Tive férias diferentes neste ano. Férias em casa.
Pois aconteceram em período letivo: as crianças não estavam apenas em aula, mas
em período de avaliações.
Aparentemente, eu não teria nada a responder aos
colegas, quando curiosos me crivassem de perguntas do tipo: ‘E aí, o que fez?
Para onde viajou? Que lugares conheceu e explorou? Quais peças, shows, espetáculos assistiu?’
Mas eu tenho, sim, todas as respostas. Nesses
dias, eu fiz ser mãe em tempo integral. Foi a melhor e mais prazerosa viagem de
toda minha vida! Conheci melhor meus próprios filhos – sem despesas com vôo,
hospedagem, restaurante... E por falar em restaurante, conheci melhor os livros
de culinária que empoeiravam em casa. Foi divertido baixar receitas novas da
internet e deixar os pequenos participarem das descobertas... Por milagre,
acabaram as férias e a cozinha não explodiu! Ou ela só não explodiu porque já
acabaram as férias...
Explorei parques, zoológicos, sítios, fazendas,
e tudo de que três crianças precisam para gastar energia nos finais de semana. Melhor
ainda foi a exploração do universo deles, que se deu muitas vezes dentro das
paredes de nosso próprio lar: vi o quanto crescem em estatura, inteligência e
sabedoria! Observei e fui observada, ensinei e fui ensinada.
Empreendemos uma curta viagem, numa verdadeira
aula prática de História da Família: visitamos minha cidade natal, passando
pela casa onde fui criada, a escolinha onde aprendi a ler, e daí à escola maior,
onde concluí meus estudos primários. Aproveitei
para reencontrar familiares e amigos de infância, primos que não via há muitos
anos, tios tão queridos. Que viagem
poderia ser mais marcante para minhas crianças do que lhes oferecer sua própria
história familiar, suas origens?
O mais especial, contudo, foi assistir de
camarote às melhores ‘peças’ de minha turminha – eu mesma presenciei, não foram
trazidas a mim pelos olhos da babá ou da professora. E não apenas assisti, mas participei ativamente:
maioria dos shows foi interativo, envolveu a família inteira!
Nesse curto prazo – pois eu queria que durasse
para sempre – vi meu filho, de sete anos recém feitos, transformar-se em leitor
devorador de livros! Sim, eu o vi avançar para a fluência absoluta na leitura
através dos livros que ganhou de presente ou que trouxe da biblioteca da
escola. E, descobrindo-se capaz de ler sem tropeços, eu o vi ler um livro
inteiro numa única noite – livrão para o seu tamanho – gritando entusiasmado do
quarto, a cada etapa vencida: manheee, virei mais uma folha!
Vi esse mesmo menino sair correndo para
procurar, dentre seus livros infantis, O Pé de Pilão, quando ouviu Mario
Quintana ser citado em reportagem na TV, na data que marcava os vinte anos da
morte do escritor: queria mostrar para os colegas e a professora o poeta
preferido da mamãe.
Também vi meu primogênito lendo poesia e
arriscando seus próprios versos. Um garoto até então muito tímido, mas que
correspondeu ao desafio da professora da Primária a preparar seu próprio
discurso para o grupo. Lemos, debatemos, oramos por inspiração, e ele redigiu
seu texto. Depois, apresentou-o para a classe. Tão confiante estava naquele
domingo que, para minha grande surpresa, me perguntou se poderia compartilhar o
mesmo discurso na reunião geral, para todos os membros da igreja!
Ainda ouvi de minha menininha que quer ser
professora na escola onde estuda, uma professora de balé. Tão pequenina e já
sabe ensinar, de forma surpreendentemente didática, as primeiras noções e os
primeiros exercícios de uma bailarina... Deu-me aulas diversas em casa!
Acompanhei os temas escolares, às vezes por
manhãs inteiras. Incentivei-os nos estudos para as provas e cobrei
comprometimento e resultados, como uma mãe que ama precisa cobrar. Foi
maravilhoso ser mãe nas 24h do meu dia!
A boa notícia é que agora retorno ao trabalho,
mas entendi que posso continuar sendo mãe em tempo integral. Pois mães que
trabalham fora também podem ser mães presentes, que acompanham de perto a
rotina dos filhos!
É uma escolha, naturalmente. Requer sacrifícios,
como uma vida social menos intensa, ou pelo menos uma vida pautada por
atividades limitadas. O adiamento da pós, mestrado ou doutorado por mais alguns
anos, talvez. Mas vale a pena, claro que vale! Para ver de perto o processo de
crescimento de um ou muitos filhos.
Como estamos atentas a função que exercemos em
nossa empresa ou instituição, não confiando a outros a parte específica que nos
cabe, também precisamos ter o cuidado de não terceirizar nossa prole. Nós os
trouxemos a terra, a educação deles nos cabe. É nosso sagrado privilégio. Deve
ser nossa absoluta prioridade.
Que outros nos ajudem, quando necessário. Mas
que a designação divina de MÃES seja sempre nossa, com muita alegria e gratidão
no coração. FELIZ DIA DAS MÃES PARA TODAS NÓS!
(Siga o link para ouvir uma canção especial)
Suzy Rhoden