Quem já viveu a ansiedade de um primeiro
dia de trabalho sabe o que senti na semana que passou. Bem, devo confessar que
tenho uma coleção de “primeiros dias”...
Antigamente, esse dinamismo mancharia meu
currículo, pois o sucesso de um profissional era medido pelos anos que atuava
na mesma empresa: quanto mais, melhor. Hoje, a multiplicidade de experiências é
considerada positiva e desejável. Bom pra mim, que tenho sede de novidades e um
particular gosto pela mudança e inovação.
Comecei a vida profissional como
professora. Antes do curso de Letras, cursei o magistério, durante o qual tive
minha primeira experiência conduzindo uma classe, aos 14 anos: compareci à
escola para realizar observações solicitadas pela grade curricular. Mas, para
minha surpresa, a professora titular não pode comparecer e EU fui escalada para
assumir a turma naquela tarde. Não tive tempo sequer pra sentir o tremor nas
pernas, pois quando percebi já havia sido empurrada pra dentro da sala, onde
crianças quase do meu tamanho me olhavam com cara de: “é hoje que vamos botar a
estagiária pra correr!”.
Ao longo da faculdade, vieram outras
experiências: a primeira vez é sempre marcante! Olho para trás e vejo uma
menina insegura disfarçando o medo de não dar conta do fardo que se propunha a
carregar. O disfarce era tão convincente, porém, que até eu acabava por
acreditar em minha capacidade e seguia em frente, experimentando sucessos. Cada
vez que entrava em uma sala de aula, ainda que fosse a primeira vez com aquela turma, engolia a
ansiedade e fazia todos acreditarem que era a milésima. Deu certo!
Letrada, fui atraída de volta a
cidadezinha do interior, de onde havia partido. Era enorme a carência de
profissionais em línguas estrangeiras na região: acabei lecionando nas escolas
onde estudei – e em todas as outras também! Meu tour começava antes das 6h da manhã, e cada dia da semana tinha uma
direção: a escola mais próxima ficava a duas quadras de casa; a mais distante a
quarenta quilômetros de estrada de chão! E eu sobrevivi...
Nessa época de novata, eu trabalhava em
escolas do estado, do município, curso de idiomas em duas cidades e ainda
encontrava tempo para fazer academia regularmente e para atuar como professora
de religião na escola dominical da igreja. “Novinhos” tem
uma incrível energia e a capacidade incomum de abraçar o mundo, fazer todas as
coisas ao mesmo tempo e ainda fazê-las bem feitas!
Mas o tempo passou e deixei de ser
novata. Uma pena! Quando “envelhecemos”, ficamos ranzinzas: passamos a reclamar
insistentemente daquilo que nos falta ao invés de saborearmos com alegria
aquilo que temos! O medo de errar já não nos impele a agir com cautela; as
dificuldades já não são desafios; e a humildade, atributo que nos qualifica para o verdadeiro aprendizado,
há muito deixou de ser nossa companheira. Deixar de ser novato é um perigo!
Por isso volto sempre a ser “novinha”! De
tempos em tempos, avalio o caminho: se percebo que conheço de cor a paisagem, é
hora de mudar os rumos. Sinto-me viva diante da possibilidade de aprender, de
descobrir, de construir. Alguns balançam a cabeça negativamente: mudar de
profissão a essa altura da vida?! Sim, mudei! E por que não? Difícil fazer
alguns entenderem que conhecimento adquirido não se perde ou se dissipa no
ar... continuo professora, estou apenas agregando, acrescentando experiências
de vida!
Minha mais recente estréia aconteceu na
última sexta-feira. Que maravilhosa sensação de primeiro dia! Como se ainda
tivesse 14 anos e fosse empurrada para cima do palco, entrei em cena. Mais
madura desta vez, mas quem disse que isso evitaria o calafrio inicial? Sabia, contudo, que a passagem pelo palco seria breve e discreta:
longe da luz dos holofotes, minha vida agora acontece nos bastidores.
Suzy Rhoden
Oi, Suzy!
ResponderExcluirVocê colocou algo muito importante:
' Uma pena! Quando 'envelhecemos', ficamos ranzinzas: passamos a reclamar insistentemente daquilo que nos falta ao invés de saborearmos com alegria aquilo que temos! '
Peguei a coisa por esse ângulo.
Então, Suzy, mudar é renovação, é motivação! E acho importantíssimo ter isso em mente. Na medida que envelhecemos vamos tendo mais cautela, óbvio, porém a acomodação é negativa em todos os pontos de vista. Principalmente nas ideias. Tanto faz se estamos com 30, 50, 70, o importante é termos a cabeça pensante, não diria jovem, pois inteligência e certas ideias de vanguarda não são privilégios dos jovens. Viver com sabedoria, bom-senso e criatividade é o 'coringa'.
E você se posiciona muito bem nisso, você está no auge de suas buscas... Pelo menos nossos e-mails confirmam, rsrs.
Estou muito contente das 'coisas' terem dado certo no seu trajeto, e creio que você só tem méritos, nada caiu do céu, dá pra ver nessa sua bela crônica! Você fez seu caminho, ralou...
Beijos e minha admiração, como sempre.
Tais
Oi Suzy :)
ResponderExcluirVc tem uma trajetória vitoriosa,e que bom que continua uma 'novata'.
Eu acho que nunca é tarde para mudar de ares ou começar uma nova carreira.
Que vc continue agregando valores para a sua formação profissional e pessoal.
Bom fim de semana \o/
Abraços!
Suzy, mudar os rumos dá vigor à vida! Há quem prefira a estagnação da rotina, vejo que não é o seu caso, suas palavras estão sempre demonstrando o quanto és ativa.
ResponderExcluirFelicidades na nova atividade minha querida amiga.
Beijos
Minha querida Suzy!
ResponderExcluirOlha eu aqui! Demorei, mas cheguei!
Demorei porque a vida, em certos tempos, nos exige pra caramba! Tenho estado muito envolvida com meus amores que têm precisado muito de mim. Daí que já até tinha lido essa sua maravilha de texto, mas não tivera tempo de falar sobre.
Ai, ser novata! Só curte ser novata pessoas de bem com a vida como você!
Eu penso assim, pelo menos, né? Quem é muito ansioso, como eu, acha uma temeridade! rssssssssss É sempre um stress o aguardar o começo, o vivenciar a aprendizagem das novas relações e do próprio ambiente.
Mas, indiscutivelmente, essa sua virtude, é admirável! Sua disposição, sua garra e coragem são exemplos a serem seguidos e eu gostaria, enormemente, de ser mais jovem e estar no grupo de seus amigos próximos! Ah, eu teria aprendido tanto!
Bjsssssssssssss, quérida!
Que lindo,SuzY e não importa o tempo de palco e sim o valor da "peça" que apresentarás... Sucesso, tuuuuuuuudo de bom, beijos,chica( estamos na serra, curtindo uns dias a dois)
ResponderExcluirSuzy querida!
ResponderExcluirdesejo que vc seja muito feliz nessa nova empreitada!!! Que os acontecimentos superem suas expectativas! Sucesso sempre!
Demorei tanto a comentar que vc já não é mais novata rsrs. Já deve ter feito muitas amizades com todo esse seu carisma.
Lendo seu texto, viajei no passado, nas vezes que fui novata. Mas isso faz tanto tempo, era muito jovem e encarei tudo com tranquilidade. Hoje, não sei não...
Sua história de vida é rica e vc relata com tanto entusiasmo que me deu vontade de ‘virar a mesa’ também rsrs. Admiro muito a sua coragem e disposição em correr atrás dos seus sonhos. Menina de ouro vc é!
Bjo grande amiga!
sg