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Tantas
vezes me perco na correria dos dias que, confesso, esqueço qual é de fato meu grande objetivo. Corro tanto, me viro do
avesso, me desdobro... pra que mesmo?! Gerar bens, produzir riqueza, fazer
patrimônio? Ou trabalho dia após dia para comer, beber e festejar com todo luxo
e pompa que o dinheiro pode
proporcionar? Pra me vestir elegantemente e atrair olhares de inveja de outras
mulheres, e de cobiça de todos os homens? Para jantar nos mais caros
restaurantes e sair deles saciada, mas com a alma vazia? Pra que,
afinal?!
Tenho
uma lista de respostas prontas, mas nenhuma delas silencia a verdade que ressoa
dentro de mim: corro muito pra nada, sigo pra lugar algum, se essa corrida
significa o sacrifício completo do meu tempo junto àqueles que amo. Não verei
resultado, além de um amontoado de bens e minha descendência em guerra por
causa deles. Melhor, nessas circunstâncias, será partir e não olhar pra trás.
Algum
dia – e esse dia virá para todos nós – reivindicarei os minutos e os segundos
de vida que, clamarei, me foram roubados pelo tempo! E então, aturdida, verei
em 4D, no telão de minha memória, que em nada fui lesada a não ser por minhas
próprias escolhas erradas. Gastei tempo onde não devia, depositei amor naquilo
que com o tempo perecia.
Se
hoje esbanjamos juventude, amanhã alguma ruga teimosa dirá que se aproxima a
hora da partida. Mesmo que a ruga e o cabelo branco sejam rechaçados, com os
milagres da indústria de cosméticos, o corpo naturalmente envelhecido mostrará
que já não acompanha o ritmo acelerado do cérebro. Vimos isso em nossos avôs,
relutamos em perceber em nossos pais, e algum dia sentiremos na própria pele. É
fato, requer aceitação.
“Pra
que pensar nessas coisas?!” Dirá alguém, indignado. Preferimos evitar o assunto e fazer de conta
que a passagem chamada morte não existe. Mas não adianta, o dia chega. Em algum
momento ele nos alcança. E então, que teremos na bagagem?
Uma
coleção antiga de desgostos, talvez. Mágoas já amareladas pelo tempo,
possivelmente. Realizações profissionais, sucessos variados, prêmios e troféus,
mas nenhum amigo para quem se gabar de tantas vitórias, nenhum descendente a
quem nossas conquistas possam interessar. Ou, pior, talvez se interessem sim
pela nossa conquista, pelo que adquirimos, e não por quem de fato nos tornamos
ao longo da vida. Na mala, no fim das contas, restará apenas solidão.
Faz
tempo que não me acompanha a necessidade de desfilar novos modelitos no trabalho, nem me causa sofrimento
a ausência de indagações como “onde você comprou?”, ou exclamações do tipo “arrasou,
amiga!” Mas podem me perguntar se tenho lido e conversado muito com meus
filhos; se tenho me dedicado a fazer temas escolares com eles e a prepará-los
para as provas da escola e da vida; se os tenho ensinado a orar, estudar as
escrituras, crer em Deus e respeitar seu
próximo. Melhor ainda, perguntem isso a eles, sei o que dirão.
O
trabalho enobrece e dignifica, eu particularmente amo trabalhar. Adquirir
riquezas, por meios lícitos, é justo, bom e desejável. Mas formar caráter é
mais importante ainda. Gastar minhas preciosas horas oferecendo informação
correta para meus filhos é privilégio, jamais tempo perdido.
Dentre
tantas, educar minhas crianças numa fé cristã é minha maior prioridade. Pois
tudo aqui é efêmero, findará quando menos se espera e se deseja. Exceto o
conhecimento que adquiriram, esse os acompanhará nesta e na próxima vida. Quero
que, no seu devido tempo, cheguem do outro lado do véu conhecendo seu Deus e
seu Salvador Jesus Cristo. Não quero em meus filhos expressão de surpresa,
enquanto balbuciam: Vocês existem mesmo?! Quero que saibam desde agora em quem
confiar, e a quem recorrer em tempos difíceis, e a quem agradecer em tempos de
dádivas! A fé não será apenas um coringa
para os momentos de desespero, e sim a rocha sobre a qual edificarão seus
alicerces e sobre a qual estarão fundamentados todo o tempo.
“Tão
despropositado esse assunto, em meio a festa da Copa do Mundo!” Não são assim
os caminhos, interrompidos bem no meio de uma alegria? Os diagnósticos não
esperam a colação de grau do filho na faculdade, os acidentes acontecem sem hora
marcada. A tragédia bate a nossa porta quando menos esperamos. Preparados o
suficiente, nunca estaremos, mas nada teremos a lamentar se tivermos preenchido
nossa mala de lembranças com pertences de real valor. O remorso não nos ferirá
com seu tiro certeiro.
Erramos
ao acreditar que haverá tempo para fazer as malas e partir deste mundo. Maioria
das vezes não há. Não sobra tempo para um pedido de desculpas, um adeus, um eu
te amo. E então, com que nos apresentaremos diante de Deus?
Agora peço licença: tenho de preencher minha mala de viagem com outras coisas boas,
além de escrever. A jornada segue, a vida continua. Aqui e além.
Suzy Rhoden
Noooooossa!Quantos pontos pegaste. Realmente o dia chegará pra cada um de nós.Isso é o mais certo que existe. Nunca sabemos quando será. Por isso, estar com nossa mala de realizações boas sempre prontinha e com lugar pra mais e mais uma é bom e nos ajudará na hora certa. Coisas que fizermos pela educação de nossos filhos, netos, pelo nosso bem e o dos que estão próximos de nós, caberá certamente...
ResponderExcluirE, poderemos partir, sem a sensação de termos apenas passado por aqui! Lindo te ler! Belas reflexões! bjs,chica
Oi Suzy,
ResponderExcluirNossa preocupação deve ser esta:
preencher nossa mala de viagem com coisas úteis e boas.
A vida é efêmera, e o remorso pode ser cruel...
Vivemos em um mundo em que o ter é mais importante do que o ser,
entretanto, é uma atitude sábia, preenchermos nossa vida com valores eternos...
Bjs!
Muito bom Suzy!
ResponderExcluirMoises
Amiga, vc me deixa sem palavras sempre que venho aqui!
ResponderExcluirJá virou clichê eu dizer que vc escreve bem! Então, direi apenas que cada vez me impressiono mais... não apenas com a escrita, mas com o ‘pensamento’ impresso, que sei, traduz tuas atitudes, teu ser, ver e sentir...
“A fé não será apenas um coringa para os momentos de desespero, e sim a rocha sobre a qual edificarão seus alicerces e sobre a qual estarão fundamentados todo o tempo.”
A fé é a base sólida para uma vida plena e feliz. Engana-se quem pensa que conseguirá educar e preparar os filhos para enfrentar o mundo sem ensiná-los como cultivá-la. A fé é o único elemento capaz de transformação. Através dela vemos claramente o caminho, mudamos de direção, caso necessário... Valorizamos o que realmente deve ser valorizado. A fé dá a certeza do que nos aguarda no futuro.
Que lindo, amiga, que vc dedica tempo a transmitir isso aos seus filhos! Tua recompensa será grande, e na tua bagagem levarás o que há de melhor: a certeza de ter vivido uma vida plena de deveres cumpridos.
Bjão.
Suzy, dissestes tudo e com tão grande sabedoria, como sempre saio daqui enriquecida.
ResponderExcluirBeijos
Querida amiga
ResponderExcluirPreciosas palavras
Lembrou-me o mestre Dalai Lama:
"Os homens vivem como se nunca fossem morrer,
E morrem como se nunca tivessem vivido..."
Há quem acredite
que felicidade
vem por acaso.
Mas felicidade
é um compromisso
com a vida,
com os outros,
e com nós mesmos.
Por isso faça e seja feliz.
Que este seja o seu compromisso fiel.