sábado, 25 de agosto de 2012

Mulheres: alegria em servir, cuidar e amar!


Nesta semana, enquanto folheava meu livro de metas pessoais (Programa Progresso Pessoal), deparei-me com registros de aproximadamente três anos atrás. Por incrível que pareça, muita coisa mudou em minha vida desde então: tive mais um bebê; mudei de casa, de cidade e de profissão!

Mas algumas coisas não mudaram, conforme constatei: trata-se do discurso que compartilhei  como oradora convidada, na Conferência da Estaca Santa Maria, em abril de 2009. Subi ao púlpito, grávida de 7 meses, para falar sobre o papel da mulher na família. Não me lembro das palavras que proferi na ocasião, – motivo pelo qual foram registradas e agora estão ao alcance de meus olhos – mas lembro nitidamente de meus sentimentos enquanto falava: sentia-me realizada por ser mulher, esposa e mãe.

É isso o que não mudou em minha vida. Ainda guardo a mesma satisfação, a mesma alegria por minha identidade. Sei exatamente quem sou e compreendo minha responsabilidade primordial nesta existência terrena: cuidar dos filhos, zelar pela família e servir meu próximo! O restante, em meu caso, é adicional, mas não indispensável para minha realização pessoal. Falei sobre isso naquela noite e penso do mesmo modo hoje, alguns anos depois.

Percebo, porém, insatisfação crescente na maioria das mulheres a minha volta, como se o fato de ser mulher fosse um fardo pesado demais para ser carregado. Por que isso acontece? A resposta fácil e sempre pronta é: culpa da sociedade preconceituosa, que priva as mulheres de seus direitos. De fato, a história tem uma dívida enorme conosco, o sexo frágil. Mas por causa disso nos tornaremos eternas revoltadas contra nossa condição feminina?

Reivindicações  fundamentadas não são  problemas, são justamente passos largos para as soluções. Admiro profundamente mulheres que erguem suas bandeiras em nobres causas, lutando bravamente por seus direitos. Mas admiro ainda mais aquelas que, da mesma forma que solicitam, perguntam a si mesmas: o que temos a oferecer? Como podemos contribuir para uma sociedade mais justa? Eu me refiro à oferta sincera, verdadeira, autêntica e desinteressada. Oferta de tempo, de talentos, de serviço, de caridade. Oferta gratuita, feita de coração, sem esperar nada em troca.

Estamos nos tornando materialistas demais e nesse ponto colocamos em risco nossa identidade. Pesamos tudo na balança financeira, esquecidas de que as maiores conquistas da vida não podem ser medidas e nem remuneradas. São ofertas de amor abnegado, como as noites que passamos em claro vigiando um filho doente. Ou aquelas horas que dispensamos lendo para crianças no orfanato, quem sabe fazendo as unhas de idosa em alguma clínica de repouso. Por que não o tempo que despendemos  doando livros para a biblioteca da escola pública mais próxima? Ou simplesmente preparando e levando um bolo a vizinha viúva?

O que ganhamos com tudo isso? Nenhum centavo, certamente. O serviço não compensa materialmente, é feito de sacrifício, tem que ser altruísta. Mas o sentimento genuíno de satisfação não se consegue de nenhuma outra maneira na sua forma mais plena! Seja ele feito por um familiar, seja por um desconhecido, a sensação é a mesma: satisfação interior, paz, realização.

Há quem pense: “Já doei muitos reais para o projeto Criança Esperança, minha parte está feita!” Quem pensa assim, ainda não me entendeu: o dinheiro beneficia aquele que recebe, mas o serviço beneficia também aquele que doa! Ou seja, posso doar muito dinheiro, mas enquanto eu não for pessoalmente aliviar o sofrimento de alguém, não saberei com certeza que alegria é essa da qual alguns tanto falam: a alegria que advém do servir, do cuidar, do zelar! Não compreenderei, senão apenas em teoria, o significado da palavra caridade.

Não acredito que viemos a este mundo a passeio, temos muito que fazer por aqui antes de retornarmos ao lugar de “descanso”. Somos livres para escolher: algumas escolhas nos darão coisas, outras nos darão realização pessoal.

Acredito sinceramente na alegria que advém do serviço – alegria maior do que a encontrada em qualquer outra realização, por mais simples que seja nosso ato, desde que nele haja amor. Acredito que esse é o caminho para a satisfação feminina: não apenas solicitar, mas ofertar sinceramente, com real intenção.

Por fim, as palavras perfeitas de Marjorie Hinckley, esposa do  líder eclesiástico Gordon B. Hinckley, resumem meus pensamentos e o motivo de minha satisfação enquanto mulher:

“Eu não quero me dirigir às portas do céu em um carro esporte brilhante, vestida com roupas estonteantes de grandes costureiros, com meu cabelo cuidadosamente penteado e com unhas perfeitas. Eu quero chegar num carro de família, com lama nas rodas por ter levado as crianças ao acampamento dos escoteiros. Eu quero estar lá com  sapatos manchados com a grama que eu cortava para a irmã Lúcia. Eu quero estar lá com creme de amendoim em minha camisa, devido aos sanduíches que fiz para as crianças de uma vizinha doente. Eu quero estar lá com poeira embaixo das unhas por ter ajudado a tirar as ervas daninhas do jardim de alguém. Eu quero estar lá com as marcas dos beijos grudentos de crianças em minha bochecha e com lágrimas de um amigo em meu ombro. Eu quero que o Senhor saiba que eu realmente estava aqui e que realmente vivi.”

Suzy Rhoden

Casal Hinckley


15 comentários:

  1. Querida Suzy,
    observo que gosto cada vez mais de você ao ir conhecendo-a assim, esse ser HUMANO!
    Esses valores, essa sensibilidade, essa gentileza e, possivelmente, tantas outras virtudes, disponibilizadas a serviço do seu próximo!
    Penso que devemos à vida o que ela nos dá. Temos que devolver a alguém. E vc, me parece, faz isso com naturalidade e desprendimento. Deus a abençoa, menina, agora e sempre!
    BJssssssssssssss, quérida!

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  2. Sabe, Suzy, nós, mulheres, temos muitas razões do que nos queixar, não tem dúvida. Porém, se for para pensar na mulher, não posso esquecer das baixas classes sociais, nas camadas onde ainda se praticam atrocidades inacreditáveis para um século 21. Temos de pensar no tal sexo frágil, idade, cor, religião e remuneração. Temos uma brutal desigualdade em partes diferentes do nosso país - ficando apenas aqui no Brasil.

    Temos de lutar com as armas que temos, que conseguimos. E tentar melhorar em todos os quesitos – cada vez mais avanços e menos humilhações.

    Por um lado, falando no Brasil, nossas mulheres querem conquistar cargos de relevância, poder e respeito, tudo ótimo; por outro lado ainda estamos nos anos 50 desfilando e disputando o fútil do belo ou atrás de coisas que até nos desmerecem; mulheres sem conteúdo algum fazendo bobagens por aí e servindo de exemplo para uma geração que precisa de novos valores. De mudanças.

    Quanto ao voluntariado é algo lindo, doar-se não é pra qualquer um. No trabalho voluntário há ternura, solidariedade e carinho – o que está escasso. Essa é a triste realidade. E que se contrapõe ao belíssimo texto que você postou de Marjorie Hinckley. Ah se todos pensassem assim!!

    Mas o mundo é mais imperfeito do que supomos. Sempre será uma luta difícil. Mas várias 'Suzy' poderão fazer uma diferença, quem sabe bem mais fraterna.

    Beijão, amiga!
    Mandou muito bem.

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  3. Que maravilha te ler!! Todos nós temos que saber pra que estamos aqui. Não é certamente apenas pra passear ou simplesmente passar pela terra. Temos que fazer, agir, nos entrosar. fazer bem, ser solidários. Sem isso, a maior grana do mundo nada vale.


    beijos,lindo domingo e semana!chica

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  4. Olá Suzy,boa tarde!
    Que sábias palavras de Marjorie Hinckley.
    Realmente 'viver' é isso.
    Ser útil,sentir-se útil.
    Adorei a crônica e a imagem.
    Bjs!

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  5. Tais,

    Compreendo as lutas justas de mulheres dignas e valorosas, que tomaram a frente em causas nobres. Estão reivindicando o que lhes pertence por direito, mas que historicamente lhes tem sido negado. Poderíamos citar o nome de muitas aqui, ilustres representantes do sexo feminino. Essas tem o aplauso e certamente não são atingidas por meu texto.

    A insatisfação a qual me refiro aqui é aquela infundada, de mulheres que visam somente o que tem a ganhar, em causas fúteis, e nada oferecem ao mundo que tanto precisa de amor e voluntariado! Materialismo exacerbado, individualismo é o que observo em algumas, infelizmente. Futilidade, como você bem citou. Isso me entristece, pois poderiam estar envolvidas numa boa causa, tornando este mundo de desigualdades mais belo e mais digno de se viver!

    Além disso, penso que podemos lutar sem perder nossa identidade. Trabalhar fora, em cargos importantes e de respeito na sociedade sem abandonarmos as qualidades que nos caracterizam e as funções vitais do lar. De que adianta sucesso absoluto na carreira e filhos inseguros ou, bem pior, filhos mimados que se sentem donos do mundo? Por esses motivos defendo a presença a presença da mulher no lar - não necessariamente as 24h do dia e muito menos faxinando como uma escrava! Mas a presença verdadeira da mulher, terna e zelosa, na família e na sociedade, ensinando e defendendo o que é bom. Acredito que esse é o caminho, e não o abandono de nossa identidade em busca de coisas distantes que nem sabemos se realmente compensam.

    Obrigada, amiga, já sei que concordamos em muitas coisas aqui. A riqueza de seus comentários me trazem de volta, algumas vezes, para abordar temas importantes que foram apenas mencionados no texto, mas que merecem elucidação. Grata por sua contribuição! Beijos.

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  6. Suzy: perfeito! Como teríamos mais a dizer numa crônica, não? Mas a Internet requer textos curtos, sempre. E não posso tomar muito de seu espaço aqui.

    Tenho um texto que deixo aqui pra você, sobre a valorização do trabalho da mulher em casa, cuidando, também, dos filhos, marido... Enfim, das coisas importantes e pouco valorizadas! Esse você não leu, mas sei que vai gostar.

    http://taisluso.blogspot.com.br/2010/09/as-donas-de-casa.html

    bjs, amiga.

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  7. Suzy,
    seja o que for que viemos fazer nesse planeta o mais importante é que seja bem feito. Como sempre são doces as suas palavras.
    Beijos
    Denise

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  8. Suzy, brilhante o seu texto!

    Sobre a prática da caridade, eu diria que contribuir com dinheiro é muito fácil, basta ter! Dedicar tempo e carinho ao próximo há muito mais envolvido. É necessário entrega desinteressada, é uma doação de amor incondicional por compaixão.

    A compaixão exige de nós que nos coloquemos no lugar daquele que está sofrendo para ofertar algo de nós mesmo e de real valor. Poucos estão dispostos a sair do comodismo, a abrir mão de um compromisso, adiar uma viagem, um passeio em prol de um sofredor. Estão todos muito ocupados cuidando dos seus projetos de vida.

    Admiro pessoas como vc que vão além do ‘comover-se’ com o sofrimento alheio para se tronarem atuantes. Porém são poucos, infelizmente, que tem um coração generoso.

    Dentre todas as maneiras práticas de se ajudar ao próximo, existe uma que é da maior importância: fornecer o devido alimento espiritual. Esse consola com genuína esperança.

    Sobre o papel da mulher na sociedade e na família, esse está cada vez mais se perdendo... Ou já se perdeu irremediavelmente! Sem entrar no mérito de outras questões envolvidas, afirmei recentemente num comentário que tudo começou com a tal revolução feminina... O tiro saiu pela culatra.

    Bjo grande amiga, parabéns pela sua lucidez!
    sg

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  9. Sueli,

    Você bem sabe que a admiração é recíproca e que, no que se refere a ir além da comoção, você é um exemplo de vida para mim!

    Não faço tudo que eu gostaria de fazer, não se iluda! Mas tenho muita sensibilidade em meu coração e meu desejo de unir-me aos que querem, pouco a pouco, nas pequenas atitudes do dia-a-dia, ir mudando o mundo pra melhor.

    Você tocou num ponto crucial: fornecer o alimento espiritual, que consola com genuína esperança. Como isso é verdadeiro, minha amiga! Às vezes o que se precisa neste mundo não é nada além disso. E é tão fácil ter uma palavra amiga, um sorriso, e uma mensagem de ânimo pra oferecer! Acredito que, se realmente quisermos, qualquer um de nós poderá fazer bem essa parte. E o mundo verá os efeitos de uma injeção coletiva de ânimo e alegria!

    Obrigada por vir a acrescentar ponto tão importante ao texto!

    Beijo.

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  10. Suzy,minha linda, eu que te agradeço por nos presentear com textos tão ricos e tão bem escritos!

    Quanto a sua sensibilidade e generosidade, conheço muito bem!
    Já te disse que nem vc mesma conseguirá dimensioná-la em seus escritos!

    Bjão amiga!

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  11. OI SUZY!
    ACHO QUE AS MULHERES ESTÃO RESGATANDO, NÃO SEM LUTA,DIREITOS QUE LHE SÃO DEVIDOS AO LONGO DO TEMPO.
    MAS, PENSO TAMBÉM, QUE ESTAMOS FICANDO AGORA, PRISIONEIRAS DO MATERIALISMO, DO CONSUMISMO E COM ISSO DEIXANDO ESCAPAR ALGO DE MUITO VALOR QUE É A FAMÍLIA EM SUA ESSÊNCIA.
    ABRÇS
    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI


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  12. Pois então minha querida amiga Suzy, é triste perceber que a sociedade consumista tem mudado a maneira de pensar e de viver da maioria das mulheres. De fato, a realização pessoal passa pelo salário recebido no fim do mês e hoje uma dona de casa é renegada às críticas.Até mesmo alguns maridos não valorizam a dedicação aos filhos ou à algum trabalho voluntariado que a esposa venha a realizar. São valores que estão sendo deixados de lado, infelizmente!
    Seu texto é uma maravilhosa reflexão, adorei!

    Beijos

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  13. Que coisa linda Suzy,

    Certa vez escrevi uma homenagem para uma pessoa querida que hoje vou repetir para você:

    "tem pessoas que o simples sorriso mostra o quanto elas gostam da vida e o quanto a recíproca é verdadeira."

    Você me passa isso, uma pessoa que ama a vida e esteja certa, a vida te ama também!

    bejos

    Leila

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  14. Suzy,que lindo seu blog!Fiquei feliz com seu comentario tb!Uma cronica que ensina onde está a verdadeira felicidade!Lindas as suas ideias e me identifico tb com a atitude de gentileza que devemos ter sempre em nossas vidas.Isso se chama viver!bjs e meu carinho,

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  15. Todos aqueles que se sentem injustiçados, independente do sexo, devem se fazer ouvir, pois o lamento nunca foi o melhor caminho. Já muito conquistamos e o que temos como prazeroso difere, de pessoa para pessoa. Enquanto alguns reclamam, outros, com pouco ou nada, se doam. Doação que se faz à família, aos amigos, aos necessitados. Doação de afeto, que nada custa. Excelente sua crônica. Bjs.

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