A sequência de textos a seguir –
apresentados em 3 registros distintos, mas interligados entre si – faz parte de
narrativa pessoal intitulada Relatos de Fé. As postagens acontecerão
em dias intercalados.
Fui criada dentro de uma
religião, ensinada conforme a crença de meus pais desde o berço. Cresci
participando ativamente da igreja, tanto quanto me era permitido. Mas vieram os
questionamentos da juventude, e com eles uma sede da verdade que não se aplacou
onde eu me encontrava. Toda resposta que eu buscava em vão era
creditada aos mistérios da deidade, e assim esperava-se que eu me resignasse e
seguisse tateando por meu caminho, como uma cega conformada com sua falta de visão.
Não podia ser assim. Havia em
mim uma ânsia de conhecer que não me permitia aceitar o mistério como resposta
máxima. Com essa sede espiritual implacável cheguei à faculdade, onde foram
jogadas sobre mim as mais diversas filosofias – filosofias de homens, o que eu
definitivamente não aceitava como verdade suprema. Contudo, influenciada por
tudo que ouvia e vivia, acabei me afastando de minha primeira religião,
permanecendo apática por alguns anos. Por dentro, esperava por respostas que
não vinham; ansiava por uma verdade que não se revelava.
Por fim, esqueci-me das
perguntas que carregava e tratei de viver a vida como eu a tinha. Até ser
encontrada por dois jovens missionários, dispostos a compartilhar comigo os
princípios de sua religião. Por educação, aceitei as mensagens. Mas fui clara
ao dizer a eles que não buscava uma religião. Afinal, depois de tantos anos
convivendo com um Deus silencioso, não seria agora que Ele iria revelar Sua
face e dar-me as respostas antes tão procuradas.
De fato, não vieram as
respostas: as perguntas é que voltaram! Aqueles jovens sensatos não vinham
jogar conhecimento sobre minha mente assoberbada, mas aquietavam minha alma
enquanto falavam de um Deus que eu desconhecia: um Deus de perfeito amor,
atento a mim e minhas necessidades; um Pai disposto a falar comigo de acordo
com minha fé. Ensinavam-me também a respeito de um Salvador, que veio a terra com a missão de resgatar a humanidade do pecado e de levar-nos
de volta a presença de nosso Pai Celestial. Sua crença centralizava-se
claramente na fé em Jesus Cristo.
Na mesma época, aproximou-se de
mim um colega de faculdade, pastor em outra denominação religiosa. Suas visitas
eram freqüentes, mas observei que ao invés de compartilhar comigo a doutrina
que acreditava, limitava-se a atacar a doutrina pregada pelos jovens
missionários. Situação inversa, porém, jamais ocorria. Os missionários
não atacavam qualquer denominação, tampouco tentavam impor sobre mim a sua
verdade. Ao invés disso, ofereciam sua doutrina como um convite para quem
desejasse investigá-la, não exercendo sobre mim qualquer pressão. E isso fez com que eu
quisesse saber cada vez mais.
Observando meu interesse, meu
colega passou a atacar não apenas a outra religião, mas a mim também.
Questionava meu padrão de vestimenta, meu hábito de usar maquiagem e o estilo
de vida que eu levava. Perguntei-lhe porque, sendo nós colegas há tantos anos,
jamais me falara de sua religião. Sua resposta foi estarrecedora: você não
parecia uma pessoa interessada em coisas espirituais. Confesso que fiquei
chocada com o pré-julgamento que recebi e considerei que uma religião que faz
acepção de pessoas não está, definitivamente, preparada para conduzir ninguém a
salvação. Descartei imediatamente qualquer possibilidade de filiar-me a essa
igreja e, como era de se esperar, enfrentei a partir daí intensa perseguição.
Ainda assim, eu não
estava convencida quanto à religião dos rapazes missionários. Nem eles tinham a pretensão de me convencer: convidaram-me a orar e perguntar diretamente a Deus a
respeito das coisas que me intrigavam. Que existia um Deus eu sabia, jamais
duvidara ou deixara de crer. Mas... Ele me ouviria? E falaria comigo? Afinal,
são tantos filhos problemáticos neste mundo aos quais dar atenção... Seria eu
importante a tal ponto para Ele? Sentia-me pequena e, acostumada que estava a
um Deus distante e misterioso, nunca tinha me ocorrido a idéia de me aproximar
e buscar diretamente Seu conselho.
Será?!
Suzy Rhoden
Suzy:
ResponderExcluirQuando nascemos, somos batizados, crismados e vem a 1ª comunhão. E seguimos a religião de nossos pais por muitos anos. Ou para sempre. Como aqui no Brasil a maior religião é a católica, nela fui educada. Fui indo sem nem saber o porquê. Criança não tem escolha quanto a isso. E nem sabe de nada. A gente vai indo...
Porém, também cheguei à minha adolescência e parti para as contestações. E nunca obtive as respostas das quais eu necessitava. Certas coisa não me convenciam. E também me afastei.
Mas existem dezenas de caminhos... Vejo esses tantos 'caminhos' apenas como algo que possa conduzir a criatura para seu objetivo, para o que for melhor para ela, para um encontro com seu Deus - e se assim quiser. Então para mim, qualquer 'caminho' escolhido, que fizer alguém feliz e em plena sintonia com sua procura, com seu Deus, é o verdadeiro. Isso é liberdade.
O que importa, Suzy, é a sintonia entre nosso espírito, nosso fé com a expectativa que buscamos. Os caminhos pouco importam se chegarmos ao topo.
Belo texto, amiga. Espero a II parte.
Grande beijo
Tais Luso
Puxa,Suzy! Que belo tema abordaste e será legal acompanhar... Esses pré julgamentos ninguém merece mesmo...
ResponderExcluirUm beijo,tudo de bom,lindo domingo!chica
Suzy, confesso que nunca me prendi a nenhum questionamento religioso, não por achar a minha religião melhor que qualquer outra, mas por, simplesmente, pensar que Deus se revela e fala com a gente tão naturalmente, um olhar mais atento e pronto, podemos senti-lo ao nosso lado.
ResponderExcluirEstou esperando a parte II do seu relato, agrada-me essa forma verdadeira de partilhar esse momento da sua vida.
Beijos
Boa tarde Suzy!
ResponderExcluirGostei muito da postagem,abordada com sutileza e inteligência.
Os questionamentos existem sempre,mas nem toda pessoa tem coragem de admitir isso...
Geralmente vivem acomodadas a vida inteira.
Tô ansiosa pra conferir a sequencia do texto.
Bjs!
Uma ótima semana.
Suzy amei seu post nao conhecia sua historia,tens realmente uma maravilhosa e linda historia com o Evangelho e isso se reflete na sua familia e nas pessoas que voce seleciona pra fazer parte do seu circulo de amizade.Parabens Flor.Beijos
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