IRla2FVMSz7xbDycX0NH-pjs46DikOETR5r2nVENHWKkw4UPddF7f1Z2qOy2lqfStwlkbpi/s1600/escritora+2.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0mVIXpw69OZ__d-EYmi9qEkysB_Ktb1W_6Ocw81-vwsKy6xPZpIPznfOJJoYdPvNSLDLq8IRla2FVMSz7xbDycX0NH-pjs46DikOETR5r2nVENHWKkw4UPddF7f1Z2qOy2lqfStwlkbpi/s1600/escritora+2.gif" height="280" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tomou coragem, finalmente, para rabiscar o final
daquela história, há muitos anos iniciada. Escreveu assim:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">“Carolina, após uma década de teimosia, aceitou
o fato de que amava Rodrigo. Se não fosse amor, teria conseguido esquecê-lo. Pegou,
portanto, o telefone e ligou, agendando
um encontro entre os dois, em local romântico. No dia marcado, declarou seu
amor tardio, suplicando para que fosse perdoada. Rodrigo, eterno apaixonado,
viu chegar o dia tão pacientemente aguardado. Sorriu para Carolina e recebeu-a
em sua vida, como se dez anos atrás fosse ontem e não houvesse existido entre
ambos nada além de um <i>até amanhã. </i>Fim.” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um belo final feliz, mas nada convincente. Qual
rapaz estaria esperando sentado, por dez anos, pelo amor de sua vida?! E,
ainda, perdoaria a confusão prolongada da moça, que não sabia se casava ou
comprava uma bicicleta? Nem nos contos de fadas se acharia um príncipe tão
lento assim! O rascunho foi descartado.
Surgiu para o romance um novo fim:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">“Carolina, após uma década de teimosia, aceitou
o fato de que amava Rodrigo. Se não fosse amor, teria conseguido esquecê-lo.
Procurou na agenda o telefone do rapaz e ligou: número inexistente. Lógico, em
dez anos, troca-se dez vezes de telefone! Não teve outro jeito senão recorrer ao
Facebook e enviar mensagem inbox. Tentou, mas não conseguiu. Estava bloqueada!
Esmiuçou o perfil de amigos que tiveram em comum, em busca de informações relevantes. Constatou que o moço fora eficiente na intenção de não deixar
rastros! Mas como quem procura acha, achou: aniversário da filha de um colega
de faculdade de Rodrigo, do qual veio a se tornar compadre. Lá estavam posando
para a foto, atrás do bolo, Rodrigo, uma bela mulher a qual ele abraçava, e três crianças,
além da aniversariante! Família de
comercial de margarina, coisa linda de se ver. Após constatar que pelo menos
aqueles dez anos foram produtivos para alguém, Carolina entendeu que, fosse
amor ou não, só lhe cabia esquecer."<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um final realista, no qual Rodrigo levou
vantagem. Péssimo para Carolina. Quem mandou levar dez anos para reconhecer o
amor?! Atrasada! Perdeu o amor de sua vida, e não havia o que pudesse fazer.
Bem, há quem não veja problema em destruir uma família constituída, em nome do
que chama de amor. Mas, convenhamos, existe algo mais egoísta?! Carolina era
teimosa e imatura, mas tinha bom
caráter. Não ressurgiria do passado para interferir em algo tão sagrado, o
matrimônio. Tinha que aceitar a conseqüência natural de sua indecisão há dez
anos: a fila andou!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas, calma, Rodrigo tinha mesmo que estar
casado? A história era sua, poderia manipulá-la... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quer saber? Engavetou novamente os manuscritos.
Existem romances aos quais não pertence nenhum final. O que os mantém vivos é
justamente a condição de eternamente inacabados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Suzy Rhoden<o:p></o:p></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-44890568324678947932015-01-30T15:57:00.001-02:002015-01-30T15:57:55.933-02:00Verão X Inverno<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ymCmOr0wV6IcCInHuPXaSptN6NAdXdTBXsWUwSLsnihht04ReKfT6hQCpzv2s4MHqzJfeJv-OULe0tO6nvMxrzFOl7cjAm3AdpB5CvRDiJTD4lxyPKuJbKU2mCnNrG5kAXhY7xlGPiwq/s1600/verao-x-inverno+-+imagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ymCmOr0wV6IcCInHuPXaSptN6NAdXdTBXsWUwSLsnihht04ReKfT6hQCpzv2s4MHqzJfeJv-OULe0tO6nvMxrzFOl7cjAm3AdpB5CvRDiJTD4lxyPKuJbKU2mCnNrG5kAXhY7xlGPiwq/s1600/verao-x-inverno+-+imagem.jpg" height="301" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem do Google</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Da mesma forma que, tão logo
saímos das fraldas, somos obrigados a decidir para a vida toda se somos
gremistas ou colorados, aqui no Rio Grande do Sul temos de nos posicionar
quanto à preferência: verão ou inverno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na infância, não tenho dúvidas,
o verão é tudo na vida de uma pessoa. Quem, aos cinco anos, está preocupado se
o mar é marrom chocolatão ou se é verde azulado transparente, e fica lindo nas fotos? Por sinal, nessa idade
tudo que não se quer é gastar minutos preciosos fazendo pose pra foto ficar
bonita no instagram. A vida é pra ser vivida, não precisa ser registrada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas... A gente vai crescendo e ouvindo aquelas histórias de que nada se
compara a elegância europeia. Para quem tem Gramado e Canela bem ao lado, é
praticamente um insulto não amar o inverno acima de todas as estações. De fato,
nossa Serra supera infinitamente, na beleza da paisagem, o nosso litoral... É o
que os cartões postais dizem por aí, mas bem sabemos que conceito de beleza é
coisa relativa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fato é que, em algum momento da
vida, nos bandeamos para o lado do inverno, ostentamos elegância em poses
românticas, sonhando com uma neve que raramente aparece por aqui. Charmosas,
com toda certeza. Bem vestidas. Pelo menos é o que dizem as fotos, pois nessa
época vivemos essencialmente para os registros, pouco importando se a parte não
registrada de nosso dia é passada apaticamente, devido ao frio, debaixo do
edredom.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Finalmente, estamos aptas a
decidir, com conhecimento de causa, se nos identificamos com verão ou com
inverno. Não adianta citar outono ou primavera, seria o mesmo que incluir um
terceiro time no meio de um grenal: tudo bem, você <i>também</i> simpatiza com Juventude, mas você é Grêmio ou Inter? Não há
posição neutra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Portanto, ser gaúcho é ser
radical, de um extremo a outro. Para cá ou para lá, Maragato ou Chimango. Tampouco fugi eu a tradição local: nasci sob a
ditadura gremista, mas tão logo me vi gente, proclamei-me colorada. Revolucionária
desde a tenra idade... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Perambulei, também, entre
inverno e verão. Pequena e criada distante do litoral, amava os banhos de sanga,
possíveis apenas no verão. Até fiz tentativa inversa, aos 4 anos, ao entrar no
riacho perto de casa, acompanhada da prima Sandra, usando calças de lã... Não
funcionou muito bem, parece que nossas mães não gostaram da invenção. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Crescida, encafifei com os
charmosos cachecois, jurava amar o inverno de paixão. Ostentava não ver a hora
de puxar a coleção de casacos, sob os quais passaria os dias tremendo e proclamando: que
delícia de estação, adoro acordar cedo e ir à aula, sou pura disposição! E passar os dias com os pés congelados, então,
que incrível sensação! Mas nada se compara a sentir o vento minuano assoviando
nos meus ouvidos, com aquele bafo congelante bem na minha cara – é um prazer
inenarrável! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não sei por quanto tempo enganei a mim mesma com argumentos tão convincentes. Hoje em nada me interessa a gélida elegância,
quero mais é sol e mar, aproveitados com moderação. Tomei partido, sou luz
solar, sou areia sob os pés, sou verão. Sou limonada, água de coco, banho de
cachoeira. Sou energia que nunca acaba, de dias que começam cedo e terminam
tarde. Sou maresia, calor humano, empolgação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sou e pronto. E cada um que
seja conforme sente, pensa, acredita, e não por mera ostentação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy Rhoden<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-70051794034393058862015-01-15T11:56:00.000-02:002015-01-15T16:22:18.474-02:00A Casa da Esquina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://cdns2.freepik.com/fotos-gratis/casa-em-ruinas-b-&-w_2356947.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://cdns2.freepik.com/fotos-gratis/casa-em-ruinas-b-&-w_2356947.jpg" height="297" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Passei grande parte de minha
infância em típica comunidade interiorana,
cuja vida no povoado se resumia a praça
central, cercada pela igreja, salão paroquial, escola e quadra de esportes. Pais
e filhos mantinham encontro diário no local, em função da rotina escolar. Nos
finais de semana, não era diferente, alterando-se apenas a motivação: eventos religiosos ou esportivos congregavam
a população naquela mesma quadra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cresci explorando aquele espaço
como se fosse o quintal de minha casa. Conhecia cada palmo daquele chão,
podendo descrevê-lo em detalhes mesmo após 20 anos de distância... Não havia
mistério, nada ali era novidade. A não ser a assustadora e impenetrável Casa da
Esquina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Construída há mais de um
século, na esquina que dava acesso a quadra onde tudo acontecia, a Casa ficava
exatamente ao lado da igreja, tendo a frente voltada para a praça e a lateral
para a escola. Impossível chegar ao vilarejo sem dar de cara com o imponente prédio de outrora, então em ruínas. Impossível,
da mesma forma, não ter o olhar assustadoramente atraído para escombros que
convidavam à exploração... E repeliam, na mesma proporção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rezava a lenda que a Casa fora
construída por família tradicional, pioneira no vilarejo. Tão magnífica era a
construção, que a vila se desenvolveu ao redor dela, como numa silenciosa
reverência a sua suntuosidade. Residiram felizes três gerações ali, até o
falecimento do patriarca familiar e sua esposa, restando o imóvel como objeto
de desejo dos herdeiros. Nunca houve acordo entre eles. A Casa nunca foi
vendida. Nunca mais foi habitada – ao menos por seres de carne e ossos, segundo
se sabe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu tinha dez anos de idade e um
fascínio sobrenatural pela Casa. Todos tínhamos. Todos fazíamos planos
mirabolantes de incursão na residência, mas poucos tinham de fato coragem para
executá-lo. Ouvia-se que aqueles que adentravam a Casa saíam de lá pálidos e
monossílabos, negando-se a relatar o que viram com os próprios olhos. Falava-se
em um caixão no mezanino. Vestes negras que, apesar do tempo inclemente, não
eram corroídas, como se alguém aparecesse para trajá-las todas as noites de lua
cheia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Claro que os meninos de minha
sala já tinham entrado na Casa. Não viram caixão nem nada porque, após dois
passos pela sala, recuaram correndo. Gabavam-se, ainda assim, de sua ousadia.
Decretamos que nós, meninas, não daríamos a eles o título de valentia da 5ª
Série (atual 5º Ano) tão fácil: iríamos pelo menos até a sala de jantar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Escolhemos uma bela manhã de
domingo, depois da missa. Queríamos plateia em grande estilo, devidamente
vestida para a ocasião. O ideal mesmo seria à noite, mas que pai ou mãe
liberaria a filha de 10 anos para visita noturna aos fantasmas?! Não fez
diferença alguma, lá dentro há tempos as sombras haviam se instalado e a luz solar
era expulsa sem cerimônia. A escuridão nos recebeu tão logo colocamos o pé para dentro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lembro do assoalho rangendo a
cada passo, e das paredes imensas, descascadas, projetando sobre nós pedaços
esfarelados de cimento, enquanto andávamos. O teto, ameaçador, emitia mensagens
iminentes de desabamento, como se isso fosse suficiente
para nos expulsar. Avançamos corajosamente, adentramos os cômodos, assustando
os morcegos ali residentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Embora há muito não habitada,
deixada para que ruísse, a Casa não abdicava de sua imponência. Ostentava ares
de império, quase como se dissesse que, apesar da decadência, monopolizava
todos os olhares e era, sim, alvo de cobiça. Os cômodos eram amplos,
arrogantes, davam idéia de tudo que se viveu lá dentro em outra época, e a
sensação era de que, se não andássemos com cuidado, de repente tropeçaríamos
nos pés de seus nobres proprietários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Finalmente, a visão tão
esperada do mezanino, e a decisão silenciosa acerca de subir os degraus da
mansão em ruínas, para ter acesso aos quartos e a sacada frontal. Sermos vistas
na sacada seria a glória – inventaríamos a <i>selfie</i>
há 20 anos atrás, certeza! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Avançamos pelos degraus, um
tanto relutantes, sem saber ao certo o que encontraríamos... O caixão? As
vestes negras? A escuridão e as teias de aranha, dispostas por toda parte, não
nos deixavam ter visão clara do que havia em frente. Mas o som, vindo na forma
de estalos regulares da parte superior da casa, tão logo começamos a escalada,
foi algo inegável. Ouvimos e congelamos. Insistimos, e então veio a risada,
algo entre o irônico e o macabro. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não houve assentimento
silencioso dessa vez, a debandada foi aos gritos, rumo à porta de entrada. Uma
lástima, pois eu já alcançava o último degrau naquele instante, liderando a
trupe de meninas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Chegamos esbaforidas ao lado de
fora, minha roupa de domingo coberta de teias. Em minutos, os meninos nos
cercavam, rindo e apresentando as pedras com as quais produziram ruídos no telhado e no andar superior da Casa.
De um deles, veio a gargalhada, nem tão irônica, nem tão macabra quanto nos
pareceu lá dentro da casa. Só não perdemos de vez a credibilidade na turma
porque, afinal, andamos bem mais do que dois passos lá dentro... Assim, o caso
foi abafado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por que não organizamos nova
incursão, já que os meninos assumiram a autoria dos sons reproduzidos? Porque
ninguém, em momento algum, me explicou como se materializou, em vestes
totalmente pretas, o ser que vi no mezanino da Casa. Só por isso. Mas quando souber de
qual colega foi a graça, prometo que volto lá. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Suzy Rhoden<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Obs.: A imagem reproduzida é meramente ilustrativa e não corresponde à verdadeira Casa da Esquina de minha infância. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-79988851264598711952014-11-04T23:43:00.000-02:002014-11-04T23:56:26.488-02:00Topo da Lista dos Desejos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://images.clipartlogo.com/files/ss/original/332/33277408/vector-character-illustration.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://images.clipartlogo.com/files/ss/original/332/33277408/vector-character-illustration.jpg" height="400" width="316" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Aproximava-se
o Dia das Crianças e, como de praxe, fomos à Feira do Livro de Gravataí
procurar os presentes solicitados pelos pequenos. Sério, eles pedem livros,
isso nem é mais novidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Novidade
foi ouvir do marido um pedido em tom de súplica:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
Quero presente no Dia das Crianças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Tudo
bem, pensei eu. Teve infância difícil, pai ausente, irmãos menores praticamente
por criar. Tudo isso no interior, onde os brinquedos dificilmente chegavam. Vai
pedir carrinho movido por controle remoto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
Não, não quero carrinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Ai,
lá vem ele de novo com a história do arco e flecha! Extravagância a essa altura
da vida também não, com três pequenos para criar, vestir, alimentar, educar...
Não vai ficar gastando dinheiro em arco profissional, quando já passou longe a
idade de competir nas olimpíadas.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
Nem lembrava mais do arco! Não é isso, não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Comecei
a ficar curiosa. Marido não tem o hábito de ficar pedindo coisas, quando quer
vai lá e compra. Não viria pedir justo a mim material de pesca, sabendo que o
respeito em seu passatempo preferido, mas que morro de dó dos peixinhos e
jamais providenciaria, para agradá-lo, tal tipo de presente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
De fato, jamais pediria material de pesca a ti, não te preocupa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
Mas então fala de uma vez, criatura! Se continuar enrolando desse jeito, vai acabar
ganhando livro como as crianças – disse eu sarcasticamente, conhecendo o marido
avesso a leituras que tenho em casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
É isso mesmo que quero, um livro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">-
UM LIVROOOO?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Justiça
seja feita, marido sempre foi leitor de gibi, revista, jornal. Mas corria
léguas de um clássico. Trocava as histórias escritas pelas contadas através de filmes e séries, das quais
entende como ninguém. Dizia não ter paciência para acompanhar lentamente um
livro, quando o filme mostra tudo em detalhes em poucas horas. Mas pescador
convicto falando em falta de paciência merece algum crédito? Pois é...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Fato
é que algo mudou drasticamente, a ponto de colocar um livro no topo da lista
dos desejos do marido. O calor do dia estaria afetando seu raciocínio? Ou seria
algum tipo de penitência? Olhei em volta, em busca de respostas, talvez alguma
capa...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">E
o que vi foi um trio encantado, abrindo livros e devorando histórias. O
entusiasmo de nossas crianças com a literatura transbordava, contagiava! Bastava
observá-los para querer entrar no mundo deles e sair desvendando mistérios,
revelando segredos. Como poderiam subir no tapete mágico e partir sem nós?!
Iríamos juntos naquela aventura, em família, estava decidido! Nossos filhos
eram a resposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Marido
e as crianças receberam os presentes solicitados. Também recebi os meus, não no
Dia das Crianças, mas no aniversário, pouco depois. Livros como presente, para
todos, em todas as datas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Assim,
nossa casa tem ficado pequena para tantos livros. E nossa história familiar vem
sendo preenchida por muitas histórias... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Suzy Rhoden<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A
propósito, Uma História de Muitas Histórias é exatamente o tema da 60ª Feira do
Livro de Porto Alegre, que acontece de 31/10 a 16/11/2014. Evento perfeito para
maridos não convertidos à literatura, desde que acompanhados por esposa e
filhos leitores... Palavra de quem viveu pessoalmente o milagre! Rsrsrs<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.rodrigotrespach.com/wp-content/uploads/2014/06/60-anos-de-Feira-do-Livro-de-PoA-300x300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.rodrigotrespach.com/wp-content/uploads/2014/06/60-anos-de-Feira-do-Livro-de-PoA-300x300.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-54874431469049463652014-10-27T22:36:00.000-02:002014-10-27T22:36:33.775-02:00Progressão Escolar: sim, não, ou talvez?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/_OJrkW2Hf58c/TQEb6FH6RKI/AAAAAAAAA0c/b6l_y2HTEFg/s1600/progressao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_OJrkW2Hf58c/TQEb6FH6RKI/AAAAAAAAA0c/b6l_y2HTEFg/s1600/progressao.jpg" height="243" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O assunto tem sido foco de estudos diversos no mundo acadêmico, por isso deixo aos profissionais competentes a discussão acerca dos aspectos científicos da chamada progressão escolar. Apresento neste texto a visão pura e simples de mãe de aluno que progrediu. Pura e simples? Definitivamente não foi bem assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim. Meu filho avançou da pré escola para o 2º ano, saltando o 1º ano escolar. A decisão foi tomada num consenso entre família e orientação escolar. Claro que foi um passo no escuro, já que não sabíamos que efeitos a progressão teria sobre Gabriel. Seguimos em frente, bem fundamentados, aguardando ansiosamente pelos resultados do avanço inesperado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ideia de progressão surgiu ao longo do excelente ano pré escolar de Gabriel. Vimos um salto para melhor em seu comportamento, visto que até então era criança agitada e impulsiva. Naquele ano, encontrou a si mesmo e desenvolveu profundo laço de amor e respeito por sua professora – até hoje relembra saudoso o fato de ela nunca ter chamado sua atenção diante dos colegas. A professora Rosi tornou-se a doce referência do início escolar de meu menino. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi ao longo da pré escola, aos cinco anos, que Gabriel descobriu que se juntasse letrinhas teria palavras: aprendeu a ler. Não havia sido iniciado o processo de alfabetização, reservado ao 1º ano, mas Gabriel já lia e queria novos desafios. Seria o mais adequado aprisioná-lo num mundo que já dominava, limitando sua excursão por novas aprendizagens? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não. O aspecto cognitivo não foi base única para a progressão, e sim um conjunto de habilidades já desenvolvidas precocemente por Gabriel. A alfabetização foi apenas um aspecto, dentre vários cuidadosamente analisados. O entendimento foi de que, não havendo discrepância muito grande na idade de meu garoto e seus novos colegas, ele estava emocionalmente preparado para o avanço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Passei os dois primeiros trimestres deste ano com o coração pulsando mais forte, temendo ter banido da vida de meu filho etapa fundamental para seu sucesso escolar e pessoal. O acompanhamento com a professora da turma e orientação escolar foi essencial. Vivi intensamente a fase do 'talvez': talvez tenha sido feito o melhor. Talvez não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Recentemente, obtive o retorno que aguardava e junto com ele a plena certeza: a progressão não foi um atalho forçado, imposto a Gabriel, mas o passaporte que ele precisava para crescer de múltiplas maneiras. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A regra não vale para todos os alunos indistintamente, porém. Nossas crianças são únicas em sua potencialidade, em habilidades e limitações. O que serve para um, não serve para todos os outros. A progressão serve apenas para crianças preparadas para tal avanço, crianças que de alguma forma viveram o processo precocemente, para as quais serem retidas a uma turma a qual sua mente não mais pertence seria uma tortura. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É óbvio que a ausência de um ano inteiro na vida escolar de uma criança deixa suas lacunas. Gabriel, por exemplo, ainda apresenta certa desorganização com seu material, aparenta distração durante explicação da professora, o que nos deixou temerosos num primeiro momento. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, restou comprovado que seu raciocínio lógico não apenas acompanha a turma, como muitas vezes a ultrapassa. E mais: descobrimos que ele tem a incrível capacidade de aprender sem o foco visual, portanto rabisca no caderno ou brinca com algum objeto durante explanações da professora. Taxamos a atitude de imatura, logicamente. Até recebermos o retorno surpreendente até mesmo para a professora: ele assimila, entende e reproduz a explicação dada! Portanto, o que inicialmente chamamos de imaturidade pode ser, ao invés disso, memória auditiva em ação: para que ficar parado como uma estátua, com os olhos fixos na professora, se pode brincar com os dedos, vagar o olhar, e aprender ao mesmo tempo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A experiência com meu filho me deu nova perspectiva. Falamos tanto no respeito às diferenças, mas cobramos do aluno a tradicional postura de soldadinho, pronto para levantar e marchar ao nosso comando. Nossa geração talvez funcionasse melhor assim, mas quem disse que a galerinha da era digital não dá conta de fazer várias coisas ao mesmo tempo? Estarão mesmo alienados do mundo enquanto mergulham no celular? Ou teclam com os dedos, mas captam tudo ao seu redor com a mente aguçada para o aprendizado? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não venho desenvolvendo estudos na área, não tenho respostas definitivas. Sou apenas uma mãe que se viu, de repente, vivendo a experiência descrita - uma experiência incrivelmente positiva! Tenho hoje um leitor convicto de sete anos, que me pede livros de presente no aniversário e no dia das crianças. Atualmente, está lendo a série Harry Potter. Não vejo nele um prodígio, mas um garotinho cheio de potencial, como tantos por aí, que precisam que sua potencialidade seja valorizada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto ao ano escolar perdido... Será que realmente perdeu? Isso é muito relativo! Seria mais preocupante, em meu entendimento, ver um menino que lê Harry Potter aprendendo, com os colegas de mesma idade, a ler e escrever o próprio nome. Seriam desastrosas as consequências de um menino desmotivado em sala, tenho absoluta certeza. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, posiciono-me favorável à progressão escolar, quando essa se impõe como uma necessidade da criança. Jamais deverá ser utilizada por vaidade, porém, para satisfazer interesses dos responsáveis: é a própria criança quem deve dizer, através de comportamentos e atitudes, que precisa de novos desafios e terá condições de superá-los. Talvez funcione bem. Talvez não. Nesse assunto, as certezas somente chegam a longo prazo, sinto muito. </div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span> Suzy Rhoden</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-24466569117484476122014-07-17T23:55:00.000-03:002014-07-18T00:07:06.373-03:00Dor Convertida em Amor<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFSM-fKcBd9s-A3x-oYLDhyphenhyphenWd5Wk2sbSHaiZfC1Et-gj1mKGfMDAAcWjfILNa0guoBSc5VMU30v6qiPeg0EywbGWyZiHoxWrwN4F4cLq0utjzdvXJOpAJVYn6bpeLSVB2qkpMr2AhXZWs/s1600/M%C3%A3eMarci+Oleszkiewicz+art.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFSM-fKcBd9s-A3x-oYLDhyphenhyphenWd5Wk2sbSHaiZfC1Et-gj1mKGfMDAAcWjfILNa0guoBSc5VMU30v6qiPeg0EywbGWyZiHoxWrwN4F4cLq0utjzdvXJOpAJVYn6bpeLSVB2qkpMr2AhXZWs/s1600/M%C3%A3eMarci+Oleszkiewicz+art.jpg" height="400" width="266" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arte: Marci Oleszkiewicz</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O que dizer a uma mãe que
teve de sua princesa arrancada a virtude, maculada a pureza sublime da
infância? Alguma palavra, qualquer que fosse, teria sentido?<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não tive a intenção de
reabrir a ferida, jamais cicatrizada, porém disfarçada pelo passar dos dias e
escondida da própria filha, a vítima imediata da monstruosidade. Mas precisei
tocar no assunto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Chorava sozinha, nas noites
sombrias, aquela mãe. Pela manhã, engolia a dor e sorria esperança. Sorria para
o futuro que, lutava para acreditar, a filha ainda teria. Mas ela própria se
encontrava destruída, não mais vivia: sofria.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não quis machucá-la outra
vez, acordando-a para um pesadelo que fingia esquecer. Onde a realidade era o
medo. A revolta. A impotência. A culpa que jamais teve, mas que atribuiu
a si mesma por não ser onipresente e não estar lá, na hora fatal.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Precisei fazer sangrar
feridas, contudo, que jorraram na forma de lágrimas de olhos entristecidos.
Para que o monstro fosse identificado, apreendido, julgado, condenado pela
justiça dos homens e lançado no próprio inferno que ergueu para si, quando
escolheu violar a dignidade suprema de uma criança.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ela, a menina, sofreu a dor
na pele. A mãe sofreu a dor da filha na alma. Queria não ter mais de viver,
para não enxergar todos os dias sua criança mutilada. Mas precisava, mesmo com
a alegria amputada de sua existência, encarar cada novo amanhecer. Por sua
angelical menina.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Concluí meu trabalho, com a
garganta seca e a voz embargada. A imparcialidade profissional não me obriga a
ser desprovida de emoções – felizmente, me emociono! Tenho sentimentos, e eles
me impelem para a ação tão bem feita quanto possível. Para que haja justiça.
Para que exista a possibilidade de paz em algum futuro ainda distante. Para que
se vislumbre a luz, quando tudo que se tem é completa escuridão.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ela entendeu. Secou as
lágrimas e se levantou, estendeu-me a mão e eu estendi um abraço. Ela sorriu!
Trancou novamente a dor no coração, e partiu. E eu fiquei com a imagem daquele
sorriso gravada em minha memória.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quanto altruísmo! Revestir-se
de força e alento que ela mesma não possui, para ter o que ofertar a
filha amada. Grandeza. Verdadeira coragem. Vitória absoluta do amor sobre
a dor.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div align="center" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>“Língua
alguma é capaz de expressar a força, a beleza e o heroísmo do amor de uma mãe”
– Presidente David O. Mckay</i><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: start;">
<br /></div>
<div align="right" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Suzy
Rhoden<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-7193241542350640600.post-92021402616187686032014-07-13T00:24:00.000-03:002014-07-13T00:24:04.274-03:00Brasil, País do... Ídolo Fabricado!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://rotanews.com.br/ler/images/noticias/jornais.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://rotanews.com.br/ler/images/noticias/jornais.jpg" height="271" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alguém
aí aguenta mais um texto sobre os vexames que a Seleção Brasileira protagonizou
nos últimos dias? Nem eu, por isso não
escrevi antes. Não tenho a menor pretensão de ser comentarista esportivo a esta
altura do campeonato, digo, da “Copa das Copas”. Já basta uma série de
comentaristas sem noção que figuraram por aí ao longo do mês... Já basta a
mídia tendenciosa saturando qualquer torcedor, enfiando goela abaixo aquilo que
se quer fazer acreditar. Não agirei da mesma forma com meu leitor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas,
paradoxalmente, buscarei na seleção derrotada minha inspiração. Não diziam os
antigos que quanto mais alto o pedestal, maior a queda? Foi exatamente o que vi
acontecer com o tal País do Futebol. Sim, é meu país, sempre será. Com orgulho
pintarei a face de verde amarelo e direi que sou brasileira, em qualquer
situação. Inclusive agora, na hora da ressaca futebolística. Mas ser realista é
saudável e necessário. Faz bem a um país que há muito porta um título ao qual
não faz jus; e, ainda que o fizesse, que vantagem há de fato em portar tal
titularidade?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vejo
idolatria desproporcional a simples desportistas. Acaso são deuses por correrem
com habilidade atrás de uma bola?! São meros mortais, nem para referência
de vida maioria desses garotos serve! Basta avaliar seu histórico de escândalos
e inconseqüências... Por outro lado, diante da menor falha são expostos,
ultrajados, crucificados. Num dia, ovacionados. No outro, alvos do desprezo de
uma nação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
culpa é nossa, quando fazemos esses meninos acreditarem serem heróis! Jogamos
sobre eles pesos que não lhes cabem nos ombros, exigimos um mito nacional. Que
foi aquela rasgação de seda diante da fratura do Neymar?! Precisava mesmo de tudo
aquilo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa
mania de endeusar gera exibicionistas ao invés de profissionais disciplinados.
Provoca anseio por ostentação e glamour ao invés de foco, autocontrole e
determinação. Mesmo as histórias mais lindas de vida e de superação são logo
soterradas pela arrogância de se chegar aonde chegou. Do topo, a vista já não
alcança a infância humilde e simplória. A fama fala tão alto que a aridez do
caminho é de imediato esquecida. O resultado é o que saturamos de ver nesta
semana...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Basta
dessa idolatria sem sentido! Que faz com que impere o ‘jeitinho brasileiro’,
acreditando-se que no final tudo dará certo e a taça cairá do céu em mãos
brasileiras! Não é assim que se fazem grandes conquistas, e sim com trabalho
árduo, com foco e diligência. Nosso time teve o que mereceu, ou melhor, deixou
de ter aquilo pelo que apenas sonhou e não lutou. E isso não é o fim do mundo,
é apenas o recomeço: hora de entender que vence quem joga mais e melhor! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
estou chorando o fim desta copa e nem a derrota de minha seleção. Nem estimulei
lágrimas em meus filhos. Eles torceram por seu país, gritaram esperando gols
que não vieram na hora mais necessária. Mas entenderam que jogos são ora
vencidos, ora perdidos. E não ficaram traumatizados com o desfecho vexatório de
sua seleção na primeira copa de suas vidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Espero,
justamente, que lembrem de que só vence quem segue com garra até o final. E, mesmo
com garra, às vezes haverá outro time ou outra pessoa com mais habilidade, mais
experiência, maior capacidade. Aí tem de entrar em campo a persistência: seguir
praticando, treinando, aperfeiçoando. Não há tempo e nem espaço para
estrelismos, esse é o primeiro indicativo de fracasso futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Foi-se
a copa e não faz mal, como disse outrora Drummond. Quem sabe não seja hora de esquecermos um pouquinho das
referências do futebol e olharmos para outros profissionais que, anonimamente,
erguem nossa nação todos os dias? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mais
do que isso, me parece ser hora de
deixarmos a arquibancada e a posição cômoda de torcedores, para nos engajarmos
em causas que valham a pena: se queremos bons exemplos, sejamos nós essa
referência plena de brasilidade em qualquer lugar que nos encontremos. Em
qualquer profissão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando
vencermos a tradição de fabricar ídolos, estaremos finalmente aptos a falar de
ordem e progresso. Saberemos, coletivamente, fazer progredir uma nação, ao
invés de projetar expectativas num heroi
idealizado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">Suzy
Rhoden</span></div>
Suzy Luzhttp://www.blogger.com/profile/05576035655501737441noreply@blogger.com5