Dentre todos os venenos, acredito que o mais
devastador é o ressentimento. Pois mata aos poucos, sem dar chances ao
moribundo de tratar a doença, uma vez que esse irá para o leito de morte
jurando estar ileso: o magoado não percebe quanto mal faz a si mesmo, é um
suicida ludibriado pelo próprio orgulho.
É fácil reconhecer um ressentido no meio da multidão.
Seus olhos, sem brilho e sem vida, respingarão vingança para onde quer que
olharem; de seus lábios jorrarão maldições contra toda raça humana, pois o
magoado tem como regra a generalização: se foi traído por uma mulher, é porque
nenhum ser vivo do sexo feminino, habitante desta terra, é digno de confiança e
consideração.
O ofendido é incapaz de acreditar que as pessoas podem
mudar: passarão 80 anos, ele verá todos os frutos do arrependimento daquele que
o feriu e ainda duvidará, esperando pela rasteira que decretou em sua mente
insana que algum dia virá.
A pessoa
ressentida não vive mais sua própria vida, abdica da felicidade para assistir
de camarote a queda do outro. Acredita que somente estará livre da dor quando
seu agressor for de igual modo ferido, humilhado e publicamente desmoralizado.
Que lamentável perda de tempo! Enquanto o magoado
chora suas tristezas e remói seus desejos de vingança, o outro se arrepende,
cresce, cai, levanta de novo, aprende, aperfeiçoa-se, descobre a felicidade,
sorri, ama, VIVE! Geralmente faz tudo isso alheio ao sofrimento do ressentido,
sem sequer perceber que o feriu em algum ponto da jornada.
Carregar mágoas é exatamente o mesmo que carregar
pedregulhos acreditando que são diamantes: depois de muitos anos de esforço
vão, virá a constatação de que todo aquele empenho não serviu para nada!
Ainda que o ofensor seja realmente culpado e mereça de
fato uma sentença, deixemos que o universo se encarregue disso: a justiça de
Deus não é falha como a dos homens, e virá com estrito rigor, no seu devido
tempo. Autodenominar-se um justiceiro é inútil, é tolo e perigoso. Pois nós,
que tanto queremos justiça, devemos
lembrar das dívidas que fomos deixando pelo caminho... Ou será que estivemos sempre acima do bem e do mal e
jamais ferimos um coração?
Naturalmente, o perdão não está na primeira prateleira,
no mercado dos atributos divinos. Não perdoamos aquele que nos fez mal no
minuto seguinte ao da ofensa. Mas há uma enorme diferença entre, pouco a pouco,
vencer o incidente e carregá-lo para todos os lados, pelo resto da vida!
Perdão nada tem a ver com humilhação, muito pelo
contrário: é o melhor exercício do qual tenho conhecimento para a autossuficiência.
Quando perdoamos o mal que o outro nos causou, estamos justamente nos livrando dele para sempre,
deixando-o a margem do caminho para que faça o que quiser, já que nós
decidimos: seguiremos em frente!
Suplantar uma mágoa antiga significa recuperar
qualidade de vida, são anos de rejuvenescimento para a alma. E, o mais saboroso
nesse contexto, descobrimos que a partir de então nada nos atinge: passamos a
voar alto, acima dos ventos e dos mal-entendidos! Não somos afetados por
críticas ou atitudes mesquinhas, a opinião alheia não tem mais o poder de
abalar nossa autoestima.
Finalmente, despidas de mágoas, poderemos cantar em
uníssono com Simone: “Senhora das minhas vontades e dona de mim!”
Suzy
Rhoden
Realmente é uma grande perda de tempo sentir mágoas, ter ressentimentos! Melhor é aclarar as coisa logo e nessa hora ou dá ou arrebenta a fita! mas, pelo menos sabemos! Lindo post! beijos,tudo de bom,ótimo dia e resto de semana! chica
ResponderExcluirIsso aí, chica, cartas na mesa!!!
ExcluirObrigada por vir, aproveita aí seu fim de semana ;)
Olá Suzy,
ResponderExcluirConforme já dizia Shakespeare, "guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra".
Também entendo que a mágoa e o ressentimento são sentimentos altamente destrutivos. Ressentir é sentir de novo, ficar remoendo, o que leva a um processo de sofrimento interminável.
O melhor antídoto é, sem dúvida, o perdão. Perdoar não significa necessariamente esquecer a mágoa e aceitar o que foi feito, mas sim superar. Perdoar não é voltar a olhar o ofensor com os mesmos sentimentos, mas desligar-se dele emocionalmente, não desejando mal para ele.
O perdão é um exercício difícil, mas somente ele nos libertará para seguirmos adiante com o coração em paz. Afinal, somos todos imperfeitos, já erramos muito e também já desejamos ser perdoados.
Quando somos machucados em nossos sentimentos, tendemos a manter a raiva dentro de nós e isso só faz crescer a mágoa. Com certeza, vai parar de doer se formos capazes de perdoar.
E se o ofensor está sendo injusto, cabe a Deus julgá-lo, o que será feito independente de representação judicial(rsrs). É como você diz. O que se joga no universo sempre volta.
Excelentes suas considerações.
Adorei a crônica.
Beijo.
E eu adorei você ter vindo, Vera Lúcia, trazendo sua opinião e sua visão muito clara nesse assunto. Shakespeare está coberto de razão, a mágoa mata aquele que bebe de seu veneno, ou seja, nós mesmos, quando não superamos o desentendimento.
ExcluirMuito grata por sua palavras, beijão!
OI SUZY!
ResponderExcluirGUARDAR MÁGOAS É CULTIVAR UM SENTIMENTO VENENOSO, QUE SÓ ATINGE QUEM O CONSERVA, POR ISTO SUPERÁ-LO HÁ QUE SER NECESSÁRIO .
BELEZA DE TEXTO.
ABRÇS
http://gracitamensagens.blogspot.com.br/
Bem isso, minha amiga Zilani! Ótimo fim de semana para ti!
ExcluirPenso que guardar mágoas, ressentimentos, rancores é como tomar veneno e esperar que os outros morram.
ResponderExcluirApoiado!
ExcluirBeijão, Tina.
Sentimentos e mágoas guardadas... sim, Suzy, é terrível: nos desgasta, estressa, atrasa, atrapalha e adoecemos. Sabemos disso, mas entre o saber e conseguir desligar, esquecer, perdoar, vai uma grande distância. Armazenar, curtir uma mágoa, querer dar o troco, só encurta nossos anos. Guardar certos sentimentos é dar valor demasiado aos outros, e perdoar não é pra qualquer um. São duas atitudes e sentimentos que exigem muito de nós: esquecer a mágoa e perdoar o algoz. O que costumamos fazer é optar pelo afastamento, mas a mágoa continua lá, não? Penso, Suzy, que não temos esse poder de cura, um querer. A razão é uma coisa, a emoção é outra. E quantas vezes não metemos os pés pelas mãos forçando uma barra falsa? Sim, muitas vezes a razão briga com a emoção. E também não é legal.
ResponderExcluirDifícil, amiga, é quando razão, vontade e emoção andam juntas. Mas acontece. E acontece quando o coração é treinado para tal, quando existe bondade, compaixão, e quando a vaidade não impera. A vaidade acaba com a nobreza de qualquer sentimentos.
Tá linda tua crônica, você toca numa das coisas mais difíceis do ser humano conseguir: perdoar!
Beijos, mandou muito bem...
Tais,
ExcluirSuperar uma mágoa é fácil! Quando não somos nós os magoados, não é? rsrsrs Pois quando a ferida foi aberta em nosso coração, simplesmente fingir que nada aconteceu é impossível. Mas acredito, sim, no poder de cura, contudo acho que ele só vem com o tempo e com o desejo pessoal de superação. Quando passei por uma situação assim, pensei que perdoar seria impossível e escolhi o afastamento, algo do tipo: não temos qualquer problema de relacionamento, eu aqui e ela lá no Japão! rsrsrs Mas desejei superar essas dores que só me faziam criar rugas de preocupação, e o tempo colaborou, amenizou meus sentimentos e por fim apagou qualquer vestígio de dor. Superei e aprendi: agora não há crítica que me atinja, aprendi a ser "mais eu"! rsrsrs
Sempre bom conhecer sua opinião... Beijos!
Mágoas e ressentimentos - sentimentos que nos trazem outros danos à mente e à saúde...
ResponderExcluirPrefiro não cultivá-los.
Um grande abraço e grata pelo seu carinho e visita, Susy...
Suzy, guardar mágoas ocupa muito espaço no coração e se não fizermos o exercício do perdão viveremos, unicamente, em função desse sentimento que amarga e entrava a vida. Acredito que pessoas positivas cultivam menos esses sentimentos e não se deixam abater por eles.
ResponderExcluirO seu texto é um primor e altamente reflexivo.
Beijos
Suzy!
ResponderExcluirLinda crônica sobre o perdão.
Saber perdoar é talvez a atitude mais nobre que devemos cultivar num treino diário. Nem entrarei no mérito das dificuldades disso, pois é fato que somos humanos imperfeitos, passíveis de erros. Temos que travar uma luta árdua contra os ressentimentos que teimam em se instalar nos nossos corações.
Certa vez alguém me disse que perdoar é esquecer completamente a agressão. Eu, com minha mania de dizer o que penso ‘na lata’, respondi que não sofro de amnésia rsrs. Mas é verdade, penso que o perdão não está atrelado ao esquecimento, e sim na transformação dos nossos sentimentos em relação ao ofensor. Os beneficiados somos nós mesmos. A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional, não é assim?... Além do mais, se queremos ser perdoados temos que ser perdoadores antes.
Gosto muito do provérbio que diz em parte: “... é beleza da sua parte passar por alto a transgressão.”
‘Passar por alto’ é como sobrevoar uma cidade e ver tudo bem pequenino lá embaixo. Se desejarmos de coração perdoar alguém, o primeiro passo é não permitir que o acontecido tome dimensões gigantescas.
Arrasou, amiga!! Tudo que escreve reflete a beleza do seu interior.
Bjobjo!!
ResponderExcluirOlá querida Suzy,
Passando para agradecer sua visita e comentário, que sempre acrescenta, e desejar a você um belo final de semana.
Beijo.