Alguém
aí aguenta mais um texto sobre os vexames que a Seleção Brasileira protagonizou
nos últimos dias? Nem eu, por isso não
escrevi antes. Não tenho a menor pretensão de ser comentarista esportivo a esta
altura do campeonato, digo, da “Copa das Copas”. Já basta uma série de
comentaristas sem noção que figuraram por aí ao longo do mês... Já basta a
mídia tendenciosa saturando qualquer torcedor, enfiando goela abaixo aquilo que
se quer fazer acreditar. Não agirei da mesma forma com meu leitor.
Mas,
paradoxalmente, buscarei na seleção derrotada minha inspiração. Não diziam os
antigos que quanto mais alto o pedestal, maior a queda? Foi exatamente o que vi
acontecer com o tal País do Futebol. Sim, é meu país, sempre será. Com orgulho
pintarei a face de verde amarelo e direi que sou brasileira, em qualquer
situação. Inclusive agora, na hora da ressaca futebolística. Mas ser realista é
saudável e necessário. Faz bem a um país que há muito porta um título ao qual
não faz jus; e, ainda que o fizesse, que vantagem há de fato em portar tal
titularidade?!
Vejo
idolatria desproporcional a simples desportistas. Acaso são deuses por correrem
com habilidade atrás de uma bola?! São meros mortais, nem para referência
de vida maioria desses garotos serve! Basta avaliar seu histórico de escândalos
e inconseqüências... Por outro lado, diante da menor falha são expostos,
ultrajados, crucificados. Num dia, ovacionados. No outro, alvos do desprezo de
uma nação.
A
culpa é nossa, quando fazemos esses meninos acreditarem serem heróis! Jogamos
sobre eles pesos que não lhes cabem nos ombros, exigimos um mito nacional. Que
foi aquela rasgação de seda diante da fratura do Neymar?! Precisava mesmo de tudo
aquilo?
Essa
mania de endeusar gera exibicionistas ao invés de profissionais disciplinados.
Provoca anseio por ostentação e glamour ao invés de foco, autocontrole e
determinação. Mesmo as histórias mais lindas de vida e de superação são logo
soterradas pela arrogância de se chegar aonde chegou. Do topo, a vista já não
alcança a infância humilde e simplória. A fama fala tão alto que a aridez do
caminho é de imediato esquecida. O resultado é o que saturamos de ver nesta
semana...
Basta
dessa idolatria sem sentido! Que faz com que impere o ‘jeitinho brasileiro’,
acreditando-se que no final tudo dará certo e a taça cairá do céu em mãos
brasileiras! Não é assim que se fazem grandes conquistas, e sim com trabalho
árduo, com foco e diligência. Nosso time teve o que mereceu, ou melhor, deixou
de ter aquilo pelo que apenas sonhou e não lutou. E isso não é o fim do mundo,
é apenas o recomeço: hora de entender que vence quem joga mais e melhor!
Não
estou chorando o fim desta copa e nem a derrota de minha seleção. Nem estimulei
lágrimas em meus filhos. Eles torceram por seu país, gritaram esperando gols
que não vieram na hora mais necessária. Mas entenderam que jogos são ora
vencidos, ora perdidos. E não ficaram traumatizados com o desfecho vexatório de
sua seleção na primeira copa de suas vidas.
Espero,
justamente, que lembrem de que só vence quem segue com garra até o final. E, mesmo
com garra, às vezes haverá outro time ou outra pessoa com mais habilidade, mais
experiência, maior capacidade. Aí tem de entrar em campo a persistência: seguir
praticando, treinando, aperfeiçoando. Não há tempo e nem espaço para
estrelismos, esse é o primeiro indicativo de fracasso futuro.
Foi-se
a copa e não faz mal, como disse outrora Drummond. Quem sabe não seja hora de esquecermos um pouquinho das
referências do futebol e olharmos para outros profissionais que, anonimamente,
erguem nossa nação todos os dias?
Mais
do que isso, me parece ser hora de
deixarmos a arquibancada e a posição cômoda de torcedores, para nos engajarmos
em causas que valham a pena: se queremos bons exemplos, sejamos nós essa
referência plena de brasilidade em qualquer lugar que nos encontremos. Em
qualquer profissão.
Quando
vencermos a tradição de fabricar ídolos, estaremos finalmente aptos a falar de
ordem e progresso. Saberemos, coletivamente, fazer progredir uma nação, ao
invés de projetar expectativas num heroi
idealizado.
Suzy
Rhoden
Mais uma vez lindo teu texto. Essa mania de endeusar é danada. E principalmente a mania de falar demais antes de acontecer, faz depois ter que engolir os sapos ... Foi um vexame, não adianta quem quiser tapar o sol com a peneira... Temos que colocar o futebol no devido lugar. O nosso está uma droga, e é como ela que deve ser tratado. Não valorizar como fazem. Há prioridades urgentes no país e elas é que merecem atenção! A Copa foi legal, deu certo, todos turistas gostaram...Mas ... Vamos repensar essas coisas todas! beijos,tudo de bom, linda semana! chica
ResponderExcluirQuerida amiga
ResponderExcluirFico a imaginar,
se nossos "ídolos",
fossem os médicos,
os professores,
nossos pais,
nossas famílias,
os mais velhos...
que pais bonito teríamos...
Desejo para ti,
a vontade infinita de ser feliz,
amando de forma plena
cada segundo da vida,
sem ontens ou amanhãs,
mas com a certeza e as possibilidades
do presente...
OI SUZY!
ResponderExcluirTUAS PALAVRAS SÃO SÁBIAS, VERDADEIRAS E EQUILIBRADAS.
QUE SORTE TEUS FILHOS TEREM UMA MÃE E CREIO, PAI TAMBÉM, LÚCIDOS O SUFICIENTE PARA PASSAREM A ELES, QUE SÃO JOVENS E COMO BEM O DISSESTE, FORAM BOMBARDEADOS COM FALSIDADES, COMO A DE QUE NOSSA SELEÇÃO POSSUÍA CONDIÇÕES DE SER CAMPEÃ, MAIS UMA VEZ .
SIM, FOI A COPA DAS COPAS, PORQUE O POVO QUIS QUE ASSIM O FOSSE.
TOMARA QUE APRENDAMOS COM OS ALEMÃES, O QUE É SER UMA EQUIPE, SEM FALSOS DEUSES, MAS COM VERDADEIROS ATLETAS.
TEUS TEXTOS, TRAZEM SEMPRE A CLAREZA E A COMPETÊNCIA DE QUEM SABE DO QUE ESTÁ FALANDO.
GRATA AMIGA, PELOS COMENTÁRIOS SEMPRE GENTIS LÁ NO "SÓ PRA DIZER", QUE VINDOS DE TI, TEM UMA IMPORTÂNCIA MUITO GRANDE PARA MIM.
ABRÇS, BOA SEMANA E FICA COM DEUS, JUNTO A ESTA FAMÍLIA LINDA QUE TENS.
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Oi Suzy :)
ResponderExcluirAs derrotas ensinam, só quem está disposto a aprender.
Já pensou que maravilha, se a nossa seleção tivesse consciência do que é trabalho em equipe? Quando um jogador quer aparecer mais que o outro, o resultado
é devastador, um vexame total.
Os vencedores tem por lema: trabalho, foco e fé, não é mesmo?
Maravilhosa sua crônica...
Bjs!
Oi Susy ,
ResponderExcluirSeu texto fechou muito bem este assunto da copa.
Tudo acontece assim, aqui no país como se fosse uma tábua de salvação, para suprir carências de toda sorte na nossa sociedade, colocamos expectativas e títulos, endeusamos, os "pobres mortais" digo os" ricos mortais" no caso, que como voce falou se acham deuses. Exageramos na dose.
Perfeito!!!
Bjs.