Nesta semana, em função de meu trabalho, prestei
atendimento a uma jovem recém separada, em disputa judicial pela guarda da filha.
A mulher fazia graves acusações ao ex companheiro, mostrava ter-se envolvido em
um relacionamento errado, ter vivido uma grande desilusão. Minha ingenuidade
dizia “pobrezinha, deve ter traumatizado com a espécie masculina”, quando percebi
um nome tatuado em seu braço:
- Douglas? É seu ex? Um filho, talvez.
- Não, Dra., é meu novo companheiro.
- !!!!!!!!!!!!!!!!!
E eu compadecida da mulher, pensando no sofrimento de
ver findar um casamento, tendo um filho de dois anos no meio dessa náufraga
história... Três meses depois, lá estava a bonita, não apenas vivendo, mas
tatuando uma nova relação como se fosse eterna!
Que fique claro: eu não esperava um luto permanente,
afinal a vida continua depois dos pontos finais, há a possibilidade de se escrever
um novo capítulo. Mas confesso ficar chocada com a velocidade das trocas e,
principalmente, com esse modismo disfarçado de prova de amor que é a tatuagem
de nomes. Se a personagem de meu relato seguir no ritmo que começou, terá o
alfabeto tatuado no corpo em poucos anos!
Alguns justificam a prática dizendo que as tatuagens
hoje em dia não são tão definitivas, existe a possibilidade de remoção. Para
mim, essa é uma ideia absurda: a qualidade da tatuagem não está justamente
relacionada a sua durabilidade do tipo “para todo o sempre”?! Tatuagens
facilmente removíveis sempre estiveram relacionadas a trabalho medíocre do
tatuador.
Além disso, e o mais importante para mim, o que
realmente prova um nome gravado no braço ou na perna – ou onde a vista não
alcança? Prova o amor? A fidelidade? Ah, se o antídoto contra a traição fosse
tão simples assim, se bastassem alguns rabiscos feitos com agulhas rasgando a
pele para atrelar inseparavelmente uma vida à outra...
Sinceramente, sou antiquada. Sou quadrada no que diz
respeito a tatuagens, não consigo ver a utilidade delas. Mesmo aquelas mais
simples, que simbolizam uma homenagem de pais para filhos, ou o inverso: pra
quê?! Não preciso registrar os nomes de minhas crianças na pele, quando os
tenho gravados em cada fibra de meu coração!
Nem mesmo esteticamente sou favorável a tatuagem. Não
é preconceito, convivo perfeitamente bem com pessoas tatuadas da testa ao dedão
do pé, isso realmente não muda o interior de uma pessoa. Mas nenhuma amiga
minha ouviu de mim até hoje, em relação a uma tatuagem que tenha feito, algo do
tipo “que liiiindo!”, pois não vejo beleza em agredir o corpo com desenhos ou
escritos e não consigo fingir apreciação por algo que me choca.
Quem me conhece, atribuirá o ponto de vista aos
princípios religiosos: nosso corpo é o templo de Deus, deve ser mantido puro.
De fato, essa é minha linha de raciocínio. Porém, muito antes de minha
conversão ao evangelho que sigo fielmente, fui jovem e rebelde como todos nessa
fase são, em algum grau. E mesmo em plena rebeldia, as tatuagens jamais me
passaram pela cabeça. Ou seja, não se trata apenas de princípios, são gostos
pessoais.
Por fim, aos tatuados que me leem, peço que não se sintam
ofendidos por minhas palavras, não é nada pessoal. Espero que gostem muito dos
nomes ou desenhos que desejaram tatuar, pois terão de carregá-los por toda vida
– ou de submeterem-se a um longo processo de remoção, pois tatoo de amor dói e
custa caro!
Quanto a mim, que fujo da dor e de qualquer coisa
dispendiosa, estou fora!
Suzy Rhoden
Lindo teu texto e como tu, não tatuaria nada em mim. Não sinto necessidade disso.;
ResponderExcluirRespeito quem o faça, porém acredito que tatuar o nome de quem apenas "passa" pela vida é foooooooogo. Depois quanta dor pra retirar e escrever outro, outros...
E tantas vezes, nada tem a ver o que está escrito no corpo com a conduta da pessoas. Poe exemplo, o cara desgraçado que nos assaltou, era todo tatuado e nas batatas das pernas, palavras religiosas....E ele um marginal dessa laia!
Beijos,tudo de bom,chica
Beijos pra você também, Chica!
ExcluirRealmente, as tatuagens não dizem muito sobre seus donos atualmente... antigamente, estavam ligadas a tribos. Hoje parecem apenas estar relacionadas a modismos, e não exatamente a algo em que uma pessoa crê de fato. Que coisa chata essa história do assalto!
Boa semana aí também, se cuida!
Sou meio avessa a tatuagem por diversos motivos, por impossibilitar ao tatuado ser doador de sangue é uma deles, meus olhos veem uma juventude tão cheia de tatuagens e tão vazia de doação, senso de coletividade, visão de consecutividades.
ResponderExcluirPode ser um erro, mas um jovem tatuado tem menos chance a uma vaga em uma empresa mais conservadora, em uma revista certamente entrará na fila dos revistados, ao envelhecer a depender do lugar a tatuagem enrugará e se deformará e por ai lá vai.
A escolha da tatuagem é então um assunto elástico, desde nomes (que tem esse lado inconstante, não seja de pais e filhos) até os desenhos, modinhas, gostos por símbolos e td mais que pode ser passageiro (geralmente é, somos de fases) e isso de tirar ser fácil, não me serve. Para mim um bilhete apagado e reescrito não é igual a um papel em branco ou um escrito e pronto.
Quanto a ser prova de amor, o sentimento amor virou uma palavra, longe de seu sentido original e dentro do repaginado amor provar vai de um extremo ao outro necessidade ou falta total dela.
Tina, é interessante trazermos essa discussão sem preconceitos sobre os modismos que arrastam muitos - qualquer um de nós pode, de repente, ser levado pela onda do "é manero", e depois se arrepender da escolha feita. Então é interessante falarmos o que pensamos a respeito, oferecermos a todos que leem uma chance de reflexão, já que a tatuagem é, como você falou, um bilhete escrito, que jamais voltará a ser uma página em branco, ainda que a mensagem seja apagada. Grata por sua presença aqui! Beijos.
ExcluirSuzy, minha querida, perfeita a sua crônica!! Aliás, se me ocorresse agora um adjetivo além da palavra ‘perfeita’, eu usaria...
ResponderExcluirNão gosto de tatuagem e jamais faria! Não me atrai coisas nos meu corpo que, a priori, são definitivas. Nem dois furos na orelha eu tenho.
Sim, fiz uns ‘retoques’ na minha ‘cara’ pra melhorar minha aparência e minha autoestima, mas ninguém vê, ninguém sabe, a menos que eu conte... como já contei pra vc e tantas outras amigas rsrs
Meus filhos não tem nenhuma tatuagem, sempre deixei claro que jamais permitiria enquanto fossem menores de idade, e depois de adultos, nunca mais disseram se quer que achavam ‘legal’. Citei a eles esse mesmo texto que vc citou: Nosso corpo é o templo de Deus, devemos mostrá-lo de maneira apresentável. Bem cuidado, porém, discreto.Descente no vestir, porém,com esmero e modestia.
Não critico quem faz tatoo, cada um sabe de si e de seus arrependimentos posteriores. Só estranho a necessidade de registrar relacionamentos, que estão se tornando cada vez mais passageiros, de forma definitiva!
Um grande beijo pra vc com todo meu respeito e admiração!
Querida Sueli, não é de hoje que pensamos muitooo parecido! rsrsrs
ExcluirEnsino meus filhos da mesma maneira, mas são crianças ainda... Espero conseguir protegê-los dos modismos que surgem de tempos em tempos, mas reconheço que o desafio é enorme, pois na qualidade de pais temos apenas o bom senso como aliado, já que a mídia e praticamente tudo ao redor vai em direção contrária aos valores e aos princípios, sobretudo os religiosos.
Assim como você, não critico quem faz tatuagem, que gosta, acha bonito, enfim, que se interessa pela prática, pelo motivo que for. Mas realmente me intriga o registro de nomes, por banalizar relacionamentos. Um grande amor não cabe numa carta, numa fotografia, num livro... vai caber numa tatuagem?! É um registro temporal e perigoso, pois quanto sofre a pele para eliminar um amor que não deu certo nas tentativas de remoção... Mas isso não é problema meu, não é? rsrsrs Apenas desejei compartilhar o que tão frequentemente vejo e o que penso a respeito.
Beijão!
Oi Suzy :)
ResponderExcluirJá gostei imensamente de tatuagens pequenas e delicadas,achava o máximo mesmo,porém nunca pensei em fazer uma.É o tipo de coisa que não acrescenta nada,e certamente,sei que enjoaria fácil.
Me baseio muito nessa parte:
'Todas as coisas me são lícitas,mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas,mas nem todas as coisas edificam.'
Eu conheço muita gente que já está na metade do alfabeto...fazer o que né?!Cada cabeça é uma sentença.
Bjs!
Clau, sabe que acho que é por isso que nunca gostei de tatuagens (mesmo antes de ter claramente alguns princípios religiosos, como o que citei no texto): me conheço o suficiente para ter as certeza de que eu enjoaria logo! rsrsrs Falo sempre que nesta vida só não enjoo do marido e dos filhos, pois no restante sou uma "metamorfose ambulante" a la Raul. rsrsrs
ExcluirObrigada por comentar, amiga. Beijos!
Suzy, penso que a tatuagem mostra, acima de tudo, uma necessidade de ser diferente dos outros e um símbolo da rebeldia. O que leva a pessoa a ser assim, sinceramente, não sei dizer, agradeço a Deus, no entanto, por eu não se adepta desse costume, nem meu filho.
ResponderExcluirAgora, ao ler seu relato da mulher com o braço tatuado, confesso, cheguei a ver o vosso semblante indignado! rsrs.
Beijos
Néia, realmente fiquei indignada com a situação! Adultos hoje em dia - ou será que foram sempre assim? - me parecem tão egoístas, centrados no próprio prazer, alheios aos sentimentos de suas crianças. Havia uma criança naquela história, que era puxada para cá e para lá! Existiam graves acusações, numa relação na qual o respeito deixou de existir. Mas isso não impediu a jovem de precipitar-se mais uma vez, gritando ao mundo através de sua tatoo quem é seu novo amor... Até quando? Se é que isso ainda importa para alguém, se é que há quem ainda almeje uma relação duradoura... A maioria, contudo, já se acostumou com o "infinito enquanto dure".
ExcluirObrigada por vir, beijos!
Oi, Suzy: essa técnica de tatuar o corpo é muito antiga: recentemente foi encontrada uma múmia no gelo dos Montes Austríacos, com aproximadamente 5.300 anos, totalmente protegida pelo frio, e nela, após muito exames radiológicos, foram encontradas várias tatuagens. Isto mostra que o uso das agulhas é de domínio humano há milênios. Indicavam a qual tribo ou grupo humano pertenciam. Isso se encontra num livro de Curiosidades Históricas de R. Sidaqui - do Ibrasa.
ResponderExcluirContudo, falo por mim: não usaria. Tenho medo de coisas definitivas. Teria medo de me arrepender e ir o resto da vida com uma flor, signo, nome, estrela ou outra coisa. Respeito muito as fases do ser humano: hoje pode agradar; amanhã , com 50 anos, é outro dia... E, também, porque não se encaixa no meu perfil.
Porém, não daria conselho nenhum para uma amiga que estivesse a fim. É muito pessoal e aprendi que o ser humano quando quer... deixa ir, deixa testar... A gente custa, mas aprende: evita muitos dissabores. E a verdade é que ninguém muda!
Beijos, amiga!
Gostei muito de ler.
Tais, você sempre vem abrilhantar meus textos indo além dos comentários, trazendo um pouco de nossa rica e estranha história. De fato, a tatuagem inicialmente esteve associada a tribos - e isso remonta a milhares de anos atrás! Depois, foi o método codificado de comunicação entre gangues, tanto que nas próprias academias de polícia os códigos eram minuciosamente estudados. Hoje, porém, mais do que uma rebeldia, a tatuagem - especialmente a tatoo de nomes - me parece um modismo, algo que as pessoas fazem porque todos os famosos estão fazendo, sem um porque ou mesmo um propósito. Isso é o pior de tudo, demonstra a total falta de identidade do ser humano moderno!
ExcluirMas isso são ideias minhas, logicamente. Há quem goste e se sinta muito bem com suas tatoos.
Beijo grande, grata pela presença!
Passando para dar um abraço misto: de mulherzinha com pulinhos e gritinhos e de homem, apertado, firme, forte.
ResponderExcluirQue não haja tanto folclore sobre o dia e as conquistas das mulheres e sim haja mais avanços, haja divisão justa de tarefas, salários iguais, respeito, reconhecimento.
Meu carinho e admiração :)
Tina, retribuo o abraço misto e a lembrança num dia especial, que simboliza muitas conquistas e uma luta que ainda está pelo meio do caminho. Sei que estou atrasada, mas a gratidão é sincera!
ExcluirBeijos para ti, baiana alto astral!!!
OI SUZY!
ResponderExcluirTAMBÉM FUJO, DOR, PRINCIPALMENTE NÃO É COMIGO.
CONCORDO, AS TATUAGENS, QUE TRAZEM NOME DE NAMORADOS, SÃO PERIGOSAS, MUITO PELA FRAGILIDADE DOS RELACIONAMENTOS ATUAIS.
TER QUE REMOVÊ-LAS DEVE DOER MUITO.
ABRÇS AMIGA
http://zilanicelia.blogspot.com.br/ClickAQUI
Imagino que dói, sim, li a respeito disso! E custa caaaaro...
ExcluirE, como falei no texto, pra que sentir dor, hein? Pior ainda: pagar para sentir dor?! rsrsrs
Mas há quem goste, e respeito isso.
Abraços pra você também, Zilani!!!
Qualquer coisa que seja definitiva precisa ser destilada mais que água de laboratório, até ter a certeza!
ResponderExcluirO mais triste é que tatuagem vem sendo utilizada como definição de caráter. Algo tão arcaico! No seu texto enxergo bem a diferenciação disso, quando você diz que convive com pessoas tatuadas. Gostei de seus escritos por isso. Não é uma objeção a prática e seus usuários. É apenas referente a sua opinião e no que diz respeito a você e seu corpo.
Há três anos que penso e repenso sobre isso. Ainda não cheguei a uma conclusão e acredito que demorarei a chegar. Não me envergonho de dizer que tenho vontade, mas me falta análise. Já pensei em tatuar "aeternam animae" que em português significa Alma eterna. E pensei em todo um contexto, como por exemplo a morte do meu corpo físico, que seria consumido pelos organismos (que não faço ideia de quais são) que decompõem o corpo humano. Levarão, inclusive, as marcas que se referem a minha alma eterna, entretanto nunca vencerão minha alma. Podem me "calar", mas nunca poderão consumir minha alma.
Não me chame de louco! rsrs
Vejo que a tatuagem é produto das efemeridades da juventude. Ninguém passa três anos pensando se deve ou não fazer. Faz e pronto. E estamos sujeitos a arrependimentos grandíssimos. Hoje é legal, amanhã não pode ser.
Excelente tema!
Abraços.
Ameeeeei de paixão essa postagem! Me fez refletir muito por diversas coisas!
ResponderExcluirBjs