Quem
ainda não fez planos de aprender um novo idioma, um dia fará. Seja por
necessidade de qualificação profissional, seja por vaidade – considerando o desejo de uma viagem ao exterior, por
exemplo – fato é que não basta falarmos exclusivamente nossa língua em tempos
de globalização: precisamos estar dispostos a atravessar fronteiras.
Em
geral, gostamos da ideia de acrescentar um novo idioma ao currículo. Mas
quando começam as aulas... a disposição vira paixão indiscutível, ou vai pro
brejo. Não se ouve alguém dizer que gosta mais ou menos de Inglês... ou ama, ou
odeia! E assim com todos os idiomas...
No meu
caso, amo. Para as festas de fim de ano, recepcionamos uma família de turistas
norte-americanos em nossa cidade, com os quais travei conversação animada. A
língua inglesa não é entrave para mim, muito pelo contrário: é justamente uma
de minhas áreas de formação. Assim, a comunicação foi fluente. Comentando a
cena, uma amiga declarou: “Que chique, você parecia tão americana quanto
eles!”. Expliquei pra ela que não é bem assim, obviamente desconheço muitos
detalhes de sua língua materna, mas isso não impediu ou afetou nosso diálogo.
Disse que ela poderia ter a mesma habilidade dentro de algum tempo, se desejasse. “Não,
nem pensar! – contestou ela – Pra você é fácil, mas eu jamais conseguiria.”
Sempre
acho graça nesse tipo de comentário. Olhamos para o talento do outro como se,
por uma dádiva dos céus, ele tivesse nascido em posição privilegiada, super
dotado, com capacidade acima da média para determinada atividade. Não
percebemos que, com esse julgamento, eliminamos todo esforço da pessoa e a
disciplina devotada, talvez por uma vida, para chegar àquele nível de
excelência. Comodamente assumimos o papel de plateia, como se disséssemos: vai
lá você, que nasceu sabendo, e eu fico aqui quietinho só te aplaudindo.
Não,
amiga, eu não nasci sabendo. Precisei estudar – e muito! – para aprender e sentir-me
à vontade pra me expressar em Inglês. Minha
história é a mesma de qualquer estudante de línguas. E como a maioria, já odiei Inglês. Odiei tanto, que decidi
decifrá-lo!
Comecei
a faculdade pensando que sabia alguma coisa.
Direto de escola pública pra universidade federal, imaginava todas as colegas
com experiências semelhantes as minhas, garota sonhadora do interior que eu era.
Que nada! Metade vinha de escola particular, muito bem instruída; outra metade
vinha diretamente do exterior, de intercâmbios realizados, motivo pelo qual
haviam optado pelo curso de Inglês. Havia, claro, as esposas de americanos e as
proprietárias de cursos de línguas que precisavam unicamente do diploma. E eu –
que já tinha ouvido falar no tal do verbo To
Be, não sabia onde, mas não devia ter sido na escola.
Nessas
condições, aventurei-me a aprender Inglês. Cada aula era uma sessão de tortura,
uma confirmação da superioridade de minhas colegas e de minha incapacidade para
internalizar a nova estrutura linguística. Passei a detestar a língua, as professoras
e tudo relacionado ao idioma: os resultados não poderiam ter sido melhores!
Pelo menos no meu caso, o desafio é algo infalível. Quando o mundo teima em
dizer que é impossível, me desdobro e provo o contrário. Faço de meu próprio
obstáculo o degrau para o sucesso.
Sair da
zona de conforto é o segredo. Crianças e adolescentes compreendem isso, lidam
melhor com o desconhecido do que nós, adultos. Sei por experiência: abandonei o
curso de Francês no primeiro semestre quando, após uma prova, a professora
informou que maioria absoluta da turma não havia atingido a média. Sem conversar
com ela a respeito, proclamei-me uma das fracassadas e não fui mais para as
aulas. Meses depois, descobri no mural a publicação das notas: a minha havia
sido a mais alta! Tarde demais, reprovei por frequência.
Felizmente,
tive atitude diferenciada para o Inglês, aceitei os riscos. Quem insiste,
apesar dos contratempos, entende num belo dia o significado da palavra
fluência: descobre-se pensando e falando em outro idioma como se aquela fosse
sua própria língua! Acontece com todos que pagam o preço da disciplina, sem
exceção.
O
problema das línguas estrangeiras é que não podemos confiar em nossa própria
avaliação nos primeiros meses de estudo. A saída da zona de conforto confunde,
pois partimos rumo ao desconhecido e a sensação imediata é a de termos errado o
passo e caído no precipício; tentamos nos comunicar e não conseguimos; falamos
uma língua e a professora outra, sendo que nenhuma delas é o bom e seguro
Português. Admito, os primeiros meses são desesperadores. Para cruzá-los sem
prejuízo na motivação, precisamos confiar no profissional que nos instrui: ele
poderá avaliar com competência nosso progresso.
Tive uma aluna que cresceu estudando Inglês, conheceu diferentes metologias
em diversas escolas de línguas que frequentou. Carregava, porém, um bloqueio
que a impedia de interagir, embora sua pronúncia fosse excelente. Não lhe faltava
nada, nenhum conhecimento linguístico, mas precisava confiar em si mesma e
acreditar em sua professora que lhe dizia: você não percebe, mas está
preparada! Quando Ana Carolina finalmente aceitou essa realidade, seu Inglês
fluiu e ela avançou sem medos do básico para o nível intermediário.
O novo
idioma não precisa ser uma barreira para a realização de sonhos: a atitude
positiva diante dos desafios faz milagres! Mas a escolha ainda é nossa: podemos
ser plateia assombrada com a performance brilhante de outros, ou podemos
levantar do assento e assumir com determinação o espetáculo. O desafio está
lançado!
Suzy
Rhoden
Linda teu texto mais uma vez, Suzy! Aprender e vencer desafios está ao alcance de todos e para tanto, basta força de vontade e muita garra.
ResponderExcluirDesistir sem ter tentado, não vale,né?
um beijo,linda semana,chica
Este 'post' é um dos que eu mais gostei no Blog, porque mostra a experiência real de alguém(não que os outros não tenham sido) que caiu pra aprender a se levantar... como assim? Caiu se considerando fracassada, como no exemplo da aula de Francês, que no final das contas, o fracasso estava em acreditar nela mesma; e se levantou, aprendendo que acreditar em si mesmo às vezes é o suficiente para ultrapassar uma barreira e que Deus existe, mas não "é conveniente que em todas as coisas ele mande", ou seja, a resposta está em nossa força de vontade, na nossa escolha, Ele não precisa mandar fazermos algo para nosso próprio bem, sendo que isso tem que ser natural, Ele quer nossa evolução, SEMPRE. Ele (Pai Celestial) faz "com que as coisas fracas se tornem fortes".
ResponderExcluirOlá Suzy, é muito bom num final de domingo chegar por aqui e ler esse texto que é uma verdadeira injeção de ânimo! Nesses tempos em que o computador faz "quase tudo" facilitando a vida da gente, nada melhor que colocar o cérebro para trabalhar aprendendo uma nova língua. Há alguns anos optei pelo espanhol, assimilei bem a gramática mas confesso que a conversação ficou a desejar, preciso praticar mais. O inglês ainda hei de aprender, vontade não falta, quem sabe ainda chego lá.
ResponderExcluirObrigada por partilhar sua experiência, sua força de vontade é um exemplo e tanto!
Beijos
Suzy, como tudo na vida a motivação, o incentivo, a confiança e a garra são quase tudo. No caso das línguas e outros aprendizados, a rebeldia que existe em nós, a não aceitação do fracasso é mais ainda. Porém, quem nos passa os ensinamentos tem grande responsabilidade em nossas decisões, também. Lembro de 3 professoras que tive, e exatamente em línguas: inglês, francês e português.
ResponderExcluirA de inglês foi ótima, até incentivou os alunos de que, quem tirasse o primeiro lugar num trabalho ganharia um livro. Ganhei, até hoje olho com muito carinho.
A de português, passamos por algumas tempestades, levei a classe toda a fazer greve na aula dela, depois tudo mudou, a admiração e o respeito se fez presente, e passamos a nos dar muito bem. Acabamos o ano com muito carinho por ela, todas. Acho que houve um mal entendido no começo, uma impaciência.
A de francês foi um desastre, pois ao mudar de colégio, o francês era muito forte, dado desde o primeiro grau e por uma professora francesa; então eu levava uma baita desvantagem sobre as outras alunas que já falavam. Mas o pior foi que, qualquer pergunta, eu tinha de fazer em francês!! A criatura não permitia uma palavra em português. Veja agora, a diferença que faz alguém ser inteligente e saber transmitir o negócio direito! Foram aulas e mais aulas de brigas, de angustia, de tensão pra mim. E talvez ela não tenha ido com a minha cara por eu não ter começado com ela e ter encrencado, pois queria as explicações na minha língua... rsrs
beijos, querida amiga.
Tais Luso
Olá Suzy :)
ResponderExcluirAprender um novo idioma,é uma necessidade básica.
Mas é um desafio e tanto...porém é só ir remando contra a maré,com muita determinação e força de vontade.
Como vc tão bem enfatizou:
"O segredo é sair da zona de conforto".
Bjs!
Ótima semana.
Lindo texto, Suzy! Muitas vezes já me senti esta platéia "sem salvação" (hehe) até então, qdo assumi o papel de "fazer de tudo" comecei a obter resultados melhores. Ainda não ocorreu com uma lingua estrangeira... (hehe) mas tudo está me levando a crer que a hora chegou. Seu texto nos dá mais motivação!!!! Obrigadinha... Beijinho, Lili
ResponderExcluirBom dia,Suzy!
ResponderExcluirAdorei o texto e a explanação do seu ponto de vista!É assim mesmo a maioria quer saber, sem precisar se esforçar nada para isso!!!
E sem esforço, dedicação e persistencia não conseguimos nada na vida né?!
Beijos querida!!!
Tudo de bom!