Retornei de minhas férias na praia, onde estive desconectada,
para encontrar a surpreendente retratação de Luis Fernando Verissimo circulando
pelas redes sociais. Surpreendente no sentido positivo, claro. Pois, apesar da
evidente mancada em recente artigo, poucos acreditavam que o escritor voltaria
ao assunto, especialmente para reconhecer que errou. Foi exatamente isso o que fez, publicando suas palavras sob o título ERREI.
Integro o grupo dos que acreditavam numa retratação. Não se
poderia esperar outra reação de alguém de seu nível, figura de importância
indiscutível para a literatura nacional. Suas palavras foram contestadas com
fatos, dados históricos, datas oficiais. E não existem argumentos contra fatos.
O melhor, o mais sensato, é recorrer ao antídoto da humildade: aquela que
coloca nas mesmas condições os grandes e os pequenos; os famosos e os anônimos.
Luis Fernando Verissimo errou como qualquer um de nós erra, todos os dias. E se
retratou como cada um de nós deve fazer nas mesmas circunstâncias. Estamos
quites, em condição de igualdade, sem cobradores e devedores entre nós.
Aprendi algumas coisas com essa experiência: não silenciar
diante de um equívoco quando ele induz outros ao erro. Usei o instrumento que
possuo – meu blog – para fazer com que minha voz fosse ouvida. Com alegria, vi
muitos somarem sua voz a minha, e rapidamente proferíamos em uníssono a verdade
a respeito de nossa prática religiosa. Estivemos unidos na mesma causa, o que
fez com ela chegasse com poder até Luis Fernando Verissimo. Ele menciona os
vários emails que recebeu corrigindo seu erro. Nossas vozes se multiplicaram e
isso certamente foi decisivo para que ele reavaliasse sua postura e
reconhecesse sua falha.
Também aprendi que a diplomacia se sobrepõe à indignação, mesmo
quando esta é justificada. Aos gritos, poderemos ser ouvidos, mas não
compreendidos. Ofensas são deselegantes em qualquer situação, não consertam
erros nem convidam à retratação. O respeito, por outro lado, e a sutileza no
falar – ainda que com firmeza – operam milagres!
E, finalmente, comprovei a validade do clichê ‘errar é humano’. Verissimo refere-se ao
seu erro de mais de cem anos como algo imperdoável, mas pede perdão mesmo
assim. Fez bem em retratar-se ao invés de tentar vãs justificativas. Mas não
precisa se preocupar com o perdão, não somos nós seus algozes a exigir a
confissão de pecados, com direitos de proferir sobre sua cabeça a sentença de
condenação ou absolvição. Erro corrigido é erro inexistente, não contabiliza
mais, não influencia resultados.
Através da citada atitude, Luis Fernando Verissimo fez
sabiamente as pazes com seus leitores SUDs – abreviação para membros Santos dos
Últimos Dias, também chamados de Mórmons. Alguns ainda olham para suas obras
com olhos desconfiados... será ele digno de credibilidade? Quanto a mim, lerei
suas obras com ainda mais interesse, confiante em sua promessa de que “[o erro] Não se repetirá. Gravarei com
brasa na testa para nunca mais esquecer: informe-se
antes de dar palpite.”
E, quem sabe, Luis Fernando Verissimo não queira realmente se
informar a respeito da religião - A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias - que, indiretamente, tanto lhe causou
transtornos e descubra o que move seus membros de maneira tão convicta, sem
contudo haver aí intolerância ou fanatismo. Encontrará em cada membro fiel um
testemunho vivo da fé que professam ter e, ao invés de julgamento, um convite
uníssono para conhecer a razão de nossa alegria.
Suzy Rhoden
Olá Suzy!Boa tarde!
ResponderExcluirFiquei feliz em saber que Luis Fernando Veríssimo se retratou...
Eu também não acreditava que ele fosse voltar ao assunto,mas que bom que o fez.
Que ele foi infeliz ao escrever aquelas coisas equivocadas,foi,porém é uma nobreza da parte dele reconhecer que errou.
Continuarei lendo suas obras.Inclusive ele recentemente lançou um novo livro de crônicas (Em algum lugar do paraíso),e eu lerei com certeza.
Bjs!
Boa semana :)
Oi Suzy, li o seu texto com a sensação de alívio, afinal sempre fui fã do Veríssimo e o seu ato falho havia me decepcionado. A maior grandeza de um ser humano é mesmo reconhecer o seu erro, pois é quando prova, de fato, a sua humildade.
ResponderExcluirParabéns a você Suzy pela coragem em defender os princípios da sua igreja, isso é para poucos, provastes ser uma fiel rara e convicta!
O texto ficou maravilhoso, amei!
Beijos
Beijos
Oi Suzy, que bom que ele se retratou. Onde posso encontrar essa retratação na íntegra?
ResponderExcluirAbraço!
MOISES D.C.
ResponderExcluirVocê pode ler a retratação na íntegra, conforme pulicada pelo Jornal O Globo, clicando na palavra ERREI dentro do texto. O link te levará diretamente para as palavras de Luis Fernando Verissimo.
Abraço, meu amigo.
Admitir o erro é uma atitude de nobreza e humildade. Um bj minha querida, amei seu espaço, bjs!
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